A Ala dos Veteranos de Azcaban
O ser humano inventou a linguagem para satisfazer a sua profunda necessidade de se queixar.
(Lily Tomlin)
- Está feliz agora? – A voz irritante de Belatriz invadiu o lugar escuro, a não ser pela luz que vinha das janelas da porta, cobertas por grades, formando sobras assustadoras.
- Pelo menos está bem acompanhado. – Murmurou Malfoy desanimado.
Ele não sabia de onde haviam surgido aquelas acusações que se voltaram contra ele, o homem do esquadrão ministerial não tinha provas...como puderam o acusar de implantar bombas no jardim? Havia, de fato, acontecido explosões mas não tinha sido ele, havia sido... Draco. Era aquilo, decididamente era aquilo que ele estava enterrando nos jardins, bombas.
Olhou para os dois comensais, quem deveria estar ali em seu lugar era Draco Malfoy, ele era um aliado das trevas. Fechou os olhos tentando entender aquilo, por que Malfoy implantaria bombas no colégio? Para incriminar Harry e mandá-lo para a prisão... certo... próprio de Draco, mas se ele era um seguidor de Voldemort, não poderia fazer isso, já que agora parte da mente de seu mestre estava em Harry, em Azcaban correria riscos, conseqüentemente Voldemort estaria em risco.
- Por que vieram junto? – Perguntou Harry, tirando as mãos das grades por um momento, parando de olhar a paisagem passar rápido lá em baixo, para observá-los, uma conclusão plausível começando a tomar suas idéias.
- Só queríamos fazer companhia! – Bradou a mulher fungando. – Seu mal agradecido.
- Os senhores queriam ser presos. – disse o garoto, um sorriso que não o pertencia tomando o seu rosto. – Vieram se assegurar que a alma do mestre de vocês ficará bem?
Belatriz começou a rir de forma maníaca, em um ato de loucura, dando voltas e voltas ao redor de si mesma, com as mãos levantadas. Lúcio continuava sentado, e somente levantou os olhos, incerto, para Harry, temendo encontrar seu mestre ali.
- Não vão se curvar? – Perguntou em um tom assombrosamente divertido.
- Seu pirralho insolente. – Murmurou o homem virando a cara em puro desprezo. – Não é meu mestre.
- Ah, mas que desanimo... eu tenho parte do seu mestre em mim, se eu decidir me jogar para fora, e suicidar-me, mataria ele também. – Seus olhos brilhando quase tão loucamente quanto os de Belatriz, começando a considerar a possibilidade do suicídio, se cometesse, acabaria por matar o Lord das Trevas, já que uma grande parcela da mente dele estava junto de Harry.Infelizmente morreria junto, mas não via alternativa de destruir esta parte dele, sem matar-se por inteiro...
- Não tens coragem. – Disse ele passando seu olhar do chão para Harry, o encarando muito friamente.
- É toda a humanidade que está em jogo. – Sussurrou o garoto se virando totalmente para Malfoy.
- Claro: Potter se sacrifica pela humanidade! – Gritou ele levantando-se bruscamente, empurrou Belatriz para o chão, gritando ela bateu a cabeça em um das paredes da caixa e caiu inconsciente no piso frio. – Belo golpe de publicidade, vai recuperar toda a sua glória, arruinada nestes anos por acusações que lhe fizeram! – Harry se encolheu levemente ao perceber que um filete de sangue saia por entre os cabelos escuros da mulher ainda caída. – Será uma pena que o senhor não estará aqui quando começarem as comemorações! – Existiam chamas crepitando naqueles olhos aparentemente frios. – Estará bem morto!
- E o senhor estaria preso. – Murmurou Harry sob o olhar furioso do homem.
- Preso? – Ele riu falsamente. – Com minha fortuna, seria mais fácil apostar que virarei o próximo ministro...
- Grandes ambições. – Disse o auror abrindo a porta escura, a luz de quatro varinhas inundou o lugar.
- Já chegamos? – Perguntou Harry colocando o braço na frente dos olhos devido a grande luminosidade.
- Sim... o que aconteceu com ela? – Um deles entrou cuidadosamente da caixa, focando sua luz em Lestrange, ele remexeu nos cabelos negros dela, descobrindo seu rosto.
- Caiu. – Disse Malfoy rispidamente observando os movimentos do auror.
O homem olhou de Lúcio para Harry, procurando ver alguma falha na expressão dos dois, mas nada encontrou.
- Os senhores já devem saber como ela tem problemas psicológicos... – Murmurou Harry revirando os olhos.
Foram bombardeados por mais olhares desconfiados dos outros aurores, mas nenhum deles os acusou de algo, pois a mulher já acordava sorrindo bobamente em sua loucura.
Quando colocou seu pé para fora da caixa escura, ouviu o ruído de pedras se raspando sob seu sapato reluzente para o que deveria ter sido uma bela festa. A sua frente uma grande construção de pedra, tão grande que as janelas cercadas pareciam muito pequenas vistas dali de baixo. O céu se apresentava tempestuoso e os trovões produziam estrondos assustadores, ainda caia uma chuva muito forte e seus cabelos foram imediatamente molhados, assim como suas vestes enquanto era conduzido para dentro da prisão pelos aurores.
O mar estava revoltado, ondas batendo furiosamente nas pedras que constituíam a ilha. A cadeia mas parecia ter brotado do chão, de uma fenda macabra que levaria ao inferno. Seus óculos com vários pingos de chuva só fizeram a tempestade parecer maior, podia ver através das lentes molhadas as nuvens revoltosas, agora de cor lilás escura.
Não havia portas na prisão, somente uma grande passagem, em forma de arco que era a entrada. As portas não se faziam necessárias, logo após terem entrado Harry virou a cabeça, vendo atrás de si um campo de energia formando-se na abertura, a chuva não passava dali, produzindo o tenebroso ruído de algo sendo eletrificado.
Anoneta Gushër andava rapidamente à frente da comitiva de aurores e condenados, exibindo-se para as paredes, com um sorriso presunçoso nos lábios vermelhos escuros de batom, era a única que não estava encharcada.
Não passaram por nenhuma cela, por nenhum condenado, somente por portas negras, atrás das quais Harry temia existirem resquícios de uma Azcaban muito pior, artefatos de tortura, e poções mortais. Dobraram à direita em um corredor, os condenados deslumbraram uma grande abertura, fechada por grades prateadas brilhantes, guardando uma paisagem no mínimo inusitada para uma prisão: imenso labirinto de pedra que devia ter emergido do chão, ervas daninhas cercando as paredes.
Eles foram obrigados a continuar andando pelos aurores, subiram uma escada, três lances depois, Anoneta saiu do grupo, atravessando uma porta de mogno vermelho.
Foram conduzidos até uma porta negra, empurrados para dentro pelos aurores. Era uma sala quadrada, de paredes estranhamente brancas demais, havia uma mesa de madeira escura no centro do cômodo, três cadeiras vazias em frente à mesma, e um homem sentado atrás dela, lendo tranqüilamente alguns papéis.
- Pegamos o Potter. – informou um auror forçando-os a sentar nas cadeiras em frente è mesa. – E de brinde trouxemos de volta Malfoy e Lestrange.
- Mas que bela surpresa... – Sussurrou o homem sorrindo, seus cabelos negros repicados caíram nos olhos, ele os afastou com um movimentos da cabeça. – Podem deixar que eu faça tudo a partir daqui.
Alguns aurores saíram, dois ficaram postados na saída única, observando cuidadosos a cena.
- Então... – Continuou o homem em sua voz sussurrante. – Aqui estão as fichas de vocês.
Três livros vermelhos apareceram sobre a mesa, dois deles eram grossos e um parecia muito velho, outro um pouco gasto, enquanto o terceiro poderia ter sido comprado naquele mesmo momento.
- Belatriz. – pegou o livro mais gasto. – Que menininha má...
Ela deu um pequeno sorriso mau, balançando-se na cadeira. Ele folheou o livro vagarosamente, parando em algumas partes. Molhou a pena com tinta, e escreveu algumas coisas, era observado pelos três. Logo depois pegou um outro livro, desta vez sem fazer nenhum comentário, fazendo o mesmo que havia feito com o outro.
- Então. – Suspirou ele depositando o que segurava na mesa e cruzando os braços. – O Sr. Malfoy adicionou a sua longa listinha de surpresas um belo seqüestro, acompanhado de fuga.
Lúcio tentou esconder seu sorriso fora de hora, mas não obteve muito sucesso.
- E depois... – continuou ele. – se uniu a sua "colega" de trabalho e foram fazer um passeio em Hogwarts... com a vitima?
- Sim. – Respondeu Lestrange ainda sorrindo. – Tem um baile lá, deixamos a sangue-ruim apreciando as gárgulas... as gárgulas...
Ele olhou para a mulher confuso, um pouco amedrontado com a situação. Harry se afastou um pouco dela.
- Que tal se o senhor falasse? – resmungou ele para Malfoy.
- Deveria ouvir os depoimentos de Belatriz. – sussurrou ele como se estivesse contando um segredo. – São bem mais interessantes.
- Dispenso o seu senso demasiado de humor. – foi a vez dele de sorrir. – É melhor que seja bem "solidário" comigo, sabe muito bem que os homens lá fora não são tão simpáticos como eu. Agora me diga onde está Granger.
Três batidas fortes na porta impediram que o outro falasse, voltaram todos os olhares para a porta, um homem de cabelo espantado abriu a porta em uma fresta.
- Acabamos de receber um comunicado da base em Hogwarts, a vitima está lá, um pouco tonta mas muito bem. – Acenou com a cabeça e fechou a porta.
- O que falava sobre simpatia? – um sorriso de deboche, idêntico ao de Draco se desenhou no rosto dele. – Sabes muito bem que sou um homem de classe...
- Muita... – sussurrou ele em deboche, pegando o último livro de cima da mesa e o folheando. - E então deixaram a garota lá, e tentaram matar Harry Potter. – levantou os olhos para eles. – Mas por que fariam isso se ele é aliado das trevas como vocês?
- Não sou aliado das trevas! – Protestou Harry se levantando.
- A não ser que...Não quisesse acertá-lo! - Seus olhos lampejaram. – Matou a garota para atrair a atenção dos outros, e então poderiam fugir com Potter, para se encontrarem e planejarem os planos de dominação do mundo...
Malfoy concedeu a ele um pequeno sorriso de compaixão, que não notou devido à emoção de sua suposta descoberta.
- Pois muito bem. – Ele escreveu freneticamente no novo livro. – Levem eles
Uma comitiva de aurores entrou, fazendo-os levantar, e os empurraram porta afora, deixando o homem das fichas com um sorriso maior que a cara para trás.
Avançaram para a direita, sempre ladeados pelos aurores, até uma outra porta, e foram atirados para dentro. Estava totalmente escuro lá, uma luz forte no centro da câmara iluminou todo o local, não havia janelas, e a porta pela qual entraram não estava mais ali.
Harry, que havia caído com o empurrão do auror, levantou-se e correu até onde deveria estar a saída, mas era só mais uma parede de concreto maciço. Virou-se para os outros dois, os olhos de Malfoy estavam estranhamente azuis por causa da luz, Belatriz batia no chão.
- Por que nos trancaram aqui? – sussurrou. – Se acham que somos aliados...
- E que vamos mancomunar contra eles? – Terminou Belatriz desviando sua atenção do chão por um momento. – É isso que eles querem que façamos.
- Apresento-lhe uma das muitas salas de observação de Azacaban . – Sussurrou Malfoy. – O senhor acha que isto são paredes concretas, não são... – Se aproximou em uma das paredes. – Elas não ocultam, e sim mostram, atrás delas existem aurores nos avaliando.
Ele passou a mão direita por uma grande extensão do concreto, procurando por alguma coisa, e então pousou a mão suavemente em um ponto aparentemente igual da parede. Harry quase pulou quando ele bateu com força contra o concreto, ouviu-se um ruído de algo caindo, que vinha de trás da parede. Lúcio sorriu.
- Alguém deve ter levado um belo susto lá trás. – Murmurou rindo. – Creio que ficaremos mais algumas horas aqui até que cheguem a uma conclusão sobre em que ala nos colocar.
- Ala? – Repetiu Harry. – Espero mesmo que fique em uma bem longe da do senhor.
- Eu deverei ficar na masculina. – Murmurou ele sentando lentamente no chão. – E o senhor com certeza não ficará na feminina, só lhe restará a dos veteranos, e para lá, com certeza, não vai querer ir.
- Que ala é esta? – Resmungou Harry sentando-se também, o sol estava prestes a raiar.
- É onde ficam os condenados antigos. – Fechou os olhos azuis. – Os que ficaram loucos por causa dos dementadores...
Harry fungou, o sono tomando conta dele, suas pálpebras insistindo em fechar. O ruído de Belatriz se jogando no chão o fez abrir os olhos, mas logo os fechou novamente, aquela doida com certeza ficaria nesta tal ala de loucos.
Foi acordado por um auror que o empurrava com o pé direito. A porta havia ressurgido na parede, dando passagem a uma comitiva de aurores, e à luz do sol fraco do final da tarde.
Arrumou os óculos na cara, surpreendido por ter dormido quase a tarde inteira. Levantou sob o olhar suspeitoso dos aurores, e logo o que havia o acordado pegou-o por um braço, e um outro agarrou o braço esquerdo.
Malfoy já estava de pé, sendo segurado por outros dois aurores, enquanto Belatriz cantarolava sorridente. Foi puxado para fora, e impelido novamente a caminhar pelos frios corredores da prisão.
À medida que eram conduzidos, Belatriz foi separada do grupo, acompanhada de três aurores. Harry olhou para Malfoy, procurando o significado daquilo, mas ele não ajudou muito ao somente arquear as sobrancelhas com uma expressão má. Dobraram um outro corredor, e então apareceram os condenados, distribuídos cada um em uma das infinitas celas com grades de metal e fechaduras mágicas.
Foi atirado em uma cela vazia, havia uma cama dura, uma pia e uma banco de pedra. Não havia paredes, no lugar delas estavam grades, de modo que era possível ver todos os outros presos, de todos os lados, inclusive embaixo e encima, pois não havia chão ou teto, somente mais grades, que separavam as celas.
- Bela vista não é? – virou-se assustadiço, Malfoy estava agarrado às grades. Fora colocado na cela ao lado.
- É. - Concordou ele olhando em volta.
A única parte que não era feita de grades era uma passarela por onde andavam os aurores, pela qual eles haviam chegado. Apertou os olhos tentando ver onde terminavam as celas, mas não conseguiu.
Era como se fossem animais, e estivessem em gaiolas empilhadas. A cada duas fileiras de celas grudadas, havia uma passarela, no andar inferior e superior o mesmo acontecia, assim em como todos os outros incontáveis andares.
- Colegas novos... – uma voz que vinha de cima chamou atenção de Harry.
O homem de cabelos laranja espetado estava deitado nas grades do chão da cela superior, que no caso era o teto de Harry, com um sorriso maior que a boca permitia e estranhos olhos verdes. Harry olhou para cima instantaneamente, deixando visível sua cicatriz.
- Potter? – Sussurrou o homem. – Harry Potter?
Permaneceu olhando-o espantado, os olhos de Harry ficavam mais verdes a cada instante, por causa da luz forte que vinha do teto.
- Sou eu. – Murmurou encarando o homem.
- É melhor que tome cuidado por aqui Potter. – Encostou seu nariz reto na grade. – A maioria desses homens é seguidores das trevas.
Piscou, estava realmente em perigo, todos aqueles comensais condenados por certo não sabiam de sua ligação com o Lord das Trevas, e certamente o atacariam na primeira oportunidade.
- Não é um comensal também? – Perguntou para o homem de cabelo laranja.
- Não. – Sua voz era estranhamente suave para seu corpo forte, botas de escalada e blusa branca debaixo do uniforme cinza da cadeia. – Caso contrário não estaria falando pacificamente com você.
- Por que está aqui então? – Sorriu, arrumando os óculos.
- Tentei esconder ilegalmente um dragão indiano na Escandinávia , no mundo trouxa. – Fungou.- Três oficias me prenderam por que eu supostamente havia me negado a parar em uma rua, e descobriram a minha casa, e o dragão.- Balançou a cabeça, indignado. – Acredita que os idiotas acharam que se tratava do mostro do Lago Ness?
- Pensei que isso não fosse grave o bastante para dar cadeia. – Murmurou. – Afinal, eram somente três guardas...
- Não foram somente eles. – Coçou a cabeça, envergonhado. – Chamaram a imprensa, saiu em noticiários locais... O ministério teve que isolar a área e fazer milhões de feitiços de memória...
- O senhor atentou contra o equilíbrio dos mundos mágico e bruxo. – Disse Malfoy o observando.
- É, e nesta escala isso dá cadeia sim. – Ele sorriu novamente, passou a mão direita pela grade, estendendo o braço. – Meu nome é Terêncio Huster.
- Harry Potter. – Ergueu a mão, alcançando a do homem, e o cumprimentou.
- Lúcio Malfoy. – Sussurrou o outro sem se mover.
- Ouvi falar muito do senhor por aqui. – Voltou os olhos verdes para o loiro. - Da sua gloriosa fuga. Passou a ser muito respeitado dentro desta cadeia.
- Como em todos os outros lugares. - Murmurou para si mesmo.
- Só não entendi o motivo do senhor estar aqui. – Disse ele para Harry, recolhendo a sua mão.
- Acusaram-me de ter explodido algumas bombas... – Resmungou o garoto deixando de olhá-lo.
- Causa-me risos – falou ele entre sorrisos. – O menino que sobreviveu nunca faria uma coisa destas...
- Fui preso injustamente Sr. Huster. – Retrucou Harry fungando.
- É o que todos dizem... – Sussurrou Malfoy rindo.
Antes que pudesse responder qualquer coisa a altura, um alarme ensurdecedor invadiu o local, fazendo-os tapar os ouvidos, a luz forte que vinha do teto foi totalmente desligada, deixando-os no escuro
- O que foi isso? – Perguntou Harry apavorado.
- É o terceiro chamado. – Huster se levantou alarmado, agora era possível ver as solas de suas botas em cima da cabeça de Harry.
- O que é isso? – Não sabia o que fazer.
- Feche os olhos garoto! – Alertou Malfoy, sua voz se distanciou um pouco. – Não os encare enquanto não pode enfrentá-los.
Não sabia por que, mas sentiu que a temperatura lá dentro estava baixando cada vez mais, e à medida que isto acontecia sentiu um estranho medo subir pela sua espinha, algo muito além da sua compreensão, uma espécie de instinto de sobrevivência que o dizia para correr com urgência.
O alarme parou no mesmo instante que as portas duplas á prova de feitiços se abriram, Harry ouviu claramente passos de um grande grupo, olhou para os lados mas nada conseguia ver devido ao escuro.
Luzes negras se acenderam, dando um aspecto ainda mais assustador ao lugar. Virou-se novamente para frente, e logo caiu de susto.
Havia um homem, ou pelo menos se parecia com um, parado em frente a sua cela. Estava comodamente com os braços cruzados, a roupa que seguia a moda do século XVI, os cabelos muito pretos caindo nos olhos estranhamente azuis. Seu rosto de palidez cadavérica se contorceu em um sorriso, que mostrava seus afiados caninos, ao notar a reação de Harry.
- Bem-vindo a Prisão de Segurança Máxima de Azcaban. – Sussurrou se aproximando mais das grades. – Senhor Potter.
Harry permaneceu arfante no chão, sem se mexer, tentando não olhar diretamente para os olhos dele.
- E bem-vindo de volta Sr. Malfoy. – Olhou para o outro, mas logo se voltou novamente para Harry. – sou o chefe do turno da noite, Marco Feamegout. – Não se mexeu do lugar. - Espero que as acomodações tenham agradado. - Sorriu novamente, descruzando os braços e se afastando lentamente da cela de Harry.
Olhou para o Malfoy, que sorriu tão horrivelmente quanto Fleamegout.
- Não gosta muito de vampiros, não é Potter? – Sussurrou em seu tom mais arrastado.
Fudge bufou mais uma vez, girando na sua poltrona fofa de primeiro ministro. A paisagem falsa da janela ministerial não o animava como antigamente, a pena em suas mão balançava freneticamente, enquanto sua mente trabalhava o mais rápido possível, prevendo o perigo.
Ele seria deposto se não fizesse algo, as fugas em Azcaban, a ousadia daqueles dois prisioneiros em invadir a escola, e devolver a refém, jogando na cara dele que não era capaz, nem com um esquadrão inteiro de aurores, de pegá-los.
Com a prisão de Potter todo o horror do primeiro ataques das bombas em Hogwarts havia se tornado público, a morte dos alunos lufos causava grande discussão. Tinha que admitir que a estratégia de Dumbledore de fazer um baile para distrair os alunos havia dado certo, pânico era, com certeza, o que menos precisavam naquele dia.
O diretor de Hogwarts havia conseguido tempo para acalmar os ânimos da fuga de Azcaban, para depois noticiar o ataque das bombas, conseguindo assim que a situação fosse avaliada com calma pelos pais dos alunos, muitos dos quais passaram a acreditar nele, e apoiá-lo.
Agora o ministro era taxado de frouxo, pois nada fez em qualquer uma das situações...E se agora todos realmente achavam que Voldemort estava voltando, iriam colocar alguém mais qualificado para lutar com ele...alguém que não era Fudge.
Talvez Dumbledore...não! Nunca agüentaria perder o seu posto para aquele velho, nunca. Seus pensamentos voavam, tentando levar novamente o seu nome ao alto.
Teria que fazer alguma coisa grande, muito grande, que apagasse todos os feitos de qualquer um...o mais importante neste momento é que Voldemort está voltando, está reunindo seguidores...tanto que até o Potter, consciente de que o mal venceria, passou para o outro lado...
Um estalo em sua cabeça o fez quase pular, "estava reunindo seguidores" os comensais presos em Azcaban... o Lord das Trevas devia ter algum plano para soltar os seus seguidores, sim. E era ali que ele o pegaria.
- Senhorita Welly! – Gritou para a porta, esperando que a secretária do outro lado ouvisse. – Mande chamar Anoneta Güsher!
As celas se abriram com um ruído seguido metálico enchendo os ouvidos dos condenados. Harry saiu confuso para a pequena passarela, e logo foi empurrado por um batalhão de homens contra a porta. Foi arrastado até os pátios cercados da prisão.
- Espere só até eles abrirem o portão da ala feminina. – Murmurou Malfoy rindo atrás dele. – Ficam malucos...
Harry olhou confuso para os lados, não parecia haver nenhuma separação no pátio para as mulheres, e era obvio que nunca as deixariam entrar no mesmo lugar que eles. Contrariando suas expectativas, um portão igual ao que ele acabara de sair se abriu na outra extremidade do pátio, e dele saíram várias mulheres, trajando os mesmos uniformes que eles, seguidas de vários assovios.
Depois de um maluco ter tentado se jogar contra uma delas, Harry notou que havia uma espécie de barreira invisível capaz de descarregar grandes descargas elétricas em quem encostasse ali, como a que recobria a entrada.
- Encontrei-o! – Belatriz estava olhando fixamente para Malfoy, que apenas arqueou uma de suas sobrancelhas criticamente.
A ação da mulher foi acompanhada pelos assovios e vivas de vários marmanjos desocupados.
- Você tem que falar com ele... – sussurrou maníaca. – Eu os vi muito perto hoje, um quase me pegou...eu não quero morrer Lúcio...
- Eles não vão pegá-la. – Respondeu ele calmamente.
- Tens certeza?
- Claro que sim. – Murmurou. – Estás começando a chamar atenção.
Ela sorriu para um homem à esquerda, que retribuiu com uma piscadela, mas logo foi empurrado por um outro duas vezes maior que sorriu exibindo todos os dentes para ela.
- Eles se matariam por mim. – sussurrou num sorriso de satisfação.
- Gosto não se discute... – murmurou Harry, a mulher lançou a ele um olhar mortal.
- Deixem as suas intrigas bestas para depois. – resmungou Malfoy olhando desconfiado para o grandalhão que se aproximava perigosamente rápido. – Antes que este débil que gostou da sua aparência insana venha aqui me acusar de estar olhando-te demais.
Ele se afastou, seguido de Harry, que não tinha a mínima pretensão de ser identificado por qualquer condenado potencialmente perigoso.
- De quem ela estava falando? – perguntou para Malfoy, mas ele não respondeu.
- Dos vampiros. – O homem de cabelos laranja que habitava a cela acima da sua, Huster, sorriu para ele. – Pelo jeito a sua amiga é da ala dos veteranos.
- É sim, e daí? – Resmugnou Harry.
- O que você acha que o ministério prometeu aos vampiros para que ficassem trancados aqui nos vigiando? – Perguntou ele com um leve tom irônico.
- Eu realmente não faço idéia, teria que ser algo muito importante... – Murmurou Harry. – Considerando que vampiros são muito egoístas.
- Eles prometeram a ala dos veteranos, - Não havia sombra de assombro em sua voz. - os loucos, por causa dos dementadores não tem nenhuma utilidade de trabalho, ou qualquer outra coisa, como nós...
- Você está me dizendo que o ministério teve coragem de prometer para os vampiros que eles poderiam sugar o sangue dos prisioneiros loucos? - perguntou Harry incrédulo.
- Sim, enquanto houver loucos dos quais eles possam se alimentar, ficarão aqui como guardas... – olhou em volta. – Não é de admirar que aquela mulher esteja ficando preocupada com sua saúde...
N/A: sim, Harry preso. E mais: protegido por comensais nada confiáveis, vigiado por vampiros sugadores de sangue, a face má do ministério. Mas tudo pode melhorar...ou talvez não.
Fic em reta final! Só mais 5 caps.
