Imponderável – segundo o dicionário Aurélio: que não se pode pesar, que não se pode avaliar. Esse é um capítulo cheio de coisas imponderáveis.

Alguém vai morrer nessa fic, só não sei dizer quem, por enquanto. Tirem suas próprias conclusões!

Me perdoem os erros gramaticais. Deve estar cheio de erros de português esse capítulo. Escrevi muito rápido! Vocês me reanimaram!

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CAPÍTULO 8 – O imponderável

Trinta dias se passaram e nenhuma notícia de Marin. Sorento e Tétis perceberam que Julian estava paralelo ao seu problema de saúde, bastante amuado pela falta de notícias da japonesa. Mais uma vez colocaram um segurança no bairro dos artesãos para dar notícia, qualquer que fosse, sobre a jovem, razão do desassossego de seu Mestre.

Durante esse meio tempo, ele fora internado quatro vezes e como das vezes anteriores... Nenhum neurologista conseguiu chegar a conclusão alguma sobre o estado de Julian. Já cansado de passar mais tempo em hospitais do que em casa, pediu a Tétis que providenciasse os equipamentos necessários para montar uma unidade de tratamento intensivo (UTI) em sua própria casa e também uma enfermeira e médico, e se necessário fosse, o helicóptero deveria estar pronto para partir rumo ao hospital a qualquer momento. Seu neurologista receberia uma bonificação para atende-lo prontamente em qualquer emergência.

Sentindo que sua vida se esvaía, Julian pensava em tudo aquilo que não viveria. De nada adiantava ser considerado um dos homens mais ricos do mundo, ele iria morrer em breve. E a única coisa que ele não poderia comprar era uma vida... Uma vida e... Amor. E quando pensava nesse sentimento, vinha-lhe a mente o sorriso de Marin, talvez ele morresse e nem ao menos teria uma chance de dizer a ela que entre todas as mulheres do mundo, ela havia cativado seu coração, coração que em breve pararia de bater.

Os médicos diziam o contrário, mas ele sentia seu fim se aproximar. Revisou seu testamento e antes de seu último dia de vida, queria ver sua existência não passar em branco. Providenciou que cinco bilhões de euros fossem doados para a reconstrução de vilas e escolas em países asiáticos extremamente castigados pelas recentes chuvas que causaram a morte de milhões de pessoas. Tétis seria a pessoa responsável pela administração do fundo, após sua morte. Enquanto vivesse ele queria participar de alguma forma da vida daquelas pessoas, não sabia explicar por quê, mas sentia-se culpado por aquilo.

Felizmente a construção da UTI em sua casa, conseguiu tapear a imprensa, seu recolhimento foi chamado de "comportamento exótico" e sua assessoria de impressa dizia que Julian Solo usava os meios mais modernos para despachar e trabalhar em sua mansão.

Quando o release da notícia da doação dos cinco bilhões foi a público, houve um reboliço em escala mundial. Julian precisou aparecer em público e dar entrevistas. Ele iniciou com sua doação uma seqüência de doações milionárias por parte de outros ricaços e celebridades destinados aos países mais atingidos pelas chuvas. E desde que Marin se foi ele sentiu em seu coração que mesmo sem amar poderia morrer em paz, por ter feito a diferença, mesmo que pouca.

Seu rosto estava estampado em revistas e jornais por todo o planeta: os cabelos longos, o ar nobre e gentil escondia um sorriso cansado e os olhos eram tristes, absurdamente tristes. E claro que, isso não passou batido pela imprensa. Começaram a especular o por quê da expressão do bilionário. Sua acessoria de impressa dizia que Julian trabalhava demais ultimamente no projeto da Fundação Solo para os desabrigados, mas começaram a surgir os primeiros boatos a respeito de sua incurável doença.

Sorento e Tétis estavam desolados. Tudo indicava que Julian iria partir em breve. Não havia nada que a medicina pudesse fazer por seu Mestre. Nada, absolutamente nada. E isso era desesperador. Eles precisavam de um milagre, um milagre que ao menos prolongasse a vida de Julian o suficiente para que sua linhagem não acabasse.

A melodia de Sorento era cada dia mais triste. Tétis mal conseguia esconder os olhos vermelhos de tanto chorar. Tentavam ao máximo agir normalmente perto de Julian, mas ele sabia que os dois sofriam tanto quanto ele, ou poderia até a arriscar-se a dizer que sofriam mais.

Aqueles dois eram as únicas pessoas que verdadeiramente se importavam com seu bem estar e ele nunca os esqueceria. Ao menos financeiramente queria compensá-los por toda a dedicação e carinho que tinham por ele, por isso colocou-os em seu testamento.

- Marin, Marin... Onde você está? – Se perguntava deitado em sua cama enquanto observava o sol nascer. Não tinha mais forças para se levantar, mas ainda tinha para chorar. E era um choro sofrido, triste em morrer no auge de sua vida. Morrer sem consumar o amor que sentia em seu coração, amar verdadeiramente? Somente em sua próxima vida.

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Foram trinta dias de treinamento intenso no santuário. Iniciando em plena madrugada e seguindo até altas horas da noite, praticamente sem pausa. Aioria estava sendo severo demais na rotina de Seiya e Ikki e como conseqüência Marin não tivera tempo sequer em dar notícias para Julian.

E ele continuaria nessa rotina intensa, se não fosse a intervenção de Shaka, Mu e Milo. Fisicamente Seiya e Ikki estavam muito bem e chegara finalmente o momento deles iniciarem outra fase do treinamento e essa era mais mental do que física, por isso, não adiantava forçar a barra com os cavaleiros de bronze. Todos, sem exceção, haviam notado que Aioria estava um tanto quanto diferente, mais frio e aparentemente insensível.

Kannon evitou encontrar com Milo o máximo que pode. Ao se esbarrarem uma ou outra vez no Santuário trocavam poucas palavras, educadamente. Mas em seus olhos repousava a pergunta que um desejava fazer ao outro, mas... Não tinham coragem. Milo, por seu orgulho e Kannon por medo de se envolver (ainda mais). Havia muita tensão no ar e qualquer fagulha faria o combustível entre os dois explodir.

Por outro lado, Milo finalmente parara de implicar com Hyoga e o treino do Cisne ia de vento em polpa. Pelas conversas que ele tivera com os outros instrutores de ouro pelo visto Hyoga seria o primeiro a dominar o Sétimo Sentido, tamanha era sua dedicação.

Shaka limitou-se apenas a observar o quanto Aioria estava sofrendo por Marin e de certa forma o Leão se punia praticamente todos os dias, cometendo aquele exagero em treinar Ikki e Seiya até que a exaustão tomasse conta de seu corpo e ele pudesse dormir profundamente, sem que Marin estivesse em seus sonhos, pelo menos era isso que Aioria alegou quando Shaka tocou no assunto.

Shun, seu aprendiz, estava se mostrando um exímio cavaleiro, o maior trabalho de Shaka era afastar a dúvida da mente de Shun para que ele, definitivamente, despertasse seu potencial por completo. E pelo visto isso iria demorar e muito. Shun precisava entender que o combate quando se é cavaleiro era inevitável.

Já na Casa de Áries, ao menos Mu e Shiryu estavam felizes, e muito. Só não estavam mais felizes por vergonha de sua condição: viverem um relacionamento às escondidas. Estava cada dia mais perigoso e temiam serem descobertos, principalmente por que os cavaleiros de Bronze no pouco tempo livre em que não estavam treinando corriam para a Casa de Áries, talvez por considerar Mu o mais receptivo dos Cavaleiros de Ouro, obviamente Ikki era uma exceção à regra e no seu tempo livre, andava sozinho pelo Santuário e arredores, preferia estar a sós com seus pensamentos.

Saori acompanhava a movimentação de seus cavaleiros de longe. Estava realmente satisfeita em fazer as coisas funcionarem no Santuário. Agora... Ela tinha também uma "vida" para se preocupar. Deixara praticamente de lado a Fundação Graad.

Precisava conciliar sua obrigação como reencarnação de Atena e também sua vida como Saori Kido. Isso a fazia pensar em como o milenar código de ética de Cavaleiros e Amazonas era rígido e duro com aqueles homens e mulheres que viviam dia e noite treinando ou em missões (muitas vezes, suicidas) em nome de um ideal maior. Ideal que onde ela era a representante máxima como Deusa da Justiça.

No entanto, apesar de saber que sacrifícios era necessários para que um bem maior fosse alcançado, Saori sentia-se extremamente infeliz. Nunca mais Seiya havia tratado-a simplesmente como Saori e sim, como Atena. Era uma dor terrível, saber que ele sempre estaria ali e que nunca, devido a sua condição de portadora da alma de Atena e ele, de seu fiel cavaleiro poderiam ficar juntos.

Não era Atena a deusa da guerra justa e sensata? E Atena não era conhecida por sua virgindade? Ela havia incorporado os aspectos mais intelectuais necessários a uma guerra – estratégia, disciplina e defesa. Em lugar de ter nascido, ela explodiu da cabeça dolorida de seu pai Zeus, já adulta e vestida para a batalha, após ele engolir sua mãe Métis grávida. Em qualquer livro didático as crianças liam isso sobre ela. Sobre Atena... Mas... E Saori?

A pior coisa que poderia ter acontecido a Saori foi ter desenvolvido uma personalidade própria tão diferente do que era esperado do receptáculo de Atena. E agora ela corria atrás do tempo perdido, afastada quatorze anos do Santuário de onde nunca deveria ter saído.

O mais terrível era saber que Seiya nunca voltaria os olhos para ela, em respeito. E, Saori por exigência de Atena, jamais amaria um homem, fisicamente. Seu amor deveria ser voltado ao mundo, a todas as pessoas e não apenas a um individuo. E aquilo doía muito no jovem coração de Saori. Nascera para ser a encarnação de Atena na terra e não Saori Kido. Mas... Ela ainda era Saori e não deixaria de amar, mesmo que a distância o cavaleiro de Pegasus.

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Marin finalmente conseguiu deixar o Santuário. Teria apenas trinta e seis horas livres, mas era o necessário para pintar um pouco e relaxar sua mente, bastante cansada. Gostaria também de ver Julian, mas a julgar pelo tempo transcorrido, certamente ele já havia esquecido de sua existência. Era tão bonito, tão amável... Certamente não lhe faltavam mulheres.

Chegou a seu refúgio, por volta das sete da manhã e as ruas ainda estavam desertas. Não pegara transito ao cruzar Atenas, praticamente um milagre, a julgar pelos constantes engarrafamentos na cidade. Tão logo entrou em seu amado cantinho, descobriu o cavalete de pintura e preparou as tintas, estava louca para pintar!

Pouco mais de uma hora se passou e alguém bateu em sua porta. Quem seria? Não havia praticamente ninguém na rua quando chegou...

Um homem alto, com a barba por fazer, com olhos em um tom bastante exótico e cabelos levemente compridos estava parado bem na sua porta.

- Em que posso ajuda-lo? – Perguntou curiosa, reparando no corte perfeito do terno que ele vestia, pelo jeito vestira-se às pressas, pois estava levemente desalinhado.

- É a senhorita Marin? – Perguntou, parecendo já saber a resposta.

- Sim, eu mesma. – Respondeu, meio desconfiada.

- Me chamo Sorento e trabalho com o senhor Julian, gostaria de conversar com a senhorita sobre ele... – O homem parecia ter pressa e ela fez um gesto para que ele entrasse. Ela apontou o pequeno sofá para ele. Mas ele não se sentou. – Senhorita, o senhor Julian gostaria de vê-la, mas está com a saúde debilitada, talvez não viva mais do que duas ou três semanas, poderia me acompanhar para realizar esse desejo dele?

- Co-como assim? – Ela gaguejou. – Ele está morrendo? É tão jovem... E me pareceu tão bem quando nos vimos...

- Senhorita, eu lhe peço, me acompanhe e explico tudo no caminho, dou minha palavra. O senhor Julian está ansioso para vê-la... Há um mês ele espera revê-la... – A voz dele era quase um lamento.

- Tudo bem, espere um momento, só vou me trocar! – E apontou pro avental sujo de tinta. Vestiu um jeans, camiseta e tênis, jogou uma blusa nas costas e ao sair do toalete, Sorento já a esperava na porta. Seguiram para o carro parado bem em frente a seu prédio. Ele abriu a porta para ele e entrou em seguida no carro, dando partida e saindo rapidamente dali. Até pegarem a auto estrada que levava para fora de Atenas, ele limitou-se a dirigir, ao entrarem na estrada finalmente ela não conteve sua apreensão.

- O senhor poderia me dizer o que aconteceu com o Julian? – Estranho, mas ela falara o nome dele com naturalidade e realmente sentia-se preocupada.

- Senhorita... O que vou lhe dizer é extremamente confidencial. Ao chegamos na mansão do senhor Julian a senhorita irá assinar um documento onde irá declarar sigilo absoluto sobre tudo o que ouvir e ver nessa visita.

Marin chocada olhou para Sorento. – Isso é mesmo necessário? Nunca faria mal a Julian, ele é uma pessoa tão... Especial.

- Senhorita, em se tratando de Julian Solo, todas as precauções são necessárias... – Quando olhou de relance para Marin, notou que a cor fugira de seu rosto. – O que foi, senhorita Marin? Está se sentindo mal?

- Você disse Julian Solo? Julian Solo, o presidente das empresas Solo? – Ela não conseguia acreditar no que acabara de ouvir, Julian Solo era... A reencarnação de Poseidon! Todos pensavam que tivesse morrido quando o templo de Poseidon foi destruído...

- Desculpe, senhorita, mas... A senhorita não lê os jornais? O senhor Julian está na capa de praticamente todos os jornais e revistas do mundo inteiro, por liderar a recuperação dos países atingidos pelas chuvas recentes. – Falou com pesar.

- Bem, eu leio... Mas nesse último mês... Não tive tempo para nada... Estou completamente alheia a tudo o quê aconteceu no mundo ultimamente. – Marin não conseguia acreditar que aquela pessoa tão gentil, tão atenciosa pudesse ser a reencarnação de Poseidon... Mas Atena trancou a alma do Deus dos Mares novamente, então... Aquele era apenas... Julian... E estava morrendo!

- Voltando ao ponto, senhorita... O senhor Julian sofre de uma doença sem cura no cérebro. Os médicos não sabem dizer o que é, e nem como podemos curar as dores de cabeça que cada vez mais fazem o senhor Julian perder a consciência tamanha a dor que sente. Eles tinham estimado um ano de vida para ele, mas... Parece que a doença está degenerando cada vez mais seu cérebro e agora ele perdeu a capacidade de se movimentar, apesar disso... Ainda está consciente e consegue articular bem as palavras. Passa a maior parte do tempo sedado, por causa da dor, mas estará lúcido quando chegarmos a Mansão Solo.

- Quanto sofrimento para uma pessoa tão jovem e com tanta vida pela frente... – Falou com lágrimas nos olhos. Para um cavaleiro ou amazona do seu nível era fácil entender o que havia acontecido: o fato de Poseidon não ter sido despertado por conta própria e por ter deixado tão abruptamente o corpo de Julian havia causado aquela "doença" que nada mais era do que a conseqüência de uma batalha que nunca deveria ter existido e o vazio que Poseidon deixara no corpo físico de Julian. Mas como, ela explicaria isso a Sorento?

Não, ela não explicaria, não tinha como explicar a um funcionário de Julian Solo que ela era Amazona de Atena e sabia o por quê daquilo acontecer com Julian. Como não tinha percebido antes? Julian, rico, seguranças... Por quê não se tocou de que era Julian Solo? Talvez por estar tão imersa em sua própria dor que não ligara um fato ao outro! Estava ficando enferrujada.

Finalmente, chegaram na secular mansão ocupada pela Família Solo. Era um construção grandiosa nas margens escarpadas do Mediterrâneo, a vista era impressionante, mas naquele momento, Marin estava mais preocupada em ver Julian do que registrar os detalhes daquele lugar.

Sorento a conduziu ao segundo andar, caminharam por um longo corredor forrado de mármore e nas paredes descansavam quadros valiosíssimos que Marin ignorava completamente. Ele parou diante de uma porta, bateu nela e uma voz feminina respondeu:

- Entre! – Sorento entrou no ambiente, e logo depois saiu acompanhado da loira mais bonita que Marin já vira em sua vida. A loira limitou-se a sorrir educadamente para ela e Sorento dirigiu-se a Marin:

- Pode entrar, senhorita. O senhor Julian quer conversar a sós com você. Aguardaremos aqui. – E ele abriu a porta para ela.

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- Sorento, você não reparou na marca ao redor do rosto dela?

- Que marca, Tétis?

- A marca que fica quando se usa uma máscara de amazona, aquela máscara que as guerreiras de Atena costumam usar.

Sorento arregalou os olhos. – Tétis... Você só pode estar brincando!

- Eu lutei contra uma amazona de Atena, e não esqueci desse detalhe, Sorento. Tenho certeza absoluta de que ela é uma Amazona.

- Vamos nos certificar disso quando ela sair, Tétis. Só essa que nos faltava! Fique de guarda aqui que eu vou pegar minha armadura. – E ele saiu correndo.

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Um cheiro de "hospital" invadiu as narinas de Marin. Ela entrou no grande aposento iluminado, onde uma típica cama de hospital cercada por uma parafernália de equipamentos médicos dominava o ambiente, ruídos dos aparelhos sobrepujavam a fraca respiração de Julian que estava com os olhos bastante abertos, observando-a com um sorriso no rosto, apesar de exausto, ele parecia radiante ao vê-la. E realmente estava, mal havia acreditado quando Tétis disse que Sorento estava chegando com Marin, aquilo lhe dera forçar até para conseguir se sentar na cama!

- Julian! – Ela falou enquanto sentava-se em uma cadeira ao lado da cama dele. – É tão bom vê-lo!

- Pensei que nunca mais fosse ver seu sorriso! – Ele falou, sem rodeios. – Agora posso morrer em paz! Estou feliz que esteja aqui, pensei que não voltaria mais a Atenas.

- Se eu soubesse que você não estava bem... Teria voltado antes e deveria tomar sérias providências por ter-me enganado! – Ela brincou.

- E-eu te enganar? – Ele olhou confuso.

- Por que não me disse que era Julian Solo?

- Ahhh, é isso? Por que as pessoas costumam mudar quando sabem quem eu sou. Você vai mudar comigo por isso? – E seu tom de voz foi profundamente arrependido, triste.

- Lamento te informar, mas uma pessoa que me fez rir tanto quanto você fez, não merece ser tratado como um rótulo e sim como a pessoa maravilhosa que é.

- Você não tem idéia de como ser tratado apenas como Julian é bom, Marin... Melhor do que isso é ver você aqui, ao meu lado, em meus últimos momentos de vida. Não poderia querer nada mais do que isso! Se eu vivesse mais... Certamente te pedia em casamento. – Seus olhos encheram-se de lágrimas. – Fico imaginando em como teria sido maravilhoso viver com você e... Apesar de não conhece-la tanto quando deveria, isso não me impediu de amá-la. O imponderável aconteceu e eu finalmente entendi que o amor não se explica, nem se escolhe, simplesmente acontece...

- Julian, não fale como se estivesse morto!

- Mas eu estou, Marin. Meu corpo não me obedece mais, minha cabeça dói, dói muito. Tenho pesadelos terríveis... E a única coisa agradável que vêm em minha mente é você, só a sua lembrança me trouxe conforto, por favor, fique comigo até meu último suspiro... Ele não tarda a chegar. Sinto que será hoje... No mais tardar pela noite... Dizem os médicos que ficamos lúcidos quando a morte se aproxima, não? Estou sentindo isso, e ela está chegando, já posso senti-la!

- Desculpe... Julian... Eu não posso... Você não vai morrer. – Ela se levantou. – Eu não vou deixar que você morra, compreende o que digo? – Ela sentiu as lágrimas brotarem em seus olhos, fechou-os com força, impedindo que elas saíssem. – Espere só um momento, Julian... Eu já volto. – E antes que ele falasse qualquer coisa ela deixou o quarto. Ele a acompanhou com o olhar, e não pode deixar de admirar a postura decidida de Marin. O que ela poderia fazer?

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Ao sair do quarto de Julian, ela deu de cara com Tétis que estava com uma expressão clara de poucos amigos.

- Senhorita, quero falar com Sorento.

- Ele também quer falar com a senhorita. Siga-me. – Ela falou com o olhar em flechas para Marin.

Ela apontou uma porta.– O General a aguarda. – E saiu sem olhar para Marin.

Ressabiada, Marin limitou-se a abrir a porta. Entrou num aposento que era usado como biblioteca. E pensando não ser capaz de ter mais surpresas, viu que Sorento usava uma armadura dourada, certamente confeccionada com o metal lendário de Atlântida, o Oricalco (1). Foram as poderosas Scales (2) dos Generais Marinas que num passado mitológico fizeram com que Atena treinasse cavaleiros e amazonas capazes de se igualar a elas em poder, e agora ela não acreditava que estava diante de uma Scale e quem usava era... Sorento!

- Acredito, pela sua expressão que entende minha posição. – Disse Sorento, encarando-a e finalmente percebendo a sutil marca de máscara ao redor do rosto de Marin. Tétis estava certa, era realmente muito observadora.

- Não imagino como descobriram que sou Amazona de Atena, mas isso, nesse momento é irrelevante. Existe um meio de salvar o senhor Julian e eu quero ajuda-lo nisso, General.

- Foi por lutar contra Atena que Mestre Julian ficou assim, quase um vegetal, senhorita. Como posso acreditar em sua palavra?

- Já passou por sua cabeça que Atena, por ficar isolada do mundo dentro do Santuário, não saiba que o senhor Julian sobreviveu e está assim por causa da separação de almas de um Deus e um mortal?

Sorento olhou-a com atenção. Era realmente culta a amazona, certamente deveria ter uma graduação elevada dentro do Santuário. – Antes de continuarmos, diga-me, quem é você, na verdade?

- Marin da Constelação de Águia, Amazona de Prata. General, não há tempo a perder, o senhor precisa seguir meu conselho para salvar Julian!

- Se existe um único meio de salvar Mestre Julian, eu irei até o fim do mundo para consegui-lo. Diga-me então! Espero que não seja tola mentindo para mim, Amazona. – Seu olhar foi ameaçador, mas Marin já esperava por isso, encarou-o.

- O senhor deverá ir até o Santuário para uma Audiência com Atena. – Sorento arregalou os olhos. – Calma... Somente Atena pode curar Julian... Existe um meio de passar pelas doze casas rapidamente e chegar até Atena. Você entrará como mensageiro portando um ramo de oliveira e um lenço branco. Ao avistar um cavaleiro é só erguer os itens com a mão esquerda e você tem salvo conduto como um cavaleiro "inimigo" que pede em nome de seu próprio Deus uma audiência com a Deusa Atena. E o melhor: ela não pode negar a audiência.

- Não tenho medo de combates, senhorita! – Ele foi enfático.

- Não estou considerando sua capacidade de batalha, General Sorento. E sim o pouco tempo que o senhor tem para conseguir trazer Atena até aqui para curar o senhor Julian. Agora... Convencer Atena é tarefa sua, General.

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– Oricalco– enciclopédia Cavaleiros do Zodíaco, página 109.

– Scales - enciclopédia Cavaleiros do Zodíaco, página 109.

Confesso pra vocês que não achei normal pessoas terem ciúme de personagens como se eles fossem reais ou pertencessem a elas, e o modo como falaram comigo... Desanimou-me. Mas...

Creio que a melhor resposta que posso dar a todos é que escrevi em menos de três horas esse capítulo. Felizmente, graças as reviews de pessoas que tem acompanhado essa humilde fic eu cheguei a conclusão de que não era certo me deixar abater pelas críticas não construtivas.

Gosto de críticas, mas construtivas, e essas com certeza eu vou considerar e dar o meu melhor pra escrever mais. Graças a esse carinho e principalmente por me falarem o que acham do enredo, das tramas, das minhas idéias loucas é que me animei e aqui está o renascimento dessa fic.

Vou responder TODAS as reviews e agradeço se vocês continuarem deixando-as.

Tenho muitas idéias para explorar nessa história! Logo, personagens começarão a morrer, não me odeiem por isso, adoro um drama!