N/A.: Antes de iniciar a fic há algumas coisas que devem ser esclarecidas: A fic é toda narrada em 1ª pessoa pelo Draco, ele é um escritor famoso e Harry trabalha no Ministério como Auror, o ódio que sentem um pelo outro não é tão acentuado como na "realidade", nesta fic eles "suportam-se". A história passa-se no meio da Guerra, mas Draco não participa nela, apenas assiste a tudo de longe. Quanto às datas, resolvi deixar as que vinham no livro, faz parecer que eles viveram há muitos anos. Bem acho que por agora é tudo! Espero que gostem! xP Capitulo I

Uma história não tem principio ou fim: escolhemos arbitrariamente um momento da experiência, de onde olhar para trás, ou olhar para diante. Digo "escolhemos", pois com o impreciso orgulho de um escritor profissional, de quem – quando a sério o consideram louvam a capacidade técnica; mas será de facto por minha livre vontade que eu escolho essa negra e chuvosa noite de Fevereiro de 1946 e a visão de Harry Potter atravessando obliquamente o vasto rio de chuva, ou

estas imagens me escolheram? É conveniente, e até conforme com as regras da minha arte, começar exactamente por ai; mas acreditasse eu então em um Deus, e também acreditava que uma mão me segurava o braço e alguém me sugeria: "Fala-lhe; ele ainda não te

viu".

Pois que razão tive eu para lhe ter falado? Se o ódio não é uma palavra demasiado grande para a usarmos em relação a um ser humano, eu odiava Harry – como odiava Virgínia, sua mulher. E ele, ao que suponho, se ainda não me odiava, logo depois dos acontecimentos dessa noite, também começou a odiar me: tanto quanto por vezes terá odiado a mulher e o outro, esse outro, em cuja existência, nessa época, éramos felizes bastante para não acreditar.

E assim é isto um memorial de ódio muito mais que de amor; e, se eu vier a dizer algo a favor de Harry ou de Virgínia, podem crer, já que escrevo contra o que sinto, por ser do meu orgulho

profissional o preferir uma quase verdade mesmo à expressão do meu quase ódio.

Era Estranho encontrar Harry na rua numa noite daquelas: ele apreciava o conforto, no fim de contas – pensava eu -, possuía Virgínia. Para mim o conforto é como uma recordação discordante da ocasião e do lugar: se se é um solitário prefere-se o desconforto. Havia conforto demais mesmo no quarto de cama e na sala de estar na mansão em que eu morava, no "melhor" lado – o sul – do Parque, entre as relíquias que era mobília da minha família. Pensava dar um

passeio debaixo da chuva e beber qualquer coisa. O pequeno vestíbulo estava cheio de chapéus e sobretudos, e peguei num chapéu de chuva que não era meu. Depois, fechei atrás de mim a porta envidraçada e desci cuidadosamente as escadas bombardeadas em 1944 e nunca reparadas. Tinha razões para recordar esse momento, foi nessa altura que os comensais começaram a adoptar métodos trouxas na guerra, todos eles personalizados com feitiços,

as bombas eram 3vezes mais poderosas do que uma bomba trouxa normal devido a poções, e mesmo assim o envidraçado, forte, feio e vitoriano, resistira ao abalo com segurança digna dos nossos avós.

Logo que comecei a atravessar a rua, verifiquei que o chapéu de chuva não era meu, pois metia água que me escorria pelo colarinho abaixo, e foi então que vi Harry. Tão facilmente eu pudera evitá-lo : não levava chapéu de chuva, e à luz do candeeiro via-lhe os óculos que a água cegava. As negras árvores sem folhas nada protegiam, estavam por ali como canos rotos; e a chuva pingava-lhe o severo chapéu escuro e descia-lhe pelo negro sobretudo de Auror. Podia ter-

lhe passado mesmo ao lado sem que ele me visse, e , para maior segurança, bastaria afastar-me meio metro, mas disse: "Harry, quase não nos conhecemos", e vi-lhe os olhos iluminarem-se como se fôssemos dois velhos amigos.

"Malfoy" – Disse ele, afectuosamente, e todavia quem não diria que ele, e não eu, tinha motivos de ódio.

Que anda você a fazer debaixo de chuva, Harry? – Homens há com os quais sentimos um

desejo irresistível de implicar: aqueles cujas virtudes não partilhamos. Respondeu evasivamente: - Oh, precisava de tomar ar -, e durante uma súbita rabanada de vento

e chuva, agarrou o chapéu justamente a tempo de lhe não ser levado para o lado norte.

e Virgínia, como vai? – perguntei eu, porque teria parecido absurdo não perguntar, embora

nada me tivesse agradado mais do que saber que estava doente, abatida, moribunda. Nesse tempo eu suponha que o sofrimento dela aliviaria o meu, e que, se ela morresse, eu me libertaria; não mais imaginaria todas as coisas que uma pessoa imagina nas minhas circunstâncias ignóbeis. E, pensava eu, se Virgínia tivesse morrido, até era capaz de gostar daquele pobre triste.

Ele retorquiu: - Ora, foi a qualquer parte - , e saltou-me o diabo dentro da cabeça outra vez, fazendo-me lembrar outros dias em que, a outros inquiridores, ele teria respondido o mesmo, quando só eu sabia onde Gina estava. – Bebe alguma coisa? – Perguntei, e qual não é o meu espanto ao vê-lo pôr-se em marcha ao meu lado. Nunca tínhamos bebido juntos fora da casa dele.

Há muito tempo que não nos vemos, Malfoy. – Por alguma razão sou um homem que toda a gente conhece pelo apelido: podia não ter sido baptizado. tal é o uso que os amigos dão ao pretensioso Draco que os meus aliteratados pais me puseram.

- Há muito tempo.

- Deixe cá ver... Há mais de um ano.

- Desde Junho de 1944. – Disse eu.

- Desde essa altura... pois é. Pateta, pensava eu, que não acha estranha uma ausência de ano e meio. Menos de quinhentos metros de relva – eis o que nos separava. Nunca lhe ocorrera perguntar a Gina: "Que é feito do Malfoy? Não podemos convidar o Malfoy?", e as

respostas dela não lhe teriam parecido...estranhas, evasivas, suspeitas? Eu desaparecera-lhes da vista completamente como uma pedra caída num poço. Creio que os circuitos da água terão

incomodado Gina uma semana, um mês...mas, não havia dúvida, Harry usava os antolhos bem apertados. Odiara-lhos mesmo enquanto beneficiara deles, por saber que outros igualmente

poderiam beneficiar.

Ela foi ao cinema?

Não...quase nunca vai.

Costumava ir.

Caminhamos em silêncio até ao Três Vassouras, um pacato bar bruxo...

Que toma você?

Não me desagradava um firewhisky.

Nem a mim, mas há-de tomar rum.

Sentámo-nos numa mesa, ficamos mexendo vagarosamente nos copos: nunca me sobrara que dizer-lhe. Tenho dúvida se alguma vez me teria interessado em conhecer Harry e Virgínia, se não haver começado em 1939 a escrever uma história cuja principal personagem era um Auror superior.

Na primeira vez que levei Gina a jantar fora, era minha intençãoperscrutar os miolos da mulher de um Auror, ela não sabia o que eu queria; estou certo que de me julgava genuinamente interessado pela sua vida familiar, e foi talvez o que lhe despertou a simpatia. A que horas almoçava Harry, perguntava-lhe eu. Trazia trabalho para casa? Tinha uma pasta timbrada com as armas reais?

A nossa amizade floresceu ao calor do meu interesse: de tal modo lhe agradava que alguém tomasse Harry a sério. Harry era importante, assim importante como um elefante, graças ao volume que ocupa; há vários tipos de importância irremediavelmente condenados à

desconsideração. Harry era um importante Auror de nível superior do ministério. O Ministério – eu costumava rir me deles, naqueles momentos em que odiamos o próximo e qualquer arma nos

serve...Chegou uma altura em deliberadamente eu disse a Gina que escolhera Harry apenas com o propósito de copiar, e copiar para uma personagem que era o elemento cómico e ridículo do meu livro. Foi então que ela começou a detestar o romance. Era imensamente leal para com Harry (nunca pude negá-lo), e, nas horas sombrias em que o diabo se apossava de mim e eu até detestava esse inofensivo Harry, servia-me do romance, inventava episódios demasiado

obscenos para serem escritos...De uma vez Gina passara a noite inteira comigo ( e eu esperava por isso como um escritor espera pela última palavra dum livro seu), eu despedaçara subitamente a ocasião única, com uma frase desastrada que dissolveu o ambiente do que, por vezes e durante horas, parecera um perfeito amor. Depois adormecera cerca das duas horas para acordar às três, e despertei Gina pondo-lhe a mão no ventre, e disse-lhe: " Tenho estado a pensar no capitulo quinto, antes de alguma reunião importante, o Harry costuma tomar algumas pastilhas contra o mau hálito?" Ela abanou a cabeça e começou a chorar em silêncio e , claro é, eu fingi não compreender porquê – uma pergunta tão simples, que me preocupava a propósito da minha personagem, não estava a atacar Harry, as mais distintas pessoas tomam pastilhas às vezes...e assim por diante. Ela continuou a chorar e acabou por adormecer – dormia

muito bem, e mesmo essa capacidade de bem dormir eu considerava ofensa adicional. Harry bebeu rapidamente o seu rum, o olhar perdido miseravelmente por entre as grinaldas amarelas e cor de laranja. Perguntei – então, um feliz natal?

Muito agradável. Muito agradável.

em casa? – Harry olhou para mim como se a inflexão da minha voz lhe houvesse parecido estranha.

Casa? Sim, pois claro.

E Sara, bem?

Sim.

Toma outro rum?

É a minha vez.

Enquanto ele mandava vir as bebidas fui ao urinol.Havia frases nas paredes: "O raio que te parta, patrão, e à tua mulher mamalhuda!", " A todos...uma sífilis alegre e uma feliz gonorreia". Voltei logo às grinaldas de papel e ao barulho dos copos.

Repeti a Harry as duas frases que vira, Queria chocá-lo, e fiquei surpreso quando ele me disse simplesmente: - o ciúme é uma coisa terrível.

Refere-se à frase da mulher mamalhuda?

A ambas. Quando uma pessoa se sente desgraçada, inveja afelicidade dos outros. Nada

disto eu esperava que ele tivesse aprendido no ministério. E cá esta –nesta frase- o azedume a escorrer me da caneta. Que triste coisa sem vida é este azedume! Se eu pudesse escreveria com amor; mas se eu soubesse escrever com amor, seria outro homem: e nunca o teria perdido. E todavia, subitamente, por sobre a polida superfície da mesa, senti perpassar algo, algo não tão absoluto como o amor, talvez nada mais que um sentimento de camaradagem no infortúnio. E disse:

Sente-se desgraçado, Harry?

Malfoy, estou preocupado.

Diga o que é.

Acho que era o Rum que o fazia falar, ou ele tinha certa consciência de quanto eu sabia a seu respeito?

Ando preocupado com Gina, Malfoy.

Mas ela está doente? Parece-me que você tinha dito...

Não, não está. Não me parece que esteja. – E olhou

desconfortavelmente em volta: não estava no seu milieu .- Malfoy,

não posso falar aqui, venha comigo a minha casa.

Virgínia já terá voltado?

Não creio.

Paguei a despesa, o que foi mas um sintoma de perturbação de Harry, nunca aceitara com facilidade as franquesas dos outros. O parque ainda escorria água, mas não estávamos longe da casa de Harry. Sob a janela Queen Anne, abriu a porta e chamou "Gina, Gina". Eu ansiava por uma resposta que ao mesmo tempo temia, mas ninguém respondeu. – Ainda não veio. Entre para o escritório.

No interior do escritório

- Então o que o preocupa, Harry?

- Gina. – respondeu ele.

Ter-me-ia assustado, se ele me tivesse dito isto, de idêntico modo, dois anos antes? Não. Creio que teria sentido uma alegria imensa – tão inelutavelmente nos cansamos de decepções. De bom grado houvera aceite lutar em campo aberto, que mais não fora por puder haver uma probabilidade, ainda que pequena, de, graças a um erro de táctica da parte dele, eu ganhar. E nunca houvera, nem antes, nem depois, outro momento na minha vida em que eu tanto desejasse a vitória. Nunca senti um tão forte desejo, nem sequer de escrever um bom livro.

Olhou-me com os olhos vermelhos e disse: Malfoy, tenho medo.

De que tem medo, Harry?

Deixou-se cair num cadeirão como se alguém o tivesse empurrado e disse com repulsa: - Malfoy, sempre pensei o pior, o verdadeiramente pior, que o homem pode pensar...- noutros tempos eu teria ficado sobre brasas: era-me bem mais difícil, e quão infinitamente mais terrível, este sentimento de inocência.

Você sabe, Harry, que pode confiar em mim. – Era possível, pensava eu, que ela tivesse guardado uma carta, embora eu tivesse escrito poucas, e ele a tivesse achado.

Olhe então para isto – disse Harry enquanto me estendia uma carta.

Congelei...mas não, não era a minha letra. – Vá leia. – Era de qualquer amigo de Harry, que dizia: " Aconselho a pessoa que você quer ajudar a dirigir-se a um tipo chamado Savage, em Vigo

Street, 159. Acho-o muito capaz e discreto, e os empregados dele são menos repugnantes do que essa gente em geral costuma ser"

Harry, não percebo.

Escrevi a este homem dizendo que um conhecido meu me pedira indicações acerca de uma agência particular de investigações. É horrível Malfoy. De certeza que ele leu nas entrelinhas.

Mas, na verdade, você?

Ainda não dei o passo, mas a carta ai tem estado em cima da secretaria sempre a lembrar

me...parece-me ridículo, não parece, que eu possa confiar inteiramente nela, em que não a lê, embora aqui entre, todos os dias, dúzias e vezes. Nem sequer a meto numa

gaveta. e contudo não posso confiar nela...saiu para dar uma volta. Uma Volta, Malfoy.

Sinto muito.

Você sempre foi um particular amigo dela, Malfoy. Dizem que o marido é sempre a última

pessoa a saber... Quando esta noite o vi na rua, pensei que, se lhe contasse e você se risse de mim, seria capaz de queimar esta carta.

Não é daquelas situações de que a gente se ri, apesar de que é inconcebível...

E ele perguntou me com impaciência: - É inconcebível. você julga-me

doido, não julga?

Um momento antes, de boa vontade me teria rido; agora porém, que só me restava mentir, os velhos ciúmes voltavam. São marido e mulher, a tal ponto uma só carne que, se detestamos a mulher, temos também de detestar o marido? A pergunta dele recordou-me como havia sido fácil enganá-lo: tão fácil, que ele parecia cúmplice na infidelidade da mulher, como um homem que, num quarto de hotel, deixando notas à vista, é cúmplice no roubo delas, e odiei-o exactamente por aquela qualidade que, outrora, facilitara o meu amor.

Não! Não o julgo doido, Harry

Quer dizer...você quer de facto dizer...que é possível?

Sem dúvida que é; Virgínia é um ser humano.

Comentou com indignação: - e eu sempre o supus amigo dela -, como se tivesse sido eu quem escrevera a carta.

Mas é evidente – disse eu - que você a conhece muito melhor do que eu nunca a conheci.

De certo modo – concordou com tristeza, e eu via que ele estava pensando em quais seriam os modos por que eu a teria conhecido melhor.

Você perguntou-me, Harry, se eu o julgava doido. E eu respondi que nada havia de absurdo no que você pensava. Nada disse contra Virgínia.

Bem sei, Malfoy, desculpe. Tenho dormido mal, ultimamente. Acordo de noite a pensar no que hei-de fazer com esta maldita carta.

Queimá-la

Quem me dera ser capaz. – Ainda a conservava na mão, e, por instantes, cheguei a pensar que ia deitar-lhe fogo.

Ou então procurar esse Savage. – Acrescentei.

Mas eu não posso ir fingir, diante dele, que não sou eu o marido. Ora pense, Malfoy, estar

sentado diante de uma secretaria, na mesma cadeira onde se sentaram todos os outros maridos desconfiados, e contar a mesma história...E não há uma sala de espera, que temos de atravessar e onde temos de encarar uns com os outros?

É curioso, dizia eu comigo, quase se poderia tomá-lo por um homem com imaginação. Senti

a minha superioridade abalada, o que me recordou o velho gosto de implicar, e disse: - Porque não mandar-me a mim, Harry?

Você? – E de repente pareceu-me que fora demasiado longe, que o próprio Harry poderia

começar a suspeitar.

Sim – respondi eu, brincando com o perigo, pois que me importava agora que Harry

soubesse alguma coisa do passado? Far-lhe-ia bem, talvez o ensinasse a dominar melhor a mulher. – Posso fingir que sou um amante ciumento – continuei – Os amantes ciumentos são mais respeitáveis e menos ridículos que os maridos. E estão garantidos pelo prestigio da literatura. Os amantes traídos são trágicos, nunca são cómicos. Pense em Troilo. Não perderei o meu Amour Propre ao defrontar esse Sr Savage.

Você de facto faria isso por mim, Malfoy? – e havia lágrimas nos olhos dele, como se jamais tivesse esperado ou merecido esta suprema prova de amizade.

Claro que faria.

Mas é fantástico. Nem sei o que tenho estado a pensar. Primeiro conto-lhe...depois peço lhe...isto. Mas uma pessoa não pode espiar a própria esposa por intermédio de um amigo...e esse amigo fazer-se passar por amante dela.

Oh, não é coisa que se faça – disse eu -, mas nem é adultério, nem roubo, nem deserção sob fogo do inimigo. e as coisas que não se fazem são feitas todos os dias, Harry. É um aspecto da vida moderna. Eu próprio tenho feito muitas delas.

Você é um bom tipo, Malfoy (N/A.: Porra! conseguem imaginar Harry Potter a dizer isto a Draco Malfoy!xP) O que precisava era desabafar...para aclarar as ideias e desta vez aproximou realmente a carta das chamas. Quando estava totalmente queimada, recitei: - O nome era Savage e a morada Vigo Street,

159 ou 169.

Esqueça isso. Esqueça o que eu lhe disse. Não tem pés nem cabeça. E ultimamente sofro muito de nevralgias. Hei-de ir ao médico.

Ouvi a porta – observei – A Virgínia está a entrar.

Oh – retorquiu ele - , deve ser a criada. Foi ao cinema

Não eram os passos de Virgínia.

Foi abrir a porta, e , automaticamente, o rosto dele ajustou-se às formas absurdas da delicadeza e do afecto. Sempre me irritava esta reacção mecânica à presença dela, por nada significar – uma pessoa nem sempre está disposta a aceitar de bom grado a presença de uma mulher, mesmo que a ame, e eu acreditara em Virgínia quando me dissera que eles nunca haviam estado apaixonados. Eram mais autenticas, suponho, as boas-vindas implícitas nos meus acessos de ódio ou suspeita. Ao menos para mim ela era senhora das suas acções – não um objecto doméstico que, como uma porcelana, precisasse de ser manuseado com cautela.

Gi...na- Chamou ele. – Gi...na -, espaçando as sílabas com

insuportável insinceridade.

Como posso eu evocá-la, para uma pessoa estranha, tal que parou no vestíbulo, ao fundo da escada, voltada para nós? Nunca fui capaz de descrever sequer as minhas personagens de ficção, a não ser pelos seus actos. Sempre julguei preferível que, num romance, o leitor fique livre de imaginar uma personagem a seu gosto – não pretendo fornecer-lhe ilustrações já prontas. e agora a minha própria técnica me trai, pois que não quero outra mulher se substitua a Virgínia, e

sim que o leitor veja as sardas da cara e a boca rubra, a forma da cabeça, os cabelos cor de fogo molhados da chuva; mas só consigo evocar uma vaga figura, envolta numa gabardina gotejante, a voltar-se para nós e dizer: - O que é, Harry? e logo a seguir:

- Você?

------------- Fim 1º Capitulo ------------

N/A.: então o que acharam deste 1º capitulo? Eu sei um cadinho chato...mas a história ainda está no começo...gostaram duma conversa civilizada entre o Potter e o Malfoy? fico à espera de reviews!

JoNNeZ

06. Julho. 2006