Capítulo 2 – Leia as mensagens nas estrelas, despertem!
Marin, dedicou-se a assar seu jantar após a chegada e partida repentina de Seiya. Céus! Ela definitivamente estava faminta.
- Quer companhia? – Perguntou uma forte voz masculina. – Marin virou-se para ver o homem que saia da penumbra.
- Aioria! O que faz aqui? Estava me espionando por acaso? – Respondeu tentando parecer bem humorada e esconder sua tristeza.
Ele deu um meio sorriso. – Senti um cosmo "diferente" vindo dessa direção e resolvi averiguar. Parece que você e Seiya andaram discutindo, não?
- Pode-se dizer que sim... Mas não é nada de mais, não se preocupe. – Marin nem se dera conta na hora que o cosmo de Seiya havia se expandido a tal ponto que... Fizera com que Aioria percebesse e fosse até eles. Ela cometera um falha inaceitável ao deixar que a situação saísse de seu controle. – Está com fome, Aioria?
- Oh, sim! Estou com uma fome de leão. Sorriu tentando dissipar o mal estar que causara na Amazona. Ele não desejava tê-la constrangido ao mencionar que sentira a discussão que ela e seu aprendiz tiveram.
- Só tenho um pequeno coelho assado e algumas frutas para oferecer-lhe, Aioria. Fique a vontade e sirva-se, pois eu estou faminta. – Ela parou por um momento. – Importa-se se eu comer de costas para você? Preciso tirar minha máscara.
- Hum? O quê? Desculpe, Marin, eu não tinha me dado conta desse "detalhe". – Pegou uma maçã, atirou-a para o alto, pegou-a e mordeu. – Não vou atrapalhá-la a tal ponto, vou me retirar assim você poderá ficar mais a vontade.
Marin sorriu sob a máscara. Aioria ficara constrangido. Algo no tom da voz dele fez seu coração palpitar. Não se lembrava de tê-lo visto dessa forma, era realmente diferente vê-lo tão sem jeito diante dela.
Não, na frente de Aioria, não! – Pensou, enquanto sentia seu coração disparando... – Não consigo me livrar do "efeito Aioria" na minha vida – Concluiu com pesar em seu peito.
Ele sempre fora firme e seguro de si, um cavaleiro e homem admirável. O problema de Aioria estava no fato de ser um homem admirável e inalcançável. Ao menos era essa a imagem que ele sustentava.
Num impulso, virou-se de costas para ele, tirou a máscara e pousou-a no chão enquanto cortava um pedaço de seu delicioso coelho assado - Pelo menos o cheiro era bom. – Pensou. Ela ainda podia sentir a presença de Aioria totalmente sem graça atrás de si.
- Vai comer ou ficará só olhando? Concentrou-se para sentir o local exato onde ele estava parado, jogou-lhe um pequeno prato com um suculento pedaço do coelho assado em sua direção. Ainda surpreso ao ver a máscara de Marin pousada no chão, ele quase deixou cair o prato com a carne que Marin lhe cortara. – Relaxe, Aioria, ela está de costas para você. É só a máscara no chão e ela está comendo, não pense bobagens. – ele procurava firmar essa idéia na cabeça.
- Marin, posso lhe jurar que nunca havia pensado que você precisasse tirar a máscara para se alimentar. São aqueles pequenos detalhes que nós, homens, somos especialistas em não pensar. Desculpe-me novamente.
- Vai passar a noite me pedindo desculpas, Aioria? Disse Marin depois de provar mais um pedaço de seu jantar.
- Não o culpo por não pensar nisso, Aioria. A máscara existe exatamente para que vocês, homens, não pensem nesses, e outros, "pequenos detalhes". – Concluiu ela com um leve tom malicioso na voz. – Por que você está vermelho? – Ela passara da leve malícia para o tom ingênuo de modo tão rápido que ele ficara realmente quase sem reação. Aioria sentiu sua pulsação acelerar-se – O que está acontecendo comigo, por que a voz de Marin está tão bonita, tão... Diferente?
- Na verdade, eu nunca tinha pensado em você como uma mulher, Marin. – Falou de modo mais seco do que desejava. Tão logo falou, Aioria arrependeu-se amargamente do que dissera. Se ele poderia estragar tudo, acabara de consegui-lo!
- Continue a pensar em mim como uma Amazona, Aioria, pois é isso que sou. – Disse com orgulho, embora não conseguisse disfarçar a irritação na voz, lentamente pegou a máscara e colocou-a no rosto.
Após certificar-se de que a máscara estava firme em seu rosto virou-se para encarar um surpreso cavaleiro. – Acho que estou sendo muito cruel com ele... Ou estou sendo cruel comigo mesma em pensar que Aioria poderia ter algum interesse em mim? – Pensou enquanto analisava a postura tensa de Aioria, sem conseguir decifrar a expressão do homem a quem dedicara devoção cega durante anos a fio.
- Não queria que você pensasse que eu... Bem... Eu a considero como uma Amazona, você é muito forte e digna de todo o meu respeito, Marin. Lamento pela má impressão que causei-lhe, foi um erro de minha parte vir até aqui. – Pausa – Obrigado pelo jantar, estava... Ótimo. – Disse ele enquanto deixava o prato próximo ao fogo. Ah, sim o fogo... Dava um ar surreal à mascara no rosto de Marin, o que diabos estava acontecendo com ele? Dessa vez ele procurou escolher bem as palavras, se saiu bem, finalmente. Pelo menos era o que ele queria acreditar.
Marin podia sentir como Aioria escolhia as palavras com cuidado, parecia que ele tinha realmente medo de magoá-la. Seria um pouco mais caridosa com ele, afinal de contas, já deixara o cavaleiro tão sem graça que isso poderia comprometer o relacionamento "profissional" de ambos. – Não se preocupe, Aioria, entendo o que você quer me dizer. Já está tarde, não? – Disse ela, dando a deixa para que ele fosse embora e tentando parecer interessada nas estrelas.
- Sim, é verdade. – Pausa – Está bem tarde. Boa noite, Marin de Águia. – Respondeu ele recuperando o auto controle. Ao término da última palavra, virou-se após fazer uma pequena mesura para ela.
- Boa noite, Aioria de Leão – Respondeu com todo o respeito que lhe era devido. Mas em seus pensamentos, Marin queria acreditar que algo mudara na forma como Aioria a olhava. – Não tenha esperanças, sua idiota!
Aioria sentia seu estômago gelar – Céus! Tantos anos convivendo com Marin, tantos anos admirando-a como a guerreira que era e ele nunca havia pensado nela como uma mulher, uma mulher, Aioria! Ela é uma mulher. – Repetia para si enquanto tentava afastar pensamentos indecorosos que envolviam Marin.
Era fácil pensar em Marin como uma Amazona, mas encará-la como mulher... Aioria preferiria lutar contra todos os deuses do Olimpo a pensar em como Marin o havia desarmado apenas pousando sua máscara no chão e de costas para ele. Se ela quisesse matá-lo poderia tê-lo feito que ele não seria capaz de reagir.
- Ela nem olhou para mim, apenas tirou a máscara. Ela estava de costas, eu não vi nada. Não vi. Mas eu senti. Senti Marin como mulher. – Repetia falando consigo ao caminhar em direção a Casa de Leão.
- Aioria, se eu fosse você, falaria mais baixo – Sussurrou uma voz que despertou Aioria de seus devaneios.
- Shaka! – Respondeu, instintivamente em posição de combate. – Essa é a noite dos sustos e caminhas noturnas, não? Não teve graça!
Shaka impecavelmente trajando sua armadura colocou-se ao lado de Aioria. – Vamos, Aioria, não se preocupe, eu sei guardar segredos. Você só está sob o efeito da ausência da máscara de uma Amazona. Mesmo que não tenha olhado em seu rosto, você sentiu aquilo que as Amazonas de Atena escondem: sua feminilidade.
Aioria relaxou. Colocou-se a caminhar com Shaka a seu lado. – Não faz sentido, Shaka. Eu já vi o rosto de Shina quando estive no Oriente e não senti nada disso. Bem, quero dizer... Shina é uma bela mulher, mas... Não... Droga, por quê estou lhe contando tais coisas?
- Aioria, você saberá no momento certo, a resposta para cada pergunta que faz. O que você deve pensar agora é se está fazendo as perguntas certas para as respostas que deseja encontrar – Respondeu-lhe um enigmático Shaka.
Shaka podia sentir a confusão ao redor de Aioria. Não era necessário nenhum poder sobrenatural para concluir que Aioria finalmente estava se dando conta de que havia algo mais entre ele e Marin do que uma relação de cavaleiro e amazona. Isso poderia ser... Uma realização para ambos... Ou a perdição, tudo dependeria da maneira como eles iriam lidar com seus sentimentos e obrigações.
Caminharam em silêncio por mais alguns minutos e avistaram ao longe, sob o brilho da lua, a Casa de Leão. – Fico por aqui, Shaka. Tenha uma boa noite e obrigada pela conversa, foi... Muito esclarecedora. – Disse com mais convicção do que desejava aparentar.
- Boa noite, Aioria, tenha sonhos regados com a sabedoria de Buda, você vai precisar. A propósito, Aioria, quando iremos terminar aquele estudo sobre a obra de Homero?
- É verdade, Shaka. Havia me esquecido em meio a toda essa confusão que vivemos recentemente dessa análise sobre Homero... Bem, vamos tentar continuar tão logo possamos. Só que... Creio que sem a presença de Kamus... Nosso seminário perderá muito do brilho, Kamus tinha uma visão um tanto quanto conservadora da Ilíada e Odisséia, mas eram interessantes.
Agora foi a hora de Shaka suspirar – É verdade, Aioria... Sem Kamus, perderemos o ar clássico, mas podemos abrir outros leques de interpretação se adicionarmos a esse seminário outras visões, aliás, novas visões, disse em um tom quase profético.
Shaka admirava profundamente a cultura e costumes gregos. Era incrível como o Leão tinha o dom da oratória e da retórica ao defender seus pontos de vista nas pequenas reuniões filosóficas que outrora, muito tempo atrás, os Cavaleiros de Ouro realizavam.
Ele havia sentido falta de tais encontros. Era uma parte do treinamento dos Cavaleiros de Ouro que apenas eles tinham conhecimento. Não desenvolviam apenas a força física, mas a força interior para disciplinar suas mentes, almas e espíritos.
Se alguém analisasse de fora, não veria nada demais e de fato, não havia nenhum grande segredo nisso, dado que os cavaleiros seguiam os princípios da educação clássica: "mente sã, corpo são". Tais cuidados serviam como catalisador de seus cosmos e assim, atingir o sétimo sentido era rotineiro para eles.
Sem querer Shaka voltou seus pensamentos para os cavaleiros de bronze. Sentira seus cosmos no Santuário. Lembrou-se das lutas que tiveram e o quanto aqueles jovens cavaleiros de bronze conseguiram tocar várias vezes o sétimo sentido sem conseguir de fato, dominá-lo. Sem dúvida eles sofreram, sentiram dor, chegaram a extremos. Havia modos mais fáceis de alcançar o sétimo sentido: através da disciplina mental e corporal os cavaleiros de ouro conquistavam tamanha proeza.
- Shaka, por que esse tom profético? – Perguntou o intrigado Aioria.
- Os cavaleiros de bronze estão no Santuário, Aioria. Atena os convocou.
- Atena também me convocou, Shaka.
- Convocou a mim também, Aioria.
- Shaka... Estou ficando realmente preocupado. – Refletiu em voz alta enquanto, sem perceber pousou uma mão sobre o ombro de Shaka.
- Aioria, meu amigo, alguma coisa vai mudar neste Santuário. Sinto os ventos das mudanças tocando-me quando medito. Mudanças em nossos corações que se refletirão em nossas ações, Aioria. Creio que nem todos estarão preparados para o que o futuro nos reserva.
- Ser cavaleiro de Atena realmente não é uma tarefa das mais simples, Shaka. Não importa o que o futuro nos reserva, o que importa é o modo como iremos encará-lo e eu sinceramente vou lutar pelo que acredito, pelo que é certo. – Declarou com convicção épica.
Enquanto se afastava de Aioria, Shaka sorriu. Ficar tão próximo do Leão não estava sendo uma boa idéia, começava a sentir aquela atração que procurava reprimir com toda a sua força. Heterossexual como Aioria demonstrava ser, era capaz de despertar o oitavo sentido se sentisse algum desejo vindo de Shaka.
Mas então como explicar o modo tão natural como Aioria pousava a mão sobre seu ombro? Shaka não queria se magoar, não ter esperanças. Não mais. Perder Kamus já fora um duro golpe em seu coração. - Até amanhã, Aioria...
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Gostaria de agradecer pelas reviews que recebi de:
Flor de Gelo – Logo você vai saber o que Atena que, estou até com medo da reação do pessoal por que será uma grande, grande mudança no santuário:) E quanto ao Mú e ao Shiryu...Eembora seja um casal "diferente" do esperado, pode ter certeza de que não vai decepcionar.Well, como eu tinha contato pra Virgo-chan... Eu resolvi fazer uma experiência usando não apenas os signos solares clássicos, mas fazendo cruzamentos entre visões alternativas de astrologia. Assim poderiam nascer novas possibilidades de relacionamentos entre os personagens.
Usei as datas de aniversário dos personagens em pesquisas de horóscopo Asteca, Chinês, Cigano, Druida e Egípcio... E o resultado foi... Impressionante!
Honorável amiga Virgo-chan – Fiquei emociona com sua review! Se você continuar a me emocionar serei obrigada a contar pra todo mundo qual o seu dia de aniversário, sua virginiana fofa! risos
Srta Kido – Depois que eu assisti o anime em dvd, comecei a entender melhor o Seiya e até perdi muito da implicância que eu tinha com o personagem. Nunca engoli esse negócio da irmã dele, como só no final da Saga de Hades ele fica sabendo dela, resolvi dar a minha versão nessa história da busca da Seika.
E bom, creio que não seria exagero dizer que... São as reviews que me dão força para escrever, por isso, faça uma Nuriko feliz e diga o que você gostou e/ou odiou no que estou escrevendo, ok?
