A Última Grande Batalha
Capítulo 2
Grécia, Santuário de Atena
Raras foram às vezes em que os dourados combateram lado a lado um inimigo comum. E mais raras ainda foram as ocasiões em que enfrentaram tão angustiante dificuldade ao combater desse modo.
O cemitério do Santuário está em frangalhos, poucas as lápides resistiram à violência da batalha. Mesmo em óbvia vantagem numérica os cavaleiros não conseguem mais do que resistir.
- Vamos... Desistam. Eu só quero essa menininha. O que custa? Ela nem pertence a esse mundo. Não vai fazer a menor diferença. – Olivier começa a se irritar com a resistência encontrada.
- Não se preocupe Ângela, ninguém vai encostar um dedo em você. – fala Atena, mantendo as crianças perto de si. – Meus cavaleiros não admitirão que esse homem a fira.
- EU NÃO ADMITO É QUE ESSE IMBECIL SEJA CAPAZ DE ENFRENTAR A TODOS NÓS SOZINHO! – berrava o cavaleiro de Câncer avançando temerariamente sobre o oponente.
- Máscara da Morte espera! – gritou Seiya em vão
- Não se preocupe, assim que eu acabar com esse imbecil eu acabo com você impostor!ONDAS DO INFER...
- DEMON'S CHAOS!
Câncer nem pôde ver o que o atingira. Em um momento estava lançando as ondas do inferno, no outro está nos braços de Camus de Aquário a quinze metros de distância do adversário.
No olho do furacão seus aliados atacam Olivier de maneira incessante, não importa em quantos grupos avancem, parece impossível detê-lo.
- Você está bem? – Camus ajuda Câncer a se levantar
- O que você acha? – fala Máscara cuspindo sangue - Feh, pelo menos o vagabundo é forte, isso vai ser divertido.
- Isso não é brincadeira, Máscara da Morte! Ele está repelindo dezesseis cavaleiros completamente sozinho!– gritou Shura que tentava, sem sucesso, atingir o adversário, várias lápides já tinham sido vítimas de seus erros.- Nem Thallas fez isso!
- E ainda assim vocês não desistem. Sinceramente? Vocês me cansam. –o General Demoníaco ergue seu cosmo de maneira impressionante – Não esperava que fosse ser eu a encerrar a carreira dos defensores de Atena. DEMON'S CHAOS!
- MURO DE CRISTAL! – grita Mu saltando à frente dos amigos
O mais poderoso golpe defensivo dos oitenta e oito cavaleiros mal consegue resistir ao impacto do ataque do General Demoníaco. Os cavaleiros de Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem, Libra, Capricórnio, Aquário, Peixes, Fênix, Cisne, Dragão, Andrômeda e Pégaso são espalhados pelo cemitério.
Limpando as mãos com um sorriso de satisfação no rosto Olivier se aproxima de Shakti, Ângela, Aléxis e dos irmãos Junon e Kenny. Atena estava caída, zonza por ter recebido parte do choque dos poderes de seus cavaleiros e Olivier. Os gêmeos, agindo com instinto de proteção por serem mais velhos, se colocam diante dos menores.
-Sabe, é uma pena. Seriam guerreiros impressionantes se chegassem a crescer. - comenta o General.-Algo a dizer antes de morrer?
-Meu pai vai chutar seu traseiro.-respondeu Alexis.
Olivier gargalha e depois olha com deboche os meninos.
- Conto com isso...que seu pai apareça, moleque! Tenho assuntos pendentes com ele também. Com aquele idiota do Cavaleiro de Gêmeos e sua adorável mãezinha. Depois de me livrar de vocês creio que vou decapitar aquela bela deusinha ali hehehe... Os cavaleiros dessa realidade são tão patéticos. Bem, chega de falar sozinho. – ergue a mão sobre a cabeça – Durmam com os anjinhos crianças. DEMON'S...
Cling!
- Mas que diabos... A CORRENTE DE ANDRÔMEDA!
- Não vou deixar que você toque em um fio de cabelo dessas crianças, Olivier. No passado meu irmão derrotou você. Hoje serei eu a te derrubar. – uma voz serena chega aos ouvidos do General.
Ao se virar para trás Olivier vê Shun devidamente protegido pela armadura divina de Andrômeda.
- Vou lhe explicar uma coisa Andrômeda – Olivier se põe em guarda levemente surpreso – Aqui, neste mundo, você está morto. Não se pode mudar a história. Isso é função dos deuses, meros humanos devem apenas se conformar. Por isso: MORRA!
Apesar da velocidade do atacante Shun conseguiu deter o primeiro ataque, porém não está conseguindo contra-atacar, as correntes não estão obedecendo a seus comandos rápido o bastante, Olivier mal se esforça para se defender e repeli-lo.
- Hehehee... Apesar de você também ser o cavaleiro de Andrômeda, a armadura que está usando não é sua. Realmente é muito parecida, mas possui algumas diferenças – explica Olivier enquanto ataca – Não sendo sua armadura você não tem como usá-la perfeitamente. Não está acostumado a ela.
-Sim, com certeza essa não é a armadura de Andrômeda que uso desde que me sagrei cavaleiro, mas parece que ela, ou seu antigo dono não vão permitir que você machuque alguém. Principalmente crianças!
Ao dizer isso Shun ergue seu cosmo e lança a corrente diretamente sobre o peito de Olivier que a agarra e gira o cavaleiro no ar violentamente.
- Já derrubei os cavaleiros de ouro e os de bronze dessa dimensão. Um forasteiro usando uma armadura que não lhe pertence não vai ser empecilho para mim.
-Ahhhhhh!
- Por que não aproveitar o túmulo já pronto? Hora de conhecer seu "gêmeo" Hahahaha!
Com um rápido movimento Olivier lança Shun de encontro à pequena capela onde a armadura de Andrômeda se encontrava. Certo do fim de seu adversário o general demoníaco se vira novamente para as crianças.
Porém, como não ouvisse nenhum som virou-se para trás e diante de si viu Ikki de Fênix carregando Shun em seu colo.
-Você não é meu irmão... Mas, se mesmo assim, pôde vestir essa armadura...
- Ikki...
- Vou lhe dar um voto de confiança. Por Shun.
- Já terminaram? Tenho a eternidade inteira, mas não pretendo gastá-la com vocês.
Olivier não obtém resposta. Fênix e Andrômeda saltam sobre ele desferindo uma chuva de golpes, forçando-o a se afastar de Ângela. Quando não são correntes são chamas. Cada vez que se aproxima de um o outro vem em socorro.
Irritado, concentra seus esforços em Fênix, que não trajava armadura. Após trocarem alguns golpes o cavaleiro de bronze salta para o alto sendo seguido imediatamente por Olivier.
- DUTO ESPIRAL!
- Oh...
Vendo-se cercado em pleno ar pelas correntes de Andrômeda, Olivier percebe que caíra em uma armadilha. Numa tentativa desesperada de se soltar eleva seu cosmo rapidamente para arrebentar as correntes antes que se fechem à sua volta.
Mas Ikki tinha outros planos.
-Vôo da Fênix!
A soma do Duto Espiral com o Vôo da Fênix criou um túnel de chamas. Quando a gravidade finalmente atingiu Olivier as correntes impediram sua queda mantendo-o preso no turbilhão.
-Iarrrgh... Malditoooos! – berrava enquanto seu corpo girava incessantemente ao sabor das correntes.
-Acabe logo com isso... Shun.
Andrômeda olha surpreso para Ikki, realmente o cavaleiro de Fênix resolvera lhe dar um voto de confiança.
-Sim, Tempestade Nebulosaa!
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Em outra Terra... Onde uma batalha havia se encerrado há pouco.
- Pera! Que porra de história de filho é essa? -pedia Máscara da Morte. -Tenho dois filhos sim! E só!
- Não você, mané. O Máscara da nossa Terra! - respondia Milo.- Mas... Seria impossível! Ele...Não morreu?
- Vimos o corpo acaso? Máscara não permitiu que ninguém o visse enterrar o rapaz-comentou Aioros. - E os deuses adoram brincar conosco.
-Percebemos isso. -Milo cutuca Lisandro com o pé.- Este cara devia tá morto há anos!
-Diz aí. Vamos recapitular tudo! -pedia o outro cavaleiro de Escorpião.- Vocês são de outra dimensão, igual a nossa e ao mesmo tempo diferente. Tem um inimigo de vocês que deveria estar morto e ressuscitou. Um menino que vocês dizem ser o filho do Máscara da Morte de seu mundo, mas que também deveria tá morto, a deusa Gaia aqui dizendo que nossos amigos foram parar na dimensão de vocês com as crianças e...e tem dois deuses superiores querendo nos ferrar!
-Sua capacidade de resumir nossa situação de maneira tão eloqüente impressiona, Milo. -comentou Shaka.
-E agora? -pergunta Shura.
-Simples! -Aiolia estala os dedos, fechando-os em punho.- Forçamos o feioso aqui a nos levar aos seus mestres e acabamos com eles!
-Isso! -concordam os dois Milos.
Cavaleiros. -pedia a atenção Grinhild.-Sei que a situação é deveras angustiante, mas o menino está apavorado!
- Leve-a a criança para Maeve, Grinhild.-pediu Shaka.
- Por que a minha casa? -indagou Giovanni.
-Tenho um pressentimento que estará bem lá.-respondeu Shaka sério.
-Feh! Vamos atrás dos tais deuses agora!-resmunga Máscara da Morte.- Vou fazê-los desejarem morrer depois que eu colocar as minhas mãos neles!
-Eles podem estar com as crianças. - diz Shaka.- Não pode ser prudente um ataque direto.
-Até parece que você está com medo! Não tá ligando para os pivetes?-aponta Máscara da Morte.-Eu vou atrás da minha filha e...
Shaka o segura pelo colarinho da armadura e praticamente faz o corpo do cavaleiro de câncer se chocar contra uma parede que se mantinha em pé, desafiando as leis da física. Shaka o fitava, e pela primeira vez demonstrava que estava realmente abalado pela situação.
-Minha filha também foi levada! Jamais ouse dizer que não estou "ligando para os pivetes".-Shaka o solta, ainda o encarando. A tensão entre os dois cavaleiros era tão forte, que todos achavam que eles acabariam lutando ali e agora.
-Acredito que Seiya e Shun as protegerão.- a voz de Atena ameniza a tensão, ela vinha acompanhada pela amazona June. -Eles e os cavaleiros do mundo de onde nossos convidados vieram. Tentem não se preocupar tanto. Brigarem entre si, não vai ajudá-las a voltarem para casa.
-Desculpem-me. -pediu Shaka polidamente.
-Na próxima, eu te mato.-ameaçou Máscara da Morte ao passar por Shaka indo na direção de Lisandro, que parecia recobrar os sentidos. Ele o ergue com uma das mãos em seu pescoço.-Vou falar delicadamente, e uma única vez...Diz onde está minha filha ou quebro o que resta da sua cara!
A resposta de Lisandro foi uma risada nervosa.
- Servi às Erínias, Tuas ameaças não me assustam. Meu líder era deveras mais assustador e ainda assim nunca tremi diante dele.
O cavaleiro de Câncer não responde, limita-se a pôr o indicador brilhante entre os olhos de Lisandro.
-Eles... Me matariam...-disse por fim.
-Eles quem? Pensa que eu não te matarei?-ameaçava Máscara no limite de sua pouca paciência, erguendo Lisandro com apenas uma mão e apertando seu pescoço.- A única dúvida que tenho é qual será o modo mais prazeroso...
-Máscara da Morte!-Atena o chamou tentando controlar sua fúria.
-Vai quebrar o pescoço dele!-alertou Kamus em vão.
O pescoço e a força de vontade de Lisandro estavam no limite de suas resistências o ar parece se tornar mais espesso, o mundo parece girar mais devagar. Subitamente o homem preso à mão impiedosa do cavaleiro desaparece diante dos olhares surpresos de todos...Deixando simplesmente de existir.
-Mas...Que merda foi essa?-exclamou Máscara da Morte, olhando furioso e surpreso, por que não dizer, frustrado para a própria mão.-Cadê aquele figlio de una putanna!
-Deixou de existir, segundo a vontade de seu Mestre.-explicou Atena, também surpresa.
-O que?-exclamou Aiolia.-Se ele tem tanto poder assim, por que não faz o mesmo conosco?
-Porque está preso a uma promessa feita a mim.-respondeu Gaia se aproximando do local.-Ele não pode fazer-lhe mal algum diretamente.
-Por isso... Reviveu guerreiros para servi-lo.-Shaka confirmou.-Lady Gaia... Quem mais ele trouxe de volta a vida?
Gaia olhou para o cavaleiro de virgem antes de responder, com um semblante cansado.
-Seus maiores pesadelos...Deste e do outro mundo.
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O golpe combinado de Shun e Ikki lançara Olivier longe, mas não fora suficiente para derrotá-lo. Cansado e ferido ele busca apoio para se levantar. Porém, o auxílio que recebe o faz desejar estar morto.
-Estava determinado que você vencesse, e ainda assim fracassas? – o dono da mão que o erguera se pronuncia, a voz é plácida e jovial.
-Vo-vo-vocês... -gagueja o Olivier – Mas ELE disse que só seriam enviados em caso de extrema urgência!
-Seu conceito de urgência difere dos nossos. - A segunda voz lembra a de um guerreiro já calejado, que aguarda o momento em que irá repousar. É a voz da experiência. - Algo está interferindo no fluxo dos eventos... Os desígnios de nossos mestres estão sendo contestados.
-Há alguém com poder para isso?
Olivier está estupefato. Saber que havia alguém capaz de contrariar o Caos, a fonte primária da existência, e Janus, aquele que vê o passado e o presente como um só, o assustava ainda mais do que a chance de ser erradicado por seus servos.
As figuras não respondem simplesmente se voltam para Shun e Ikki que despontam na distância.
-Por enquanto os eventos não se desviaram muito dos desígnios de Janus, Olivier, General Demoníaco. – fala o primeiro. -Estamos aqui para garantir que não continuem a se desviar.
- A garota está morta. - completa o outro – Você só precisa estar no lugar certo na hora em que acontecer entendeu?
-Si-sim.
Com uma reverência apressada Olivier corre em direção à Ângela. Shun e Ikki se preparam para detê-lo antes que os alcance, mas uma força externa os atinge violentamente.
-O quê...
-As... Crianças...
- É tudo que podemos fazer por aqui. - o primeiro fala observando os irmãos gemerem a seus pés.
- Espero que seja suficiente. – dito isto o cosmo do segundo engloba a ambos e os faz desaparecer.
Alheio aos lamentos dos irmãos, Olivier alcança sua vítima. Com um gesto rápido ele dirige suas garras à garganta da menina, que, já acordada, gritou em pânico. Trêmulo de excitação e medo Olivier não nota a aproximação de uma nova figura que lhe segura o pulso e torce violentamente.
-Essa jovem está sob minha proteção. – ele fala.
-Isso não pode estar acontecendo... Argh!- geme Olivier – Dezesseis cavaleiros caíram sob meus golpes!Você é apenas um! Como pode me causar tanta dor com um simples toque?
O homem coloca o indicador na testa de Olivier e lá traça uma cruz falando:
-Simples: está escrito.
Ao ouvir essas palavras o General Demoníaco cai prostrado no chão tapando os ouvidos. Em sua mente as vozes de suas vítimas ecoavam, suas retinas não fixavam o presente, mas os instantes de horror de sua vida passada, todos os seus pecados. Gritando em agonia ele desaparece como se nunca estivesse ali.
O homem tranqüilamente pega Ângela no colo e um tanto sem jeito a acalma sem dizer uma palavra. E assim fica até que os cavaleiros comecem a se levantar, quando a põe no chão e vai embora em silêncio.
-Afinal o que aconteceu aqui? – pergunta Afrodite ajudando Shiryu a se erguer.
-Parece que só a menina vai poder responder a isso. – fala Hyoga – Onde está Ikki?
- Aqui! Ele e... Na falta de nome melhor, Shun estão desmaiados – Shaka e Saga se aproximam trazendo os dois.
-Ângela, você está bem? – Seiya se ajoelha diante da menina e a observa atentamente em busca de ferimentos.
-Pa-papai?-ela começa a chorar abraçando o cavaleiro de Pégasus.-Quero o meu papai! Quero ir para casa!
-Eu também quero ir para casa, Ângela...-murmurou, acariciando os cabelos loiros da menina e depois voltando a sua atenção para as outras crianças.-Vocês estão bem?
As crianças responderam afirmativamente acenando as cabeças, ainda assustadas e espantadas com o que acontecera.
- O que faremos Atena? – pergunta Aldebaran – A situação me parece mais grave do que o ataque de Hades e da Erínias... Se houver outro ataque...
-...Voltem às suas casas. Deixem o Santuário sob alerta geral... As crianças ficarão comigo no Templo... Por hora...
- E nós? Creio que já ficou provado que não somos inimigos.
A pergunta de Seiya não encontra resposta da boca da deusa, que abaixa a cabeça confusa. Novamente um silêncio paira sobre todos, cortado apenas pela respiração ofegante e exausta dos guerreiros.
- Isso pode ser resolvido depois. Agora devemos esperar que os... Irmãos acordem e as crianças se acalmem. Muitas perguntas ainda precisam de respostas.
- Muitas... – murmura Máscara da Morte encarando Ângela.
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Longe dali, o derrotado General demoníaco ofegava caído sobre o assoalho do universo. Ao seu redor mundos nasciam e morriam... Por um instante ele honestamente invejou os agraciados com o descanso eterno.
- Esse é o poder de um General Demoníaco? Não é surpresa que o inferno não assuste mais ninguém. – um terrível cheiro de restos apodrecidos se aproxima de Olivier – Slhep... Fracassados me dão água na boca...
- Oras... Cale-se... No meu lugar duvido que seus aliados fizessem a metade do que fiz.
- Eles não fizeram meu querido Olivier, eles não fizeram. Aquele monstro enviado contra nossos amigos no Santuário onde minha querida irmã reside chegou ao cúmulo de considerar nos trair.
-Senhora Leviatha! – com esforço Olivier se põe de joelhos diante de sua adorada mestra.
- Lisandro morreria antes de falar. Nós, servos das Erínias, temos orgulho!
- Orgulho suficiente para caminhar de quatro e ronronar como cães diante de seus líderes – ri Leviatha.
- Grrrr... Posso começar meu banquete com você mulher!
-Andros. – uma calma voz repleta de autoridade detém o quase ataque de Manticore – Não desperdice energia com isso. Lisandro cogitou sim falar sobre nós. Porém Olivier não conseguiu nada nem ao menos com as ajudas do primeiro e do último.
- É... Eu soube disso... – resmunga a mulher, contrariada
- Tanto soube que interveio em favor dele.
-Ssssim... Bem dito Thallas! Fracasso total, absoluto... O medo que ele exala na sua presença, Leviatha, comprova sua inutilidade... – Andros se aproxima mais, lambendo os negros dentes pontiagudos – Medo é um tempero tãaao especial...
- Controle-se Andros! Em breve você terá tanta carne quanto puder mastigar. Por hora se acalme! – quatro novas figuras se apresentam como se sempre tivessem estado ali.
- De nada adianta jogarmos responsabilidades em cima uns dos outros.
- Você também foi derrotado lembra-se?
- Todos fomos - Olivier se apressa em frisar.
- Ah, os Quatro Ventos. Estava curiosa para conhecer os guerreiros que foram derrotados por apenas um cavaleiro. –Leviatha mede Maximus,Orestes, Nicomedes e Filipe de alto abaixo com desdém – Não parecem grande coisa.
A frase da ex-integrante das tropas celestiais gera uma reação instantânea. Os recém chegados se juntam a Andros na tentativa de esquartejar os soldados infernais. Leviatha nem ao menos se preocupa, os cinco são detidos pelos outros integrantes das tropas de Janus: Reuarc, Selene, Iliria, Belais, Iuvart e Ares.
- Idiotas!Era de se esperar que depois de tanto tempo tivessem aprendido a se controlar.
- Idiotas serão sempre idiotas. – fala Reuarc após beijar a mão de Leviatha – Vide Olivier. Tinha a vitória nas mãos e a deixou escapar. Inútil.
- Envergonhou nossa mestra, Olivier.-retrucou Iuvart, se divertindo com o fracasso do companheiro.
- Eu venci! Eu venci! Derrubei dezesseis cavaleiros de Atena sozinho! – berrava Olivier em desespero
- Porém foi incapaz de trazer as crianças. –Iliria fala enquanto acaricia Andros.
- Cale-se, Olivier. Está nos envergonhando.-dizia o vaidoso Belais.
- Outro guerreiro me impediu!
- Que outro guerreiro? Quem sobrou?Os de prata?Os soldados do Santuário?Os aprendizes? – a voz de Selene soou fria. Não tinha sentido prolongar aquela agonia ainda mais. – Andrômeda e Fênix haviam sido neutralizados. Quem haveria de impedir?
- Ele deve estar delirando de medo... Sabe como são os fracassados... –Andros, confirmando a tese de Leviatha, ronronava sob as mãos da amazona de Quimera – Deixem-me comer esse mentiroso!
- NÃO! -treze vozes se elevam recriminadoras fazendo Manticore ganir e se enrolar aos pés de Ilirya.
-Eis a prova da interferência! – Olivier afasta os cabelos e expõe cinco pontos queimados em sua testa. – Aquele desgraçado me deixou isso na cara... E a maior dor que já senti na vida... Ainda agora sinto minha mente queimar.
- O Cruzeiro do Sul! – grita Selene.
- Então é isso que significam essas queimaduras? – pergunta Leviatha segurando a cabeça de Olivier e encarando as marcas.
-Qual o motivo da histeria? –Reuarc não entendeu o por que do grito.
- O cavaleiro do Cruzeiro do Sul... Era meu mestre!
Ao ouvir isso os todos os presentes (à exceção de Olivier por motivos óbvios) fitam a testa do General Demoníaco.A presença dos cinco pontos significa algo terrível para os planos de seus novos mestres: Gaia não se limitara a trocar as peças de lugar. Ela também introduzida peças novas no tabuleiro.
Se a deusa-mãe havia feito isso, que garantias terão eles de que não terão diante de si outros jogadores? Dessa vez nem o Tempo nem o Destino têm a resposta.
- Chame os outros, Iuvart.-ordenou o anjo caído.
- O que pretende, mulher?-indaga Ares.
- Tenho certeza que o Mestre não se oporia a um novo ataque ao Santuário que abriga os fedelhos.-sorri.-Ele me encarregou de trazê-las, lembra-se? Não deveriam pensar em como trazer o menino?
Continua...
