Atenção: Esse capítulo possui cenas eróticas, melhor dizendo, descrição com conteúdo adulto. Se você não aprecia erotismo, aconselho a não prosseguir.

Cabe aqui uma breve definição de erotismo: "Erotismo é o conjunto de expressões culturais e artísticas humanas referentes ao sexo".

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Marin correu atrás de Aioria. Ele descia pisando forte as escadas rumo a Casa de Leão.

- Aioria, me espere!

- O que você quer, Marin?

- Bem, quero saber quando você quer começar o treinamento de Seiya e Ikki.

- Atena ordenou que me ajudasse apenas com Seiya, eu me viro com o Fênix, não se preocupe.

- Como você quiser, Aioria. Então, me diga, quando começamos com Seiya?

- Como ele chegou do Japão ontem, precisa de algum tempo para ele se aclimatar devido ao fuso horário. Iniciamos em 3 dias.

- Estarei lá, Aioria. Tenha um bom dia! – O Sol já mostrava ser quase meio dia e ela deixou-se ficar para trás enquanto o Leão retomava sua pesada caminhada.

- Marin, acho que Aioria deve ter visto você sair da minha casa hoje de manhã.

- Será que é por isso que ele está me tratando assim, Milo?

- Você tem alguma dúvida a respeito?

- Bem... Acho que não... Como esse homem é difícil!

- Deixe-o por hora. Se quiser eu posso falar com ele e desfazer esse mal entendido. Vamos almoçar, Marin?

- Não, Milo. Não precisa. Por quê você não aproveita e chama o Shaka para almoçar? Ele está vindo aí.

- Não tenho coragem, Marin. Ele vai dizer não como fez em todas as vezes que já o convidei.

- Acho que dessa vez ele pode aceitar, se eu estiver com vocês, não acha? Vamos, tente!

Esperaram Shaka se aproximar. – Shaka, não quer almoçar comigo e Marin? – Milo falou de uma vez, quase num fôlego.

- É muita gentileza de vocês... Tenho que preparar as acomodações de meu discípulo.

- Shun pode vir conosco também, Shaka. – Falou animadamente Marin.

- Sendo assim... Venha Shun, Milo nos chama para almoçar com ele e Marin.

- E o Hyoga? – Perguntou inocentemente Shun.

- Ah, sim! Não me esqueci dele! Preferiu pegar suas coisas na Casa de Áries para depois vir ter conosco, vai almoçar por lá mesmo.

E o pequeno grupo seguiu para seu momento de relaxamento. Marin contava os minutos para terminarem, mas pelo visto, Shaka enredara em uma animada conversa com Shun e Milo sobre mitologia. Não queria estragar o momento de felicidade de Milo, por isso se limitou a acompanhar o dialogo até que Shaka fez menção de se retirar.

Milo olhou mestre e discípulo se retirando e entrou em sua Casa. A Amazona, agora sem a sua máscara o esperava sentada em meio as almofadas.

- E então, Milo? Quais suas impressões?

- Ele me acha um pervertido, Marin.

- Você está exagerando.

- É sério! Não reparou como ele rebatia meu charme? Era como se quisesse distância de mim.

- Então você terá que mudar sua técnica, Milo. Shaka é muito exigente consigo mesmo e ainda mais com os outros. Tudo ao seu redor tem que transpirar perfeição e nós sabemos que isso não existe.

- Você está certa, Marin. Mas algo em mim diz que... O mundo ainda vai dar muitas voltas para que ele finalmente olhe para mim e reconheça que... Eu o amo... – Terminou quase num sussurro.

Marin levantou-se, beijou-o na face e colocou a máscara – Estou indo, Milo! Ficarei fora por dois dias, fique bem!

- Fique bem, Marin e cuidado ao passar pelo Leão! – Sorriu se despedindo da amiga.

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Julian Solo entrou em seu imenso closet. – Hoje vou apenas caminhar no bairro dos artesãos, preciso relaxar... – Separou uma camiseta vermelha e uma calça de sarja em tom pastel, uma roupa simples, mas que em seu corpo atlético assumia um papel mágico. Vestiu-se e seguiu rumo a sacada de sua imensa suíte voltada para o Mediterrâneo. Enquanto lia a coletânea de matérias que sua secretária Tétis havia preparado, comia quase sem nenhum apetite. Finda a rápida refeição correu como um garoto rumo as escadas que o levariam para o andar inferior de sua secular mansão.

Encontrou o chefe de sua segurança pessoal de braços cruzados bem em frente a escada. – Sorento, não vamos começar. – Foi seco ao responder enquanto passava as mãos impacientemente pelos longos cabelos.

- Senhor Julian... O Senhor corre o risco de ser seqüestrado se sair sem sua escolta pessoal! – Foi enfático tentando trazer algum juízo para a cabeça do jovem bilionário.

- Vamos fazer o seguinte: você coloca uma roupa comum e vamos nós dois ao bairro dos artesãos, saímos em um carro simples... Usamos óculos escuros e bonés. Ninguém irá nos reconhecer. Preciso sair dessa redoma, Sorento. – Olhou-o angustiado.

- Sendo assim... Aguarde-me um momento que já lhe acompanharei. Podemos usar o Land Rover! Não é blindado, mas não chamará muita atenção... – Disse o chefe da segurança enquanto passava ordens pelo microfone para que os seguranças não se distraíssem e Julian desaparecesse. Se isso acontecesse, Sorento teria uma sincope, pois nos últimos 6 meses, Julian sofrera duas tentativas de seqüestro felizmente frustradas por que Sorento não desgrudava nenhum segundo do herdeiro da bilionária família Solo.

Julian sorriu amigavelmente para Sorento e o cumprimentou com um toque de mão – Feito, então! Vamos, estou louco para me misturar ao povo! – Sorento não pode deixar de conter um riso e saiu disparado para vestir algo que não chamasse a atenção e que mesmo assim permitisse carregar suas armas.

Julian já o esperava com o motor da requintada caminhonete ligado. Tão logo Sorento saltou para o interior do veículo, Julian saiu em disparada não antes de colocar o som do veículo em um volume ensurdecedor.

Sorento começou a rir diante da situação. Fazia muito tempo que não via Julian tão animado. Sentia um certo alívio por Julian não se lembrar do breve período em que Poseidon controlou seu corpo e a série de desgraças que se sucederam.

Ele sentiu o ódio tomar conta de seu coração. - Kannon, eu ainda acerto contas com você, pode ter certeza! – Mas diante de uma cantada de pneus que Julian dera em uma estreita curva da estrada que levava até Atenas... – Esses jovens de hoje... – Voltou a sorrir e começou a cantarolar junto com a banda de metal melódico que Julian adorava.

A noite anterior havia sido muito perturbadora para Julian. Aqueles estranhos sonhos com batalhas, deuses, cavaleiros... Tudo parecia tão real... E ele era o protagonista de uma guerra que fora responsável pela morte de milhões de pessoas... – Quando esses sonhos vão acabar? – Se perguntava e fazia uma nota mental para que Tétis não deixasse de marcar uma sessão extra com seu psiquiatra. – Acho que terei que pedir uma dose maior do remédio... Preciso que essas alucinações parem! NÃO AGÜENTO MAIS! – Gritou assustando Sorento.

- Qual o problema, senhor Julian? – Perguntou, abaixando o volume do som.

- São aqueles pesadelos, Sorento... Eles não param. Essa noite, eles foram terríveis. – E contou em detalhes o pesadelo que tivera. – Peça a Tétis que marque uma consulta para mim, o mais rápido possível... Eu acho que estou ficando louco!

- Tenha calma, senhor Julian... Esses pesadelos irão acabar e o senhor poderá dormir em paz.

- Não há nada que eu queira mais nesta vida do que colocar a cabeça em meu travesseiro e dormir, dormir uma noite inteira, Sorento. Parece que é um peso em minha consciência... Como se eu realmente tivesse feito tudo aquilo que sonho todas as noites desde que recuperei minha memória...

Sorento riu. – Senhor Julian... O senhor seria incapaz de fazer mal a qualquer ser vivo, pode ter certeza de que tais sonhos são apenas... Sonhos! E sonhos não querem dizer nada! – Ele sentiu aquela pontada de ódio o corroendo. – Kannon, você me paga! – pensou consigo enquanto trocava o cd por outro ainda mais barulhento que ele sabia ser o preferido de Julian.

Começavam a entrar no perímetro urbano de Atenas. Não tardaram a chegar no aconchegante bairro dos artesãos. Com habilidade, Julian estacionou a Land Rover entre dois carros. Desceram e respiraram fundo o ar com um leve cheiro de comida típica.

- Vamos caminhar, Sorento!

- Senhor Julian, coloque o boné! – Disse preocupado enquanto verificava se não estavam sendo vigiados. Jogou um boné na direção de Julian que prontamente o colocou e saiu caminhando sem esperar que o amigo e segurança o acompanhasse.

Caminharam toda a manhã entrando e saindo de ateliês de pintura e escultura. Julian queria ver tudo, tocar tudo e comprar tudo o que via pela frente! Sorento se limitava a segui-lo e observar quem quer que dirigisse o olhar na direção de Julian. Não era uma tarefa fácil, dado que Julian era um homem extremamente atraente, mesmo se escondendo por baixo de um boné e pesados óculos de sol.

Pararam para almoçar em um restaurante simples, cuja comida, segundo Julian era a sétima maravilha do mundo. Pediram os pratos mais típicos possíveis – Somente aqui se como algo tão delicioso, Sorento! Prove, você vai gostar! – Incentivava Julian ao ver Sorento encabulado com a quantidade de comida a sua frente.

- O Senhor pode passar mal se comer tudo isso! – Brincou Sorento já dando uma bela garfada em seu prato.

- Sorento... – Sussurrou Julian enquanto deixava seu prato cair ao se levantar. Sorento não saberia explicar como tivera reflexo para se levantar e segurar Julian que desmaiara após observar um quadro. Foi a vez de Sorento quase cair de costas. No quadro a armadura de Pegasus era vestida por um homem.

Várias pessoas correram na direção dos dois. Sorento acomodou Julian em um sofá na entrada do pequeno restaurante, correu em pagar a conta e carregar Julian em direção ao carro. Tinha que leva-lo a um hospital, urgentemente. Sacou o moderno celular e ligou para Tétis. Um toque, dois toques, três toques... Silenciosamente ele amaldiçoou a sereia por demorar em atender o celular. Quatro toques... – Alô? – Respondeu uma sensual voz.

- Tétis! – O alivio percorreu o seu corpo. – Estou levando Mestre Julian para o hospital providencie que o neurologista e também o psiquiatra estejam lá em 20 minutos! É URGENTE! – enfatizou.

- Sim, Sorento! Providencio isso, imediatamente! Mais alguma coisa? Como está Mestre Julian?

- Ele está desmaiado, Tétis! – E ele lhe contou o motivo do desmaio. Pediu a sereia que fosse até o restaurante descobrir quem pintara aquele quadro e o comprasse, não importava o valor pedido.

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Marin desceu as escadas silenciosamente, não poderia usar o atalho que Milo lhe ensinara ao troco de conseguir atrair ainda mais a atenção para si. Quando estava terminando a passagem por Leão deu de frente com Aioria.

- Aioria! Você quase me mata do coração! – E colocou as mãos sobre o coração disparado pelo susto e também pela presença dele. O Leão lhe parecia ainda mais bonito usando apenas suas roupas de treino. Ele tinha a expressão carregada, indecifrável.

- Eu queria te pedir desculpas por minhas grosserias, Marin. Eu estava muito tenso com a expectativa da audiência de hoje cedo... E depois dela, eu realmente não pude acreditar que Atena aceitou aquele psicopata como cavaleiro. – Olhou para o chão e depois para ela. – Como você é minha melhor amiga, acabei descontando em você...

- Aioria, não se preocupe. Te conheço bem o suficiente para saber que você não estava em seu estado normal hoje de manhã. Somos amigos, não somos? – Queria mais do que amizade, seu tolo! – Pensou.

- Posso te fazer uma pergunta, Marin?

- Claro! Quantas quiser!

- O que você foi fazer na Casa do Milo hoje cedo?

Então Milo estava certo! Aioria tinha visto! – Milo é meu amigo tanto quanto você. Não consegui dormir e fui conversar com ele. Ao contrário de você que nunca me convidou para entrar na Ala Residencial de sua casa, Milo não tem dessas frescuras e posso procura-lo para conversar sempre que preciso.

- Ahhh entendi... Você está chateada por que nunca te chamei para entrar na parte residencial desta Casa. – E abriu os braços num gesto de não compreensão.

- Não, de jeito nenhum! Eu respeito a sua privacidade e gostaria que você também respeitasse a minha, Aioria.

Ele precisava falar, estava entalado em sua garganta, já se arrependia do que ia falar, mas precisava! - Marin, você sabe da fama de garanhão do Milo... O que você queria que eu pensasse de você entrando em Escorpião na surdina pelo atalho que só ele usa?

A resposta foi um sonoro e imenso tapa na face do Leão. – Se eu tive algo com Milo e tive sim, não é de sua conta, Aioria. E como está curioso em saber: nós terminamos, mas somos civilizados o suficiente para termos uma amizade. Cresça, homem! Em que século você está vivendo?

Aioria mais uma vez se arrependeu em abrir a boca. Marin estava coberta de razão, e ele mais uma vez completamente errado. Se ele estava errado... Então... Poderia errar mais?

Certificou-se de que não havia ninguém próximo e agarrou Marin pela cintura. Ela reagiu, batendo-lhe com força no peito. Como ela era bem leve não teve dificuldade de colocar seu delicado corpo contra a parede. Pressionou-a até que ela parou de reagir.

As sensações que o corpo daquela mulher despertaram em si foram um tanto quanto luxuriosas! Seu coração pulsava rápido, o sangue corria acelerado em suas veias tomando-o em um desejo selvagem. Sentiu seu membro enrijecido querendo rasgar sua calça. Pressionou-o contra o corpo de Marin que soltou um leve gemido que ele não soube dizer se era de dor ou prazer – Será que é a falta de sexo? Estou apertando-a demais? – Pensou. Depois de hoje, ela nunca mais vai falar comigo, então...

- É assim que você brinca com o Milo? – Falou sem conter o ciúme na voz.

- Aioria é melhor me soltar, se não eu te mato! – Sussurrou, sem acreditar no que estava acontecendo. Aioria estava indo longe demais! O que havia acontecido com o homem atencioso e gentil que ela amava?

Aioria ignorou completamente as palavras de Marin. Acomodou seu corpo ao dela, iniciando movimentos intensos como se fosse penetra-la através de suas roupas. Pousou a língua em sua orelha e explorou-a com paixão incontida. – Marin... Ma.. rin... Sussurrava enquanto beijava sofregamente a pele alva da amazona.

Tomou-a no colo com um dos braços e com o outro prendeu seus pulsos. A respiração de Marin era forte e ele não mais respondia racionalmente pelos seus atos. Precisava puni-la por lhe despertar sentimentos que até então... Ele desconhecia. – Há quanto tempo não faço isso? Tentava se enganar. – É tudo culpa dessa máscara! – Falou para Marin.

- Vou te matar se você tirar minha máscara... Eu juro, Aioria! – Sem perceber, ela notou que estavam passando por corredores que ela não conhecia na casa de Leão. Aioria chutou uma pesada porta de madeira e entraram num quarto, com a perna ele fechou a porta e mergulharam em uma breu total.

- Vale a pena morrer por isso! – Provocou. Colocou-a sobre a cama, sem descuidar de seus pulsos presos apenas com uma de suas mãos. Embora ela reagisse, Aioria estava conseguindo com a outra mão tirar sua armadura e despi-la.

Ela estava tão concentrada em reagir à mão que a despia que não percebeu que com suas próprias roupas ele havia atado suas mãos sobre a cabeça junto a cabeceira da cama, que tudo indicava ser de madeira.

Ele se afastou e ligou um abajour. Foi então que Marin se deu conta de que estavam no quarto mais luxuoso que ela já entrara na vida. Entrara não... Fora arrastada!

A cama erguia-se imensa e imponente bem no centro do quarto, coberta de sedas douradas e adamascadas. Tudo brilhava e iluminava o quarto, onde duas colunas barrocas se colocavam sobre a cabeceira da cama. Os móveis eram pesados, seculares compondo um ambiente com ares de realeza, haviam quadros, verdadeiras obras de arte dominadas pelo brilho fixo e inalterável do ouro que ignorava as trevas e proclamava bem alto o verdadeiro ego do Leão.

Enquanto ela media o ambiente, Aioria não conseguia tirar os olhos do corpo de Marin. – Céus! Só preciso tirar a máscara dela...

Marin localizou Aioria. Ele a olhava como se quisesse devora-la. – Não era isso que você queria tanto, Marin? – Se perguntava – Sim, eu queria, mas não desse jeito! O que deu nesse homem? – Um leve ruído de roupas sendo arremessadas no chão a fez olhar novamente para ele. Ele estava se despindo! Peça por peça, as roupas dele foram ao chão. Marin ficou hipnotizada pelo que via. Quando ele se virou em sua direção, segurou a respiração ao olhar na direção do seu pênis. Era... perfeito.

- Aioria, pare agora, antes que você se arrependa! – Falou Marin, quase suplicando.

- Já estou arrependido Marin, e vou até o final. – Ele se colocou de joelhos sobre o corpo de Marin. – Vou desligar a luz e retirar sua máscara. Assim não verei seu rosto, poderei apenas imaginar como fiz minha vida toda. – Dessa vez sua voz foi rouca, sensual e... Sincera? Como?

- Solte-me, Aioria... Por favor... – Dessa vez ela estava suplicando.

- Pensei que você gostasse de jogos, Marin. Por isso estou fazendo tudo isso.

- Você não me conhece, Aioria. Solte-me, por favor.

Aioria percebeu finalmente a agonia na voz de Marin. Foi então que um lampejo de lucidez tomou conta de sua mente – Ela vai te odiar o resto da vida por isso, Aioria. – Ele saltou da cama, colocou as mãos na cabeça num gesto de desespero e começou a vestir suas roupas. Sem ter coragem de olhar no rosto de Marin, desamarrou-a.

Ela vestiu-se rapidamente. E tentava conter o choro que tomava conta de si. – Eu pensei que te conhecia, Aioria. De agora em diante, me limitarei a cumprir a ordem que Atena nos deu, fora isso, não temos mais nada para compartilhar. Envergonhado, ele não teve coragem de encara-la.

Marin correu para fora daquele quarto, só parou quando chegou em sua cabana. Pegou uma pequena mochila e jogou o que encontrou pela frente em seu interior. Nova corrida iniciada, dessa vez para deixar o santuário. Tão logo entrou em uma área de vegetação maior, escondeu sua armadura, trocou suas roupas e tirou a máscara disposta a esquecer definitivamente Aioria.

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Tétis desligou o celular, respirou fundo e começou a discar o telefone do neurologista de seu Mestre. Explicou-lhe a situação e diante de uma gorda promessa de pagamento conseguiu que ele fosse até o hospital no prazo que Sorento pedira. Fez o mesmo com o psiquiatra de Julian e somente então entrou em pânico.

As recaídas de Mestre Julian estavam cada vez mais freqüentes. A separação da alma de Poseidon com a Alma de Julian deixara seqüelas inimagináveis no único herdeiro vivo da família Solo. Essa era a família na qual seu Deus, Poseidon, encarnava ocasionalmente para guerrear contra a cruel Deusa Atena. Tétis odiava Atena do fundo de sua alma. Além de causar tanto sofrimento a seu Mestre ela ainda tivera a coragem de esnoba-lo! Tétis nunca a perdoaria, nunca. Seu Mestre sofrera muito com as dores que Atena lhe causara.

E agora o maior medo que ela e Sorento partilhavam era de que Julian não resistisse aos constantes desmaios e falecesse sem... Deixar herdeiros! Se isso acontecesse, Poseidon jamais poderia reencarnar.

Tétis e Sorento tinham devoção cega pelo jovem Julian. Os dois marinas entendiam perfeitamente o por quê de Julian ter sido escolhido por Poseidon: era forte, decidido, reconhecidamente um líder! Possuía qualidades nobres demais para um rapaz tão... Jovem!

A sereia procurou se concentrar no volante do carro, dera uma bela fechada em outro carro e quase provocara um acidente! Estava quase chegando ao restaurante que Sorento indicara.

Parou o carro e desceu sem olhar para os lados e perceber que todos, absolutamente todos os homens a mediam de cima a baixo. Não era todo dia que eles viam uma sereia caminhando entre eles, não é mesmo?

Conseguiu comprar o quadro e descobrir quem o pintara sem maiores dificuldades. O dono do restaurante insistira em levar o quadro até seu carro. Ela agradeceu com um gesto de cabeça enquanto colocava o cinto de segurança e disparou na direção do hospital.

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Aioria sentiu sua vida indo embora junto com Marin. Ele definitivamente não soubera lidar com o ciúme que sentia pela Amazona. Só então ele se deu conta do por quê de sentir aquilo: ele a amava. Como era perito em estragar tudo, humilhara e usara a mulher que sempre estivera a seu lado e por ser egoísta nunca dera a devida atenção.

Arrastando os pés, dirigiu-se para a adega. – Se Garan estivesse aqui, me mataria por isso! Lembrou-se do amigo que nunca o deixava chegar perto daquela adega. – Sem muito critério, pegou uma garrafa de vinho e a abriu. Em praticamente três goles bebeu a garrafa. Pegou outra e fez o mesmo. E repetiu o ritual de auto destruição até sentir todos os pensamentos entorpecidos.

Finalmente depois de praticamente virar algumas garrafas de vinho, caiu no chão da adega, não soube dizer por quanto tempo ficou lá, tudo estava escuro e sua cabeça doía horrores! Ele sentiu, alguém lhe dar alguns tapas no rosto tentando acorda-lo. Ouviu uma voz que não soube identificar de quem era falando com ele.

Água gelada foi jogada em seu corpo, nem assim conseguia mostrar que estava vivo. Sentiu que essa pessoa o levantou e levou-o até o chuveiro. E a água gelada caiu em seu corpo por muito, muito tempo.

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Sorento não se lembrava de já ter dirigido tão rápido pelas ruas de Atenas. Ligou ao hospital avisando que estava chegando com o senhor Solo e era uma emergência. Os minutos corriam lentamente e parecia que eles nunca chegariam no hospital por mais que corressem!

Finalmente ele avistou a emergência do hospital, começou a buzinar feito um louco em área proibida para que carros dessem passagem e finalmente conseguissem entrar no pronto socorro. Um trajeto de 30 segundos pareceu a Sorento uma viagem intercontinental. Finalmente conseguiu chegar ao P.S. e Julian Solo foi prontamente atendido.

Recomeçaram a rotina de exames e mais uma vez ele fez outra ressonância magnética e foi colocado na UTI para ser observado. Seus desmaios eram um verdadeiro desafio para os neurologistas, que, estavam bastante preocupados debatendo o estado de seu ilustre paciente.

Sorento acompanhava a junta médica enquanto Tétis montava guarda junto ao Mestre na UTI espantando curiosos e o pior... Jornalistas. Se a notícia da doença de Julian chegasse aos jornais, saem dúvida haveria um abalo sísmico no valor das ações das Empresas Solo e isso seria um desequilíbrio em escala mundial.

Somente após doze horas é que Sorento e Tétis conseguiram conversar. E ela lhe contou tudo o que conseguira descobrir sobre o quadro – Seu nome é Marin, é uma artista que não mora em Atenas. Aparece de vez em quando para pintar no bairro, disseram que é uma oriental muito bonita e claro que eu consegui o endereço do ateliê dela. – Estendeu o papel com o endereço.

Excelente Tétis. Amanhã vou procura-la. Precisamos saber tudo o que pudermos sobre esse quadro. Você dorme essa noite com o Mestre?

- Claro, Sorento. Vá descansar que teremos mais uma maratona em hospital pelo visto. – Falou com tristeza a bela sereia.

Sorento não pregou os olhos naquela noite. Mal o dia começou e ele já estava na porta do ateliê de Marin. Foi informado por seus vizinhos que ela não aparecia no local há quase um ano. Sorento ficou preocupado com aquilo e pediu a eles que entrassem em contato com ele quando ela voltasse pois queria muito comprar um quadro dela. E para se mostrar simpático comprou quadros de vários artistas para ter certeza de que ligariam. Não satisfeito com isso, colocou um segurança a paisana nos arredores do ateliê para que desse qualquer notícia a respeito da misteriosa pintora.

Aproveitou e ligou para o detetive que contratara para encontrar Kannon. Não, não havia notícia alguma dele. Era como se aquele infeliz tivesse evaporado. Sorento teve uma pequena discussão com o detetive pedindo urgência na localização daquele homem. – Eu deveria te-lo matado naquele dia! Se eu soubesse que Mestre Julian ficaria assim... Deveria te-lo matado! Vou mata-lo, vou sim. Desgraçado! – E socou o volante do carro enquanto se dirigia novamente ao hospital.

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Sorento abriu a porta do quarto. Tétis estava sentada ao lado da cama de Julian lendo as manchetes do dia em voz alta. Julian com olhar distante parecia estar a mil quilômetros dali e nem se deu conta de sua presença. Ele fechou a porta e finalmente foi notado. Tentou sorrir para descontrair o ambiente, mas tanto Julian quanto Tétis aparentavam cansaço.

- Sorento, eu quero aquele quadro. Quero o nome de quem o pintou e saber tudo sobre quem o fez. – Falou em voz baixa porém firme.

- Já providenciei isso, senhor Julian. – E ele relatou tudo o que fizera junto a Tétis para conseguir as informações que ele queria.

- Tétis, por favor, trago o quadro para meu quarto. – A sereia dirigiu um olhar alarmado para Sorento.

- Senhor Julian, seu estado de saúde é delicado. Não deve se preocupar com bobagens.

- Não considero uma bobagem as imagens que vi ao olhar aquele quadro. Algo nele provocou-me sensações ruins. Existe alguma coisa errada e eu vou descobrir. – A convicção de Julian fora tanta que Tétis e Sorento apesar de contrariados concordaram com a cabeça e silenciosamente admiraram a determinação de seu Mestre.

Tétis trouxe o quadro. E o colocou sobre um móvel bem em frente a cama de Julian. Ele olhava fixamente para o quadro em busca de respostas. Respostas que não vinham.

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Agora sim! Nossa história está começando a se encontrar. Já aviso a minhas queridas leitoras que teremos MUITAS reviravoltas e que provavelmente vocês irão me odiar pelo tanto que pretendo fazer os corações dos personagens sofrerem. Bom, mas é um ódio legal! ----risos----

Faça uma Nuriko feliz e comente o que achou deste capítulo, ok?

CURIOSIDADE: A inspiração pra cena caliente desse capítulo veio da filmografia de um diretor italiano chamado Tinto Brass. Sou fanática por cinema europeu, então... Vou tentar sempre colocar referências de filmes não muito conhecidos aqui.

Tinto Brass é conhecido pelo conteúdo erótico de seus filmes, é talvez o único cineasta da atualidade que faz cinema erótico - e com praticamente um pé na pornografia - que trafega com respeitabilidade dentro do circuito dos filmes de arte. É um feito e tanto, já que é costume acreditar que os filmes eróticos são inferiores aos outros, vide a definição de erotismo lá em cima.

Tentar fazer filmes com tramas mais complexas e contendo cenas tórridas de sexo parece uma mistura um pouco indigesta. O espectador corre o risco de se desinteressar pelas partes do filme não relacionadas diretamente ao sexo. E acreditem o conteúdo e as reflexões que os filmes desse cineasta trás são impressionantes. Eu recomendo aos não preconceituosos.

Ah, não é filme pornô, gente! É filme erótico, é diferente, ok?