Intensity

Por MarauderLover7

Traduzida por Serena Bluemoon

Tradução autorizada pela autora!

Disclaimer: A autora, MarauderLover7, não possui Harry Potter, apenas o plot desta fanfiction. A tradutora, Serena Bluemoon, não possui nem o plot nem Harry Potter, apenas o trabalho de traduzir. Nenhuma das supracitadas ganha qualquer coisa além de satisfação pessoal e comentários.

Sumário: [TRADUÇÃO - CONTINUAÇÃO DE IMPOSE]O silêncio cobria as antigas casas de Grimmauld Place. Os moradores viajavam naquelas férias ou ficavam dentro de casa, fugindo do calor. As únicas pessoas lá fora eram um casal — o homem alto, a mulher com cabelo rosa —, parados no parque em frente ao Número 12, jogando gravetos para dois cachorros negros enormes.

Aviso: Intensity é a quinta parte de uma série que, por enquanto, conta com cinco partes (Innocent, Initiate, Identity, Impose e Intensity). A série ainda está em andamento, então em algum momento vamos acabar alcançando as publicações da autora e, aí, as atualizações não dependerão mais apenas de mim, okay?

Como sempre, nomes dos personagens foram mantidos no original. Um ou outro eu acabei usando o nome traduzido, mas em regra, não o fiz. Qualquer dúvida, só perguntar.

Espero que gostem da fic tanto quanto eu gostei e, como sempre: comentem! É apenas pelos comentários que posso saber se estão gostando e se a qualidade da tradução está satisfatória. :)

Boa leitura!

Capítulo Um

A Spy

(Um Espião)

— Se me perguntar, Crouch está perdendo tempo. Todos esses meses escondido e planejando, para quê? Lidaremos com o menino em agosto e será o fim de tudo!

— Mas ninguém perguntou, Dmitri — falou Lorde Voldemort suavemente. A impaciência apareceu em seu tom. — E já discutimos isso longamente; não espero que vocês — virou-se para Wormtail, que torcia as mãos, encostado em uma parede. Se ele possuísse tal habilidade, Lorde Voldemort imaginou que ele teria se derretido para se esconder. Fosse como fosse, ele certamente resistia à vontade de se transformar e sair correndo — tenham sorte com o menino em agosto...

— Duvida de nós? — quis saber Polkov, os olhos brilhando.

— Eu duvido que o menino tenha permissão de ir — corrigiu Lorde Voldemort.

— É Quadribol — falou Wormtail. — Ele estará lá.

— Então ele será mais um em meio a milhares e bem protegido.

— Damos conta dos protetores dele.

— Então que assim seja, tragam o menino a mim. Mas Wormtail é prova que, mesmo sem protetores, Harry Potter não é totalmente indefeso. — Wormtail usou a manga de suas vestes para esconder o que sobrara de sua mão.

— Wormtail é fraco...

— Wormtail é o único de vocês dois que conseguiu algo no último ano, Dmitri. — Lorde Voldemort acariciou o tecido brilhante da capa de invisibilidade.

As bochechas de Polkov ficaram vermelhas ao ser lembrado de seu fracasso com a tia muggle de Potter, mas ele ergueu o queixo:

— Eu gostaria de lembrá-lo que fui eu quem juntou tudo o que precisará para renascer e fui eu quem o manteve vivo por meses. Se eu tivesse fracassado, não estaríamos tendo essa conversa... — Lorde Voldemort usou sua Legilimência como uma lança, afiada e pesada contra a mente de Polkov. Por um momento, a Oclumência dele resistiu, mas logo quebrou, e Polkov soltou um gemido, afundando-se sobre os joelhos.

— E eu gostaria de lembrá-lo, Polkov — falou Lorde Voldemort friamente —, que foi minha piedade que o manteve vivo nos últimos meses. Como você mesmo disse, já temos tudo do que precisamos, e agora que Wormtail voltou, ele pode assumir suas tarefas diárias. Se você deseja continuar vivo, sugiro que seja útil. — Girou a lança de Legilimência ao recuar. Sangue pingou do nariz de Polkov.

— Você prometeu que eu seria recompensado por minha ajuda — falou Polkov, mas os olhos estavam baixos e seu tom era fraco, humilde. Ele estar ajoelhado também ajudava.

— E será recompensado... se não me incentivar a me livrar de você antes disso.

— Meu Lorde. Eu serei... melhor — falou ele. Lorde Voldemort sentiu que lhe custara dizer tais palavras e se deliciou.

— Veremos — disse.

-x-

— Adivinha quem é um dos acompanhantes dos alunos de Beauxbatons — falou Remus, balançando uma carta para Sirius ao descer as escadas.

— Está brincando — falou Sirius. — Moony... — Aí ele balançou a cabeça. — Como? Nós descobrimos ontem...

— Eu trabalho rápido — falou Remus, dando de ombros. — E assim a Madame Maxime pode me manter como funcionário; eu não posso usar o Flu para ir até a França, mas posso usar o Flu para ir até Hogwarts, eu conheço os alunos, ela sabe que eu sei ensinar, um professor a mais pode continuar em Beauxbatons e eu sou fluente em inglês.

— E ela te contratou de novo, simples assim?

Foi essa mulher que me contratou com um dia só de aviso quando eu aceitei o trabalho pela primeira vez — falou Remus, divertido. — E, como eu acabei de te mostrar, eu sou o candidato perfeito.

— E... o bebê? O motivo de você e Dora terem voltado foi para terem seu filho...

— O bebê só vai nascer daqui uns meses — falou Remus. — E mesmo assim, é com nosso filho... — Usou a cabeça para indicar as escadas. — ... que estou preocupado. — Ele sorria, mas era um sorriso um tanto desgostoso. — Já contou pra ele?

— Ainda não — falou.

— Sirius — disse Remus, franzindo o cenho.

— Não estou escondendo dele — falou. Era uma lição que tinha aprendido do jeito mais difícil. Remus crispou os lábios. — Ele estava n'A Toca — falou —, e Monstro o mandou tomar banho assim que ele voltou. Eu honestamente não o vi. Eu ia contar hoje à noite.

— Ah. Bom. — Remus parecia aliviado.

Na noite anterior, Marlene tinha finalmente confessado no que ela e alguns outros Aurores estiveram trabalhando nos últimos meses. Ela estivera certa ao dizer que ele nunca adivinharia, mas Sirius ficara furioso do mesmo jeito; não só era o Torneio Tribruxo brilhante — ele e James tinham criado uma petição no quinto para tentar reviver o torneio — e ela escondera dele, mas — o mais importante — Harry tinha ouvido o nome de Karkaroff ser mencionado em um sonho com Voldemort no ano anterior e era provável que o Torneio fosse o motivo.

Ele era um antigo Comensal da Morte cujo nome Sirius ouvira ser dito em Azkaban — ele dera vários nomes ao Ministério para não ser preso — e, depois do sonho de Harry, Sirius o procurara. Karkaroff era o diretor de Durmstrang e, por isso, Sirius o colocara no fim da lista de coisas com que tinha que se preocupar; Peter e suas tramas para conseguir a capa tinham sido mais importantes, e Karkaroff não voltara a ser mencionado, então Sirius se esquecera dele.

Pelo menos até ficar sabendo que Durmstrang competiria no torneio.

Ele tinha procurado Dumbledore na mesma hora, é claro, só para descobrir que ele tinha entendido as implicações tão logo conversara com Harry na manhã depois do sonho e estivera cuidando das coisas; ele tinha insistido que o Torneio fosse sediado em Hogwarts — se fosse em outro lugar, Dumbledore teria de sair da escola para viajar a Beauxbatons ou Durmstrang. A alternativa, infelizmente, era que Hogwarts estaria cheia de estranhos, dos quais qualquer um poderia trabalhar com Voldemort, mas pelo menos Dumbledore estaria presente. Remus — a primeira pessoa que Sirius procurara depois da confissão de Marlene —, por sua vez, tinha procurado Madame Maxime na mesma hora e encontrado uma forma de ir a Hogwarts.

— Que cara é essa? — perguntou Remus.

— Estou tentando achar uma maneira de Dumbledore me deixar morar em Hogwarts por um ano — murmurou Sirius, mas não era totalmente uma brincadeira.

— Veja se eles mudam os animais aceitos — sugeriu Remus. — Eles permitem ratos, e tenho certeza que alguns Sonserinos têm cobras. — Esfregou o queixo, pensativo. — Mas não sei se você tem lá muita chance de conseguir.

— Eu tenho mais chance de conseguir isso do que de convencer Harry a estudar em casa.

— Verdade — falou Remus com a sombra de um sorriso. — Mas suas chances devem melhorar se estender o convite a Hermione, Ron e Draco.

— Não é uma má ideia — disse Sirius.

— Eu estava brincando.

— Eu tô falando sério. — Sirius tentou não balançar as sobrancelhas, mas acabou cedendo à vontade. — Entendeu?

— Você é péssimo — falou Remus, uma risada escapando. — E...

O assoalho rangeu no andar superior e os dois se viraram para olhar para as escadas. A casa ficou em silêncio.

— Harry. — Nada. Sirius não acreditou nem por um segundo; morava com Harry havia tempo o bastante para conhecê-lo. — Monstro. — O elfo apareceu ao lado da mesa e curvou-se. Sirius fez um gesto para que ele se aproximasse e sussurrou: — Pode achar o Harry, por favor? — Monstro sumiu. Sirius ouviu um estalo no andar superior e uma exclamação de surpresa.

— Mestre Sirius, o pirralho estava no corredor — avisou Monstro, seguindo Harry quando ele desceu as escadas. Harry teve o bom senso de parecer envergonhado, pelo menos. Sirius trocou um olhar com Remus e fez um gesto para Harry se sentar.

— O que você ouviu? — perguntou Sirius, incerto se devia se sentir divertido ou exasperado.

— Você quer que eu estude em casa. — Harry não parecia nada impressionado.

— Eu disse que não achava provável que você concordasse com estudar em casa — corrigiu. Um sorriso puxou os cantos da boca de Harry.

— Não é. — Olhou de um para o outro, e Sirius soube que ele sentia os cheiros na cozinha, porque seu sorriso sumiu. — Qual o problema?

— Lembra que no ano passado você sonhou sobre alguém chamado Karkaroff?

— Sim — respondeu Harry, incerto. — Por quê?

— Você vai começar a ouvir o nome dele o tempo todo.

-x-

Narcissa bateu duas vezes na madeira escura da porta do escritório de Lucius e a abriu.

— Entre — disse ela, virando-se para Draco. Eles tinham quase a mesma altura, e Hydrus já estava quase mais alto do que ela. Draco passou, cumprimentando Lucius com um assentir breve e indo se sentar na cadeira em frente à mesa sem esperar por um convite.

Narcissa também entrou no escritório, fechando a porta atrás de si. Foi o que pareceu inquietar Draco, que olhou dela para Lucius. Ela o ignorou e parou atrás da cadeira de seu marido, avisando-o que estava pronta ao colocar uma mão em seu ombro.

— Draco — falou Lucius —, precisamos conversar.

— Imaginei — respondeu Draco, olhando para o escritório com desaprovação. O ombro de Lucius ficou tenso sob o toque de Narcissa.

— Draco — falou ela. Manteve seu tom suave, mas sabia que ele ouvira a reprimenda. — Lucius.

— Essa... não será uma conversa fácil — falou Lucius, hesitante. — Há... Vamos falar de algumas coisas que você pode não querer ouvir, mas peço que ouça até ser dispensado. São assuntos importantes.

— Onde está o Hydrus, então?

— Essa conversa não ajudará o Hydrus tanto quanto ajudará você — falou Lucius.

— Ah — disse Draco brevemente. — Então você quer falar da minha Casa ou da minha escolha de amigos?

Lucius ficou em silêncio, e Narcisa não precisava ver o rosto de seu marido para saber que ele estava desconcertado com a pergunta. Apertou seu ombro gentilmente.

— Ambos — respondeu ele depois de um momento e quase pareceu uma pergunta. Draco revirou os olhos e se levantou.

— Bom dia, pai. Mãe...

— Sente-se, Draco — falou Narcissa. — Por favor. — Ele não se sentou, mas não fez menção de ir embora. Lucius cobriu a mão dela com a própria; um sinal para que ela tomasse o controle. Voltou a apertar o ombro dele. — O Lorde das Trevas entrou em contato com seu pai. — Lucius ficou tenso e começou a se virar para olhá-la antes de se parar. Draco pareceu surpreso por um momento, mas logo se controlou. Ele olhou para Lucius e depois para Narcissa, silenciosamente sentando-se. Narcissa não conseguia nem começar a imaginar no que ele pensava. — Ele está recuperando sua força, Draco, e começou a procurar por aqueles que o serviram há tantos anos.

— Ele recuperará o corpo dentro de um ano — falou Lucius —, e aí ele agirá contra Dumbledore.

— Não o Potter?

— As coisas não acabarão bem para Potter no que está por vir — respondeu Lucius. Narcissa voltou a apertar seu ombro, dessa vez repreendendo-o; ele não tinha sido gentil. Não que isso parecesse importar para Draco; sua expressão não mudara desde que se sentara. Imaginou se isso, por si só, já era um sinal.

O silêncio pesou no escritório, e Narcissa era grata por Lucius ter o bom senso de permitir que continuasse assim; o rosto de Draco ainda era uma máscara, mas Narcissa sabia que ele devia estar pensando e merecia um momento para fazê-lo.

— É um aviso? — perguntou Draco por fim. Ele olhou de soslaio para Narcissa, mas ela não conseguiu ler seja lá o que estivesse em seus olhos.

— De certa forma — falou Lucius, parecendo um pouco surpreso; Narcissa sabia que ele não esperara que Draco reagisse bem quando Potter fosse mencionado, e ela concordava. — Draco, desde sua Seleção nós temos feito a sua vontade...

— Feito minha vontade? — repetiu Draco lentamente, experimentando as palavras. Seu tom era neutro e sua expressão, educada, mas Narcissa sentiu seu o desdém mesmo assim.

— Sim — brigou Lucius; ele também tinha percebido. — Não vou fingir que os últimos três anos foram fáceis. Tampouco vou fingir que senti algo além de desaprovação com a decisão do Chapéu. Mas permitimos que você continuasse em Hogwarts. Podíamos ter te tirado de lá no instante em que o Chapéu decidiu que você é um Grifinório e te mandado para Durmstrang. — Draco não respondeu. — Mas fizemos a sua vontade. O Lorde das Trevas não fará o mesmo.

— Os seguidores do Lorde das Trevas não são exclusivamente Sonserinos — falou Draco em voz baixa. — Wormtail era da Grifinória, Crouch...

— Não é a sua Seleção que ele não tolerará, Draco, mas suas atitudes e as pessoas com quem se relaciona. O Lorde das Trevas não tem muita paciência com traidores de sangue, como os Weasley, nem com sangues-ruins, como Granger, ou mestiços como aquele ogro guardião das chaves. E não vou nem falar de Potter... — Lucius balançou a cabeça, quase desesperado. — A questão, Draco, é que estamos tentando te proteger. Não quero que tenha o mesmo destino daqueles com quem se relaciona, nem... se o que tem com eles é produto de uma afeição genuína, não algum tipo de revolta pré-adolescente... quero que fique surpreso ou triste pelo que está para acontecer

— Guerra. — Não era uma pergunta.

— Foi da última vez — falou Lucius. Draco assentiu. — Sua mãe e eu conversamos bastante, considerando suas opções.

Hydrus não escolheria a quem ser leal; ele serviria, como Lucius servira, porque ele tinha sido criado para pensar do mesmo jeito que Lucius. Mas Draco teria uma escolha; Narcissa e Severus tinham se garantido disso. A pedido de Narcissa, Severus ensinara a Draco habilidades que permitiriam que ele servisse ao Lorde das Trevas como um espião ou o enfrentasse ao lado de Potter e — esperava — sobrevivesse fosse qual fosse sua decisão.

— Quais são? Minhas opções.

— O Lorde das Trevas se beneficiaria muito de sua posição na Grifinória e sua aparente amizade com Potter, do mesmo jeito que ele usou Severus para conseguir informações sobre Dumbledore no passado.

— Ele pediria que eu fosse um espião — falou Draco.

— Sim — murmurou Narcissa.

— Eu... não sei se conseguiria — disse Draco. Sua expressão ainda estava sob seu controle, mas seus olhos eram os de uma criança.

— Então não será um espião — falou Narcissa. — Se você se juntar ao Lorde das Trevas, o fará completamente. Qualquer outra coisa, e só se colocará em risco.

Depois do primeiro ano dele, ela se preocupara que ele tivesse decidido cedo demais e apostado tudo o que tinha em Potter, mas ao vê-lo naquele momento, não tinha certeza.

Era possível que sua lealdade a Potter houvesse nascido ao ter sido afastado por Lucius e Hydrus, e essa conversa — essa conversa honesta e assustadora — lhe daria a chance de se reconectar com eles. Hydrus não conseguira aceitar — ainda não aceitava — o fato de que tinha perdido seu irmão para o Chapéu Seletor, e ela estava certa de que o mesmo era verdade para Draco. E a influência de Severus tinha de ser considerada; Severus, que era um dos seguidores mais fiéis do Lorde das Trevas; Severus, que conhecia bem demais o valor das próprias habilidades para permitir que elas caíssem nas mãos de Dumbledore através de Draco; Severus, que nunca soubera que Narcissa quisera que Potter e Dumbledore fossem a segunda opção de Draco.

Como se já não fosse complicado o bastante, Narcissa encontrara uma terceira opção recentemente. Sabia ser o produto da dúvida, do medo; havia muito tempo que Severus não a informava sobre o progresso de Draco em suas "lições" — elas já podiam ter acabado e ela não saberia. Ela achara que teria mais tempo, que quando chegasse o momento de Draco escolher, ela teria certeza de que ele estava pronto para escolher. Mas ele não tinha nem catorze anos, e ela estava cheia de dúvidas desde que o Lorde das Trevas falara sobre agosto com Lucius.

— Sua outra opção é Durmstrang — falou ela.

— Me mandariam para longe?

— Se você achar ser o melhor — falou Narcissa. Draco olhou para Lucius, um pouco descrente.

— Se tivesse sido minha escolha, você e Hydrus estariam lá, não em Hogwarts — disse Lucius, dando um olhar brando a Narcissa; afinal, fora ela que tinha se oposto a ideia. E, ainda assim, dessa vez a sugestão tinha sido dela. O pobre Lucius não soubera o que pensar. — Mas sim. A mudança seria uma forma de cortar qualquer ligação que você tenha na Grifinória antes que o Lorde das Trevas possa querer explorá-las. E se você tiver... dúvidas — falou a palavra com desdém — sobre o Lorde das Trevas, então a mudança permitirá que você... as tenha, ao mesmo tempo em que garantirá que você não coloque a todos nós em risco caso se deixe levar pelo Potter.

Draco se esforçava para manter a expressão neutra, mas havia tantas coisas lá que Narcissa não conseguia lê-lo.

— Imagino que esteja se sentindo sufocado — falou ela.

— Um pouco — disse Draco. — Querem falar mais alguma coisa ou era isso?

— Eu, não — respondeu Lucius. Narcissa balançou a cabeça.

— Nesse caso, posso me retirar? — Draco se levantou sem esperar por uma resposta, mas esperou pelo gesto de Lucius para ir em direção à porta. Ele a fechou silenciosamente atrás de si.

A mão de Lucius encontrou a de Narcissa, segurando-a com firmeza. Narcissa apertou a mão dele com toda sua força.

-x-

— Você está aqui — falou Draco, quase incerto.

— Sua carta me chamou — falou Severus, pendurando sua capa de viagem no encosto da cadeira. Virou-se para erguer uma sobrancelha para seu afilhado, que ainda estava parado em frente à lareira, coberto de fuligem e parecendo perdido. Severus se sentou e indicou a cadeira em frente. — Sobre o que quer conversar?

— Por que não me contou que o Lorde das Trevas está procurando seus antigos seguidores? — Severus o encarou. Esperara uma reclamação sobre Lucius ou... bem, quase qualquer coisa, menos isso. — O pai acredita que ele terá um corpo até o fim do ano.

— É a primeira vez que ouço tal coisa — falou Severus.

— Ele não o procurou? — Severus balançou a cabeça.

— Presumo que ele procurou seu pai. — Draco assentiu, parecendo desconfortável. — Talvez o Lorde das Trevas duvide de minha lealdade. — Não era inesperado; depois de aleijar e alterar as memórias de Severus ao tentar roubar a Pedra, o Lorde das Trevas seria tolo se não questionasse se Severus o abandonara. Ainda que nada disso houvesse acontecido, tanto tempo sob a proteção de Dumbledore o faria duvidar.

O problema era como Severus convenceria o Lorde das Trevas de que essas dúvidas eram infundadas, que ainda era leal, ainda estava disposto a servir.

— E desde quando Lucius conversa sobre os planos do Lorde das Trevas com você?

— Desde agora, aparentemente — respondeu Draco. — Quaisquer problemas que ele teve comigo nos últimos anos são claramente insignificantes comparados ao retorno do Lorde das Trevas.

— E você sente o mesmo?

— Eu certamente acho que, se uma guerra se aproxima, há coisas mais importantes com que nos preocuparmos do que a cor do meu uniforme escolar. — Draco ergueu o queixo. — Devo virar um espião, como você, ou ir para Durmstrang. — Curiosamente, foi a segunda parte que fez o coração de Severus se apertar; estava muito mais confortável com a ideia de Draco ser um espião do que estava com a ideia de ele ir para tão longe.

— Essas foram as opções apresentadas por seus pais?

— Sim — respondeu. Ele dava muito pouco para Severus considerar.

— E já pensou qual delas prefere?

— Não. — Severus respirou fundo e pediu por paciência ou, pelo menos, pelo autocontrole para não balançar seu afilhado até que ele fosse mais direto. — Eu não precisei pensar muito para saber que não iria para Durmstrang.

— Espião, então, por processo de eliminação. — estava o horror que Severus esperara sentir antes, atrasado, mas nem por isso fraco. E pela primeira vez, que Severus conseguia se lembrar, sentiu um pouco de desconfiança também. Estava sendo ridículo, é claro. Além de Dumbledore e, estranhamente, Black, Severus era menos fechado perto de Draco. Deixara-o entrar em sua mente, compartilhara com ele opiniões que o Lorde das Trevas consideraria desleais, permitira que ele visse partes suas que pouquíssimas pessoas tinham visto. Severus se preocupava profundamente com o menino. Mas não tinha sobrevivido a uma guerra ao ignorar seus instintos e, quando a desconfiança se fez notar, permitiu que lá ela ficasse, analisou-a.

— Confesso, Draco, que estou surpreso por vê-lo aceitar a sugestão de seu pai tão... prontamente. Aprendi a esperar — coisas melhores — mais resistência de você no que diz respeito a Lucius.

— Meu pai não é meu inimigo — falou Draco em voz baixa.

— Você nem sempre pensou assim — disse Severus, pensando no menino furioso que confortara depois da petrificação de Granger e no menino vingativo com quem se sentara depois de Draco acordar da própria petrificação.

— Não — falou Draco, e Severus suspeitou que ele pensava nas mesmas coisas —, mas agora penso. — Severus acreditava. Era inquietante. O fio de desconfiança formou um pequeno nó em seu peito, ao lado de seu coração.

— Seu pai parece ter deixado uma impressão e tanto — disse.

Escolha suas palavras com cuidado. Você não sabe a quem elas podem ser repetidas, ou quem pode estar ouvindo, ou quem pode arrancar essa conversa da sua cabeça — ou da dele — no futuro. A sua antiga forma de pensar voltava rapidamente.

— Ele quer o melhor para mim, acho — falou Draco. — Só não foi sempre que ele demonstrou do jeito certo.

— E o melhor para você é virar um espião? — Severus observou a expressão de seu afilhado, observou-a continuar a mesma e suspirou. — Não é uma vida fácil, Draco.

— Acho que você saberia. — O tom de Draco era resignado, não provocador.

— Intimamente — falou. — E certamente não é um caminho a ser tomado a não ser que você esteja pronto a se comprometer a ele.

— A mãe disse algo parecido.

— Ela está certa. Querer agradar ao seu pai — a ideia de Draco querer agradar a Lucius era absurda, no entanto, lá estavam eles — ou evitar ir a Durmstrang pode ser o suficiente agora, mas garanto que não o sustentará.

— O que sustenta você? — perguntou Draco. Severus o olhou duramente para que ele soubesse que havia ultrapassado um limite. Severus estava tão enervado, tão despreparado para essa conversa, que seu olhar provavelmente não fora duro o bastante, mas Draco teve o bom senso de se encolher um pouco assim mesmo. — Eu... foi o que você fez na guerra, mas mesmo quando todo mundo achou que o Lorde das Trevas tinha morrido, você continuou perto de Dumbledore. Ainda está aqui. Por quê?

— Nunca acreditei que o Lorde das Trevas houvesse morrido — respondeu, escolhendo suas palavras com mais cuidado do que escolhera nos últimos anos. — Eu sabia que ele acabaria voltando e que eu precisaria estar pronto quando voltasse. Dumbledore confia em mim agora, e isso significa que eu tenho acesso a informações a que nenhum outro Comensal da Morte tem. Eu quero oferecer essa informação ao Lorde das Trevas, para ser valioso a ele, para ser um de seus favoritos. — E era verdade; quanto mais próximo de Voldemort conseguisse ficar, mais informações conseguiria repassar para Dumbledore.

— Então, querer agradar ao pai não é o suficiente, mas querer agradar ao Lorde das Trevas é?

— Não finja que quer ser um espião para agradar ao Lorde das Trevas, Draco — falou Severus. — Você ainda não o conhece. Qualquer lealdade que sinta por ele é indireta, passada a você por seu pai ou — Severus teve o cuidado de não hesitar — eu mesmo.

— Mas eu sei o que ele defende — disse Draco. — E eu sei como é o mundo que ele quer criar.

E você acharia esse mundo feio e intolerável, pensou Severus. Draco tinha de saber disso. Então ele mentia? Severus não achava ser o caso, e por que ele mentiria para Severus?

— Acho que é incentivo o bastante — continuou Draco —, pelo menos no começo. E quando conhecer o Lorde das Trevas... Se ele for mesmo como todos dizem, então suspeito que será fácil sustentar a minha escolha. — Sua expressão era determinada. Ele decidira, Severus percebeu. Qualquer que fosse o propósito desse encontro, não era por Draco querer aprovação ou conselhos. — Eu... A ideia de ser um espião me é nova, admito. Mas tenho pensado nas coisas, sobre a possibilidade de guerra quando o Lorde das Trevas retornar, e tenho questionado meu lugar se de fato houver uma guerra. Agora eu sei.

Não, Severus queria dizer. E a cicatriz na palma de sua mão e todas as outras coisas que eu te ensinei? E os seus amigos? Queria balançar seu afilhado até que ele recobrasse o bom senso ou conversar com ele até que o fizesse mudar de ideia. Mas a desconfiança o avisou para fazer nada disso, avisou-o que Draco poderia contar a Lucius ou Narcissa, ou poderia ter seus pensamentos examinados pelo Lorde das Trevas. Ficou enojado consigo mesmo por pensar tais coisas, mas mordeu a língua mesmo assim.

— E aqui estávamos nós, temendo que sua Seleção fosse inibi-lo e impedi-lo de encontrar seu lugar ao lado do Lorde das Trevas — falou Severus por fim e odiou-se por isso.

— Por causa do Potter? — perguntou Draco.

— Ele não é conhecido por gostar do Lorde das Trevas — falou Severus, erguendo uma sobrancelha para lembrar Draco disso. — Certamente, após três anos em sua companhia, você percebeu. — Draco revirou os olhos, mas não havia culpa neles, nem hesitação em sua expressão. — Ele odiará você por isso, sabe — continuou, incapaz de se impedir. — Olhe para Black e Pettigrew.

— Ah, Potter agonizaria se soubesse — concordou Draco com um sorriso bastante torto. — Mas não planejo que ele descubra, então imagino que não será um problema. — Seu rosto se contraiu. — E não me compare a Wormtail. — A boca do próprio Severus se entortou antes que conseguisse se impedir ao ouvir isso, e a de Draco fez o mesmo. Aí, o resto do que Draco dissera começou a fazer sentido lentamente, e o sorriso de Severus amargou. Não sentia mais vontade de sorrir.

O sorriso de Draco também sumiu.

— Eu fiz algo errado? — perguntou Draco, soando incerto pela primeira vez. — Você parece... insatisfeito.

Pareço?, Severus quis rosnar.

— Só é muita coisa para processar — falou Severus, mantendo o tom suave. — Inesperado, mas... — Teria que mentir. — Certamente não é indesejável. — Observou o rosto de Draco à procura de qualquer sinal de que ele percebera, mas não parecia ser o caso. Severus não sabia se devia entrar em desesperado ou se sentir arrogante. Quando Draco sorriu, Severus decidiu não sentir nada disso, e sentiu a raiva começar a borbulhar em seu peito. — Agora — disse, a voz mais seca do que intencionara —, se me der licença...

— Você precisa ir? — Draco estava visivelmente desapontado, e Severus se sentiu melhor, mas logo afastou a sensação.

— Sim — respondeu.

— Eu esperava que pudéssemos conversar mais um pouco... — Draco o olhou, esperançoso. — Não sobre isso, mas sobre...

— Não será possível hoje — falou brevemente.

— Ah — disse Draco. Ele parecia confuso, mas não chateado e pegou um punhado de Pó de Flu. Jogou-o na lareira. — Posso voltar a visitá-lo essa semana?

— Talvez, mas estarei bastante ocupado — falou.

— Ah — repetiu Draco. — Bem... Tchau, então, senhor. Mansão Malfoy. — O fogo o pegou, e ele sumiu.

— Tchau, Draco — falou Severus para o escritório vazio, as palavras ficando um pouco presas em sua garganta. Apagou o fogo com um Aguamenti maldoso e chutou a parede mais próximo com tanta força que despedaçou a ponta de seu pé de madeira.

Continua.

N/T: E aqui vamos nós para mais uma fic. E essa já começou pegando fogo!

Gente, papo sério agora: Intensity ainda está sendo escrita pela autora e, até agora, tem 48 capítulos, dos quais 34 já estão traduzidos. A autora atualiza mensalmente e eu não tenho tempo para traduzir os capítulos que faltam tão rapidamente quanto gostaria.

E por que estou falando disso?

Motivo 1: não sei quantos capítulos ela tem planejados para essa parte da série. Já são 48 capítulos e ainda falta muita coisa para acontecer (quando penso em tudo o que de fato aconteceu em Cálice de Fogo, afinal, nada a impede de acrescentar coisas ou tirar, não é mesmo?).

Motivo 2: com atualizações semanais, os 34 capítulos já traduzidos significam que tenho o que postar para vocês até maio. Os atuais 48 capítulos significam que temos material para atualizar até o fim de agosto do ano que vem.

Motivo 3: mesmo que mês que vem ela conclua essa parte da série, não tenho como saber quanto tempo ela demorará até começar a publicar a continuação — se é que terá uma, afinal, até onde eu sei, essa pode ser a última parte, né? A última vez que perguntei, nem mesmo ela sabia até que ponto levaria a história, então...

Motivo 4: mesmo que ela atualize todos os meses ininterruptamente até terminar a série, eu não tenho como acompanhar o ritmo dela. Afinal, temos que considerar o espaço de tempo entre ela atualizar e eu traduzir, revisar e subir o arquivo. Então, quando finalmente a alcançarmos, vocês vão ter capítulos novos traduzidos a cada... um mês e meio? Dois? E estou sendo otimista nessa projeção, porque não tenho como prever a situação da minha agenda profissional daqui um mês, quem dirá um ano.

E estou explicando tudo isso, porque queria pedir a opinião de vocês quanto à frequência de atualização. Vocês querem seguir com postagens semanais e incorrer no motivo 4, sem problemas? Ou querem que eu atualize com menos frequência? Se sim, qual seria a frequência ideal para vocês: semana sim, semana não? Uma vez por mês, como a autora?

Vou deixar a frequência com essas três sugestões, mas se alguém tiver outra, sinta-se à vontade para me contar por comentários, por mensagem privada aqui ou no Facebook.

Lembrando que por aqui quem decide essas coisas são vocês, então não deixem de me contar o que acham.

Em tempo: lembrei que dá pra criar enquete (risos), então se for mais fácil para vocês, é só ir no meu perfil e votar diretamente lá! Considerarei a contagem de votos até o dia 24/09, às 23:59. Divulgarei o resultado no dia 25, junto com a postagem do segundo capítulo. A partir do capítulo 3, irei postar de acordo com a frequência que tiver mais votos.

Quem votar pela enquete não precisa votar por outros meios. Quem votar por outros meios, não precisa votar pela enquete. Vamos tentar deixar esse método o mais justo o possível, por favor.

Obrigada e até semana que vem!