Gnomos Explosivos
O Homem é o único animal que pode permanecer, em termos amigáveis, ao lado das vitimas que pretende engolir, antes de engoli-las. (Samuel Butler)
- Bom dia, - Disse o homem quem comandava a comitiva. – estou aqui a mando do ministro da magia, para fazer algumas instalações...
O guarda pegou a autorização das mãos deles, tinha a leve impressão que não conhecia nenhum daqueles caras, deviam ser do departamento de mistérios.
- E quais seriam estas instalações? – Perguntou observando a assinatura de Fudge. – Não está escrito aqui.
- Coisas da prisão...sabe...sistemas. – Murmurou a mulher ao lado do comandante. – Não terá necessidade de alterar os horários de saída dos presos, nem de avisar a diretora...o ministro falou com ela pessoalmente.
- Hum, certo. – Resmungou desfazendo a barreira elétrica da porta. – Procurem ser rápidos.
Entraram em passos largos na prisão, pouco se importando com o que estava em sua volta, somente precisavam encontrar a ala dos prisioneiros mais ativos e perigosos e implantar as bombas lá... depois na ala dos prisioneiros menos perigosos, e por fim na ala dos loucos.
Seria explodido outro dia, não imediatamente, à noite, quando não houvesse mais aurores no local, somente vampiros.
As alas se dividiam em masculina, feminina e dos veteranos, que, por sua vez, se dividiam em pavilhões de grau de perigo dos condenados. Não sabiam exatamente em que ordem as bombas explodiriam, fizeram o seu trabalho com limpeza, ninguém descobriria as bombas até que fosse tarde demais.
Esperava que aquele problema com a rede de pó de flú , que a deixou plantada quase duas horas esperando, não tivesse nada a ver com o ataque do senhor ministro. Estava farta daquele gordo desocupado que se achava superior a ela, mas daria o troco, oh, sim, daria.
Estava pouco se importando com o que achariam dela ajudar os seus condenados caso Fudge tentasse explodir a prisão, devia ser considerada uma heroína...estava tentando manter as sentenças deles. Tinha certeza que todos ficariam chocados se descobrissem o fato agora, se acreditassem nela...mas e se desse certo, afinal? E se ele conseguisse destruir o Lord das Trevas de alguma forma, enfraquecê-lo, matando os seus aliados? Todos passariam a amar o idiota...não, ela não permitiria, ou não se chamava Anoneta Güsher.
O porteiro parecia um pouco aturdido com sua presença, mas não notou aquilo, torcia para que Potter ainda estivesse dando voltas e mais voltas no seu enigmático labirinto.
- Ouch, droga. – resmungou olhando da bancada. – Ele já está no fim!
- Claro que está. – sibilou Marco olhando para ela. – A senhorita saiu há umas três horas!
- Tive um pequeno desentendimento com Fudge... – murmurou se sentando.
- Hum, que tipo de desentendimento? – perguntou amaciando sua voz cortante.
- Não são de sua conta. – cortou, fazendo a vontade do vampiro de mordê-la ainda maior.
- Pelo visto a conversinha com o ministro acabou com o seu bom humor.
- Não quero falar sobre isto, ok? – Resmungou. – Qual foi à reação de Potter ao ler a carta? Pareceu indignado ao ver que era apenas conteúdo de aula?
- Aquele garoto é um tarado por estudos ou tinha uma mensagem escondida ali. – viu a expressão de Anoneta pirar. – Nunca vi alguém tão surpreso e feliz ao mesmo tempo...
- Mas nós vimos que não tinha nada ali... era só o que estava escrito.
- Talvez um código?
- Improvável... eu não entendo como a teoria de um idiota sobre um mundo dos espelhos pode ser importante para ele.
- Bem... – Babulciou Fleamegout. – A última pessoa que ultrapassou aquilo foi Sirius Black, e não sabemos de nenhuma ligação entre ele e Potter...
- É, não se preocupe com isso... – Resmungou. – Black era inocente, mas já está morto...Já li sobre esta teoria, é uma besteira.
Ele voltou a observar o caminho que Harry seguia, não acreditava realmente na morte, a não ser que a visse com seus próprios olhos... a não ser que sentisse o seu cheiro nojento. Pois ele era uma das exceções, um vampiro, estava morto, mas estava vivo.
O segurança do ministério observou de cima a baixo a mulher alta e loira a sua frente, era raro encontrar gente tão... "bem apessoada" naqueles corredores. Aproximou-se dela, como fazia com todos as outras pessoas que por ele passavam, a revistou para ver se tinha alguma coisa ilegal escondida.
A Sra. Malfoy deu um leve suspiro de impaciência, finalmente o segurança a deixara passar para a próxima porta. Os olhares de muitos se voltaram para ela rapidamente, e depois novamente para os seus respectivos afazeres. Entrou no elevador.
Não se lembrava de ter estado naquele andar, fazia muito tempo que não vinha ali, não tinha motivos para isso, e para se ir a sala do senhor ministro, era necessário um bom motivo, agora ela o tinha.
A secretária lhe lançou um olhar invejoso, e grunhiu para que entrasse. A porta dupla abriu-se lentamente, deixando a vista a grande mesa onde deveria estar sentado o ministro da magia. Mas ele não estava lá, encontrava-se parado à janela com a paisagem falsa, admirando-a.
- Interrompo algo Sr. Fudge? – Perguntou o mais docemente que pôde.
- Sra. Malfoy! – espantou-se ele virando depressa para a mulher. – A senhora aqui?
- Não entendo o espanto. – disse meigamente. – Tenho hora marcada...
Ele precipitou-se para a sua mesa, para procurar sua agenda, mas parou no meio do caminho.
- Bem, isso realmente não tem muita importância. – murmurou. – Não é todo o dia que se recebe visitas tão ilustres.
Narcisa sorriu falsamente, andando até a cadeira em frente a mesa do ministro.
- O senhor não me parece muito bem.
- É, o dia não tem sido um dos melhores... – Comentou a convidando a sentar. – Tive uma pequena discussão com uma pessoa... Hum, mas o que a senhora deseja?
- O que mais poderia ser além de interceder pelo meu marido. – Disse apagando o seu sorriso falsamente radiante.
- Por ele não posso fazer nada...
- Sei que pode. – Continuou em pé, ao que ele se sentou.
- Não posso soltá-lo... – Balbuciou. – E tive alguns desentendimentos com o pessoal de Azcaban...
- Isso não vem ao caso, senhor. – Sibilou ela se inclinando, notou que o homem olhou de relance apara o seu decote. – Meu marido é uma figura da elite bruxa, não pode ficar trancafiado em uma prisão, ele era um de seus grandes contribuintes!
- Eu sei, mas...
- Ministro! O senhor não ouve o que dizem por aí? – Perguntou ela enfática.
- Falam mal de mim? – Perguntou exaltado. – O que dizem!
- Muitas coisas... – sorriu, o idiota havia caído na sua armadilha. – Dizem que o ministro está afundando cada vez mais, que seus aliados eram das trevas...que o senhor é das trevas!
- Eu! – gritou. – Mas isso é um absurdo!
- Não, senhor. – sibilou. – Se os grandes aliados, como Lúcio são considerados das trevas...nada mais óbvio. – Ele ia falar alguma coisa, mas Narcisa o interrompeu. – e agora venho com minha proposta, lhe ajudar. O senhor deve provar que meu marido é inocente...e deve soltá-lo...diga que os aurores que o prenderam eram das trevas, diga que era uma armadilha, incrimine ainda mais Potter e Dumbledore.
Ele continuou a observando, estático. Nunca pensara que aquela mulher de longos cabelos loiros, olhos azuis faiscantes e rosto bonito pudesse armar tal coisa. Sempre pensou que quem mandava nela era o marido, que não tinha nenhum objetivo, que era vazia. Havia se enganado.
- E então? – Perguntou ela levemente ansiosa.
- Eu... – Murmurou. – Preciso pensar um pouco.
Ela não se mexeu de seu lugar.
- Pense então.
Tentou ignorar a presença dela, sua cabeça funcionando a alta velocidade... ele explodiria a cadeia, mataria o Malfoy...ou o soltaria e provaria sua inocência? O que faria sua imagem melhorar com mais efeito...mas não havia provas que pudessem deixar a imagem de Lúcio totalmente limpa... não poderia salvá-lo. Explodiria aquela prisão, ninguém poderia quer prova maior de que ele não era um aliado das trevas.
Mas, para que não o incriminassem de imediato, daria a anistia ao homem. Assim ninguém jogaria a culpa de matar os condenados em cima dele...e quando estivessem prontos para ver o bem que a explosão havia feito para a os bruxos, ele contaria que fora sua obra.
- Concordo. – Respondeu firme. – Darei a anistia ao seu marido, ele sairá daqui uma semana de Azcaban.
Ela sorriu, indo embora satisfeita, levemente abalada, uma semelha de desconfiança que começava a crescer dentro dela. Havia sido muito fácil.
Fudge sorriu, pegando um pergaminho para assinar a anistia de Malfoy, que acabara de redigir. Olhou para o papel, e depois com um sorriso quase sádico, anistiou mais um prisioneiro, Harry Potter. Ele ficaria tão feliz por poder sair da prisão, esperaria contando os segundos...mas nunca sairia dali, aquelas paredes de pedra se tornariam o seu túmulo.
Foi conduzido de volta por um auror, sentou no único banco da cela, ainda olhando para a carta. Agora nada mais do que realmente estava acontecendo com ele parecia real, a prisão, as acusações...tudo parecia apenas um teatrinho diante da noticia que recebera de Dumbledore, Sirius estava vivo.
E pelo que entendera, só era necessário que encontrasse um espelho, e então poderia esperar, ele apareceria com certeza para ser salvo. Sua expressão mudou, não poderia tirar o padrinho do mundo dos espelhos em plena Azcaban, seria idiotice, teria que passar longe dos espelhos por ali, afinal o padrinho só tinha direito a mais uma aparição.
- Por que está com esta cara besta de felicidade? – Perguntou a voz arrastada a sua direita. Malfoy estava encostado em suas grades, olhando fixamente para ele.
- Não é da sua conta. – respondeu rudemente.
- O senhor fica cada dia mais deselegante. - Murmurou ele com leve satisfação. – Ao contrario de mim.
- Estou começando a achar que sua vaidade supera a de Lockhart. – sussurrou venenoso.
- A grande diferença é que eu tenho todos os atributos mágicos dos quais ele tanto se gabava. – resmungou desafiador.
- Eu realmente não sei quanto aos atributos mágicos... – Resmungou o auror recostado à cela de Malfoy. – Mas que a sua senhora é cheia dos atributos, é...
Harry soltou uma risadinha diante da expressão indignada do comensal, o auror somente sorriu, afastando-se levemente das grades.
- Não fique nervosinho não... – ele tinha um sotaque muito estranho. – Sua mulher lhe veio visitar...
- Narcisa está aqui? – perguntou Lúcio incrédulo.
- Estou.
Os três voltaram os olhares para a mulher que vinha caminhando pela passarela de aurores.
- Vocês têm três minutos de conversa vigiada por mim. – Resmungou o auror voltando a encostar-se à cela. Ela se aproximou, agarrando-se às grades, estava tão perto dele que era possível conversarem somente em sussurros.
- Eu consegui. – disse ela com um largo sorriso.
- O que? – perguntou levemente confuso
- A anistia. – Resmungou olhando de esguelha para o auror.
- Eu achava que você não era responsável por isso. – fungou com leve indignação. – Como conseguiu?
Harry estreitou os olhos para a cela ao lado, fingindo que ainda estava apreciando a sua carta.
- Com argumentação. – sibilou, mas sua voz mantinha um tom divertido.
- E a senhorita quer que eu acredite que convenceu o ministro a dar anistia a mim somente com argumentação?
Harry riu diante da situação, mas Malfoy não se importou, olhava desconfiado para a sua esposa.
- Seu ciúme é admirável. – sorriu. – Achava que eu faria o que para conseguir a sua liberdade? Ter um caso com o homem?
- Não! – Retrucou indignado. – Ele deve ter uns vinte centímetros a menos que você!
- Mas o fato, - riu-se. – É que me pareceu fácil demais fazê-lo aceitar...entende? Rápido demais...
- Ele está armando alguma coisa. – Sussurrou Harry fazendo com que os dois olhassem para ele ao mesmo tempo. – Notei uma movimentação estranha quando estava no labirinto, vi gente estranha passando por um portão que dava vista aos corredores.
- Falarei com Marco Fleamegout. – sussurrou Narcisa para seu marido. – Ele é o chefe dos vampiros, deve saber de tudo que acontece por aqui.
- Você não vai! – retrucou Lúcio imediatamente, com uma expressão estranha.
- Vou sim, e pare de ter ciúme de todos os homens com quem eu falo. – ela deu os ombros. – E você não pode ter ciúmes de um vampiro, lembre-se que eles estão mortos...
Ela se afastou, começando a andar para ir embora.
- Aham, diga isso às mulheres que foram seduzidas e posteriormente mordidas por ele! – em resposta ouviu-se uma risada divertida.
Estava andando pelos corredores vazios, alguns vampiros vigiando portas, os aurores já haviam ido embora, a cumprimentaram com acenos de cabeça.
- Boa noite Srta. Güsher. – Disse o vampiro abrindo passagem para ela. – Não vais para o seu escritório?
- Não. – respondeu. – Vou andar mais um pouco.
Distanciou-se dele, seguindo por outro caminho, estava na ala feminina mais perigosa.
- Qual delas será a primeira? – Perguntou o homem magro ao seu chefe. – As alas mais perigosas?
- Chamem o ministro. – Gritou o chefe para um outro. – a explosão da prisão é de interesse exclusivo dele.
- Já estou aqui. – Resmungou Fudge para um dos chefes do esquadrão secreto do ministério. – Faz alguma diferença a ordem das explosões?
- Não muita. – Resmungou o homem magro com os controles nas mãos. – Os últimos só terão tempo de gritar mais...afinal estão presos, e não há como fugir.
- Então...primeiro as damas.
O anel no dedo anular direito estremeceu, a diretora de Azcaban olhou descrente para o objeto, nunca soubera para o que servia, era mais uma jóia estranha que herdara da sua família.
Deu mais alguns passos, aquele negócio estava começando a perturbá-la, estava vibrando cada vez mais forte, aquilo nunca havia acontecido antes. Notou que quando virava para a esquerda piorava, a curiosidade típica a tomou, foi seguindo o caminho que o anel indicava.
Parou em frente a uma parede, olhou bem para a cor cinza, passou a mão, tirando o pó. Uma luz pequenina e vermelha piscava devagar, mas estava acelerando visivelmente.
- Oh não. – resmungou paralisada. – Não pode ser...ele não teria coragem...
A luz piscava cada vez mais rápido, ela reconheceu o objeto. Era uma bomba de gnomos explosivos. Lembrava-se de sua graduação em defesa contra as Artes das trevas, quando a bolinha vermelha, de onde emanava a luz, se estourasse, os gnomos seria libertos, e em contado com o ar, explodiriam causando grandes estragos, seriam capazes de explodir metade do pavilhão feminino em que estava.
Seus pensamentos passando acelerados demais, as coisas se encaixavam, o atraso na rede de flú, as promessas vingativas de Fudge, seu olhar maníaco, o guarda da frente que a olhou de jeito estranho...Ele havia realmente implantado as malditas bombas, ela morreria.
O ruído da bolinha começando a rachar chamou sua atenção, rachaduras na parede acompanhavam as da bola, estava na frente da bomba, não tinha como desarmá-la, era o seu fim.
- Não! – urrou. – Não estou acabada! Eu não perderei esta guerra, ministro!
Começou a correr em disparada, seu chapéu caiu, seu coque, não armado para aquele tipo de exercício, começava a desmontar, soltando os cabelos. Uma rachadura na parede corria ao seu lado, a ultrapassando. Virou, mais um longo corredor a frente, não havia saída, a janela no fundo permanecia com sua barreira elétrica, outra rachadura na parede se formava, percorrendo a pedra com extrema rapidez.
Estava arfante, não havia mas nem sinal de que um dia havia tido um coque prendendo do seu cabelo, estava correndo a toda a velocidade que suas pernas suportavam. A rachadura atingiu a parede que fechava o corredor sem saída, parando na janela, a barreira elétrica estremeceu, piscou produzindo um ruído de algo falhando.
Não sabia pelo que estava torcendo, morreria se ficasse ali, morreria se se atirasse pela janela. Ouviu uma explosão que estremeceu o chão, agora parecia que havia uma onda de fogo vindo atrás dela. Não parou de correr, se aproximando da janela, saltou, colocou o pé no parapeito tomando impulso e se atirou para a noite. Agora estava livre.
N/A: Morta? Aha, não posso dizer...Harry condenado a morrer? Não posso dizer de novo...próximo capítulo vocês descobrem.
