Uh – A Série
Capitulo 3
More than partners – Mais do que sócios
"-Aqui estão, Sra. Ginevra, todos os relatórios do último mês."
"-Obrigada Helga."
Olhou para a pilha de relatórios em cima da sua secretária.
"-Não vou sair daqui nunca…" – Sussurrou.
- - -
As suas costas doíam, os seus olhos ardiam, e a pilha de relatórios parecia cada vez maior.
Pegou nas folhas, pronta a aparatar em casa quando ouviu um barulho. Saiu do escritório lentamente, já não havia ninguém na empresa àquela hora. Assustada olhou para o escuro corredor. Foi quando sentiu uma mão em torno do seu pulso.
"-Sou eu Ginevra."
Suspirou ao ouvir a voz dele perto do seu ouvido.
"-Por momentos pensei que fosse alguém perigoso…"
"-Eu sou perigoso!"
"-Claro que és Draco." – Entrou no escritório e esperou que ele a seguisse – "O que fazes aqui afinal?"
"-Passa das três, nunca chegas depois dessa hora. Estranhei não estares em casa. E viciada no trabalho como tu és só poderias estar aqui."
"-Até parece!"
"-Não te faz bem ficares tanto tempo a trabalhar. A vida não é só isso, sabias?"
"-Falou o Sr-Eu-não-largo-o-trabalho-nem-por-nada!"
"-Vamos Ginevra. Mesmo depois de um mês de férias, não é saudável que trabalhes tanto."
"-Já viste aquela pilha?" – Perguntou apontando para o grande monte de folhas em cima da secretária – "São só dois terços do que eu tenho para ver. Já para não falar que todos os dias chegam novos relatórios, novos contractos, novas propostas que requerem mais viagens."
"-Pois então! Tens de descansar. Proponho-te um acordo."
"-Acordo. Que acordo?"
"-Se vieres para casa agora, não para trabalhar, para jantar e dormir, eu prometo que fico contigo o dia de amanhã a ver todos esses relatórios que te faltam."
"-E desde quando é que tu te interessas pelo meu trabalho?"
"-Ora! Tenho de velar pela minha sócia número um." – Gracejou caminhando até à secretária dela – "São estas?" – Perguntou pegando nas folhas.
"-Essas mesmo."
"-Já as tenho. Podemos ir agora."
"-Obrigada por fazeres isto por mim." – Disse assim que aparatou em casa.
"-De nada Ginevra. Agora vai para a cozinha. Vou deixar isto no teu escritório e depois vou lá ter."
Ela assim fez, surpresa pelas atitudes dele. Desde quando Draco Malfoy se preocupava com ela? Agora que pensava nisso… Desde nunca!
A cozinha estava vazia, nem sinal dos inúmeros elfos que ali trabalhavam.
"-O que te apetece?"
"-Como disseste?" – Perguntou confusa olhando-o.
"-O que te apetece comer?"
"-Hum… o que os elfos acharem mais fácil."
"-Deixa de ser tola. Os elfos estão dispensados a partir da meia-noite. Eu próprio faço o que quiseres."
"-Eu não quero um Malfoy a cozinhar para mim."
"-E porque não?"
"-Ora! Tenho muitos negócios para gerir, e ninguém a quem os deixar. Não quero morrer cedo."
Ele riu com ela enquanto arregaçava as mangas da camisa negra.
"-Já que não te decides eu decido por ti."
Ela viu-o a trabalhar, concentrado. Não demorou nada para que naquela mesma cozinha, às 4 da manhã, Draco lhe apresentasse um prato com umas sandes de aspecto apetitoso.
"-Onde é que tu aprendeste a fazer umas sandes tão… hum… saborosas?" – Perguntou depois da primeira dentada.
"-O segredo, minha querida, é a alma do negócio!" – Disse com um sorriso – "Mas diz-me, o que achas da sandes?"
"-É perfeita. Não sabia que podias ter tanto…hum… jeito."
"-Há muitas coisas que tu não sabes."
"-Uh! Os obscuros segredos do Poderoso Malfoy! É nestas alturas que eu quase morro de curiosidade."
"-Nem são tão obscuros assim. Ou pelo menos a maior parte não é…"
"-Contam-me um segredo dos teus. Um dos obscuros." – Pediu quando ele se sentou na cadeira à sua frente.
"-Se eu contasse deixaria de ser um segredo obscuro, não é mesmo?"
"-Continuará a ser um segredo para os outros."
"-Ora vejamos… Bem, eu sou alérgico a canela e nozes."
"-Oh! Isso não é obscuro! Eu sou alérgica ao mel! Todos os meus irmãos implicavam comigo por isso! Comiam um biscoitos de mel que a minha mãe fazia mesmo na minha frente! Claro que eu corria para a minha mãe a chorar e ela fazia biscoitos de chocolate só para mim. Quero um segredo obscuro!"
"-Segredo obscuro, dizes tu?" – Ele pareceu ponderar por uns momentos – "Tens de fazer um juramento eu como não contas a ninguém. Não pode ser usado em chantagem ou em função de negócio. E se contares a alguém eu não só te desminto como apago a tua memória." – Disse num tom estranho, não conseguiu perceber se ele estava a brincar ou não. – "-Certo?"
"-Eu juro Draco."
"-Acho bem. Eu não gosto de coelhos."
"-Isso é obscuro para ti?"
"-Não gosto deles, do pelo irritantemente fofo, os olhos vermelhos e as orelhas a apontarem em ângulos estranhos."
Ela tentou não rir, mas era cómico de mais. O Grande Malfoy com medo de coelhinhos felpudos!
"-Não rias Ginevra! Não tem piada!"
"-São coelhinhos Draco, não te fariam mal nem que quisesses."
"-Eu não posso evitar! Não gosto deles!"
"-Mas porque não?"
Ele murmurou algo rapidamente, algo que ela não entendeu.
"-O que disseste?"
"-Disse que….."
"-Repete mais alto!"
"-Eu tinha um coelhinho de pelúcia e o meu pai fê-lo explodir!"
E aí ela não se conteve mais. As gargalhadas enchiam a cozinha deixando Draco nada satisfeito.
"-Para de rir Ginevra!"
"-Desculpa Draco… mas… mas é tão… engraçado!" – Disse entre gargalhadas.
"-Não, não é!" – Respondeu levantando-se da cadeira.
"-Desculpa, desculpa já parei. Volta."
"-A conversa acabou Ginevra. Vou subir." – E sem qualquer outra palavra deixou a cozinha em direcção ao quarto no primeiro andar.
Ficou parada, no meio da cozinha, sem saber o que fazer. Corria atrás dele ou ficava ali parada? Então escolheu a primeira opção.
"-Draco desculpa." – Disse entrando no quarto.
Ele já se tinha livrado da camisa e estava a trocar as calças negras por umas outras mais claras.
"-Draco, fala comigo."
"-O que queres que diga? Que foste uma idiota? Pois então Ginevra, foste uma idiota."
"-Já pedi desculpas, ok? Foi apenas engraçado, nunca pensei que ficasses chateado."
"-Mas fiquei!" – Respondeu deitando-se na cama.
"-Mas não foi minha intenção. Desculpa Draco… Por favor?"
Ele não respondeu. Não naquele momento, não nos que se seguiram. Ela suspirou, cansada. Tinha estragado tudo, ainda que não soubesse o que era aquilo.
Entrou no banheiro, e quando saiu, quase uma hora depois, Draco já dormia.
Deitou-se ao lado dele e olhou-o. Ele dormia calmamente, como nunca tinha visto antes. A face dele estava relaxada, a respiração lenta, os lábios curvados num meio sorriso.
"-Desculpa Draco…" – Sussurrou passando a mão na face dele, muito lentamente para não o acordar.
Ele murmurou alguma coisa e abraçou-a pela cintura. Ginevra susteve a respiração, demasiado em choque para se mexer. A respiração quente dele embatia no seu pescoço fazendo-a tremer. Estava a ficar doida, o seu corpo tremia, e ela só pensava em acordá-lo com um beijo quente e apaixonado.
Mas não se mexeu, nem um milímetro sequer, deixando-se ficar encostada ao peito dele.
Demorou para adormecer. Demorou mesmo muito para adormecer, mas não trocaria aquele momento por nada.
- - -
Acordou de repente, sentando-se assustada na cama. Olhou em volta, ainda ensonada, e depois deixou-se cair entre os travesseiros.
Não, ele não estava ali. E provavelmente nem estaria em casa. Olhou o relógio, o que a deixou tão alvoraçada quanto antes. Estava atrasada, estava muito atrasada.
Levantou-se e correu para o roupeiro escolhendo a roupa que iria usar. Depois correu para o banheiro de onde saiu dez minutos depois, envolta numa toalha, pingando o chão todo.
"-Onde é que vais com tanta pressa?" – Perguntou assustando-a.
"-Tu não me acordaste! Já te esqueceste da pilha de relatórios! Além do mais pensei que tinhas ido embora."
"-Mas não fui. Não vale a pena estares com tanta pressa. Teu pequeno-almoço está à espera na sala de jantar. Quando terminares vai ter comigo ao meu escritório."
Ela murmurou algo em concordância vendo-o sair do quarto. Vestiu-se, não tão apressada quanto antes e desceu em seguida.
"-Já tomaste o pequeno-almoço?" – Perguntou ele, quando ela entrou no seu escritório nem dez minutos depois de ter saído do quarto.
"-Não tenho fome."
"-Não podes ficar sem comer Ginevra."
"-Eu sei o que faço. Vamos aos relatórios. Tu ficas com os das duas primeiras semanas e eu com os das duas últimas. Pode ser?"
"-Pode sim."
Lado a lado, inclinados sobre a secretária começaram a analisar os relatórios. Foi assim que permaneceram durante bastante tempo, em silêncio, concentrados naquilo que faziam.
"-Draco, por favor, passa-me aquela folha" – Pediu esticando o braço em frente dele para alcançar a folha.
"-Pega." – Tremeu sentindo a mão dele na sua e Draco pareceu reparar.
"-Estás com frio?"
"-Não? Porquê a pergunta?" – Perguntou nervosa.
"-Estás a tremer."
"-Não… não, não estou."
"-Estás sim."
"-Não estou!"
"-Sr. Malfoy, Sra. Malfoy. O almoço está servido."
"-Pinkiy, já pedi para me tratares por Ginny."
"-Sim Sra. Malfoy."
Ela suspirou resignada vendo o elfo doméstico sair do escritório.
"-Fazes o favor de dizer aos teus elfos para não me chamarem Sra. Malfoy?"
"-Teoricamente eles têm razão. A partir do momento que te casas com um Malfoy passas a ser a Sra. Malfoy."
"-Mas isso é irritante!"
"-Malfoy é o melhor sobrenome que alguma vez poderias vir a ter. Portanto não te canses. Eles não vão parar de te chamar isso."
"-Não por muito tempo…" – Disse levantando-se – "-Vens?"
"-Já a seguir."
"-Eu espero."
"-Pronto." – Murmurou uns minutos depois levantando-se – "Podemos ir almoçar agora."
"-Tu és sempre assim tão calado?" – Perguntou durante o almoço.
"-Não gosto de falar durante as refeições."
"-Desculpa."
"-Não precisas de pedir desculpas por tudo."
"-Eu sei mas…"
"-Eu sou teu marido, não o teu pai. Não precisas prestar contas de tudo o que fazes."
"-Vou ter isso em mente de agora em diante." – Disse.
"-O que foi?" – Perguntou fazendo com que ela parasse de o fixar.
"-O que foi o quê?"
"-Pergunta o que tens a perguntar. Eu sei que queres fazer uma pergunta!"
"-Eu…"
"-Os teus olhos estão a brilhar. E os teus olhos só brilham assim quando queres mesmo fazer uma pergunta. Agora diz-me, o que tanto queres tu saber?"
"-Continuas zangado comigo?" – Perguntou duma vez só, para não cair na tentação de ficar calada.
Ele pareceu pensar, e por alguns momentos ela pensou que ele não iria responder.
"-Não."
"-Sério? Eu juro que não queria, mas depois…"
"-Já disse que não estou zangado. Podemos parar de falar no assunto?"- Perguntou agressivo.
Ela baixou os olhos, e sob o olhar dele continuou a comer.
"-Não fiques assim."
Ela não respondeu.
"-Ginevra, olha para mim." – Pediu alcançando a face dela com as pontas dos dedos.
Ela afastou-se no mesmo instante.
"-Vamos Ginevra. Não fiques assim. Não devia ter usado aquele tom contigo..."
Ela levantou-se, ainda sem lhe responder e caminhou até ao escritório dele. Quando ele chegou ao escritório, poucos segundos depois, ela recolhia rapidamente todos os relatórios espalhados.
"-Deixa de ser assim Ginevra. Eu peço desculpas." – Disse tirando-lhe os relatórios das mãos – "Olha para mim" – Pediu segurando-lhe a face com ambas as mãos – "Eu peço desculpa. Fui bruto contigo, sem razão de ser. Desculpas-me?" – perguntou numa voz suave, que quase parecia um murmúrio.
Ela mal se mexia, apenas piscava os olhos, com medo de perder o calor das mãos dele.
"-Então? Desculpas-me?"
"-Sim! Digo… só desta vez…" – Tentou remediar a ansiedade da primeira resposta.
"-Obrigado." – Agradeceu beijando-lhe a testa levemente – "Vamos voltar ao trabalho?"
"-Que trabalho?" – perguntou confusa – "Ah! Os relatórios… pois…"
"-Tu estás no mundo da lua!"
"-O quê?" – Perguntou distraída.
"-E eu não digo?
Ela deixou de focar o fundo do escritório para o olhar.
"-Vamos trabalhar."
Ele sorriu, um sorriso que se tornara comum nos últimos dias, e assentiu concordando com ela.
- - -
"-Finalmente! Pensei que nunca me veria livre destes relatórios!"
"-Ninguém te obrigou a nada Draco!"
"-É assim que agradeces? Eu passei um dia inteiro a fazer o teu trabalho e nem mereço o teu reconhecimento?"
"-Tudo bem, eu pago-te o jantar num restaurante à tua escolha."
"-Se eu quisesse jantar fora já teria ido. Quero que tu me faças o jantar!"
"-Porquê? Tens tantos elfos que sabem cozinhar tão melhor que eu!"
"-Ora, nada como arriscar depois de um dia de trabalho. Então, o que vamos ter para o jantar?"
"-O segredo, querido, é a alma do negócio!"
"-Vamos…" – Disse pegando-lhe na mão – "…vamos ver do que és capaz."
- - -
"-Tendo em conta que é tarde, que passaste o dia a trabalhar com aqueles relatórios e que é sexta-feira eu dou a este prato pontuação sete." – Disse com o ar mais solene que consegui tentando não rir do ar chocado da ruiva.
"-Sete? Eu acabo-me naquela cozinha para fazer esta lasanha que foi a melhor que alguma vez tiveste o direito a provar e tu tens a coragem de me dar sete!"
"-Eu devia baixar a tua pontuação depois disto. Mas dou-te um sete e meio e não se fala mais nisso."
"-Que Malfoy egoísta! Não podias ter dado logo o dez?" – Perguntou sentando-se no sofá.
"-Se valia sete porque haveria eu de te dar o dez?" – Retorquiu sentando-se ao lado dela.
"-Ora, para eu ficar feliz!"
"-Veredicto final: Lasanha Weasley, pontuação 9,9!"
"-Não é dez mas serve." – Disse com um sorriso.
E assim se instalou o silêncio. Não um silêncio pesado, incómodo, mas aquele silêncio reconfortante, como o de dois namorados prestes a adormecer.
"-Vens deitar-te?" – Perguntou quando a viu fechar os olhos.
Ela piscou os olhos, sonolenta, e esticou-lhe a mão. Com um puxão delicado dele estava de pé.
"-Cuidado com as escadas" – Avisou.
Ela, mais a dormir do que propriamente acordada, agarrou a mão dele com mais força para subir as escadas sem tropeçar. Assim que chegou ao quarto atirou-se para a cama.
"-Não vais trocar de roupa?"
"-Tenho sono…" – Murmurou enterrando a cara nas almofadas.
"-Anda que eu ajudo-te."
Ela reclamou qualquer coisa que ele ignorou. Descalçou-a com dificuldade, já que ela não parava de tentar enfiar-se debaixo das cobertas.
"-Ginevra, pára por um segundo. Estou a tentar ajudar-te."
"-Quero dormir…"
Ele alcançou uma das suas camisas e preparou-se para substituir a roupa dela pela camisa.
"-Tu cheiras sempre assim tão bem?" – Perguntou encostando o nariz ao pescoço dele enquanto ele tentava despir a blusa dela.
"-Levanta os braços por favor Ginevra." – Pediu, tentando manter-se indiferente à respiração dela no seu pescoço – "…Vá, não custa nada, vês? Agora deita e estica as pernas."
Ginny, relutantemente, afastou-se dele e deitou na cama.
"-Já está." – Concluiu satisfeito atirando as calças dela para o chão. Vestiu-lhe a sua camisa negra e tapou-a com as cobertas – "Podes dormir agora."
"-Só se vieres comigo."
Ele despiu a roupa de forma a ficar só de boxers e deitou-se ao lado dela.
"-Boa noite Ginevra."
"-Boa noite Draco…" – Murmurou aninhando-se contra o peito dele.
Fim do Capítulo 3
N/A: Kika is back! Bem, aqui ficou o 3º capitulo, que espero que agrade a gregos e a troianos!
Não tenho muito mais que dizer. Espero que gostem do capítulo, e a actualização não deve tardar, se o 'adorável' do FF não der erro novamente!
Kika
28/03/06
