A Condenação

"A árvore quando está sendo cortada observa com tristeza que o cabo do machado é de madeira"
Provérbio árabe

Hermione recostou seu rosto no ombro dele, Rony sentiu quando sua cabeça pendeu e os braços ficaram pesados em volta do seu pescoço, mas continuavam lá, entrelaçados, o segurando firmemente.

- Não vá embora... – Sussurrou ele tristonho.

- Fique perto de mim e seja... – ele olhou para Lestrange de cima a baixo, visivelmente preocupado com seu olhar quase fora de foco. – Pode ser você mesma...

Havia um verdadeiro tumulto no centro do salão, os alunos estavam se atropelando para ver Chang, e depois de constatarem que estava morta, saíam o mais depressa possível. Draco estava olhando tudo aquilo de longe, desinteressadamente, acariciando a mão de Pansy.

- Esses idiotas não pedem por esperar. – Sussurrou ele para si mesmo. Pansy deslizou suavemente agarrando o braço esquerdo dele.

- Falando sozinho?

- Não, pensando alto.

Ela olhou bem para a expressão sádica de Draco, aproximou-se e o beijou com suavidade, o deixando surpreso.

- Cuidado. – O olhou séria, - Eu o quero vivo. - E sumiu de vista.

Lúcio Malfoy estava saindo de trás da pilastra, quando foi parado por uma mulher, ela colocou a mão no peito dele, impedindo sua passagem, seus olhos estavam começando a ficar vermelhos, e marejados de lágrimas.

- Narcisa! – sussurrou ele.

- Você tem mesmo que fazer isso, Lúcio? – pediu ela segurando as lágrimas, seu peito estava arfante por trás do lindo decote do seu vestido. – Mal saiu daquele inferno...

- Eu sei querida, mas são ordens expressas, a segurança do mestre das trevas depende disso... – Belatriz olhava para os lados, desconfiada. Lúcio pousou suavemente a mão no rosto de sua esposa, ela fechou os olhos, deixando que uma lágrima escapasse. – Você está linda esta noite...eu a convidaria para uma dança se pu...

Ele foi interrompido, Narcisa se precipitou para cima dele, entrando por baixo do capuz, e o agarrando pelo pescoço, ergueu-se nas pontas dos pés para alcançar os lábios dele, e deu um beijo forte, como se fosse a última vez que o veria.

- Vocês podem fazer um novo herdeiro mais tarde? – pediu Belatriz irritada.

Separaram-se vagarosamente, ela acariciou delicadamente os cabelos loiros dele, com um certo pesar. Se encararam intensamente por alguns segundos, até que ela se afastou, sumindo no tumulto em direção a mesa dos professores, enquanto enxugava suas lágrimas.

Lúcio respirou fundo, e andou decididamente até a aglomeração de pessoas, empurrando alguns alunos. Chegou lá praticamente ao mesmo tempo em que Snape vinha socorrer a estudante atingida.

- Deixem-me passar! – Berrou o professor quase atirando um aluno longe.

Ele se ajoelhou ao lado de Chang, observou o seu pescoço, os olhos, algumas alunas estavam chorando envolta dele.

- Parem já com essa choradeira! – Ordenou ele se levantando. – Não consigo me concentrar!

- Você já encontrou a resposta. – sussurrou Lúcio atrevidamente. – Não é Severo?

Snape encarou o vulto, assustado, negando-se a acreditar no que via.

- Está morta... – Continuou Malfoy. – Falta de sorte, era uma bela garota.

O professor ficou parcialmente paralisado, deu alguns passos em direção ao vulto, Lúcio deixou que ele tirasse seu capuz.

- Não vai me desejar "boa noite" ? – os olhos azuis o encarando, estranhamente limpo e arrumado para um fugitivo do Ministério.

- Malfoy? – Sussurrou abobalhado.

- Não me reconhece mais? – Disse ele fingindo estar magoado. – Talvez lembre de Belatriz.

Malfoy puxou a comensal para frente, fazendo que Snape a visse.

- Daqui a pouco a valsa vai começar... – Murmurou ela perturbada, seus olhos se focaram no professor, ela deu um sorriso sedutor. – Vai dançar? Comigo...

- Como você vê. – Concluiu Lúcio, mais uma vez ignorando os comentários insanos de Belatriz. – Azcaban não fez bem a ela.

Os alunos ainda estavam agitados, e não haviam percebido a presença dos comensais ali, sem aviso uma corvinal soltou um berro, caindo em cima de um sonseino curioso, ao identificar os vultos agora não mais encapuzados.

Todos se afastaram rapidamente, Harry quase foi atropelado, sendo impelido a ir para o fundo do salão, formou-se uma grande roda, no centro só havia os dois comensais, Snape e Chang, caída no chão.

- Sr Potter! – Chamou divertidamente Lúcio. – Poderia comparecer ao centro do circulo? Sr. Potter... Não vai me fazer procurá-lo, não é?

- Seria uma imensa falta de educação! – Belatriz se agarrou a um assustado mestre de poções, e desarmou-o, jogando a varinha de Snape para Lúcio.

Abriu-se um caminho no meio dos alunos, até Harry, deixando-o de frente para Malfoy, ele caminhou até o centro da roda.

- Boa noite! – Falou falsamente o comensal. – Viemos buscá-lo!

- Onde está Hermione? – Harry tentou parecer o menos assustado o possível.

- Francamente! Eu sempre falei que esta escola estava indo pro brejo! – Bradou o homem fazendo alguns lufos tremerem. – Todos vocês perderam os modos, se é que um dia já os tiveram.

- Onde está Hermione? – Ele disse mais lentamente, como se o outro não o tivesse entendido.

- Pois bem, a sangue-ruim está em algum lugar do castelo.

- Onde?

Ele deu uma risada grande, mas seus olhos permaneciam frios, como sempre, seu riso foi parando, em seu lugar uma expressão mortífera.

- Convenhamos, como saberei eu onde sangues-ruins gostam de se esconder? – ele deu uma olhada assustadora para os alunos. – Ainda não estamos em temporada de caça.

Um sorrisinho, que só Harry pôde ver, margeou os lábios de Snape, como se lutasse internamente para não rir. Belatriz pressionou a sua varinha contra o pescoço do mestre de poções, sorrindo alucinadamente, murmurou um "Sempre cheiroso, Severo...se preparou especialmente para a nossa valsa?"

- Por que foi para o lado das trevas Malfoy... – A profa Minerva se levantou lentamente de seu lugar na mesa dos professores. – Por que?

Lúcio desviou do olhar cético que trocava com Snape, por causa de Bella, e lançou um olhar frio para a professora.

- Eu lembro do senhor, era um bom aluno... – Falou a mulher lentamente.- Não no sentido de caráter, mas tinha um dom para transfiguração...um dom para quadribol, um dom para poções... menos para herbologia, certo?

- Eu nunca gostei de estudar plantas. – resmungou ele arisco. – Completamente inútil.

- Suponho que tenha se impressionado com o poder das trevas... o nível de dificuldade das magias, confesso não entender os motivos que levam alguém a se bandear para o lado das trevas...

- Razões muito além do entendimento de certas pessoas. – Falou Belatriz.

Uma forte batida na grande porta de carvalho da entrada fez quase todos pularem, voltaram seus olhos para a porta, que tremia levemente.

- Ah, estão esperando visitas? – Disse Malfoy armando o arco. – Quem será que interrompe nossa conversinha?

- Querida professora. – Ironizou Lestrange. – Nem ouse tentar sacar a varinha, um de seus alunos morre.

A porta se escancarou, entre as brumas e a escuridão da noite surgiram três vultos, eles adentraram no castelo em passos firmes. Atrás deles, um verdadeiro batalhão de no mínimo trinta homens.

Harry notou que eram todos aurores, pelos emblemas do Ministério da Magia que carregavam grudados ao peito, á frente deles os três que haviam entrado antes, dois homens vestidos com grandes capas, segurando pergaminhos, e liderando o grupo inteiro, havia uma mulher.

- Anoneta Gushër! – falou Lúcio polidamente. – Não sabia que sentia tanta saudade de mim.

- Malfoy, que pretensão... não vim atrás de você, e sim dele. – Ela dirigiu o seu olhar escuro e penetrante para Harry, os cabelos presos em um severo coque, coberto por um chapéu muito estranho, colocado em sua cabeça de maneira torta, o belo sobretudo aveludado de cor bordô, as botas sem salto e o emblema de Azcaban.

- Potter? – Perguntou o comensal, ela evitou que os aurores o atacassem, erguendo a mão. – Mas que bela surpresa... e parece que vais me levar junto.

- Lamento. – Ironizou ela remexendo a capa. – Vou ter que fazer isso, e conseqüentemente acabar com sua fuga da minha cadeia...

- Eu sinto que lamentas muito por capturar-me... – ele olhou para cima em um falso tom de desgosto. – Mas vou ter que tirar este mérito de ti, pois estou aqui de vontade própria...

- Mesmo senhor Malfoy? - Ela fez um gesto para que os aurores não tentassem atacá-lo outra vez. – Entediado? Decidiu dar um passeio pela escola?

- Sim... e olhe maior coincidência: Viemos ambos falar com o Sr. Potter...

- Sujeitinho privilegiado, não? – falou Belatriz, que empunhava fortemente a varinha, mantendo os alunos quietos.

- Srta. Gushër... – Uma voz vinda de uma porta que dava acesso aos corredores da biblioteca, fez-se presente no ar. – O que significa isso?

Alvo Dumbledore olhou petrificado, para a mulher, os aurores atrás dela, os dois comensais ameaçando os seus alunos e o prof. Snape estático no meio deles.

- Eu, Anoneta Gushër, em minha condição de diretora da Prisão de Segurança Máxima de Bruxos de Azcaban, decreto a prisão de Harry James Potter! – Ela tirou da capa um pergaminho enorme, que se desenrolou, batendo no chão, o que produziu um baque metálico.

- Eu? – Perguntou Harry incrédulo, um frio muito estranho invadindo o seu corpo, por um motivo desconhecido não sentia medo da situação.

Quase simultaneamente, os aurores avançaram sobre os dois comensais, em um farfalhar de capas. Um urro e dois deles foram prontamente jogados longe por feitiços dos aliados das trevas. A diretora de Azcaban ergueu a mão, em um ato de poder que fez os aurores pararem . Prontamente, o Sr. Malfoy arrumou sua gola, e dirigiu-se em passos presunçosos até a mulher, estendendo as mãos, arqueando a sobrancelha desafiadoramente.

- Algeme-os! – Disse ela rispidamente, olhou com repulsa para o homem a sua frente, e desviou em passos firmes, ficando em frente a Harry.

- Quais são as acusações? – Dumbledore deslizou entre os alunos alarmados, que agora corriam para seus respectivos dormitórios, em pânico.

- Atentado à escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, assassinato dos alunos de sua escola, implantação de bombas nos jardins do colégio, porte ilegal de artefatos pesados das trevas, uso indevido de arbustos e por fim, acusado de se aliar às trevas.

- O Sr. Potter não fez isso. – Minerva andou até os aurores rapidamente, fazendo seu chapéu se retorcer.

- Já é tarde demais. – Disse Belatriz rindo maníaca, debatendo-se para se livrar dos três aurores que a seguravam, e voltar para o mestre de poções.

- São acusações muito graves. – Dumbledore se posicionou atrás de Harry, colocando a mão em seu ombro. – Não pode fazê-las sem provas concretas.

- O Ministério da Magia tem provas concretas, senhor. – Trovejou a mulher rudemente, balançando o pergaminho. – Quanto tempo todos estes aurores vêm investigando provas e mais provas, suspeitas... muitas coisas estranhas aconteceram aqui este ano diretor, e por mais que o senhor queira negar, nós encontramos o culpado. – Lançou um olhar gelado ao garoto, limitando seus olhos a fendas. – E este deve ser punido.

- Isso é impossível, não existem provas! – Gritou Harry, alguns aurores surpresos começavam a pegar novamente as varinhas. – Por que eu não fiz nada!

- É o que todos dizem. – Resmungou a mulher. – Recebi ordens do Ministério para prender o Sr. Potter e é o que eu vou fazer!

- Não deveria ter sido convocada uma audiência? – Perguntou Dumbledore, remexendo em um rolo pequeno de pergaminho que carregava nas mãos. – É o procedimento certo.

- Não dizem ao meu respeito estes assuntos, só cuido dos condenados. – Ela deu três passos firmes, que ecoaram pelo salão agora praticamente vazio, os professores da mesa estavam tentando afugentar os alunos mais curiosos. – Aqui está o mandato de prisão. – Ela entregou o pergaminho aberto para Dumbledore, que continuava um pouco surpreso com a situação. – O Sr. Potter apresenta-se como um grande risco para vida de todos os alunos, por isso aconselho que o entregue sem mais problemas... ou terei que levá-lo a força.

- Além do que, existem duas testemunhas oculares. – Disse um auror friamente. – Que o viram implantar as bombas...

Dumbledore apertou mais o ombro de Harry, que agora estava muito confuso com tudo aquilo, ele olhou para Draco, e este sorriu maldosamente, acompanhado de Delacour, o Malfoy acenou placidamente, dando um breve adeus, e se retirou seguido da semi veela.

- Falarei com o ministro. – Sussurrou o diretor, ao que dois aurores agarraram Harry pelos pulsos, o separando violentamente de Dumbledore, e o desarmando em um gesto rápido.

A mulher girou nos calcanhares satisfeita, seus olhos negros dotados de um brilho estranho e assustador, um auror lhe ofereceu um par de luvas de couro de dragão, e ela colocou-as delicadamente. Olhou mais uma vez para os professores: um Snape ainda chocado, embora com um leve sorriso, que observava tudo próximo à Narcisa, Minerva com os olhos vermelhos, mas ainda firme e severa, o diretor olhando sério para ela, a nova professora de defesa contra as artes das trevas parada, em frente à mesa dos professores, em um misto de êxtase e desanimo.

- Espere! – Gritou Dumbledore antes que partissem. – Isto é para Harry. – Ele estendeu o pergaminho que segurava desde que viera.

- Averiguaremos se tem algo comprometedor aqui. – ela arrancou rispidamente da mão dele, entregando para um homem à sua esquerda.

Suspirou animada, virando-se novamente para a entrada, arrumando sua gola ela seguiu em seus passos firmes, atravessando o salão e a grande porta de carvalho ladeada por seus aurores. No exato momento em que colocou os pés para fora do castelo, uma grande nuvem negra trovejou, fazendo cair uma chuva estranhamente forte, que no entanto não impediu que continuassem sua caminhada até o transporte.

Uma grande e triste caixa negra, adornada de detalhes prateados, duas portas atrás, com grades para garantir que o ar entrasse ali. Estava presa a uma carruagem coberta, que, por sua vez tinha dois enormes cavalos alados que se debatiam furiosos.

Ele foi empurrado para dentro da caixa juntamente com os comensais, sob o olhar penalizado de Dumbledore, que agora se encontrava na beirada da porta, juntamente com Profa. McGonagall, Narcisa Malfoy correu para fora do castelo, molhando seus trajes de gala na chuva, e os sapatos brilhosos na grama molhada, colocou a mão direita acima dos olhos para melhor ver a carruagem decolar em seu vôo.

Harry os observou ficarem pequenos, por causa da distância, o imenso castelo agora parecendo somente mais uma construção feita de Lego por Duda, como se nunca tivesse sido verdade.

N/A: ... que final de capítulo mais trágico, não? Harry preso, e desiludido...ah, mas vamos concordar que o Sr. Malfoy é o homem mais cheio de classe e arrogância que se pode imaginar... afinal, o Draquinho teve de onde puxar tanta "simpátia"...Então, uma Bella meio aloucada para adocicar o capítulo, e mais um mini parágrafo inesperadamente romântico de Rony/Hermione. E depois do meu discurso habitual, os senhores e senhoras se dirijam para o subimit review e executem suas amáveis missões de me deixar muito feliz com seus comentários, não necessariamente elogiando a fic...embora eu particularmente prefira os que elogiem.

Nina, você já sabe mais do que metade da história, ehehehhe, obrigada pelo comentário