N/A: Para ler essa short fic, recomendo escutar a música Time, de Chantal Kreviazuk, que foi o que me inspirou a escrever, que deu nome a fic, e que combina com ela. E se acabar antes de terminarem, coloquem para repetir XD

Ah! O titulo não tem nada a ver com a fic, mesmo. Sou péssima para títulos u.u


Time

Capítulo 1

Hermione olhava aquela casinha sempre que acordava. Bastava abrir a janela quando acordava e lá estava ela. Uma casinha. De bonecas. Na única árvore do jardim. Com seu telhadinho marrom, cerquinhas brancas, uma portinha colorida de amarelo, azul, rosa, verde em tons pasteis. Janelinhas mínimas com cortininhas. Adorável.

Quando comprara a casa onde agora morava, a primeira coisa que ela viu fora aquela casinha. O agente imobiliário com um sorriso bondoso no rosto se pronunciou, vendo que ela olhava para a casinha com as sobrancelhas erguidas:

- O casal que morava aqui tinha um filho e uma filha. Eles a adoravam.– e isso explicou tudo.

E ela comprou aquela casa.

Não por causa da casinha, ou assim ela achava, mesmo porque chegou a pensar em derrubá-la. Ela atrapalha a visão da casa e do quarto principal, dizia. Mas o tempo foi passando, ela se mudou para a nova casa e nada de tomar providencias sobre aquela casinha. No fim, se acostumou a ela, e hoje já a achava adorável.

E às vezes se pegava admirando-a. Quando acordava. Quando estava sentada lendo um livro na biblioteca, no andar térreo da casa. Quando sentava de noite ou de madrugada na varanda com um cobertor em volta de si e uma xícara de chocolate quente fumegante entre as mãos.

E havia uma verdade sobre aquela casinha. Ela era sua cúmplice.

Somente uma vez subira até lá. No dia em que dissera adeus a Harry.

Ela queria ficar sozinha. Não agüentaria vê-lo de novo. Não queria enfrentar a realidade. E se fosse até a casa de algum amigo, eles olhariam-na com pena, dizendo-lhe: eu sinto muito, Hermione; Tudo vai ficar bem; Você vai superar; Tudo vai dar certo.

Pro inferno tudo aquilo! Ela não achava que tudo ia ficar bem... ela não iria superar aquilo. Não se supera uma traição. A dor não vai embora e não diminuí. Ela só fica guardada num cantinho escuro. Escuro de mais para se fazer presente todos os dias, como no começo. Mas estava lá para sempre. E às vezes gostava de fazer visitas.

E por isso, ela fugiu. Fugiu e subiu a escada branca e quando chegou lá em cima, a puxou para cima. Entrou na casinha e deitou no meio do tapetinho peludo que havia lá. Ficou assim, abraçando as pernas, encolhida, sozinha na sua dor, lágrimas escorrendo livremente pelo seu rosto nublando sua visão. Queria fugir de tudo, queria voltar a ser criança e ter seus pais ali com ela. Queria esquecer.

Quando acordou o sol já entrava pela janelinha batendo em seu rosto. Piscou várias vezes e se sentou bocejando. Saiu engatinhando dali. Ergueu-se do lado de fora, colocou a escada de volta e desceu. Entrou em sua casa, encheu a banheira, tomou um demorado banho, vestiu-se, preparou um café e 2 torradas pra si, escovou os dentes, passou um batom fraquinho, pegou seu casaco, sua bolsa e desaparatou para o trabalho.

Tudo porquê sua tristeza ficou lá. Dentro da casinha. Num espaço escuro debaixo do sofazinho, tal como a dor, que se escondeu em seu coração.

A realidade não mudou, mas ela tinha que continuar. Não o veria mais.


- Sim, Hector, hoje teremos um dia particularmente frio. Isso pela chegada de uma nova frente fria, vinda do norte, como podemos ver ao mapa. – e na tv apareceu um mapa colorido, que a garota do tempo tratou logo de explicar.

Hermione estava sentada numa bancada em sua cozinha, com uma xícara de café que soltava longas espirais de fumaça em sua frente, lendo o Profeta Diário, não prestando muita atenção ao som que vinha da televisão ligada na sala.

Terminou de ler uma notícia sobre uma bruxa que dizia ter descoberto a cura revolucionaria para mordidas de lobisomens, mas que só curava quem ainda não tinha passado por uma transformação em noite de lua cheia. Abaixou o jornal, tomou um gole de seu café, e virou a página do jornal.

Ao pôr os olhos novamente no jornal, prendeu a respiração. Em letras garrafais azuis, encabeçando um longo texto, havia o título: "O-menino-que-sobreviveu, Harry Potter, voltará ao país."

Em minutos devorou o texto, que explicava que Harry Potter estivera por longos 4 anos na Itália, onde concluira mais um curso de especialização em Defesa contra a Arte das Trevas, para suplementar seu conhecimento e ajudá-lo ainda mais em seu emprego como Auror, e que no dia seguinte chegaria a Londres para se apresentar ao Ministério.

- Droga! – resmungou Hermione, soltando o jornal e levantando-se.

Subiu as escadas até seu quarto, colocou o primeiro casaco que viu em seu armário agarrou sua bolsa e desaparatou.


- Como você não me disse nada! – disse Hermione entre dentes enquanto entrava numa sala e fechava a porta bruscamente atrás de si, sem se importar com o barulho. – Gina!

- Bom dia pra você também, Mione – respondeu a ruiva sentada em sua mesa no departamento de Execução das Leis Mágicas, abaixando o jornal que estivera lendo. – Eu não sabia! – completou rapidamente quando viu a morena abrindo a boca e lhe lançando um olhar assassino. – Acabei de ler, como você pode ver. – e lhe mostrou o jornal aberto na página central, a mesma página em que estava aberto o de Hermione em sua casa.

Hermione desabou na cadeira em frente a mesa de Gina.

- Gi... – disse debruçando-se sobre a mesa e afundando a cabeça entre os braços.

A ruiva levantou-se e deu a volta em sua mesa até ficar ao lado de Hermione. Sentou-se na cadeira ao lado e pousou uma mão em seus ombros.

- Calma, Herm. – falou baixinho com um tom de carinho na voz. – Não precisa ficar assim. Ele só chega amanhã. E certamente tem muito o que fazer .- ao que Hermione lhe lançou um olhar ainda mais desesperado, disse rápido. – E vocês não precisam se encontrar lá na sessão de aurores. Você sabe que aquilo é uma correria, ele nem vai notá-la em sua sala. E ele nem sabe onde você mora.

- Mas...

- Mas nada! Se estiver assim tão desesperada peça umas férias. Mas essa não seria a Hermione que eu conheço.

Ao escutar isso a morena se sentou ereta novamente, respirou fundo e balançou a cabeça.

- Você está certa. Foi uma boba. E não tenho tempo para férias. E é só o Harry, não!

- Isso!

Hermione, então, virou-se para Gina e levou uma de suas mãos até a barriga levemente grande da ruiva.

- E como você está? – Gina lhe sorriu radiante antes de lhe responder.


- Bom dia, Hermione.

- Ah! Bom dia, Dino. – respondeu assustada, levantando a cabeça ligeiramente concordando.

Seguiu apressada até sua sala, a penúltima no final do corredor, voltando a olhar para o chão esperando que com isso ninguém a parasse ou a reconhecesse.

Entrou em sua sala e fechou a porta rápido demais, e encostou-se nela respirando aliviada, fechando os olhos.

Nem sinal dele.

- Bom dia, Mione.

E abriu os olhos depressa, assustada. Por breves segundos pensou que era Harry quem estava ali. Mas a pessoa ali não era nada parecida com ele.

- Rony! Que me matar de susto! – respondeu Hermione rabugenta, se recompondo e tentando disfarçar seu nervosismo, indo até sua mesa, onde largou sua bolsa, e sentou-se de frente para Rony.

Ele olhou-a com um ar de riso no canto da boca.

Ela fuzilou-o com o olhar.

- Ora vamos, Mione, minha presença é assim tão ruim?

- Não, claro que não, seu bobo. – e explicou-se num tom mais amigável.- Estou tendo um daqueles dias ruins.

E antes que Rony começasse a rir, ela disse:

- E se você rir, eu te coloco pra fora dessa sala a pontapés. – então começou a mexer em alguns papéis que se encontravam em cima de sua mesa.

- Okay, okay, esquentadinha, sem brincadeiras por hoje. – disse Rony erguendo as mãos pro alto, se rendendo – Só queria saber se você não quer ir almoçar lá em casa no sábado. Mamãe anda reclamando que você não aparece mais por lá e me mandou te levar até lá nem que seja arrastada.

- Oh Rony, sinto muito, ando mesmo ocupada. Mas adoraria ir lá no sábado. Mandarei uma coruja a Molly avisando se poderei ir ou não. – respondeu ela erguendo os olhos do papel que lia e olhando para ele. – Você sabe, nunca se sabe se aparecerá uma emergência.

- Certo.

Ele fez a volta na mesa e plantou um beijo no topo da cabeça dela. Quando estava abrindo a porta parou.

- Não se preocupe, - disse piscando um olho para ela - ele não estará lá. Já tem compromisso nesse dia. – e fechou a porta antes que o peso de papeis lhe acertasse.


Naquele dia não fora almoçar. Viera preparada e trouxera alguns sanduíches com ela. Era melhor evitar oportunidades.

E agora faltava muito pouco para terminar o expediente daquele dia. E sua cabeça não prestava mais atenção em nada. Havia desistido de ler um relatório quando viu que repetia pela 15ª vez o primeiro parágrafo. Ela lia e era como se o papel estivesse em branco, porque nada ficava em sua cabeça e logo ela estava com o olhar longe.

Então ela se encontrava olhando pro relógio sobre sua mesa, contando os minutos para as 19:30, quando poderia finalmente ir para casa e descansar daquilo tudo.

19:20:56

19:20:57

19:20:58

19:20:59

19:21

19:21:01

Bem, ninguém iria crucificá-la se ela fosse embora agora, não é? Como todos os papéis importantes já estava guardados na gaveta e a mesa organizada, ela pegou sua bolsa, abriu a porta e espiou para os dois lados do corredor e saiu da sala.

Conforme caminhava até o elevador mais pessoas encontrava no caminho. Isso porque na entrada do departamento ficavam as mesas dos aurores agentes, que eram os que iam verificar os casos, mas ela fazia parte do centro de inteligência dos aurores, bolando planos de ação, e por isso tinha a sua sala. Então era normal aquela algazarra mais a frente, aquele lugar era mesmo uma correria.

Desviou de alguns agentes que se encontravam parados ao lados das mesmas, e chegou até o elevador. Alguém já havia apertado o botão do lado direito então ela só esperou junto com mais alguns aurores que também estavam indo embora.

Quando estava ali há uns 4 minutos, o elevador apareceu e um auror loiro muito alto e forte ao seu lado puxou as grades para que eles pudessem entrar. Como o elevador estava vazio entraram todos, ela por penúltimo. Ao longe escutou alguém falando.

Outro auror fechou as grades, não dando importância as vozes que vinham do departamento. Provavelmente não era com eles que estavam falando.

Hermione ajeitou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha quando a porta do elevador começou a fechar-se mas sua mão caiu mole ao seu lado quando alguém apareceu derrapando em frente as grades, no exato momento em que as portas do elevador se fechavam.


- Ih, era o Potter ali?

- Eu acho que era.

- Não pensei que fosse ele quem estivesse gritando para esperar.

- Ele pega o elevador daqui a pouco.

Alguns aurores mais velhos comentavam entre si, mas Hermione não os escutava.

"Droga, droga, droga!" repetia para si mesma, mordendo o lábio inferior, olhando de segundo em segundo para cima onde números vermelhos indicavam em que andar estavam. "e esse elevador que não anda mais rápido!"

Depois do que pareceram horas, o elevador parou no saguão e ela desceu rápido.

- Granger, preciso...

- Agora não, Bones, estou atrasada... – respondeu, o rosto afogueado, deixando a bruxa falando sozinha, continuando a caminhar até o elevador que daria na cabine telefônica do lado de fora. Era só num beco atrás da cabine que podia se aparatar, devido as novas medidas de segurança.

Entrou no elevador da cabine e ele começou a se mover lentamente. "Rápido, rápido!"

Com um CLECK o elevador chegou até a cabine e ela escutou a uma voz feminina dizer: Boa noite, Srta Granger.

Abriu a porta da cabine e começou a caminhar mais rápido até o beco. Olhou para ele e um bruxo acabara de desaparatar.

Deu mais alguns passos e chegou até o lugar. Parou ainda de costa para a cabine e respirou fundo, se concentrando.

Quando começou pensar em seu destino, uma mão envolveu seu braço a impedindo de continuar. O ar em seus pulmões novamente ficou preso e ela fechou os olhos, rezando baixinho "não seja ele, não seja ele..."

- Hermione.


Continua…..