Cole e Maria ficaram a olhar fixamente nos olhos década um, nada mais importava. Warella, levantava-se, com uma das mãos a tapar a testa, pois embora se tivesse desviado a tempo, fora atingido por estilhaços. Nunzio se enraiveceu, não era que ele estava à espera. No entanto, exteriormente permanecia impávido e sereno. Joe continuava a olhar para Cole. Rosário desmaiara. Cole arrumara a arma ao ombro e estendeu as duas mãos na direcção deles. Maria, assustada, soltou as duas asas e começara a invocar energia. Foi tarde demais para isso. Cole fizera um feitiço que abrira um portal no chão, caindo Maria, Rosário, Nunzio e Warella, engolidos no vazio. "Bon voyage, fools, you, old jerk, you come with me.", disse Cole para Joe. A queda deles parecia infinita, como se o tempo havesse parado. Então de repente, todos bateram num chão rochoso negro. Inanimados por mais de uma hora, Nunzio fora acordar os outros ainda meio cambaleado, com a mão na testa. Após todos estarem acordados, tentaram perceber onde estavam. "Onde é…aqui?" perguntou Maria. "Penso sere o Inferno, Nifelheim, Erebus, Underworld, chamem-lhe que quiserem, mas estamos encurralados no meio de domínio dos mortos." Respondeu Nunzio. O cenário era demoníaco. Olhava-se para cima mas via-se um céu negro, sem luz, sem nuvens. A única luz que os iluminava tinha origem nas poças de lava ardente que estavam a céu aberto. Curiosamente, não se sentia calor. Árvores mortas estavam espalhadas por aquela planície. Como som de fundo, para além do som das labaredas que provinham das poças ouvia-se grunhidos agudos. "Que ez isto?" perguntou Warella. "Melhor será não saber." retorquiu Rosário. "Na mitologia Grega há relatos de mortais que podiam entrar para o Erebus (um dos níveis do inferno grego) através de várias entradas. Orpheus entrou, Odysseus (aka Ulisses) entrou, portanto se estas lendas se basearem em factos reais, se eles entraram, também saíram." disse Maria, cuja paixão era ler mitologia e esoterismo, especialmente se tivesse a haver com bruxaria, daí a sua alcunha, posta pelos seus amigos mais chegados ser Wicca. "Só espero não entrarmos no Tártarus, onde anda Kronos." Completou. "Kronos, Loki, Set, chamem-lhe o que quiserem, mas ele é uma única pessoa." Disse uma voz misteriosa cuja dona apareceu no meio da escuridão. Quando se mostrou, era uma jovem loira, com uma armadura em forma de vestido, azul. Trazia uma espada na mão, muito bela por sinal. Nunzio reconhecera-a. "Tu? Pensei que havias morrido Joan, naquele dia, 30 de Maio, 1431, assisti a tudo…" "Fui capturada pela, como é que vocês hoje a chamam? Opus Dei. E não, não fui queimada, eu fui levada para interrogatório, tentaram fazer com que eu me juntasse a eles. Queimaram uma jovem parecida comigo no meu lugar. E para estarem aqui suponho que o Cole já voltou à terra." "Cole?" perguntou Maria. "Sim, um tipo musculoso, com a figura de um bode na testa, geralmente usa espadas, certo Nunzio?" "Creio que estejamos no século XXI, não no XV Joan, e sim, essa descrição parecia do tipo que enviou-nos para aqui." Disse Nunzio. "Já passou assim tanto tempo desde que cheguei aqui?" Joan deixou cair a espada e sentou-se numa pedra, a olhar para o chão, com as mãos apoiadas nas pernas, começando a chorar, percebeu que ela não pertencia àquele tempo, era uma carta fora do baralho em termos temporais. Maria sentiu algo estranho em Joan, algo que sentia ela própria no seu corpo e alma, então havia-se lembrado do que Joe havia dito, ela era uma das escolhidas, ela era uma estigma, tal como ela. Rosário estava estupefacta, Nunzio e Joan conheciam-se, mas Joan tinha mais de cico séculos, era impossível para um humano normal estar vivo. "Estás viva, como?" "Na Terra o tempo passa, mas aqui o tempo está congelado, ou seja, passa lá, aqui não. Pensa bem, isto é suposto ser o mundo dos mortos, não é lugar para os vivos. Os mortos geralmente não têm consciência de si próprios, ao contrário dos vivos. O Cole ainda está vivo, merda." "Mas disseste que conheces o Cole?" perguntou Maria. "Fui eu que arrastei-o até aqui, ele provavelmente fez a vocês o mesmo feitiço que fez comigo, mas eu agarrei-lhe uma perna e ele foi arrastado comigo. Então nunca mais o vi." Nunzio juntou as mãos e colocou-as em bico, juntando as pontas dos polegares e colocando as mãos coladas aos lábios, tinha um olhar fundo, em forma de pensamento. "Agora, que falas nisso, 1912, aconteceu aquele incêndio em Constantinopla, mais conhecida hoje por Istambul, grande parte da cidade foi destruída, mas a verdadeira causa até hoje mantém-se oculta. Conta-se que uma figura misteriosa apareceu do meio do chão por uma cratera negra que se fechou e deu início ao incêndio, depois de ter explodido em luz, mas são apenas lendas. Será que ele arranjou alguma maneira de sair daqui, tendo ir parar a Istambul?" "Bem, há uma maneirra de sair de aqui." Disse Warella. Todos olharam para ele. A hemorragia na testa havia parado, mas tinha ficado negra. Perguntaram-lhe como, e ele disse que se há maneiras de entrar, também há maneiras de sair. "Entrrar, ou fazer entrrar pessoas no Errebus consome enerrgia, mas sair liberrta, daí terr-se iniciado der incêndio de Istambul. Temos de encontrrar uma maneirra de concentrrar enerrgia e usá-la parra crriar um feitiço parra saírrmos de aqui, Nunzio, essa tarrefa ez tua, Marria, trrata de concentrrar enerrgia." disse Warella, ao qual Nunzio respondeu "Tennes idéia do que me custa fazere uno feitiço desse género?" "Tens idéia melhor?", disse Warella. "Benne, eu por acaso sei il deitiço para saíre de aqui." Nunzio sentou-se e começou a concentrar-se, Maria tentou concentrar energia, soltou as suas asas e o seu poder. "Espera, deixa-me ajudar-te." Disse Joan para Maria. Sendo ela também uma escolhida, também ela soltou as duas asas e começou a concentrar energia. "Só ezpero non concentrrarmos enerrgia a mais."

pensou Warella.