Uh – A Série
Capitulo 2
The Trip – A Viagem
Era cedo, muito cedo para falar a verdade. Mas tinha uma reunião dentro de uma hora e uns quantos relatórios para analisar antes disso.
Ajeitou a gravata em frente ao espelho e olhou a mulher deitada na cama. A sua mulher. Ela era linda. Uma Weasley, mas linda. E até aí ele admitia. Mas nada mais. Ele negava tudo o que fosse sentimento para além de achar linda.
Sorriu levemente. Ela dormia tão serena, tão clama que quase o enganava, por que em nada fazia lembrar a feroz mulher negócios, a explosiva Weasley que era.
Caminhou até à cama e aconchegou-lhe as cobertas e depois afastou-lhe as madeixas ruivas da face. Ela suspirou levemente e mexeu-se na cama. Esperou que ela parasse de se mexer e depois colocou o bilhete que segurava no travesseiro ao lado do dela. Depois, com um último olhar sobre a ruiva, aparatou.
- - -
Ouviu umas batidas na janela, batidas essas que a fizeram levantar. Era a coruja de Blaise, com um bilhete e o botão de transporte para dali a duas horas. Espreguiçou-se lentamente, e foi então que viu o bilhete dele em cima do travesseiro.
Faz boa viajem Ginevra. E toma cuidado.
Draco
Sorriu. Aquela tinha sido a primeira vez, num ano e meio, que ele tinha assinado com o nome e não com aquela estranha assinatura dele.
E foi assim, com aquele enorme sorriso que se aprontou para a viagem, e que pegou no botão de transporte duas horas depois.
Organizou as suas coisas no hotel e verificou os dados dos relatórios uma última vez antes de aparatar na Geschäft.
"-Frau Ginevra." – Ouviu uma jovem moça chamar – "Herr Niklas espera-a. A sala de reuniões é ao fundo do corredor. Venha comigo."
Então na sala de reuniões. Era ampla, iluminada e ocupada por um belo homem.
"-Frau Ginevra. Que bom vê-la."
"-O gosto é meu Sr. Niklas."
"-Já que vamos fazer negócio trate-me apenas por Niklas. Aqui não há lugar para formalidades." – Disse com um sorriso.
Os olhos claros dele, o cabelo loiro, e a pele branca eram típicas daquele país. Mas aquele homem era um dos mais belos que já vira. O sorriso dele era tão natural, tão contagiante que ela própria foi incapaz de não sorrir.
"-Só se me tratar por Ginevra."
"-Feito, Ginevra."
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Riu alto. Céus! Como ele era engraçado! Tinha saudades de rir assim, sem preocupações, por uma piada qualquer sem sentido nenhum.
"-Foi realmente hilariante!"
"-Acredito! Não é todos os dias que se vê um dos homens mais poderosos do mundo dos negócios completamente bêbado!"
"-E a Ginevra? Tenho a certeza que também tem umas boa histórias para contar!"
"-Oh! Nada de divertido. Nestes últimos dois anos, não há nada que eu faça que não seja trabalho. Ou são reuniões, ou viagens de negócios ou festas das empresas."
"-É pena que uma mulher tão bela como a Ginevra não aproveite o melhor da vida. Mas eu posso fazer algo por isso enquanto aqui estiver. O que me diz a uma visita guiada pela cidade?"
"-Eu não sei! Tinha planeado de voltar depois do almoço…"
"-Não me diga que tencionava vir a Berlim e não ver nada de interessante! Que desperdício!"
"-O que me sugere então?"
"-Primeiro que me trates por tu. Em segundo que tal uma visita ao Museu de História Natural de Berlim? É um dos melhores do mundo! E é um museu fantástico, mesmo sendo muggle."
"-Adoro a ideia Niklas."
"-Perfeito. Vou mandar preparar um carro."
Ele saiu da sala de reuniões ode estiveram toda a manhã e para onde tinham voltado depois do almoço. Ela sorriu. Há muito que não se divertia tanto com uma simples conversa. Niklas era simpático demais, engraçado, interessante e tinha um sorriso encantador.
"-Está tudo pronto, podemos ir."
O carro que ele mandara preparar era imponente, negro, digno de um magnata como ele.
"-Tudo isto para irmos a um museu?"
"-Ora, convidados de honra têm direito ao melhor."
Sorriu e entrou no carro. Ele fechou a porta e depois partiram.
O edifício do Museu de História Natural de Berlim era majestosamente grande, com a fachada cheia de grandes janelas.
"-É lindo…"
"-Espera até veres o interior!"
E realmente o interior do edifício impressionou-a ainda mais que a sua fachada. Os mármores brancos reflectiam a luz que entrava através das janelas e projectava-a para as muitas vitrinas de cada sala. As colecções eram impressionantes.
Claro que os muggles consideravam aqueles fósseis como seres dos primórdios da vida, mas Ginevra sabia que antes disso, muito antes, já existiam pequenos seres mágicos.
"-Isto é tão interessante!"
"-Este é o meu local favorito. É para aqui que venho quando preciso de pensar com calma. Foi naquela sala ao fundo…" – apontou para a sala que ficava a seguir, cheia de luz e vitrinas brilhantes – "… que eu pensei sobre o nosso negócio."
Sorriu, não só pela visão maravilhosa da sala que ele apontara mas também pelo sorriso dele. Havia algo peculiar no sorriso dele, e ela descobriria o que era antes de ir embora.
"-Mas se já te conhecesse nem teria que pensar duas vezes." – Pegou na mão dela levemente e guiou-a pela sala grande do museu.
O toque dele era delicado, como nenhum outro que tivesse sentido até então.
"-O museu é lindo Niklas. Obrigada por mo teres mostrado."
"-De nada Ginevra. Foi um prazer."
Ela sorriu. A sua mão ainda estava entrelaçada na dele, e só a soltou quando entrou no carro.
"-Onde vamos?" – Perguntou ao ver o hotel pela janela do carro, sem que ele parasse.
"-Tenho outro local para te mostrar. Algo que tenho a certeza que vais adorar."
O carro parou, não mito tempo depois. E ao olhar à sua volta ela esboçou um sorriso.
"-Como sabias?"
"-Se adoraste o Museu de História Natural pensei que gostasses também de ver os animais muggles. Bem vinda ao Zoo de Berlim." – Disse esticando a mão na direcção dela, mão essa que ela agarrou.
Foi então que ele sentiu a fina aliança no dedo dela.
"-Desculpa Ginevra." – Disse soltando a mão dela no mesmo instante – "Não sabia que tu…"
"-É uma aliança, mas tem para mim o mesmo significado que qualquer outra peça de joalharia, nenhum especial. Isto…" – Disse erguendo a mão ao nível dos olhos – "…é o contracto do melhor negócio da minha vida."
"-Mesmo assim…"
"-Vamos ver os animais?" – Perguntou com um sorriso pegando na mão dele.
"-E qual queres ver o primeiro?"
"-Aqueles ursos grandes… brancos e pretos…"
"-Os pandas!"
"-Esses! Eu quero ver esses!"
- - -
Museu da História Natural, Zoo de Berlim, Ethnologisches Museum, Museum Ephraim-Palais, Erholungspark Marzahn. Visitara-os, entre tantos outros, durante o mês inteiro. Sempre que tencionava voltar Niklas organizava um novo passeio pela cidade, um novo dia cheio de surpresas, e ela sempre dizia, no final do dia, à porta do quarto do hotel, que iria embora no dia seguinte.
As suas malas estavam arrumadas, estava tudo pronto para a sua partida. Pegou nos bilhetes urgentes de Blaise que reclamavam a sua presença na empresa e a caixa com o botão de transporte. Estava preparado para as sete da tarde.
Ouviu as batidas na porta e caminhou para abri-la.
"-Bom dia Ginevra."
"-Olá Niklas. Aida bem que vieste, ia agora aparatar na Geschäft para me despedir. É hoje que vou. "
"-Não pode ser, logo hoje que planeei mostrar-te o melhor que a cidade tem."
"-O Blaise vai matar-me se eu não for hoje."
"-O Blaise é o teu marido?"
"-Não! Que ideia! É o Vice da minha empresa. Tenho as reuniões todas atrasadas. Não posso adiar a viagem nem mais um dia."
"-Só mais esta tarde, só te peço esta tarde."
"-Até às sete. Tenho o botão de transporte pronto para essa hora."
"-Não posso mudar as tuas ideias?"
"-Não desta vez."
"-Então terá de ser até às sete. Pronta para o teu último dia na maravilhosa cidade de Berlim?"
"-Prontíssima."
- - -
Os jardins eram amplos e a construção maravilhosa.
"-Schloss Charlottenburg"- Sussurrou ao seu ouvido.
A vista era perfeita, nuca tinha visto nada tão lindo.
"-Um palácio para uma princesa. Foi construído em 1699, como residência de Verão de Sophie Charlotte. Vem, vou mostrar-te o interior." – Disse pegando na mão dela.
Ela deixou-se guiar, sorridente. Fazia muito tempo que não se sentia tão bem, tão feliz. O interior era maravilhoso, não sabia dizer qual das salas gostara mais, se da sala Porcelana, da sala Branca ou se da sala Dourada.
"-Tenho vontade de ficar aqui para sempre…" – Murmurou, mais para si do que para ele, ao ver os belos jardins na traseira do edifício.
"-Podes ficar…"
"-Eu tenho de voltar. Eu tenho uma vida lá, Berlim não é o meu lugar."
"-Não é ainda. Podes mudar isso."
Ela olhou-o, parecia esperançoso.
"-O meu lugar nunca será aqui. Tudo o que tenho está lá, a minha família está lá, a minha empresa, o meu…"
"-O teu marido?"
"-Ele também está lá, não que ele seja a causa de eu voltar." – Olhou para o relógio – " Preciso ir, o meu botão de transporte espera."
"-Posso pedir-te uma coisa antes de ires?"
"-O que quiseres."
"-Um beijo, eu quero um beijo teu."
Ela não respondeu, apenas pousou as mãos na face dele, delicadamente, uma de cada lado, e beijou-o. Fora um beijo, lento, doce, profundo.
Quando se afastou dele e abriu os olhos deparou-se com o sorriso mais bonito que alguma vez vira. Por um segundo, por um segundo apenas, desejou sentir naquele beijo todas a s sensações que sentia cada vez que Draco segurava a sua mão, cada vês que ele entrelaçava o braço dele no seu.
"-Eu tenho de ir agora."
"-Eu acompanho-te até ao hotel."
"-Não é necessário, eu aparato e pego o botão de transporte. Estarei de volta a casa em menos de segundos."
"-Tens a certeza?"
"-Não te preocupes."
"-Voltarei a ver-te?"
"-Sempre que voltar a Berlim."
"-Espero que seja depressa."
Ela beijou-o rapidamente nos lábios e aparatou. Apanhou a sua mala e o botão de transporte. O relógio marcava as sete horas e logo ela sentiu o puxão no umbigo que indicava o regresso a casa.
"-Céus Ginevra! Pensava que ias deixar a empresa a ir à falência!"
"-Não sejas exagerado Blaise! Pensava que o botão estava programado para me levar a casa."
"-Tens reuniões demasiado importantes para ires para casa agora. Vais explicar-me porque raio demoraste um mês em vez de um dia?"
"-Tenho muitas reuniões Blaise." – Disse sarcástica – " Não tenho tempo para te contar as histórias da viagem."
"-Engraçadinha!"
- - -
Estafada aparatou no quarto. Tudo o que queria era deitar e dormir. Tirou a roupa no escuro e caminhou para o banheiro. O banho foi relaxante mas rápido.
Voltou ao quarto enrolada na toalha felpuda.
"-Só agora?"
Assustou-se, a ponto de quase deixar cair a toalha.
"-Assustaste-me!"
"-Não era a minha intenção." – Retorquiu sentando-se na cama.
Estava escuro, ela mal o via, mas tinha a certeza que ele tentava fixa-la.
"-A viagem foi produtiva?"
"-Fechei o negócio com a Geschäft."
"-E demorou um mês?"
"-Não. Demorou a manhã que eu disse que demoraria."
"-Ficaste retida, então?"
"-Tirei umas férias."
"-Umas férias? Sem aviso? No mês mais preenchido de reuniões? Há algo que não me estás a contar. Há um homem, não há?"
"-O nosso acordo nupcial não abrange essa área. Mas sim, há um homem!"
"-Eu sabia!"- Exclamou num tom que ela não soube identificar.
Seria raiva? Irritação? Ciúmes? Ou simples indiferença? Não sabia definir.
"-Há algum problema?" – Perguntou penteando os longos cabelos.
"-Não, problema algum. Podias ter mandado um bilhete a avisar."
"-Para quê? Nós nãos nos vemos quase nunca! Nem sei como deste pela minha falta."
"-Não fales como se eu não te dê-se atenção!"
"-Ora! Dás-me tanta atenção como dás aos teus sócios! Eu sou só um negócio! Mas tenho novidades Malfoy! Tu também és só um negócio para mim!"
"-Deixa de ser idiota Weasley! Estava preocupado!"
"-Preocupado? Era medo de perder o negócio?"
"-Não idiota! Estava preocupado contigo! Podia ter acontecido algo!"
Ela ficou em silêncio. Ele falava sério, ou pelo menos a sua voz não demonstrava o contrário.
"-Não respondias aos bilhetes do Zabini! Não voltavas a casa! Não dizias nada de nada!"
"-Eu estou aqui agora, não estou Draco?"
Parou. Congelou ao pronunciar o primeiro nome dele, nunca o tinha feito, e agora que o fizera soava estranho.
"-Estás sim Ginevra." – Respondeu deitando-se na cama – "Estás sim."
"-Desculpa…" – Sussurrou deitando-se ao lado dele – "Desculpa não ter dito nada…"
Ele não respondeu, não nos minutos que se seguiram. Ela suspirou. E foi aí que ele se voltou para ela.
"-Ao menos ele valia à pena?"
"-Não." – Sussurrou – "Ele não me causa arrepios, não me faz tremer, não me faz esperar por mais."
Ouviu-o sorrir, e era capaz de jurar que ele tinha um sorriso convencido estampado na face.
"-Vais voltar a escrever os bilhetes todas as manhãs?"
"-Vou sim."
"-Óptimo." – Murmurou voltando-se de costas para ela.
Depois, sem que a ruiva esperasse, ele virou-se para ela e beijou-lhe a testa rapidamente.
"-Boa noite Ginevra." – Disse voltando à posição inicial.
"-Boa noite, Draco" – Sussurrou segundos depois, totalmente arrepiada.
Fim do Capítulo 2
N/A: Fantástico! 11 reviews… Já não recebo tantas desde que… hum, desde que não actualizo a 'Doce Veneno'… Fic que não está terminada, mas também não deve demorar muito… Falta apenas uma grande dose de inspiração… Mas ok… Eu acabo-a um dia, ainda não desisti dela… Por enquanto a Uh! é que manda…E eu prometo não tardar com a actualização… na próxima Sexta ou Sábado cá estará… entretanto, comentar é bom e faz bem à saúde! E pode até ser extremamente divertido… ou moderadamente divertindo, dependendo do ponto de vista D
Kika
19 / 03 / 06
