4º Capítulo – O Torneio Fantasma

Um mistério começava a apoderar-se da mente dos rapazes, mas só poderiam esclarecer a dúvida no dia seguinte. Foi preciso a luz ficar acesa para que Kenny adormecesse e foi ainda mais necessário que a Hillary gritasse aos ouvidos do Tyson, que elas não precisavam de companhia para dormirem. É claro que a intenção do rapaz era mesmo partilhar a cama da Maylene e não era outra coisa.

Kai foi o primeiro a retirar-se. Tinha muito para pensar e até foi o último a adormecer. Como é que a rapariga se dirigira a ele daquele modo no avião? Ele nunca estivera com ela, nem nunca a conhecera e até o seu nome não lhe dizia nada. Havia de tirar essa dúvida mais tarde…

Por outro lado, Maylene ficou imenso tempo acordada. Sentada na sua cama e com a luz apagada, não conseguia desviar o olhar do castelo que se avistava estrategicamente bem da janela do quarto. Parecia que estava a exercer uma atracção sobre ela. Nuvens muito escuras o rodeavam e só era possível vislumbrar uma das torres mais altas.

Foi ainda a olhar para o castelo que ela se deitou e adormeceu.

……….

- Onde vamos comer?

- Tyson, ainda agora acordaram! – barafustou a Hillary acabando de se pentear frente ao espelho da sala de estar.

- É por isso mesmo! Estou com fome!

Nesse momento, a barriga do Daichi também não passou despercebida.

- Eu também!

- Vocês! A dona da pensão ofereceu-se para nos fazer o pequeno-almoço. Foi tão querida! – disse o Kenny. – Vamos esperar pela Maylene para depois descermos.

- E por falar nela, onde ela está?

Ray começou a olhar para toda a divisão à procura da rapariga. Parecia coincidência a mais, mas na verdade todos os rapazes não conseguiam deixar de pensar nela. Passados poucos segundos, ela apareceu, vinda do quarto. Os olhos de todos se arregalaram, inclusive os de Kai. Maylene trajava um vestido de seda cor-de-rosa, de mangas compridas e largas que ficava pelos joelhos e tinha um decote em forma quadrada. Os seus cabelos estavam amarrados num enorme rabo-de-cavalo.

Se eles já tinham ficado caídos por ela, mesmo sem o demonstrarem, logo no primeiro momento que se tinham apercebido da sua beleza, então agora ficaram sem reacção.

Por aquilo que podiam observar com mais pormenor, Maylene era uma deusa. As curvas bem delineadas e perfeitas, a sua cintura delgada, a sua elegância, o seu rosto e o mais belo de tudo, a sua expressão inocente e ao mesmo tempo de uma valente guerreira.

- Estou pronta. O que vamos fazer?

……….

Depois do pequeno-almoço, decidiram sair até às instalações da associação BBA, que tinha sedes por todo o mundo, com o objectivo de apoiar todos os Bladers residentes e também os Bladers viajantes como eles.

- Que estranho malta! Segundo o mapa, era aqui que se devia erguer o edifício! – admirou-se o Kenny, fitando um prédio velho e a cair de pobre, no final de um beco sem saída. O terror que vivera na noite passada já havia desaparecido e tudo não parecera mais de um sonho.

- Deves ter-te enganado no caminho. – contrapôs o Max.

- Não! Devia ser mesmo aqui… – insistiu de novo o rapaz voltando a olhar para o mapa e conferindo que estavam no local certo.

- E pessoal, foi impressão minha ou nem vimos um único cartaz de Beyblade no caminho ou até mesmo um único miúdo a jogar?

- Agora que falas nisso Ray! – concordou a Hillary.

- Acho que devíamos perguntar a alguém! Senão iremos andar às voltas e não sairemos daqui tão depressa. Devíamos voltar à pensão. – sugeriu a Maylene, o que fez os rapazes voltarem-se para ela e corarem.

Tinham percorrido o caminho todo o mais próximo dela, tentando passarem despercebidos. Muitas vezes olhavam para o lado e assobiavam. Não sei como estavam a conseguir, mas até estavam a disfarçar muito bem.

- E porque é que não perguntamos já a alguém? Talvez uma pessoa que passe por aqui. – contestou o Daichi, que era o único que não estava sobre o feitiço da rapariga.

- Talvez porque estamos num país cuja língua desconhecemos e apenas a dona da pensão sabe falar japonês. – Daichi olhou-a irritado e um pouco embaraçado. Tinha-se esquecido desse pormenor. – Sempre podes arriscar falar com alguém, mas não me parece que tenhas sorte, especialmente se este for um país onde o Beyblade não é muito popular.

Contra factos, não havia argumentos. Eles foram obrigados a regressar à pensão e para sorte do Tyson, foi mesmo a tempo do almoço. Assim que a dona da hospedaria despachou os seus clientes, veio se sentar ao pé deles para saber se estava tudo a correr bem.

- Espero que esteja tudo muito bom! – mas ficou nauseada ao ver as figuras que o Tyson fazia enquanto devorava metade da comida que estava em cima da mesa.

- Então… hunnmm não… hummnn havia de… hummn estar… – disse o rapaz com a boca cheia e enchendo-a ainda mais.

Os outros ficaram atrapalhados com a atitude do companheiro e tentaram-se desculpar com um olhar de "coitados de nós que o temos de aturar". Maylene tinha perdido o apetite. Era a primeira vez que via alguém comer naquelas figuras.

- Sabe de alguma coisa sobre o torneio? – perguntou o Kenny, tentando desviar as atenções de Tyson. Os Bladebreakers já estavam habituados ao seu capitão, mas queriam poupar os outros. Mas nem sempre o Tyson fora capitão da equipa. Durante o primeiro ano em que esta se formara, este título tinha pertencido a Kai, mas desde que o outro rapaz tinha ganho o título de campeão mundial, pensava que detinha todo o poder do mundo.

- Torneio? – devolveu a mulher a pergunta. – Qual torneio?

- O torneio de Beyblade que se vai realizar aqui na Transilvânia. Fomos convidados para participar.

- Beyblade? – a pensionista parecia realmente apanhada de surpresa. – Nós por aqui não temos nada disso. O Beyblade é essa coisa de fazer uns piões girarem, não é? – mas ela não se calou, mesmo perante os olhares fulminantes dos rapazes. – Nós aqui não temos esse jogo. Ninguém joga Beyblade pelas bandas, logo não pode haver torneios.

Daichi ia argumentar, mas acabou por se calar e ficar branco tal como os outros. Não havia torneios naquelas bandas? Então que convite era aquele que receberam?

- Não se vai realizar nada disso por aqui e acho que nem irão encontrar nenhum verdadeiro lançador de piões. – a mulher levantou-se a virou-se para uns clientes que acabavam de entrar. – Peço desculpa mas tenho de continuar o meu trabalho.

- Como assim não vai haver torneio? – o Tyson deixou de comer, o que foi um milagre e fitou os outros estupefacto.

……….

- Então se não há torneio, isso quer dizer que…

- Fomos enganados! – Ray completou a frase do Max.

- Mas a carta vinha carimbada! – disse o Kenny, tentando acreditar que aquilo não passava de um mal entendido.

- Mas não tinha assinatura. – lembrou a Hillary.

- E agora que vamos fazer? – perguntou o Daichi, atirando-se para cima do sofá e ocupando o lugar de duas pessoas.

Estavam de novo na suite e falavam sobre o estranho acontecimento. Poderiam pensar que a mulher se enganara, mas as evidências eram tão grandes! Não havia nada que lhes pudesse provar que o torneio ia existir.

- Vamos falar com o Sr. Dickson. – declarou o Tyson, dando um murro no próprio ar.

……….

- NÃO! – Kenny atirou-se para o chão e começou a espernear-se. – Quero sair deste país imediatamente.

Ray e Tyson ajudaram o rapaz a levantar-se e sentaram-no no sofá. Tinham acabado de falar com a dona da pensão e pedido para telefonarem para o Japão.

(FLASH BACK)

- Desculpe, queríamos fazer uma chamada para o Japão! – pedira o Kenny do seu modo mais educado.

- Desculpe menino, mas não temos telefone.

- Como assim não têm telefone? – admirou-se o Daichi. – Toda a gente tem telefone hoje em dia. Até em casa do Tyson havia um…

A mulher olhou-os sem qualquer expressão. Estava a tentar imaginar uma maneira de lhes dizer algo muito importante.

- É que ontem à noite houve outro ataque. – disse por fim. – O homem da mercearia e pai de 5 filhos desapareceu, deixando à porta da sua casa um rasto de sangue muito vermelho. Esta manhã quando tentávamos pedir ajuda, já não tínhamos telefone.

O Kenny voltou a ficar branco e em pânico.

- Outro ataque? – virou-se para os seus companheiros. – Eu não disse que devíamos sair daqui! É verdade! Ele existe mesmo…

- Está calado e não digas tolices. – pediu a Hillary.

- Não são nenhumas tolices. – contrariou a mulher. – Isto nunca nos tinha acontecido. Não temos forma de comunicar com o exterior e nem sabemos porquê. Tentaram arranjar os telefones, mas parece que uma maldição se abateu sobre eles. Algo está a impedir-nos de pedir ajuda. – a mulher benzeu-se, tal como fizera na noite anterior.

- Não! O Drácula está a obrigar a ficarmos aqui para nos atacar depois… – a boca do Kenny foi tapada com violência e ele foi arrastado de novo para a suite no andar superior.

(FIM DO FLASH BACK)

- Muito bem pessoal, agora estamos aqui sem maneira para comunicarmos com o Sr. Dickson e sem avião disponível para regressar. Temos a pensão paga, mas fora isso não temos quaisquer meios para regressar.

O Max, o Ray, o Daichi e a Hillary suspiraram perante a fala do Tyson.

- É o Drácula que nos quer matar!

- CALA-TE!

O Kenny fechou a boca e manteve-se assim durante o resto da tarde, mas chorando silenciosamente com medo.

- Acho que alguém nos deve estar a querer reter por aqui. Até não me admirava nada que fosse o Sr. Dickson, que nos quer fazer uma partida e armou-nos esta armadilha. – o Tyson mostrou-se muito confiante e destemido. Para ele aquilo era natural. Já uma vez o Sr. Dickson lhes pregara uma partida quando os fizera abandonar o navio que ia para o torneio da Rússia, só para serem obrigados a viajar das mais diferentes maneiras e ganharem mais experiência. – Mas sabem o que vamos fazer? Vamos mostrar-lhe que não temos medo e que não acreditamos nesse Drácula!

O Kai até agora apenas se limitara a segui-los por todo o lado com excepção na altura em que tinham ido telefonar, na qual permanecera com a Maylene na suite. Mas durante esse tempo, ela ficara a olhar pela janela e eles não tinham trocado a menor palavra. Bem… o Kai olhou-os e falou finalmente:

- Não podemos fazer nada sem ser ficarmos aqui até que encontremos algum meio de comunicarmos com o Sr. Dickson.

- Então isto quer dizer que esta noite vai ser mais divertida que a anterior.

Kenny engoliu em seco e não conseguiu olhar o Daichi, pois fechou os olhos e tapou a cabeça com a almofada.

……….

Os Bladebreakers encontravam-se de novo sobre a luz da lanterna, na mesma disposição da noite anterior. Desta vez o Kai tinha se ido deitar e Maylene estava junto deles e sentada no chão ao lado do Ray, que se mostrava bastante corado, mas que era impossível de ver à meia-luz e na escuridão em que se encontravam.

- Eu sei de uma história sobre uma vampira.

Todos olharam para a Hillary. Kenny desta vez não tentou lutar contra o Max e o Tyson, que mais uma vez o seguravam e estava com os olhos fechados com uma tal força que, de certo, quando os abrisse, haviam de doer.

- Herman de Cillei foi um dos aristocratas do vampirismo. A sua irmã, Bárbara mantinha com o irmão relações desonestas que era do conhecimento público. No entanto, Segismundo I, que era o imperador da Hungria, estava apaixonado por ela e até lhe chamava a "Messalina alemã". Segismundo I também se tinha iniciado no ocultismo através de Eléazar, um discípulo de uma seita egípcia que lhe revelou os mistérios da morte e as técnicas para obter a imortalidade. Segismundo fundou a Ordem do Dragão, baseada na mitologia do sangue. – esclareceu a rapariga ao aperceber-se que eles não estavam a compreender, até porque o silêncio tinha-se agravado. – Mas como estava a dizer. Ele estava apaixonado pela tal Bárbara. Quando ela se envenenou, ainda jovem, cansada da vida desprezante que levava, ele tentou ressuscitá-la, servindo-se de um ritual. Infelizmente o ritual foi mal sucedido e ela passou a assombrar muito tempo a região.

Uma pausa notou-se, o que indicava que a história tinha acabado. Ainda estavam todos calados, até que Daichi quebrou o silêncio.

- Essa não teve medo! – protestou o rapaz.

- Muito bem pessoal! Agora serei eu a contar uma que ouvi. – disse o Tyson, voltando-se para o Kenny, mas sem o conseguir ver por causa da escuridão. – Aswid e Asmund eram dois generais e também irmãos de sangue. Um dia um deles sugeriu que quando um morresse, o outro fosse para a campa com o irmão.

"Um dia, Aswid adoeceu e morreu. Fiel ao seu juramento, Asmund foi fechado vivo na sepultura, juntamente com o corpo do irmão e muitas oferendas, como comida, cavalos, o cão favorito de Aswid e armas.

"Antes que Asmund decidisse a melhor forma para se matar, Aswid acordou do seu sono de morte, erguendo-se como vampiro. Primeiro alimentou-se do cão, depois do cavalo e finalmente virou-se para o amigo e atacou-o com uma fúria demoníaca. – ao dizer isto ouviu-se um trovão seguido de um relâmpago, que iluminou por breves instantes a cara do rapaz. – Pegando numa espada, Asmund lutou com o irmão.

"Cerca de trezentos anos depois, alguns jovens partiram para visitar o túmulo dos guerreiros apesar dos avisos de que estava assombrado. Quando abriram a sepultura, ouviram sinais de luta e um dos jovens ofereceu-se para descer por uma corda. Minutos depois, os amigos chamaram-no e sentiram um esticão na corda. Tentaram puxar e encontraram na ponta um guerreiro – era Asmund. Tentando ganhar fôlego, ele contou-lhes que Aswid tinha tentado matá-lo e ele lutara pela vida durante trezentos anos e apenas venceu quando o jovem apareceu, distraindo o outro. Depois disto caiu morto.

Assim que o rapaz terminou a história, outro trovão rebentou e uma tempestade libertou-se. A janela que estava mal fechada, abriu-se com um enorme estrondo e foi Maylene que se levantou e foi fechá-la. Olhou durante mais uns instantes para o castelo, mas este já não se via, pois estava envolto em trevas. No entanto, ela jurou que vislumbrou duas sombras a voarem em direcção dele.

- Já é tarde. Vamos dormir e amanhã talvez damos uma volta por aí. Pode ser que entretanto consigamos telefonar ao Sr. Dickson. – disse a Hillary acendendo a luz. Kenny só não se atirou aos seus pés pela sugestão que acabara de dar, porque ainda se encontrava no meio dos colegas.

Retiraram-se. Os rapazes juntaram-se ao Kai e as raparigas foram para o quarto delas. Vestiram as camisas de noite e deitaram-se. Antes de Maylene fechar os olhos, vislumbrou o castelo uma última vez. Um novo relâmpago iluminou a montanha em que erguia a fabulosa construção e ela arregalou os olhos.

Uma aura negra e visível envolvia o castelo e por momentos, ele voltara a ficar com aspecto de ter sido acabado de construir. Risos oriundos da torre mais alta tornaram-se audíveis. Eram risos maléficos e aterradores…

Fim do 4º Capítulo

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Bem pessoal, apenas tenho uma coisa a dizer: Não achei que este capítulo tenha ficado muito bom. Ao reler, encontrei vários erros gramaticais e peço desculpa por isso mas não tive paciência para os corrigir.

Quanto às lendas e mitos, achei interessante a história dos dois irmãos e por isso a inclui. Até agora esta foi a mais assustadora que encontrei mas ainda estou a pensar levar a Fic ao extremo, por isso preparem-se para tudo!

Agora vou agradecer a todos os que leram!

littledark – Ainda bem que achaste interessante, apesar de eu a achar um pouco chata, mas estou a começar a animá-la! Será mesmo que o Drácula tentará seduzir a Maylene? (sorriu maldosamente) E quando chega a actualização da tua Fic? Começas a deixar-me ansiosa, quer com a nova, quer com a antiga!

Dead Lady – Ficaste a saber mais sobre vampiros? Não acredito que contribui para a tua cultura! Já começava a desistir de tal, quando te digo algo tu costumas já saber! XD Mal posso esperar pelo concerto para pormos a conversa toda em dia (se é que é possível! – XD)

xia-thebladergirl – Tu pior que o chefe? Acho isso impossível! XD Digamos que o Kai será o salvador de serviço. Eu posso disponibilizá-lo para quando estiveres a ler mas já sabes que ele está comprometido comigo! Nada de traições… E penso que este capítulo te respondeu a uma pergunta!

E agora para terminar agradeço a todos os outros que estão a ler a Fic e especialmente à Ketz Malfoy Hiwatari. Nem sabes a falta que as tuas Reviews me estão a fazer! E quando actualizas a tua? Estou quase a desesperar!

E Arigatou a todos!