NYYYYYYYYYYYYYYAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHH!
Um enorme grito largado por Maria fez desencadear uma onda de choque que acompanhou a descarga de luz por si criada. As suas mãos agarravam o cabelo violentamente, logo acima da testa. O seu rosto denotava raiva extrema, olhos rasgados, fechados e cerrados, a boca aberta gritava enraivecida, os estigmas sangravam abundantemente. De joelhos, Maria explodia de raiva. Os soldados, subordinados de Silvinus, olhavam estupefactos para aquele espectáculo aterrador. Asas angelicais rasgaram a pele e apareceram, desabrochando como uma flor selvagem ao amanhecer. Abrindo os olhos, esbranquiçados, enraivecidos e rangendo os dentes, num ápice foi da sua posição até perto de um guarda, um soldado como outro qualquer ali presente. Pairando no ar e agarrando um soldado pelo pescoço com a mão direita, cravou as suas unhas e esventrou-o, matando instantaneamente. A sua mão, ensanguentada começou a invocar uma aura de energia, que lançou contra alguns ali presentes, repetindo outra vez a mesma invocação. Contra os soldados restantes, ainda muitos, mais de uma centena, usou a sua velocidade e força, agora sobre-humana para os combater à força. Os soldados bem disparavam, mas as balas apenas faziam ricochete. Lançaram granadas e bombas incendiárias, mas nada parecia fazer efeito. Maria chegava-se perto de soldados e arrancava com as mãos nuas os maxilares inferiores, espetando as suas pontas nos olhos das vítimas, assim como trespassando o coração com as mãos friamente, arrancando-o. Outras vezes arrancava á dentada um dos braços e usava-o como bastão contra outros guardas. Entre outras, era costume arrancar a cara dos armados com as mãos frias, ficando ossos ao frio do relento. Também esventrou os pescoços de muitos, assim como arrancando os olhos de muitos outros, recolocando-os de uma forma brutal, de maneira que as suas mãos entrassem literalmente na cabeça dos desgraçados. Após muita matança sanguinária, chegou-se perto de Rosário, que ainda sangrava do nariz e boca devido à estalada de Diogo. Reagindo com medo, Rosário afastou-se com medo, mas Maria não a atacou, alguma lembrança, consciente ou não, a impediu de atacar Rosário, os seus olhos denotavam claramente raiva, desejo de vingança, destruição, revolta. Voltando-se para trás, foi acabar com a matança. Pegava em dois soldados e esmagava as suas cabeças uma na outra. Com pontapés certeiros, esmagava os ombros, enfiando clavícula, úmero e costelas, esmagadas, no interior dos órgãos internos. A sua última matança foi a de agarrar um soldado pela cabeça o lançar para o céu, agarrando com firmeza a cabeça deste, de modo a que o corpo se arrancasse da base da cabeça e fosse projectado. Depois Maria baixou os braços, largando aquela cabeça última, agora sem dono. Então, após este festim de sangue e violência, caiu de lado, fechou os olhos. As asas desapareceram tão misteriosamente como haviam aparecido. Havia desmaiado os estigmas haviam cessado de brilhar, assim como de sangrar. Mal respirava. Rosário pegou em Maria e correu para o iate, iniciando rapidamente a viagem, para bem longe, para nunca mais voltar a Portugal. O poder de Maria havia despertado, e era muito, muito maior daquilo que se esperava, mas por alguma razão, Rosário pressentiu que apenas vira uma amostra, uma razão estranha, pois parecia uma voz que a avisava, uma voz na cabeça dela que falava tão claramente que de alguma forma, sabia que era real. Era a mesma voz que ouvira em Odivelas. Navegaram para sul, até encontrarem terra. Ao anoitecer, desembarcaram no Norte de Marrocos. Saíram do iate, já sem combustível. Maria já estava acordada, embora extremamente cansada, não se lembrando de mais nada a não ser o amanhecer em pleno mar alto. "Miga, fica aqui que eu vou comprar combustível e alguma comida", e dizendo isto, foi até à vila costeira de pescadores. Havia sido um erro que mais tarde haveria de se arrepender. Minutos depois de Rosário sair do barco, uma figura, claramente feminina, de vestes negras e cabelo branco platinado, entrou no barco. Maria havia adormecido. A rapariga, ainda jovem, pensou para si própria "Esta pequena emana uma aura muito poderosa, será uma boa refeição, óptimo, não sacio a minha fome desde há uma semana". Chegou-se perto de Maria, que não despertou para este perigo, pois dormia como um anjo, como se o mundo à sua volta não existisse. A rapariga de negro ajoelhou-se e cravou os dentes no pescoço de Maria. Era uma vampira, de seu nome Elizbeth Bathory. Não bebeu o sagrado sangue de Maria por completo, apenas o suficiente para saciar a sua fome, o que infelizmente, foi todo, o que fazia de Maria uma vampira. Saciada a sua sede, lambem os lábios, ainda ensanguentados, e ordenando Maria para se mover e sair dali, esta nem se mexeu. É usual um vampiro que depois de transformar outro, sugando todo o sangue da vítima, transforme essa vítima num dos seus subordinados. Mas por alguma razão, Maria não respondia aos comandos de Elizabeth. Embora adormecida sem querer invocou as suas asas, mas agora uma era claramente angélica, a outra, negra, demoniacamente negra. Depressa recolheu as suas asas. O seu poder divino conseguiu com que ela rejeitasse as ordens dadas, e conseguiu equalizar o lado negro que agora se instalara nela, impedindo que se tornasse uma vampira no verdadeiro sentido do termo. "Pruuungk", alguma coisa, ou alguém havia aterrado no telhado. Olhando para cima, para o telhado, Elizabeth, pensou em desaparecer, e foi o que fez. Desvaneceu-se no ar. Um homem entrou no convés do pequeno navio, procurava algo, ou alguém, mas não havia encontrado nada, sendo assim, atirou-se ao mar e foi-se embora, nadando. Voltando com as compras e sorrindo, Rosário gritou "Voltei!". Não obtendo resposta, entrou, e viu Maria sangrando do pescoço, o seu sangue recuperara devido ao seu poder regenerativo, mas as marcas das presas de Bathory haviam ficado cicatrizadas. Rosário largou os sacos e ajoelhou-se a acrodar Maria, que continuava a dormir, desengonçada e enrolada nos lençóis. Entretanto, uma figura entrou no barco com uma carabina. Rosário voltou-se para ver quem era mas levou uma pancada com a coronha da carabina, desmaiando de seguida. Era Jacques Santini.
