Cap. 20

FINALMENTE A PAZ

Aquela tarde era agoniante. Todos esperavam o aviso da deusa. Ao seu lado estava Shion, com o traje de mestre do santuário, mas quem falaria seria a própria Athena.

Todos estavam em silêncio.

Athena: Cavaleiros e amazonas.

Athena levantou o cetro e bateu com a ponta dele no chão. Aioria cruzou os dedos apreensivo e Shun segurou a mão de June.

Athena: Pretendo esquecer o que aconteceu e conceder a permanência das amazonas aqui no santuário.

Walki: Isso. - Comemorou em voz baixa.

Athena: Entretanto...

Todos:...

Athena: Enquanto estiverem a serviço do santuário, a meu ou a do mestre Shion é necessário que a usem, como símbolo de respeito à identidade de amazonas.

Shina (Para Marim): Não é tão mal.

Athena: Quanto à lei da entrega do coração ou a sentença de morte... Esta acaba de ser abolida.

Ouviu-se a comemoração de todos. O festejo ecoava como o barulho de uma onda pelas ruinas do coliseu.


A tarde já chegava ao seu final. Nos arredores do santuário Marim estava sentada pelos rochedos junto com Aioria. Nem parecia que a pouco tempo estavam num desafio mortal.

Aioria: Eu sempre quis saber como era seu rosto. Quase nem acredito que estou vendo ele agora.

Marim sorriu e abaixou a cabeça.

Marim: Pena que isso teve um risco alto.

Aioria: Teria um risco alto de qualquer jeito.

Marim:...

Aioria:...

A amazona sentiu-se nervosa com a proximidade do cavaleiro.

Aioria: Eu sempre respeitei a identidade das amazonas, mas acho que você não precisa usar essa máscara para lutar como igual com um homem. É uma guerreira muito forte.

Marim: Obrigada... Mas eu respeito as leis do santuário. Estou disposta a aceitar a decisão de Athena dessa vez.

Aioria: Você não mudou nada, não é mesmo?

Marim (Corando): Você acha?

Aioria: Acho sim.

De repente Aioria pousou sua mão sobre a da Águia fazendo-a rir para si.

Aioria: Sabe, se até o deus dos mortos concordou em me dá uma segunda chance, por que eu não posso aproveitar?

Marim: Ora... E quem disse que você não pode?

Aioria: Isso quer dizer que você topa tomar um sorvete comigo?

Marim:... (Rindo)

Aioria: Isso é um sim?

Marim: Certo. Tudo bem. Eu aceito.

O cavaleiro se levantou e a levou pela mão para irem embora.

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Na casa de Libra Shiryu contemplava a paisagem. O santuário precisaria de umas boas reformas e teria que começar com a casa de Áries, provavelmente. Estava detonada pelas bombas de Miceni.

Shiryu: Atchim!

Quase não percebeu uma figura pequena de pé atrás de si. Seus cabelos negros, compridos, e uma expressão cansada. Ela esperou o cavaleiro sentir que alguém o observava e olhar por cima do ombro. Ao fazer isso Shiryu quase não conseguiu falar.

Shiryu: S... Shunrey! - Correu e a abraçou.

Shunrey apenas sorria enquanto se sentia protegida naquele abraço.

Shiryu: Graças a Athena. Você está bem.

Shunrey: Eu... Não sei o que aconteceu... Só ouvi o barulho dos invasores e... Fiquei preocupada com você.

Shiryu: Psiu... Não fale. - Segurou o rosto dela. - Como você está?

Shunrey:...

Shiryu: Shunrey?

A garota sorriu de modo angelical.

Shunrey: Melhor agora que você está aqui.

Shiryu: Shunrey...

O Dragão sorriu bobo. Tinha a sua amada nos braços e mais nada pra se preocupar. Tocou no rosto da chinesa e se aproximou para um beijo.

Dohko tratou de passar sem que ninguém percebesse. Saiu da casa de Libra e subiu as escadarias rumo à Escorpião. Iria "almoçar" lá.

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Na casa de Escorpião...

Milo: Fiquem à vontade. Sirvam-se. Sorte que a minha casa não está tão destruída. Até que os servos fizeram tudo direitinho. - Sentava-se à mesa junto de Shura, Camus, Aioros e Afrodite.

Shura: A minha está congelada. Fizeram uma festa lá. Seu pupilo contra a outra do gelo, Camus. Minha vontade é de mandar os dois arrumarem.

Camus: Ora... Minha casa também não está a coisa mais arrumada do mundo. - Servia-se do almoço fora de hora. - Aquela menina de Raposa fez uns bons estragos.

Dohko: Olá?

Afrodite: Dohko? Sua casa também está um caos? - Risos.

Dohko: Nenhuma casa barra a de Mu e a de Aldebaran. Não. Mas presumo que meu pupilo e minha filha precisem de privacidade.

Aioros: Se olha no espelho, Dohko. Chamar aquela garota de filha com vinte anos de idade pega até mal.

Milo: A diferença de idade entre nós e os garotos também diminuíram. Foi muito estranho ver eles cinco anos mais velhos. Senta aí, Dohko.

Dohko: Obrigado.

Aioros: E, Camus... Cadê o Hyoga?

Camus esperou engolir para responder. Ganhava a atenção de todos na mesa.

Camus: Está com a deusa... Cuidando daquela menina... Fleur.

Milo: Hum... Interessante. - Falou escondendo o riso. - Isso me cheira a acerto de contas.

Afrodite: Pra você tudo é acerto de contas. E que história é essa de ficar emprestando a armadura assim?

Milo: Gostei daquela garota.. Tem o meu gênio.

Shura: Provavelmente são do mesmo signo.

Depois dessa frase a conversa se encerrou. Todos voltaram a atenção para os pratos.

De repente Camus levantou seu cálice de vinho e descansou uma das mãos no ombro de Milo, fazendo o escorpiano e o resto da mesa voltarem novamente a atenção para ele.

Milo: Que foi, pinguim?

Camus: Sei que parece meio piega... Mas quero propor um brinde.

Milo:...

Aioros: Eu aceito. - Também levantou a taça.

Shura: Lá vai. Vamos. - Também levantou a sua.

Todos ergueram suas taças e esperaram Camus falar.

Camus: Que passemos a dar mais valor a cada dia que o sol nascer. E lembrarmos que tudo, tudo mesmo, valeu a pena no fim das contas.

Shura: Mandou bem, amigo. Um brinde.

Os presentes beberam um gole de suas bebidas e voltaram a comer e a conversar.

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Na sala do mestre...

Seiya: ATCHIM! Cof! Cof! Caramba, eu nem acredito que fiquei doente!

Aldebaran: Horas e horas sob efeitos da chuva e do frio. O que você queria?

Seiya: ATCHIM!

Aldebaran: Saúde.

Seiya: Aaah... Acho que eu to precisando disso agora. ú.ù'

"Tome" Uma voz gentil soou por trás dele.

Seiya: Heim?

Saori estendia um frasco com um líquido dentro.

Saori: São remédios artesanais. Muito bons para gripe.

Seiya (vermelho): Valeu.

Saori: Aldebaran, os servos já providenciaram a restauração da sua casa e, Seiya... Pode ficar aqui se quiser. Eu posso ajudá-lo a se tratar.

Seiya: Ah... Claro.

Aldebaran: Pois é. Com licença, minha deusa, eu vou... Hum... Dar uma olhada na minha casa.

O taurino foi embora sem que o Pegasus ou a deusa hesitassem. Seiya e Saori apenas se entreolhavam como se nada mais importasse. O cavaleiro de repente se estremeceu ao sentir a mão delicada tocar na testa dele.

Saoria: Bem... Você não está com febre.

Seiya:...

Saori: Mas é melhor previnirmos.

Seiya abaixou a cabeça sério.

Saori: Algum problema?

Seiya: Preciso te dizer uma coisa.

Saori:...

Seiya: ... (Nervoso) É que... Eu...

Saori:...

Seiya (Muito sério): Tsc. Eu não consigo mais viver sem você, Saori.

Saori sentiu o coração dar um salto.

Seiya: Não por ser seu cavaleiro... É que há algum tempo você virou a razão de todo o meu universo.

Houve um silêncio repleto de espectativas.

Seiya abaixou a cabeça e girou os calcanhares, mas Saori segurou sua mão.

Seiya:...

Saori: Você também se tornou o centro do meu universo, Seiya. - Sorriu tristonha. - Eu sou uma deusa e estou amando meu próprio cavaleiro. Será que posso equilibrar as duas coisas?

Seiya sorriu e segurou as mãos da moça.

Seiya: Não há nada que você não consiga, Saori.

Fechou os olhos e sentiu finalmente o gosto daquele beijo. Pareceu mergulhar em outra dimensão ao fazer isso.


A noite finalmente chegara. Na casa de Aquário Hyoga permanecia abraçado à Fleur e Hilda assistia à despedida.

Fleur: Eu agradeço por tudo. - Sorriu e segurou as mãos do cavaleiro. - Como sempre você está sempre me ajudando.

Hyoga: Pena que não você não vai ficar por aqui.

Fleur: Por que não vem comigo?

Hyoga: Eu não posso. Não pretendo mais deixar o santuário e... De vez enquanto eu vou visitar o lar de minha mãe.

Fleur: Entendo.

Hilda: Então passe para nos visitar, Hyoga. Será muito bem vindo.

Hyoga: Eu acredito que sim. - Deu um pequeno beijo no rosto de Fleur. - Boa viagem pra vocês.

Fleur se juntou à Hilda e ambas foram embora.

Aparentemente a casa ficara vazia. Silêncio total cortado pelo barulho do vento.

De repente umas passadas foram ouvidas no interior. O Cisne virou-se para ver quem é e se deparou com uma garota em trajes casuais, cabelos cor de gelo amarrados no topo da cabeça, cílios grossos e olhas cor de pérola. Carregava sua armadura.

Hyoga: Oi. Vejo que está melhor.

Iana: Agradeço aos cuidados seus e do cavaleiro de Aquário. Agora tenho que ir.

Hyoga: Pra onde você vai? Pode ficar no santuário se quiser.

Iana: Numa outra ocasião, talvez. Agora vou voltar para o Ártico.

Hyoga: Ártico?

Ela parou de andar e mirou o cavaleiro como se o contemplasse.

Iana: Sim. Ártico. Nasci lá. Meu pai era um explorador, viajou para lá, engravidou uma inuit e foi embora. Quando minha morreu Iasah cuidou de mim. Um dia ela foi levada por uma tempestade e... Eu fiquei só. Na última visita que meu pai fez ao povo inuit resolveu me trazer.

Hyoga: E como conheceu Walki?

Iana: Tsc. Ele bebia muito e eu praticamente virei uma serva. Fugi e fui parar lá. Disse que não conhecia meus pais. Não tinha documentos nem nada, então me registraram novamente.

A garota deu meia volta e foi embora. Mas antes acenou:

Iana: Até um dia, Cisne. Foi bom lutar com você.

Hyoga:...

Iana:...

Hyoga: Hum... Iana!

A garota parou e o olhou por cima do ombro. Hyoga sorriu:

Hyoga: Boa sorte.

Iana: Pra você também. - Sorriu de volta.

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Numa área mais afastada, duas figuras que precisam de movimento treinavam seus golpes e reflexos. Ikki bloqueava com precisão os golpes deShina, embora ficasse cada vez mais trabalhoso fazer isso.

Shina: Não está com seu irmão porque? - Tentou atacar Ikki, mas este escapou.

Ikki: Não está com Seiya por que?

Shina: Muito engraçado! RÁÁÁÁ!

Shina quase atacou Ikki, mas este conseguiu bloquear. Forçou o golpe até...

Shina: Atchim!

Ikki: Saúde.

Shina: Nunca mais luto na chuva.

Ikki: Duvido. - Soltou-a e sentou-se numa das pedras. - Okay, vamos parar. Atchim!

Shina: Devíamos estar descansando.

Ikki: Na teoria...

Shina: Isso pode evoluir pra uma pneumonia.

Ikki: Que medo.

Shina:...

Ikki:...

A amazona sentou-se ao lado dele e permaneceu quieta. De repente um sorriso se abriu e evoluiu para uma mais aberto e descontraído.

Ikki: Que foi? - Sorriu também. - Por que está rindo a toa?

Shina: É que agora que acabou eu vejo... Até que foi divertido... O baile.

Ikki: Hum...

Shina: Imagine nossas caras ao ver que caímos na armadilha.

Ikki: Sei... Mas não pretendo repetir a dose.

Silêncio. O riso foi cessado aos poucos e Shina afastou os cabelos para trás.

Shina: Você vai embora? - Perguntou como quem não quer nada. - Normalmente você vai.

Ikki: Nesses cinco anos resolvi viajar pelo mundo, mas dessa vez vou ficar por aqui. Pelo menos até me enjoar. Só que sempre "fujo" para visitar o túmulo de Esmeralda.

A Cobra riu e olhou para o céu. Depois mirou novamente o cavaleiro.

Shina: Até que vai ser divertido ter você por aqui.

Ikki: Aproveite antes d'eu me enjoar.

Shina: Hum...

Ikki:...

Shina: E aí? Pronto para recomeçar o duelo?

Ikki: Certo.

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A casa de Virgem não estava vazia. Apesar de Shaka ter saído duas amazonas acabavam de arrumar as coisas para ir embora. Cada uma com a sua armadura e com trajes casuais. Ambas sem as máscaras.

June: Você já terminou?

Walki: Quase. Vai na frente enquanto eu acabo de arrumar essa mala.

June: Certo.

June pegou suas coisas, abriu a porta do quarto e saiu. Agora que tudo acabara não havia motivos para estar ali, mas Athena lhe concedeu a moradia na vila das amazonas. Não sabia se iria ficar lá por muito tempo. Tudo dependia de um certo alguém.

Aira foi expulsa do santuário, mas talvez não tenha deixado de amar o Andrômeda.

As passadas de June ecoavam pelo grande espaço e só cessaram quando ouviu uma voz.

"Está tudo pronto, exceto pelo fato que ainda não me despedi de você"

June não olhou para trás. Ficou calada e engolindo seco.

June:...

Shun: Então?

June: Eu é que pergunto, Shun. - Virou-se para fitá-lo. - O que você quer?

Shun: Confessar uma coisa que está entalada desde o dia que você chegou.

June:...

Shun: Eu sei sobre a lei das amazonas, June. Treinei uma, esqueceu?

June:...!

June corou violentamente e quase seu coração sai pela boca. A hora tinha chegado, mas de uma forma muito brusca.

June: Eu... Eu achei que... Shina e Marim é que tivessem ensinado.

Shun: Eu precisava ficar sabendo. Por isso pedi à Athena para ver o rosto de Walki. Eu queria interagir com ela.

June:...

June mordeu o lábio inferior. e olhou para Shun por um instante, mas depois desviou o olhar.

June: Você não precisa retribuir nada. - Murmurou.

Shun: Isso é um fora?

June: Não. Eu já lhe entreguei meu coração muito antes de você ver meu rosto.

E sem esperar o rapaz tocou em seu rosto e forçou para que ela o mirasse. Chegou cada vez mais perto enquanto ela apoiava as mãos em seus ombros.

June: Shun...

Shun: Eu também lhe entreguei meu coração... Mas não quis que se sentisse forçada a me amar por causa de uma máscara.

June:...

Shun: Agora... Não resta mais dúvida.

A garota sorriu e fechou os olhos. Sentiu os lábios de Shun encostar nos seus e logo começar um beijo suave e romântico.

Estavam a sós naquele imenso espao, curtindo a presença um do outro.

Até que...

Shaka: Cof. Cof.

O casal não se segurou e acabou rindo enquanto se afastava do beijo. Ambos com os rostos corados.

Shun: O que foi, Shaka?

Shaka: Espero que o casal não se importe de me deixar meditar um pouco.

Walki: Se você conseguir meditar nesse ninho que chama de casa. - Apareceu de repente com a urna de sua armadura e uma mala

Shaka: Vejo que está melhor, menina ¬¬

June: Já estamos de saída. - Acariciou o rosto de Shun e lhe deu um beijo. Shaka virou o rosto no momento. - Até mais.

Shun: Até.

Walki deu um beijo no rosto do mestre .

Walki: Tchau, Shun.

Shun: Só porque provou seu valor não quer dizer que vai me abandonar. Apareça aqui para treinarmos.

Walki: Como mestre e pupila?

Shun: Claro que não. Como cavaleiros de Athena.

A amazona de raposa sorriu e Shun retribuiu o sorriso. Em seguida a garota deu meia volta e desceu as escadarias, acompanhada de June.

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Do lado de fora Mu, Dohko e Shion viam tudo o que se passava.

O sol se escondia gradativamente, mesmo assim pintava o céu com uma beleza surreal.

Mu: Será que vamos ficar bem agora?

Shion: Não sei. Tudo é muito incerto.

Mu:...

Dohko: Acho que a nossa deusa sabe o que fazer. Estamos bem, estamos protegidos e mais que tudo. - Sorriu e descansou a mão no ombro de Shion. - Estamos juntos.

O guardião da primeira casa sorriu e olhou o horizonte. Tinham realmente ganhado uma segunda chance.


Na bola de cristal alguém via tudo detalhadamente.

M. Acássia: Sim, sim... Finalmente, não? Andrômeda aceitou seu destino e esses humanos puderam ter o perdão dos deuses.

Uma luz emanou da esfera, mas a senhora não lhe deu atenção. Foi até a janela e abriu as cortinas para ver o céu.

M. Acássia: Sim, cavaleiros... - Sorriu. - Como será poder ver as estrelas em paz?

Uma estrela cadente passou raspando o céu. A senhora fechou os olhinhos e começou a rir satisfeita.

M. Acássia: A Terra sempre precisará de vocês, mas não significa que não possam viver. Boa sorte, cavaleiros de Athena. Você merecem.

E a noite ganhava um brilho diferente, talvez selando um acordo.

Seriam finalmente felizes.

FIM


FINALMENTE terminou! IUPIIII! Essa é a minha primeira fic, galera, e como viram ficou longa demais (Não pelo número de capítulos, mas pelo tamanho de muitos deles). Mas finalmente tá concluída.

Bacios, gente!