A ÚLTIMA GRANDE BATALHA
Capítulo 1:
Incontáveis teorias foram criadas ao longo da história da ciência na vã tentativa de se explicar os mistérios do cosmo. Algumas delas o definem como tendo três dimensões: altura, comprimento e largura. Outras acrescentam o tempo à mistura, quadridimensionando o universo.
Caso a todos esses físicos, astrônomos, filósofos e teólogos fosse dada a chance de estar aqui onde, ninguém, em nenhuma língua jamais criada ou a criar, poderia se chamar realmente de lugar a não ser por uma enorme licença poética, não haveria adjetivo para descrever a surpresa em seus rostos ou mesmo a emoção que os arrebataria.
De fato, essa emoção só agora nasceu nos corações de poucas e privilegiadas almas. Agora? Não, não convém levianamente medir o tempo nesse "reino" distante e absurdamente próximo de todos nós. Nem mesmo é seguro tentar descrever esse ambiente. Basta saber que ele É.
"... Eis vossa missão".- pronuncia uma voz tão ou mais antiga que a Criação e ao mesmo tempo mais jovem que o primeiro pulsar do coração de um feto.
Seus ouvintes, ajoelhados sobre o assoalho da eternidade, estremecem diante da sonoridade e poder que fluem apenas da voz do ser, ou melhor, da Entidade.
"Cumpri-la-emos sem demora". – uma voz suave como uma faca cortando o leito de um lago se eleva receosa em resposta
"Muito nos honra a confiança em nós depositada" – outra um pouco mais áspera, mas não menos trêmula se junta à primeira.
"Faremos o impossível para demonstrar nosso valor. Não desperdiçaremos a nova chance" – a última a se pronunciar não demonstra medo, mas uma reverência absurda à Entidade à sua frente.
"Honra. Confiança. Medo. Descrença. Fé. Coragem. Tolice. Sapiência. Razão. Lógica. Eis alguns atributos mortais. Mortais e herdados por deuses tão limitados quanto 'suas' frágeis criações". – por mais impressionante que possa parecer, a voz pronunciou as aspas.
"Ouçam e sintam: EU SOU. Agora vocês também, graças a mim também SÃO. São como jamais foram e jamais serão. Não lhes dou chances. Vós não voltastes, simplesmente não foram. Não vos envio, vossa ida já aconteceu antes da primeira luz se acender. VÃO e cumpram aquilo que já é sabido e conhecido antes da própria Aurora da Existência".
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Terra, Europa, Grécia, Atenas, Santuário de Pallas Atena.
A Casa de Câncer sempre fora conhecida, bem como seu protetor, pela sua aura de mistério e pavor. Poucos conseguiam se manter indiferentes dentro dela. Hoje, entretanto não é a construção, muito menos seu ocupante que desconcertam os visitantes.
"Sei...Seiya... Eu..."
"Saori? Calma, o que está havendo?".
A deusa da Sabedoria chorava emocionada há vários minutos sem erguer ainda a cabeça do colo do cavaleiro de Pégaso, este apesar de se sentir bem com a demonstração de carinho, não pode dizer que a está entendendo.
Os Cavaleiros de Ouro foram imediatamente convocados à casa de Câncer junto com eles os três cavaleiros de bronze maior restantes. Fênix se controla para não se juntar ao guardião da Casa de Câncer em um longo e doloroso interrogatório das crianças e de seu pretenso irmão.
"É mais do que óbvio que isso é uma armação. Matemos todos e depois voltamos aos nossos afazeres."
"Ikki! Como pode falar isso? Sou eu Shun."
Um tapa violento canta na face de Andrômeda.
"Meu irmão repousa no cemitério do Santuário. Personifique-o se isso lhe faz bem, mas chame-me de irmão de novo e nem Hades, Posseidon, Atena, Nêmesis e as Erínias juntos me impedirão de acabar com você de um jeito que deixaria esse doido com nojo!" –Fênix responde apontando pra Máscara da Morte.
Shaka os observa com atenção. Tem algo extremamente errado em tudo isso, mas ele não consegue distinguir o quê. Para piorar a jovem que diz atender pelo nome de Shakiti o encara de uma maneira que o deixa confuso.
Shun por sua vez estava atônito pela reação de Ikki. Aquele era mesmo Ikki?
Seiya parecia que ia reagir, indignado pelo o que estava havendo, mas a mão pequenina de Aléxis, segurando sua camisa o impedia, foi que notou o quanto as crianças estavam apavoradas com o que acontecia. Seus pais pareciam outros, não os reconhecendo. E o fato de que todos insistiam em dizer que deveriam estar mortos, o incomodava ainda mais. Com gentileza, afastou Saori e a encarou.
"Eles estão com a expressão que ao menor movimento meu, vão me matar."-refletiu Pégaso.-"Nos consideram mesmo inimigos?"
"Tio Shun."-Ângela pegou na mão de Andrômeda, despertando-o do choque em que se encontrava.-"Quero ir pra casa...quero a minha mãe."
"Saori..."-diz Seiya chamando a atenção de todos, segurando-a pelos ombros.-"Eu não sei o que está havendo, mas tem que acreditar no que eu digo...estou tão confuso quanto vocês. Há minutos atrás estávamos conversando em seu templo e depois sentimos um cosmo estranho e vimos uma luz. Shun e eu acordamos aqui, entre as casas de Touro e Câncer."-ele retira as mãos e prossegue, olhando para os cavaleiros.-"Mas de algum modo, nos tratam como inimigos. Se querem nos matar, façam isso, mas deixem estas crianças fora disso!"
"Seiya!"-Saori diz, incerta em como agir.
"Se afaste, Saori. Por favor."-pedia Pégaso e depois olhou para as crianças.-"Vocês também."
"Ótimo. Deixa-me enviar todos para outro mundo!"-dizia Máscara, elevando seu cosmo.
Seiya o encarou e Shun se posicionou para se defender de um ataque. Ikki cerrou os punhos.
"Pare, eu ordeno Máscara da Morte!'-dizia a jovem reencarnação da deusa, mas o cavaleiro ignorou.
"Com todo respeito, Atena. Não está raciocinando direito. Este cara se parece com o Pégaso, mas não pode ser ele. Vou terminar com isso, rápido!"
"Shiryu, aqueles não podem ser Seiya e Shun...mas eu sinto que eles não mentem."-Hyoga estava a ponto de agir, diante da tensão no local. Shiryu apenas observava analisando a situação.-"Shiryu!"
"Se fossem malignos...estariam preocupados com aquelas crianças e com Saori?"-indagou o Dragão, e este olha para seu velho mestre, como que procurando orientação.
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Em outra Terra.
A casa de Escorpião no momento se tornava o palco de uma reunião inusitada. Uma deusa acima de qualquer descrição, uma Força Primordial, estava ali presente. Diante de um grupo de atônitos cavaleiros ao saberem a identidade dela...e por se verem diante de dois cavaleiros de sagitário e dois cavaleiros de escorpião, ainda congelados.
"Você é a Mãe de todos os deuses? Gaia?"-Shura é o primeiro a quebrar o silêncio.
"Sim."-ela aponta para o esquife de gelo.-"Por favor, liberte-os. Será necessário que escutem minhas palavras e se preparem. O destino não apenas deste mundo, mas de toda a criação deste universo e de outro depende de vocês."
Atendendo ao pedido da deusa Gaia, Kamus concentra seu Cosmo, libertando os dois cavaleiros de Escorpião, que aos poucos vão se recobrando.
"PQP! Kamus de que lado você está?"-resmungava um deles.
"Era pra congelar o falso Milo, não eu."-dizia o outro apontando pro seu sósia.
"Eu sou o verdadeiro, cópia mal feita!"
"Milo, se levante."-disseram ao mesmo tempo os dois cavaleiros de sagitário, fazendo os dois ficarem mais confusos ainda.
"Chega! Para o mundo que eu quero descer."-um deles falou.
"Nunca mais bebo chás experimentais feito pelo Afrodite."-dizia o outro.
"Este é o nosso Milo."-apontou Afrodite.
"Que está havendo?"-perguntaram os dois Escorpiões.
"Eu contarei."
Com um gesto de sua mão, Gaia pareceu rasgar o véu da realidade. Os cavaleiros e Atena sentiam que não estavam mais no Santuário e imagens se formaram no ar.
"No principio não havia nada."-a doce voz de Gaia narrava tudo.-"Então surgiu o Caos. O deus primordial. Ele não tem uma forma física, ele é apenas o Caos. Dele, eu nasci...sou parte dele...a ele pertenço."-a imagem da criação surge encantando os cavaleiros.-"E dele nasceu Janus...o tempo...Caos me mostrou seu poder, ao criar não apenas um universo, mas dois."-a imagem se divide e mostra duas Terras, iguais.-"Ele se divertia observando o desenvolvimento dos seres que criou, principalmente por seguirem caminhos iguais, Ele tentava imaginar quem atingiria o ápice da evolução primeiro. Ora manipulava alguma ação para dar destinos diferentes aos homens, escolhas diferentes."
"E o que aconteceu?"-indagou Atena.
"Ele se cansou com o que criou. Deixou a criação com Janus e repousa. Mas Janus se decepcionou com o que houve nestes universos. Um momento de distração e miríades de possibilidades foram alteradas em ambos os universos...nomes, acontecimentos, pessoas que se conheceriam e jamais saberiam disso. Futuros alternativos. Achou confuso, como o próprio Caos e deseja manter a Ordem...a sua Ordem."-a deusa cerra os olhos penalizada.-"E deseja simplesmente apagar estas criações e dar origem a uma terceira e única. Recomeçar."
"Parô!"-pediu Máscara da Morte naquele momento.-"Tem um merda querendo apagar este universo porque se cansou de brincar? Achou tudo um brinquedo confuso? É isso?"
"Sim."-respondeu a deusa com certa tristeza.
"Quem esta bicha pensa que é?"-esbraveja o canceriano.
"O criador de tudo."-respondeu a deusa.
"Para mim ele não é nada!"-diz Câncer, ainda furioso.-"E onde está minha filha!"
"Em um lugar seguro. Com guardiões que a protegerão. Não era minha intenção levar as crianças, apenas aquela que detêm a chave para a salvação."
"Do que fala, Gaia?"-Atena pergunta intrigada por tudo.
"Uma daquelas crianças tem a alma tão pura, que pode salvar este universo...assim como outra pode salvar o universo de onde sua alma originou."
"Você fala por enigmas!"-um dos Milo manifestou.-"Que crianças sumiram, pessoal?"
"O Máscara tem uma filha?"-o outro Milo apontou para o Cavaleiro de Câncer embasbacado.
"Ângela, Shakti, Aléxis e os gêmeos."-respondeu Shura irritado.
"Quê?"-Milo voltou-se para a deusa.-"Como pode envolver eles?"
"O destino de uma delas já estava traçado antes de seu nascimento. Tempo e espaço nada significam para mim e meus irmãos. Há eras ele decidiu o fim de tudo, e há eras tento demove-lo da idéia. Selecionamos campeões e agora a batalha é inevitável."
"Deixa-me adivinhar. Somos seus campeões?"-perguntou Saga sisudo.
"Sim. E outros vindos de uma Terra irmã."-apontou para Aioros e Milo de outra dimensão.-"Como eles."
"Entendo."-o cavaleiro de sagitário encarou os demais.-"Embora tudo me pareça absurdo, contem comigo para trazer aquelas crianças a salvo para casa."
"Não diria melhor."-seu par sorriu.
"Diga-me Gaia. Pode nos mandar para onde enviou meus filhos?"-Kanon a indagou, ansioso.
"Sim, mas..."
"Mas?"-perguntou Atena.
"Não podem partir ainda. A influência de Janus poderia me atrapalhar e eu os enviaria a qualquer Terra em qualquer ponto da história por engano. E há algo mais..."
"Mais?"-falaram todos ao mesmo tempo.
"Uma das crianças que devem ser protegidas está perto daqui...e sinto que corre perigo."
Um cosmo sombrio é sentido nas proximidades do Santuário, fazendo com que o Milo que havia vindo de outro mundo, se espantasse:
"Não pode ser...não este cara! Eu o matei!"
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Vila de Rodório...
"Senhora Grinhilld, que surpresa!"-uma jovem mulher ajudava a idosa a entrar em sua casa e acomodou em uma cadeira.
"Por que surpresa, Leda? Sempre que venho a este país, visito meu afilhado."-falou olhando ao redor.-"Onde está Andréas?"
"Brincando."-respondeu a mulher, servindo um refresco a senhora. -"E pensar que ele talvez não estivesse aqui se não fosse a senhora. Quem abandonaria uma criança, recém nascida embaixo de uma tempestade?"
"Alguém desesperado."-respondeu.-"Sorte que passei perto daquele templo em ruínas e ouvi o bebê chorar. De certo modo o templo o protegeu."
"Fico grata aos deuses por isso. E pela senhora ter nos entregado Andréas. Melhor filho eu não teria e..."-Leda parou de falar ao ouvir gritos.-"O que será isso?"
Ela aproximou-se da porta e a ultima visão que ela teve foi do impacto desta contra seu corpo pouco antes de explodir pela ação de um cosmo extremamente poderoso e cheio de ódio. O impacto jogou Grinhilld ao chão, perdendo a consciência.
"Onde está o moleque?"-um homem de feições rudes, careca com uma longa trança que pendia da nuca, olhar maníaco perguntava, desferindo golpes para todos os lados.
"Pare!"-este se virou e se viu cercado por vários cavaleiros de prata e os de bronze menores, liderados por Shina.-"Atacando esta vila protegida pelo Santuário decretou sua sentença de morte!"
"Acham que me amedrontam?"-este gargalhou insanamente.-"Verão que eu não tenho medo de nada e ninguém!"
Uma explosão de cosmos joga os cavaleiros longe.
"Eu sou a morte para vocês...eu sou..."
"Um verme com mau hálito que eu já surrei uma vez."-responde o primeiro cavaleiro de ouro no local, Milo de Escorpião.
"Ah...o meu senhor foi realmente generoso. Me deu a oportunidade de me vingar de você, seu inseto artrópode!"
"Você não detesta quando te chamam assim? Eu odeio!"-o outro Milo comentou aparecendo do outro lado. O intruso fica confuso.
"Demais. Imaginem falarem mal de tão bela criatura!"
"É. Os escorpiões merecem respeito. Que tal ensinar a ele isso?"-estalando os dedos.
"Eu já fiz isso antes, sabe...vai ser legal fazer de novo. Ele me parece burro e não deve ter aprendido da primeira vez!"-também estalando os dedos.
"Dois Cavaleiros de Escorpião? Ah...entendo. Vocês devem ser a tal anomalia que o mestre sentiu."
"Anomalia?"- o Milo deste universo se sentiu ofendido.-"Andou se vendo no espelho?"
"Eu sou Lisandro de Caribde. E eu sou o seu carrasco, verme!"
"Milo!"-os demais cavaleiros chegaram e viram a destruição em volta.
"Ajudem as pessoas..."-um dos escorpiano disse.
"...que deste idiota, cuidamos nós."-o outro completa.
Eles concordaram e se dispersaram para ajudar os feridos e afastarem os curiosos. Em meio destes, um garotinho de cabelos azulados e rebeldes abre passagem em meio às pessoas que estavam próximas.
"Sai! Quero passar!"-dizia, mas uma mão o segurou.
"Andréas, não pode ir ali!"-um senhor tentava impedi-lo.
"Mas...a mamãe..."
"Sua casa...está destruída, eu não vi sua mãe."
"Mamãe!"-ele se solta da mão e corre na direção de sua casa.
"Volte! Há cavaleiros lutando ali!"-chamou em vão, e este não teve coragem de ir atrás do menino.
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"Máscara da Morte! Pare imediatamente!"
"Assim que tiver me livrado deste impostor, Atena. "
Como uma bolha a tensão na Casa de Câncer estourou. Máscara da Morte avançou sobre Seiya e antes que os outros fizessem algo Ikki se interpôs, queria acertar os impostores tanto quanto o Canceriano. As crianças se esconderam atrás de Shun e não seguraram gritos de medo ao verem a violência e agressividade do dourado.
Os outros cavaleiros presentes não sabiam direito o que fazer, se intervinham ou deixavam que a situação se resolvesse sozinha.
"Máscara espere um pouco ...!"
"Nem pense nisso, Mu. Se esse aí for Seiya. Máscara não vai matá-lo fácil"-avisa Ikki.
"Ninguém vai me matar. Se quer briga pode vir. Com ou sem armadura eu posso acabar com você" – Pégaso agarra Câncer e se joga para fora da casa – "PÉGASUS ROLLING CRASH!"
"Isso é um absurdo! Ainda que sejam impostores matá-los não vai resolver nada e..." – Kamus é interrompido por um poderoso estrondo que faz a Casa de Câncer tremer.
"Seiya!" – gritam Saori e Shun
"Não foram eles isso veio do cemitério!"- Shaka e Saga correm pelas escadarias seguidos pelos outros.
"Shun!"
Ikki dispara na frente de todos, ninguém vai profanar o túmulo de seu irmão.
Conforme se aproximam do último repouso dos cavaleiros caídos em batalha os cavaleiros ouvem estrondos cada vez maiores. Shun foi atrás e deu ordens expressas para que as crianças não saíssem de perto dele e, acontecesse o que acontecesse, não tentassem bancar as corajosas.
"Oras, vocês chegaram cedo..." – Um homem de armadura negra estava tranquilamente eliminando os guardas. "Ah... e ainda trouxeram meus alvos! Sou imensamente grato" – ele se curva em uma mesura afetada.
"Olivier?" – Shun se assusta ao vê-lo.
"Surpreso, Andrômeda? Confesso que também fiquei surpreso ao vê-lo. Afinal, você morreu!- põe as mãos no rosto em uma falsa e teatral surpresa – "Mortos não voltam à vida... não é?"
Rindo cinicamente Olivier puxa seu manto e se afasta para o lado, expondo a pequena capela atrás de si.
É uma construção em mármore e granito, vários buquês ainda jovens estão depositados sobre ela. Em um pedestal repousa a armadura divina de Andrômeda. Sob ela se lê o seguinte epitáfio:
"Aqui jaz Shun, Cavaleiro de Bronze de Andrômeda. Amigo, companheiro e irmão. Um príncipe da paz entre os senhores da guerra. Amado pelos amigos e respeitado por seus inimigos. Sentiremos sua falta. Lembraremos de seu nome. Descanse em paz."
O choque deixa Shun paralisado. Aléxis e Ângela olham pro túmulo e para o cavaleiro espantados. Ninguém fala nada. Por vários instantes tudo o que se ouve é um agudo zumbido crescendo até terminar em uma estrondosa explosão cujo ponto de impacto é o corpo de Olivier.
Quando a poeira baixa eles vêem Máscara da Morte e Seiya se erguendo e espumando de raiva. Ao notar a presença de Olivier, Pégaso recua esquecendo de Câncer. Erguendo os olhos ele vê o túmulo e olha alternadamente para Shun e para a capela.
"Mas...o quê?"
"Vocês estão mortos. Simplesmente esqueceram de deitar" – brinca o General das Hordas Infernais. "Agora tenham a bondade de me entregar essa doce menininha"
Ao falar isso ele caminha em direção a Ângela, a qual é prontamente defendida pelos cavaleiros presentes.
"Apesar de não sabermos a verdade sobre esses jovens já somos capazes de deduzir muito sobre você!" – Aldebaran se posiciona na frente de Shun.
"Oras, poupe-me" – Com um gesto o Cavaleiro de Touro é arremessado pelo cemitério.
"Aldebaran! Maldito!"-vocifera Aiolia, atacando.
"Se um animal ataca seu dono ele deve ser punido, certo Seiya?" - Fala Olivier derrubando Aiolia em pleno ar. – "Posso continuar assim o dia inteiro. A garota. AGORA!" – ele rosna impaciente.
"Nunca!" – os outros cavaleiros atacam em conjunto sendo igualmente repelidos.
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Socos carregados de cosmos acertavam Lisandro sem piedade alguma, o invasor não ofereça resistência alguma. Depois de um tempo, ele ergue a cabeça e sorri, para a surpresa dos dois Cavaleiros de Escorpião.
"Só isso?"-ele debocha antes de acertar os dois ao mesmo tempo com seu golpe.-"E eu que achei que teria um desafio de verdade!"
"Ai...ele era assim tão durão?"
"Era...mas nem tanto. Bastou uma agulha minha para fazer este cara arregar."
"Certo. Vamos usar mais de uma então."-Milo levanta e dispara seu golpe.-"AGULHA ESCARLATE!"
"Espere!"-avisou o outro tarde demais, a agulha escarlate disparada sequer arranhou a armadura de Lisandro.-"Sabia que usariam essa história de armadura resistente de novo."
"Obrigado pelo aviso."-irônico.
"De nada."-falou antes de serem atingidos de novo, mas desta vez conseguem se defender.-"Vamos atacar juntos!"
"Certo."
Os dois disparam juntos suas Agulhas Escarlates, fazendo Lisandro recuar, mas aparentemente não o atingiram como queriam. Enquanto isso, os demais cavaleiros retiravam de debaixo dos escombros de uma das casas a velha senhora Grinhilld.
"Ainda tá viva?"-Máscara espantou-se.-"O inferno não te quer por lá mesmo, velha múmia."
"Mais respeito com a minha idade, seu grosseirão!"-respondeu a idosa se ajeitando.-"Obrigada, Cavaleiro de Sagitário. É um verdadeiro gentleman...tão diferente deste idiota sem educação que a minha pobre lady Maeve escolheu como marido. Oh...que desgraças eu fiz para merecer isso!"
"Quer que eu enumere?"-Máscara com os braços cruzados e indiferente a dor da idosa.
"Imprestável."
"Uma palavra: Morra."
"Isso é jeito de falar comigo?"
"Então deixa eu ser mais gentil...Morra, por favor?"
"Eles sempre brigam assim?"-Aioros perguntou a Shaka.
"Seu outro eu já se acostumou a essas discussões, como todos nós...e sim, sempre brigam assim."-respondeu o cavaleiro de virgem.
"Onde está a...Oh, Leda."-a idosa lamentou-se ao ver o corpo sem vida da outra mulher.-"O que será de seu pobre Andréas agora?"
Os sons da batalha entre Lisandro e os cavaleiros de Escorpião chegava de maneira ensurdecedora onde estavam. Kamus adiantou-se em caminhar até eles.
"Não pretendo ficar aqui parado mais um minuto sequer."-disse o aquariano.
"Concordo."
Aiolia o acompanhou e se surpreendeu ao ver o cenário de destruição causada pela luta. Lisandro não parecia abalado pelos sucessivos golpes que recebera dos Escorpiões, e estes estavam ficando cansados.
Foi quando em meio à luta, um garotinho com seus cinco anos apareceu, chamando a atenção de Lisandro que sorriu com maldade.
"Ah...não preciso procurar mais. Te achei fedelho."
"Hã?"-o menino recuou e caiu sentado, olhando assustado para Lisandro.
"Eu vim aqui para te levar comigo. E de quebra vou matar dois cavaleiros."
"É muito confiante em cuspir palavras inúteis."-Aiolia se colocou entre ele e o menino.-"Está preparado para cuspir seus dentes também?"
"Ei, Aiolia...a luta é minha!"-avisou um dos Milos.
"Nossa. Quer dizer!"-emendou o outro.
"Tá. Nossa! Vamos ver quem dá o golpe final?"
"Claro!"-sorrindo confiante.-"Tira o menino do caminho, Aiolia!"
Lisandro mais uma vez encara seus adversários, enquanto Aiolia retirava o menino de perto do luta. Kamus havia escutado as palavras do inimigo e começava a se indagar, o que ele teria de importante assim? E reparando na criança, começou a ver traços que lhe lembravam uma pessoa.
"Está na hora de pisar em alguns insetos."-dizia Lisandro.
"Acho que você anda lendo quadrinhos demais. Que frase mais clichê!"-Um dos Cavaleiros de Escorpião avança contra Lisandro, pronto para dar um soco, mas este o pega pelo punho.
"Idiota! Está lento demais!"-fala Lisandro, mas estranha o sorriso confiante de Milo.-"Do que está rindo?"
"Do tanto que você continua feio e burro!"
Com um gesto ágil, ele prende o braço de Lisandro, abrindo a defesa dele para receber diretamente em seu corpo uma sucessão de Agulhas Escarlates, desferidas pelo Cavaleiro desta dimensão. Lisandro grita de dor, mas consegue pegar o Cavaleiro que o mantinha preso pela capa e o joga contra seu sósia.
"Malditos!"
"Agora?"
"Agora!"
Ambos se concentram, elevando seus cosmos e desferindo ao mesmo tempo seu golpe mais poderoso.
"ANTARES!"-gritam o golpe ao mesmo tempo, atingindo Lisandro em cheio, jogando-o longe. Ele rola pelo chão antes de ficar imóvel.
"Há! Um tiro perfeito! Eu sou mesmo muito bom!"
"E quem disse que foi seu golpe que o derrubou? Foi o meu! O atingiu diretamente no coração!"
"Vai sonhando!"
"Você quem deveria acordar!"
"Olha aqui seu clone de Bon Jovi eu..."
"Vocês dois podiam parar de brigar ou eu terei que congelá-los mais uma vez?"-ameaçou Kamus se colocando entre eles.
"Foi ele quem começou!"-apontavam um para o outro e Aquário suspirou, revirando os olhos.
"Ele ainda está vivo!"-Aldebaran alertou, arrastando o corpo de Lisandro.
"Que? Ele tomou uma Antares dupla e ainda tá vivo!"
"Esta armadura está mais resistente que da última vez que eu lutei com ele."-comentou o outro.
"Foi melhor não terem matado o infeliz."-comenta Aiolia, com o menino agarrado a sua capa.-"Ele pode nos dar respostas."
"Agora eu tenho algumas perguntas."-Kamus aproxima-se de Andréas.-"Será esta a criança que Gaia nos disse para proteger? E ele não se parece com alguém que conhecemos?"
"Onde já vi esse rosto?"-um dos Milo se pergunta.-"Como se chama, menino?"
O garoto se encolhe, não respondendo.
"Ele se chama Andréas."-Grinhild responde, ajoelhando e pegando o menino no colo.-"Calma, sua tia Grinnhild cuidará de você agora."
"An-Andreas?"-Milo olha para seu companheiro Aioros que também fica espantado.-"Além de ter a cara...tem o mesmo nome do..."
"Do filho do Máscara da Morte..."-completou Aioros e todos olharam surpresos para o menino.
"O que foi? Por que disseram meu nome?"-Máscara da Morte chegou pegando a conversa por último.
Continua...
\o/ Obrigada/o a todos que leram este fic e nos mandaram reviews carinhosos!
Beijos!
