Embora as duas não se lembrassem de nada do que se havia passado com Pedro e Diogo, eu, como narrador é meu dever descrever o que se havia passado. Pedro havia ficado naquela galeria dos esgotos, enquanto Maria, Rosário e Diogo haviam fugido, desaparecendo na escuridão. Pedro e Aion haviam ficado a mirar-se, nada mais era importante. "Pensas que não sei, que ela é a razão pela qual esta confusão toda começou, ela é a estigma escolhida.", "Hehehe, entendido no assunto, mas não é isso que te vai salvar.", "Não, mas vai-te atrasar.", ao ouvir isto, a expressão de Aion de repente havia ficado gelada, o homem à sua frente, não tinha medo da morte, sabia que mais dia, menos dia, ela haveria de chegar. Aion de repente levantou a mão e enviou uma onda de fogo negro, fluido como água branca cristalina, mas negro como o seu coração. Pedro atravessara a parede, deixando um enorme vazio na parede. Aterrara no átrio principal da igreja, batendo com as costas logo abaixo do quebrado que o vitral deixara. Por entre o vazio deixado pelo corpo de Pedro, surgiu Aion, com os olhos esbranquiçados e rodeado de uma aurora negra, levitando em direcção a Pedro, com as mãos rodeadas do mesmo fogo que atingira Pedro. "Tu pensas que consegues destruir o último dos demónios originais do Inferno? Deves ser doido". A água benta estava espalhada por todo o lado, pois Rosário havia derrubado a concha suportada por uma pequena coluna, concha esta que estava cheia de água benta. O grande pai da escolhida pensou numa ideia desesperada, mas que se funcionasse, dar-lhe-ia uma grande vantagem. Pegou numa das mp5 que os mercenários, agora mortos, haviam deixado e banhou-a na água benta que agora pelo chão estava espalhada e disparou. A bala levou consigo as poucas esperanças de ele sair dali com vida. Acertara o alvo, logo abaixo do joelho. Aion depressa caiu no chão, agarrado à zona do joelho. "Esperto, mas nada que não possa resolver". A sua perna depressa regenerou, a água benta tinha efeito nele, mas não era duradouro. "Merda", pensou Pedro, preparando a mp5 para descarregar todo o clip em Aion. Foi o que fez, mas Aion colocou-se atrás do altar de pedra granítica vermelha escarlate, altar este que reteve todas as balas, não sobrando nenhuma. "Hehehe, és um idiota, pensas que são umas balazinhas me iam deter?". Disse Aion ao erguer-se do chão, começou a evocar outra vez aquele estranho fogo negro. Distraído, não reparou que Pedro avançava na sua direcção com um uma cortante, retirada da imagem do Anjo Gabriel, banhada na água benta, que espalhada pelo chão estava. Aion reparara a tempo e dera um pequeno salto para trás. Pedro deu um salto para a frente, virando o seu corpo, de modo a que as costas ficassem de frente para Aion, e, em pleno salto, cravou a espada no seu coração, atingindo Aion no seu e cravando-se na parede. Como que uma espetada de carne. Falando com dificuldade, mas gabando-se, disse apenas "Eu disse…que te atrasariaaa…, vaiam em busca da…salvação miúdas…o mundo esperavossssssssssss……….". Morrera, assim como Aion, a água benta queimara o seu coração. Entretanto, os outros três saíam dos esgotos por uma sarjeta isolada, entrando no metro pouco depois. Rosário estava calma, mas por dentro, sentia-se vulnerável. Diogo pressentia que a sua vida seria curta. Maria entrara em estado de choque, mal raciocinava. Os estigmas já há muito sangravam, mas as hemorragias não pingavam. Rosário e Diogo haviam colocado ligaduras. Era noite cerrada, nem se via a Lua no horizonte, nem no céu, nem nos corações dos três. Já passava das quatro da manhã, não viam ninguém no metro, só eles três. O comboio chegara, entraram, e ficaram todos aconchegados num banco do fim da última carruagem. Saímos na Baixa/Chiado, caminhámos até ao Cais do Sodré. Tentaram avivar Maria, mas era inútil. Curiosamente, não sabendo porquê, os estigmas estavam brilhando cada vez mais. "É melhor irmos para o cais, o meu pai tem lá um barco atrelado, um pequeno iate, por agora é a nossa melhor fuga.", disse Diogo. No entanto, já á nossa espera, estava um estranho indivíduo, vestido de negro, braços, pernas e cintura envoltos em correntes, bandana negra, com as pontas rasgadas, grilhões no pescoço, com um crucifixo incrustado num pentagrama invertido. "Os filhas da puta já tinham em mente a nossa escapatória, caso desse para o torto." pensou Rosário. Entretanto outros homens haviam chegado, um enorme batalhão, eram mais de 300, por certo. A figura levantava um braço dizendo "Deixem estes por minha conta.". Num movimento quase impossível de se ver, Silvinus, assim lhe chamavam os seus subordinados, lançou as suas correntes, trazendo de volta para junto do seu corpo Maria, que não reagiu. Beijando-lhe a testa, disse "Vais ser perfeita para os nossos princípios, objectivos, vitórias.". "Só por cima do meu cadáver!", ripostou Diogo, apenas depois se apercebendo do que havia dito. "Como queiras, hehehe.", Silvinus com um movimento de mão contínuo largou Maria, deixando-a encostada a um poste de luz, recolhendo rapidamente e de seguida as suas correntes. Então lançou as correntes do seu braço contrário, esquerdo, contra Diogo. Diogo deu uma estalada brutal em Rosário no sentido de a afastar, mesmo antes de as correntes apanharem-no na perna esquerda, e o trazerem de volta, ficando Rosário a sangrar. Mas Silvinus foi apanhado de surpresa, pois Diogo ao apoiar-se na perna presa desferiu um enzigury no pescoço de Silvinus, rachando-lhe o crucifixo, mas também ferindo gravemente o tornozelo de Diogo, que se havia espetado num dos grilhões. Depois disto, Maria começava a irradiar luz, que, embora fraca, ia aumentando de intensidade e energia. Os dois caíram no chão, um agarrado ao pescoço, o outro ao tornozelo. Silvinus, na raiva, que se descontrolara, lançou as suas correntes na direcção de Diogo, apanhando-o no tórax e lançara-o para as águas, lar das Tágides. Diogo rastejou até a um pequeno barco, provavelmente usado por traficantes, uma vez que se encontrava atolado de espingardas, revolveres, caçadeiras. Pegou numa caixa de munições e numa Colt. 45 e disparou contra Silvinus, que no cais, recolhia as correntes descansado, pensando ter morto Diogo. A esperançosa falhou o alvo, por pouco. "Ainda vivo?" gritou Silvinus, ao dar um salto para perto de Diogo, acorrentando-o por completo, mas cometera um erro imperdoável, deixou a mão direita livre de Diogo, pronta a ser usada com a Colt. Diogo olhou para trás com a sua visão periférica e viu vários bidons de combustível, naquele barco da TransTejo. Diogo começou, num ápice, a recordar todas as memórias relativas à sua família, e pensando para si próprio disse "Desculpa, desculpa não te poder proteger, desculpaaaa…". Ao dizer isto disparou para os bidons, explodindo o barco, não dando escapatória aos dois. Maria ao ver isto começou a brilhar como nunca antes, a concentrar energia e a irradiá-la. NYYYYYYYYYYYYAAAAAAAAAAAAAHHHHH!
Charles de Gaulle uma vez disse "Cemitérios estão cheios de homens indispensáveis".
