O Mundo dos Espelhos
"Ter
a consciência limpa é ter a memória
fraca"
Anônimo
"Tudo tem seu porém, porém..."
João Olavo
-Senhor Potter – uma voz invadiu o pátio. – Comparecer a sala da senhorita diretora.
Ele trocou um olhar rápido com Malfoy, que franziu o cenho, provavelmente preocupado com a parte do seu mestre que ele estava encarregado de vigiar.
Dois aurores agarraram-no pelos braços, o conduzindo para fora do pátio. Cruzaram os corredores labirínticos, parando em frente a imponente porta de mogno vermelho. O homem a sua direita bateu discretamente, ao que a porta de abriu.
Era uma sala aconchegante e muito organizada. A mesa, grande demais para o que devia ser um escritório, tinha em cima uma ampulheta com areia azul vivo, e ao lado um pergaminho com o sinete de Hogwarts.
A cadeira de espaldar alto girou mostrando a mulher com um sorriso nos lábios pintados de vermelho escuro. A luminosidade da lareira acesa brilhava nos seus olhos, que indicaram que se sentasse em uma das cadeiras a sua frente.
Em cima do cabide à direita, perto da porta, estava o chapéu a capa de viagem, com os quais havia capturado-o, uma franja espessa não deixava a vista sua testa.
- Gostando das acomodações? – Perguntou sutilmente.
- É. – Respondeu seco, sentiu um frio na espinha.
Uma fumaça se formava lentamente ao lado da cadeira da diretora, e dela surgiu um homem de vestes estranhas e sorriso afiado, Marco Fleamegout, o chefe dos vampiros que guardavam Azcaban à noite.
- Sabe que nesta prisão nada se consegue sem esforço. – Disse ela em seu tom suave e duro ao mesmo tempo.
Ele ignorou, passando a prestar atenção na carta com o carimbo de Hogwarts.
- Ah, isso... – A voz cortante do vampiro o fez olhá-los novamente. – Parece que Dumbledore está preocupado em que o senhor não perca as aulas...
Franziu o cenho, o auror à esquerda de Güsher, que era provavelmente o responsável pela segurança do dia, pegou o pergaminho.
- Nós aplicamos todos os procedimentos conhecidos para ver se havia alguma coisa errada nesta carta que o diretor entregou a Srta.Güsher no dia de sua prisão. – disse o homem distraidamente. – Mas não achamos nada, nenhuma informação escondida por trás destas palavras...
- Mas mesmo assim, as coisas não são tão fáceis assim por aqui. – Ela o impediu de entregar a carta ao garoto. – Todos têm que conquistá-las...
O sorriso do vampiro se alargou ainda mais.
- O labirinto... – sussurrou Fleamegout, seus olhos azuis brilhando de maldade.
- Este será o seu prêmio. - Ela mostrou mais uma fez o pergaminho lacrado, com um movimento rápido o jogou no fogo.
- Não! – gritou Harry levantando-se, um auror o arrastou para fora. – Por que fez isso?
Foi arrastado, debatendo-se, pelos corredores. Havia um grande portão de metal, guardando um labirinto enorme de pedra, pelo qual passaram no dia em que fora preso.
- Aqui estamos. – resmungou o auror. – Terá que atravessar o labirinto para conseguir a sua carta, garoto.
Ele passou outra vez pelo portão, trancando Harry lá.
- Ela queimou minha carta! – gritou para o auror.
- Não, ela só a transportou para o labirinto.
Voltou-se para as grandes paredes de pedra que formavam o labirinto, notando depois que havia uma bancada lá em cima, onde estavam a diretora, e alguns homens de postos altos na hierarquia dali.
- Srta.Güsher. – sussurrou um homem no ouvido da mulher. – O ministro da magia a manda chamar.
Ela fungou, agora o garoto começava a dar os primeiros passos no labirinto, e ela teria que ir embora, deixando toda a diversão para trás. Levantou, Fleamegout observou os seus passos, ela sorriu diante da reação dele, sabia bem o quanto aquele vampiro desejava provar de seu sangue docemente puro.
- O senhor disse que queria falar comigo? – perguntou Anoneta em seu tom duro.
- Sim, mandei chamá-la por causa do seu cargo. – Explicou Fudge um pouco amedrontado.
Ele apontou a cadeira fofa em frente a sua mesa, indicando para que ela se sentasse. A mulher permaneceu de pé, em sua posse austera, mas tirou o grande chapéu, segurando em uma das suas mãos.
- O Sr.ministro não está satisfeito com meu desempenho no cargo de diretora de Azcaban? – perguntou rispidamente, crispando os lábios.
- Não se trata disso, srta.Güsher. – Disse ele, suspirou em seguida. – Seu trabalho tem sido muito bom, realmente não tenho muito do que reclamar.
- Então do que se trata a nossa conversa? – perguntou friamente.
- A senhorita deve saber que estão me caluniando por todos os lados... – Murmurou o ministro.
- Claro, está em todos os jornais que o senhor é um frouxo incapacitado de comandar o mundo mágico. – Disse claramente, com um leve sorriso. – Com o perdão da palavra...
- Sim... – Resmungou corando. – Mas em todo o caso, eu quero acabar com estas calunias...
- E o que exatamente eu tenho a ver com isso? – Resmungou ela impaciente.
- Bem, irei direto ao ponto, então. – falou rapidamente, notando que aquela não era uma mulher de rodeios. – Vou fazer algo grande, que ajude no enfraquecimento de você-sabe-quem.
- E o que seria tal ato? – Seus olhos escuros apresentavam um resquício de desconfiança.
- A senhorita bem sabe que um homem não é nada sem seus aliados... – Ela arqueou a sobrancelha. – E os aliados de você-sabe-quem estão em Azcaban, certo?
- Hum, sim. – Sussurrou incerta se deveria ter dito aquilo, sua desconfiança aumentando juntamente com o sorriso de Fudge.
- Então, eu irei exterminá-los.
- Os condenados? – Perguntou incerta. – Não podemos matá-los para exaltar o seu poder...
- Eu sei que não podemos matá-los sem motivos...
- Então o senhor também deveria saber que os julgamentos nunca condenam alguém à morte, a não ser em um caso extremo, realmente extremo...O que não acontece a muitos anos. – suas sobrancelhas desapareciam por trás da franja espessa. – E não podemos matar alguém sem a autorização da justiça, seria considerado homicídio...
- Eu sei de tudo isso! – Bradou ele se levantando irritado. – e não é a senhora, uma mulher, que me dirá o que fazer!
- O que o senhor está insinuando? – Sibilou ela cautelosamente, tentando se controlar.
- A senhorita sabe muito bem que eu nunca apoiei a sua eleição à diretora. – falou ele alterado. – Eu sempre disse que eficiência só se conseguiria com um homem...
- Estou sendo melhor do que qualquer general brutamontes do seu ministério! – Berrou ela. – Estou levando aquela prisão com toda a minha dedicação!
- Toda a sua preciosa prisão não importa para mim! – Gritou batendo o punho na mesa. – E eu a explodirei com todos os seus amados condenados lá dentro!
- O que? – Ela baixou a voz.
- Isso mesmo que você ouviu! – Repetiu ele com um sorriso maníaco. – Este será o meu grande ato, eu explodirei aquilo com todos dentro, parecerá um acidente, morrerão todos os aliados das trevas!
- O senhor não pode fazer isso!
- Posso e farei! – decretou. – Com ou sem o seu insignificante consentimento! – Ela o olhou escandalizada. – A senhorita trate de ir para casa fazer o que todas as mulheres normais fazem, cuidar dos filhos, é o que as cabe, e só o que sabem fazer!
- O senhor cale esta boca suja imediatamente! – Ela agarrou o colarinho do ministro, por cima da mesa do escritório. – Fiz e faço melhor do que você qualquer coisa!
Ele tentou retrucar, mas ela o puxou mais para perto, quase trancando sua respiração, a varinha dela estava pressionando o pomo de adão dele, que subia e descia furiosamente..
- E sabe o que mais... – continuou, sussurrando. – Eu tenho muito mais amor aos condenados do que a um homem sujo como o senhor, eles merecem o meu respeito, não são covardes como o senhor...Não tenho filhos para cuidar, mas considero tarefa muito digna e difícil. Trate de tirar estas idéias estúpidas sobre mulheres da sua cabeça, ou não viverá para continuar sua vida insossa e cheia de preconceitos. – foi mais uma vez puxado. – Eu o tirarei de trás desta mesa, contarei a todos o que pretende fazer com a prisão, diga adeus ao seu cargo de ministro.
- Pode falar com quem quiser. – Ele sorriu ofegante. – Ninguém acreditara que eu sou capaz de fazer isso...eu só revelarei minha obra quando todos estiverem prontos para ouvi-la, depois de perceberam como fez bem para todos nós.
- Eu o destruirei de qualquer maneira. – A varinha estava começando a marcar o seu pescoço. – É uma questão de honra.
- Nunca conseguirá.
- Unir-me-ei aos teus inimigos. – Sibilou desafiadoramente.
- A oposição? – Perguntou presunçoso.
- Do que servem estes? – Riu, largando o colarinho dele e baixando a varinha. – Os teus piores inimigos, os que queres destruir.
- A senhorita está afirmando que vai se unir aos prisioneiros? – riu duvidoso.
- Sim. – sibilou, dando as costas para ele.
Caminhou sonoramente até a grande porta dupla do escritório, olhou uma última vez para o ministro. Ele fechou os punhos em pura ira, ela sorriu, fazendo um vaso de aparência importante se estilhaçar em milhões de fragmentos antes de cruzar a saída, arrancando o sinete do ministério que levava preso ao lado da medalha indicando que era a diretora de Azcaban.
Olhou incerto para o vaso de adorno que havia ganhado do ministro da França em sua pose, tentando vê-lo novamente naquele lixo. Uma onda de raiva o invadiu, o sinete do ministério jogado no chão. Foi até a lareira, esbarrando em mais três objetos, jogou o pó no fogo furiosamente e enfiou a cabeça ali.
- Senhor! – gritou raivoso para o homem sentado em uma poltrona conferindo alguns papéis. – eu quero explodir Azcaban.
Ele olhou por cima do papel que lia, incerto se aquilo era uma espécie de trote idiota, mas isso não era possível...era a lareira do esquadrão do Departamento de Mistérios, somente o próprio ministro e os membros do esquadrão tinham permissão para o acesso.
- Fudge? – Perguntou baixando lentamente o papel. – O que foi?
- Eu disse para avisar o seu superior que devem explodir a prisão. – Sibilou. – É uma ordem direta.
Uma de suas mãos saiu do fogo, carregando um pergaminho, que foi atirado para a mesa do homem.
- Está aqui minha autorização e toda a papelada. – Olhou firme para ele. – Cumpram o trabalho de vocês, deixando isso em mistério, e muito bem feito. Eu faço questão de revelar depois.
- Ok...
Dobrou mais uma vez à esquerda , sua intuição o assustando cada vez mais, pensou que deveria ser por causa da parte de Voldemort que carregava consigo que estava sentindo tudo aquilo. Um altar se erguia no centro do labirinto, em cima dele estava a carta.
Correu até lá, pegando o pergaminho , notou que era grande.
Harry
Este é um pequeno trecho de um livro muito antigo, que só tem uma edição...as outras foram queimadas há muito tempo. Eu estava há muito tempo pesquisando sobre isso. Só não lhe contei antes por que não tinha certeza.
Alvo Dumbledore
Retirado de " O Mundo de Espelhos" de Albertus Flierg
Está é um bibliografia de minha experiência em um mundo que eu intitulei o mundo dos espelhos.
Albertus Flierg
Foi um acidente, eu não queria entrar lá, me empurraram por aquele véu negro, e eu deixei de ver o mundo como ele realmente era.
Bem sei que muita gente nunca acreditará no que conto, pois todos achavam que aquele objeto matava as pessoas, e não às levava para outro mundo...Isso porque eu sou o primeiro a voltar de lá.
Atravessei o maldito véu, e eu via a passagem para voltar, mas não conseguia ir, precisava que alguém me puxasse...
Com o tempo descobri tudo, todos de lá descobrem...
Era como estar do lado normal, mas tudo era tão estranhamente deformado...como reflexos em um rio...reflexos das pessoas reais que eu conhecia, distorções.
Eu percorri aquelas ruas tortas por muito tempo, aquelas ruas que na verdade eu conhecia, mas estavam diferentes por trás do véu. E eu achei um escrito, uma grande pedra no meio de uma praça, os mandamentos para se sair daquele mundo...eles se firmaram como minha única esperança.
O véu é a passagem para um mundo de reflexos e distorções, segundo os mandamentos, um objeto muito antigo, que os bruxos medievais usavam para isolar prisioneiros, já que em cada esquina revivemos os piores momentos de nossas vidas fora dali.
Os bruxos medievais esconderam o segredo de como se voltar daquele mundo, dos simples camponeses, que poderiam vir a salvar os prisioneiros, e aconselharam que se vissem alguém que não estava mais "entre eles", refletido em um espelho, que o quebrassem.
Assim o segredo da volta morreu com estes bruxos, e a informação de que era a passagem para um outro mundo se perdeu nas bocas ignorantes de muitos, passaram a achar que era algo que matava e não deixava vestígios, pois ninguém que entrava saia.
Mas eu tinha uma felicidade, única: eu tinha um direito, poderia escolher uma pessoa do mundo externo, e nos reflexos dela eu apareceria três vezes, três chances, ela teria que me puxar para fora, se não fizesse isso decretaria minha prisão eterna naquele lugar.
Escolhi minha mulher... ela achou que estava ficando louca, mas na terceira vez que apareci em um reflexo, ela me tocou, e eu consegui pegar sua mão, estava de volta ao mundo real...
Harry paralisou, sabia, desde a primeira vez que havia falado da aparição de Sirius para o diretor, que ele estava escondendo alguma coisa, que sabia de algo a mais, não imaginava que fosse tão grande.
Dumbledore não havia tido tempo de revelar o segredo, mas isso não importava...
Uma alegria o invadiu, aquilo queria dizer que Sirius estava vivo, naquele tal mundo dos espelhos. E sim, ele havia escolhido Harry para salvá-lo, pois apareceu duas vezes em seu reflexo, se o tivesse puxado...Mas, se ele havia aparecido duas vezes, só restava mais uma chance dele aparecer, ou ficaria lá para sempre, junto com todos que nunca conseguiram.
Releu a carta, sim, era o que queria dizer, ele só tinha mais uma única chance de salvar o seu padrinho...não estava ficando louco, não eram alucinações com Sirius, era real, ele o teria de volta.
Estava pasmo com aquilo, levantou lentamente os olhos para a bancada, só restava o vampiro, que o olhava estranhamente, como se tentando entender o porquê de tanto espanto e alegria.
Girou nos calcanhares, a carta ainda na mesma posição em suas mãos. Caminhou desnorteado, pouco se importando em quanto tempo demoraria a achar a saída daquele lugar, ele não estava mais sozinho.
N/A : Grandes acontecimentos! O lado maníaco do Fudge, a diretora de Azcaban do lado dos condenados? Hum, eu sei, vocês suspeitavam dela desde a primeira vez que a viram...mas e Harry, ele também é um condenado, o ministro vai conseguir explodi-lo também? Hum? Podem considerar, eu não vou fazer continuação...logo eu posso matá-lo, e é claro que eu não deixaria o Sirius morto! Tipo... eu o amo! Então, hem, voltando...sou uma das inconformadas com a morte dele, e seria um sacrilégio deixar o coitadinho morto... Ele só está em um mundo distorcido. Agora podem comentar.
