As lembranças corriam na cabeça de Walki...
Naquele dia ela não estava preparada para nada. Nariz vermelho, rosto anêmico, olhos vazios e uma febre de 38 graus.
Shun: Por que não me disse que não se sentia bem ontem quando perguntei? – Observava o termômetro e encostava a mão na testa de Walki.
Walki: Você não ia me deixar treinar.
Shun levantou-se da cama e andou para os lados indignado, depois perguntou impaciente.
Shun: Eu posso saber o que sente afinal?
Walki: Dor de cabeça, mal estar, fraqueza...
Shun: Não estou falando disso.
Shun sentou-se na beira da cama novamente.
Shun: O que se passa pela sua cabeça?
Walki: ...
Shun: Misty de Lagarto matou sua mãe, uma serva do santuário. É. Eu sei. Mas e depois?
Walki: ...
Shun: Como fugiu do orfanato?
Walki: Tive ajuda. E não venha me perguntar...
Shun: Não vou perguntar de quem. Quero saber COMO.
Walki abaixou a cabeça levemente assustada.
Walki: Velho truque dos lençóis. Ela também queria ir embora de lá. Era um lugar legal, mas... Não era pra gente. Nos separamos em seguida. Cada uma foi pro seu lado. Eu achei a idéia ridícula, mas ela disse que era melhor.
Shun: Por que achou ridícula?
Walki fechou os olhos e suspirou.
Walki: O lema "Cada um por si"... Parece muito frio.
Shun a encarou nos olhos.
Shun: Então vamos trabalhar juntos, entendeu?
CAP.15
GELO VS GELO
Seiya corria e ao chegar em Escorpião encontrou Shiryu, vestido com a armadura de Libra, de pé a frente de Hiparco, ajoelhado e ofegante.
Seiya: Shiryu?
Hiparco: Ar... Ar... Mais um...?
Seiya: Cara, não é seu dia de sorte mesmo. – Andou em direção ao Dragão, sem tirar os olhos de Hiparco.
Shiryu: Melhor deixá-lo. Vamos embora.
Seiya e Shiryu andaram até a saída, mas antes que fossem o guerreiro se pôs de pé com dificuldades.
Hiparco: Não pense... Em me ignorar, Dragão...
Seiya: Por acaso deseja morrer? Eu poderia lançar uma flecha em você, mas estou em vantagem e não sou sanguinário.
Hiparco: Eu gastarei todas as minhas forças... Para derrota-los! Ou... MORREREI TENTANDO!
Shiryu: Pare de blasfemar. Sua vida vale mais do que isso.
O cosmo de Hiparco ascendeu, mas dessa vez Seiya colocou-se a frente de Shiryu.
Shiryu: Seiya... Espere!
Seiya: Não desperdice energia, Shiryu. – Estendeu o arco e apontou a flecha.
Hiparco: Vamos ver se é mais rápido, cavaleiro.
"MAREMOTOOOOOOOOOOOOOOO"
Seiya: RÁÁÁÁÁ!
Shiryu sentiu que deveria firmemente proteger Seiya e ascendeu seu cosmo visando amenizar o impacto do ataque. Seiya lançou imediatamente a flecha, que acertou em cheio o peito do adversário, mas não sem antes seu ataque fazer efeito. Novamente a casa de Escorpião entrou numa tempestade marítima e a força da água os prensou na parede por um tempo, até novamente escoar escadaria abaixo.
Quando tudo acabou Seiya foi jogado, pela força da gravidade, no chão e agradeceu por senti novamente o ar. Ofegava assustado.
Shiryu: Seiya! – Shiryu correu encharcado até o amigo.
Seiya: Ar... Ar... Parece... Que eu fui... Ar... Afogado!
Shiryu: Você está bem?
Seiya: Sim. Ar... Estou sim. Ar... Nada que um pouco de... Ar... Não faça...
Shiryu o ajudou a se levantar e mirou Hiparco agonizando, com a flecha em seu peito.
Hiparco: Seu... Intrometido...
Shiryu: Se trata de meu amigo, Seiya. Ele não deixaria nada de mal me acontecer. Você deveria saber o que é isso.
Hiparco: A... Ami... Go...
O guerreiro fechou os olhos tentando resistir, mas acabou morrendo logo em seguida.
Nas escadarias, June e Aira duelavam esquecendo-se do frio e da chuva.
"PATA DO URSOOOOOO"
"DEFESA CIRCULAR"
Aira lançou um facho de luz, repelido por June ao fazer seu chicote agir como anéis de proteção. Logo a amazona de camaleão deu um salto preparando-se para o próximo golpe e lançou o chicote em Aira. Esta se desviou rapidamente fazendo o chicote atingir um dos degraus.
Aira: Quero ver você se virar sem esse chicote! – Avançou pra cima dela, quase acertando um golpe.
June: Você não vai querer ver!
Aira: RÁÁÁÁÁÁÁÁÁ!
Uma troca de golpes ferrenha ocorreu entre as duas amazonas, mas um passo em falso de June fez Aira acertar seu ventre e saltar para atacá-la, enquanto a Camaleão estava no chão.
"PATA DO URSOOOOOOO"
June: AAAAH! – Sentiu seu corpo ser atingido e arrastado escada abaixo.
Quando Aira chegou ao chão, foi logo pronta para dar o segundo golpe. June precisou ser rápida. Jogou o peso do corpo para trás, tomou impulso e se pôs de pé, esquivando-se rapidamente enquanto via sua máscara no chão quebrada em cinco pedaços.
Aira: Agora quero ver o que vai acontecer quando eu deixar seu rosto cheio de cicatrizes!
June: Ah, se dor de cotovelo matasse...
Aira: Cala a boca! – Arrastou a perna direita para trás e a esquerda para frente. – MORRA! – Correu em direção à June.
June: Chega!
"CHICOTE DO CAMALEÃO"
As pupilas de Aira contraíram quando June saltou e o chicote estalou violentamente em seu rosto, jogando-a para o lado.
Aira: AR!
E no pescoço, na cintura e finalmente nas costas, quando a amazona caiu nas escadarias de pedra.
Aira: Grrr... – Levantou-se com dificuldades.
June: Aira, entenda...
Aira: Não venha me dá lição de moral agora.
"June!"
June: Hum? – Olhou para trás – Shina?
Aira: Humpf. Olha quem está aqui.
June: O que faz aqui, Shina?
Shina: Tenho contas a acertar com Aira. Shun, Hyoga e Walki poderão prosseguir sozinhos.
Aira: Acha que não posso superar você por acaso?
Shina: Não, Aira. Eu tenho certeza. – Colocou-se em posição de ataque. – Você sabe tudo o que sabe por minha causa. Não deveria ter se voltado contra nós.
Aira: Athena não tem muito a oferecer pra nós. – Também preparou-se para atacar.
Shina: E suas novas companhias menos ainda.
June: Eu já vou indo então?
Shina: Sim. Deixe-a comigo.
Aira: Isso, Camaleão. Fuja.
June: Já dei minha contribuição. Tente me alcançar, Shina! – Saiu escada acima.
# No relógio de fogo a chama de Virgem se apagava #
Shina ascendeu o cosmo e preparou-se para atacar.
"VENHAAAAAAA COBRA"
Aira: AAAAAAAAH!
Aira foi brutalmente acertada e arrastada por vários degraus até parar quase enterrada nas pedras.
Shina parou e olhou rapidamente para o relógio enquanto Aira se levantava com dificuldades.
Shina: Chega! Aira, esse é o tempo que você tem para se redimir!
Aira: Ar... Ar...
Shina: Eu não entendo por que tanto rancor no seu coração!
Aira: Você... Já sentiu isso, Shina.
Shina: ...!
Aira: Eu também não quis gostar de ninguém.
Shina: ... É... É diferente!
Aira: Não! Não é! E vou acabar com você agora mesmo!
"AVEEEEEEEEE FÊNIX"
Aira: ...! AAAAAAAAAAAAAAAAH!
O corpo de Aira pareceu queimar e explodir no ar, refletindo na máscara de Shina. Quando o corpo da guerreira finalmente caiu no chão inerte, a amazona de Cobra pôde ver Ikki, logo adiante, usando a armadura de Leão.
Shina: Você... Você a matou?
Ikki: Eu não acertei nenhum ponto vital, embora devesse. Meu irmão tirou a máscara dela por acaso?
Shina: Não – Respondeu automaticamente, só depois se tocou. – Espere! Como você sabe da regra?
Ikki: Shun deu com a língua nos dentes. Francamente, não sei como Athena foi capaz de estabelecer uma regra dessas. Ninguém pode definir os sentimentos através de uma máscara.
Shina suspirou. Depois deu mais uma olhada em Ikki.
Shina: Como conseguiu a armadura de Leão?
Ikki: Sei lá. Mas vamos. Esta amazona não vai dar mais trabalho. Pelo menos por enquanto.
Shina balançou a cabeça em afirmação e logo correu seguindo Ikki pelas escadarias.
Enquanto isso, Hyoga, Shun e Walki corriam sob a chuva, cada vez mais fraca. Shun olhava para trás de vez enquanto.
Hyoga: Atchim!
Walki: Saúde!
Hyoga: Não é o que vamos ter depois de sairmos dessa.
Walki: Atchim!
Hyoga: Não falei?
Shun: Shina voltou para ajudar June... – Olhava para trás. – Por que estão demor... Ai!
Shun havia tropeçado num dos degraus e quase caiu de cara no chão, se não fosse suas mãos o ampararem. Hyoga e Walki pararam e começaram a rir.
Shun: Por Athena... Eu tropecei?
Walki: Mestre, está distraído por acaso?
Shun: Um pouco... – Ficou de pé e ao olhar mais para frente se viu perto da casa de Capricórnio.
Hyoga e Walki também olharam para a fachada da casa.
Walki: Quem deve está ai?
Hyoga: Talvez o líder do ritual.
Shun: Bem pensado. Vamos entrar.
Mas antes que chegassem à porta, um frio cortou a espinha dos três.
Walki: Urg... Que frio...
Hyoga e Shun se entreolharam.
Shun: Haveria um guerreiro de gelo?
Hyoga: Eu não sei... Fora eu e meus falecidos mestres... Não conheço ninguém. Nem mesmo lembro alguma lenda.
Walki: Gente... Está tão gelado... Agora sim eu vou ficar de cama.
Shun sorriu entretido.
Shun: Vamos entrar.
Entraram. E lá dentro, apesar da escuridão, parecia tudo, menos a casa de capricórnio. O chão estava liso demais e a casa realmente gelada demais.
Walki: Por Zeus, quem toma conta dessa casa afinal? Hã!
Walki parou repentinamente, os olhos e a boca sem fechar. Shun e Hyoga pararam logo em seguida ao ver quem guardava a casa de Capricórnio.
Uma garota aparentando ser dois anos mais velha que Walki. Cabelos cor de gelo caídos pelos ombros, cílios pesados, olhos cor de pérola, olhar penetrante e pele muito branca.
Walki: Iana!
A garota surpreendeu-se com Walki, mas a expressão impassível voltou quase forçada.
Shun: Quem é ela, Walki?
Walki: Ela... Ela é... Minha amiga! – Confessou ainda olhando a guerreira incrédula.
Shun: ...
Hyoga: Como é? Walki, explique isso!
Walki: O nome dela é Iana e foi ela que me ajudou a fugir do orfanato aos oito anos!
Iana olhava Walki firmemente, embora seus olhos brilhassem.
Iana: Walkíria.
Walki: O que deu em você? Está contra nós?
Iana: Não, Walki. Vocês que vieram até mim.
Walki: A...
Iana: E eu não posso deixar você e seus amigos passarem.
Walki: Mas... Iana... Como se meteu com essas pessoas? Por que?
Iana baixou o olhar de três brilhos.
Iana: Quando fugimos e nos separamos conheci um grupo de pessoas que me contaram sobre o segredo dos titãs e as armaduras sagradas. – Falava friamente. – Eu escolhi a de Sedna e viajei até o Ártico para conquista-la.
Walki: ...
Iana: Querendo ou não nesse mundo temos que ser fortes, Walki. Você sabe disso. Treinei anos, mas consegui chegar onde estou.
Shun: Sedna, deusa inuit dos animais marinhos. – Shun olhava firmemente para Iana.
Hyoga: Conhece a lenda, Shun?
Shun: Sim. Sedna foi jogada no mar e teve os dedos cortados, que depois se tornaram os animais marinhos existentes. Dizem que como ela sofreu muito tornou-se muito rancorosa. Até onde eu sei há um planetóide além da órbita de Plutão com esse nome. Mai nova descoberta. Mais nova guerreira.
Iana: ...
Walki: Isso não pode ser verdade, Iana... – Walki deixava a boca entreaberta, respirando descompassada e rapidamente tentando convencer a guerreira. – Não pode está falando sério.
Iana: Estou sim, Walki. Vejo que também conseguiu realizar seu desejo. Pena que estamos em grupos adversários.
Walki: Não! Tem algo errado aí! Essas pessoas não são suas amigas!
Iana: Você também não é! – Falou saindo finalmente daquele estado de frieza.
A expressão de Walki se converteu para um seriedade chorosa.
Walki: Era você que achava que nesse mundo estávamos sempre sozinhas.
Iana: ...
Walki: Mas não é totalmente verdade. Eu é que me deixei levar pelas suas idéias.
Iana: Estou vendo que seu coração amoleceu.
Walki: ...
Iana: Eu não queria mesmo ter que lutar contra você, Walki. Mas se insistir terei que fazer isso.
O cosmo de Iana ascendeu. Era um cosmo branco e congelante. Walki também ascendeu o seu decidida a enfrentar a antiga colega, entretanto Shun colocou seu braço a frente dela.
Walki: Mestre...
Shun não se moveu. Quando Walki olhou mais adiante percebeu que Hyoga ascendera seu cosmo e se colocava em posição de ataque.
Walki: Hyoga...
Hyoga: Eu sei o que é lutar contra uma pessoa querida, Walki. E não vou deixar que faça isso.
Walki: A...
Hyoga: Continue assim que puder. Você também, Shun.
Iana: Não adianta. Não deixarei vocês passarem. – Elevou o cosmo.
"TEMPESTADE ÁRTICA"
"TROVÃO AURORA"
Em segundos os golpes se colidiram enquanto Shun carregava Walki rapidamente e ascendia o cosmo para sair de lá sem danos.
Hyoga tinha que admitir que para uma garota era uma guerreira bem forte. Quase não conseguiu suportar seu golpe.
Perto dali, uma sombra cruzou os braços e fechou os olhos. De repente a armadura de Aquário brilhou como uma estrela.
Hyoga: Eu não posso acreditar que alguém como Walki tenha tido uma amiga como você.
Iana: Você realmente não a conhece direito.
Hyoga: ...
Iana: Se quer lutar... Levarei isso até o fim.
Hyoga: Sei... Mas não acredito que realmente só pense no poder. Você poderia muito bem ter acertado Walki. Vi que ela fugiu daqui muito facilmente com Shun. Você sequer usou todo o seu poder.
Iana: ...
Hyoga: Eu sei que é verdade.
Iana: Não me interessa o que sabe. Está sem armadura e mesmo que tivesse, a armadura de bronze não chega nem perto das armaduras dos guerreiros do apocalipse.
Hyoga: Quanto a armadura não preciso me preocupar. Já derrotei mais orgulhosos.
Iana: Não me desafie, Cisne.
Hyoga preparou-se para atacar, mas algo tirou sua atenção (E de Iana). Ao olhar para trás assustou-se com a armadura de Aquário vindo em direção a ele e armar-se em seu corpo perfeitamente, para o horror da guerreira.
Logo o cavaleiro de Cisne estava lá, impecável, pronto para uma luta justa. Ascendeu novamente o cosmo e colocou-se na posição do Execução Aurora.
Iana: Então é assim! – Fechou os punhos saindo de seu estado de impassibilidade. - Será uma disputa de um só golpe! – Iana afastou os pés e armou as mãos numa posição que parecia segurar uma esfera.
Hyoga: Como quiser.
Os cosmos de ambos se elevavam. Tanto que pareciam ultrapassar a casa de Capricórnio.
Iana: É mais fácil nós dois morrermos.
Hyoga: Se isso acontecer... Foi uma excelente adversária.
Iana: Digo o mesmo, cavaleiro de Athena.
"TEMPESTADE ÁRTICA"
"EXECUÇÃO AURORA"
Foi muito rápido. A casa de Capricórnio pareceu iluminar e o frio parecia causar uma grande chuva de granizo no santuário inteiro. Todos que corriam pelas escadarias pararam atônitos. Walki deu meia volta sufocando um grito e sendo amparada por Shun, igualmente surpreso.
Walki: Não!
Ikki e Shina pararam de correr. June, mais a frente, também. Seiya e Shiryu não avançaram mais um degrau no momento que aqueles dois cosmos se colidiram e desapareceram.
Walki: A... IANAAAAAAAAA! – Gritava quase chorando - HYOGAAAAAAAA!
Walki abraçou Shun repentinamente, enquanto as lágrimas se misturavam com a chuva. O Andrômeda abaixou a cabeça e afagou os cabelos da pupila enquanto tentava aceitar, assustado, o que havia acontecido.
A casa de Capricórnio dormia no gelo.
Continua...
Caramba... Amei esse capítulo!
Gente, obrigada pelos comentários e espero que gostem!
Um abraço!
