7º Capítulo – A Dentada do Vampiro

Kai obrigou os seus companheiros a saírem do quarto. Queria ficar sozinho com ela e a presença deles não iria ajudar em nada no estado da Maylene. Após todos terem saído ele levantou-a, pegando-a ao colo e deitou-a na cama. A rapariga tinha acabado de adormecer nos seus braços. Logo de seguida, ele subiu para cima da cama e encostou-se ao canto onde a cabeceira da cama tocava na parede. Depois de se ter instalado, ele puxo-a para ao pé de si e ficou ali com ela nos braços, enquanto fitava o tecto.

……….

A claridade de um novo dia entrou pela janela, batendo na cara do Ray, que abriu os olhos e espreguiçou-se. Ao olhar em seu redor, viu que estava na sala e lembrou-se que tinha adormecido ali na noite anterior juntamente com todos os seus colegas. Ao voltar-se para eles, viu que também acabavam de acordar. A Hillary também ali estava. Eles tinham lhe dito para ir dormir para o quarto deles, mas recusara devido ao receio do que sucedera. Ela tinha dormido no sofá, enquanto os rapazes encontravam-se espalhados pelo chão. O Ray era o único que adormecera apoiado na parede.

- Já é dia? – perguntou o Tyson levantando-se.

- Que noite que passámos… – o Ray foi abrir as cortinas e a luz do sol invadiu o vestíbulo mais brilhante do que nunca.

- E onde está o Kai? – o Tyson olhou em toda a volta à procura do amigo mas não o encontrou em lado nenhum. – Não me digam que ele…

- Parece que sim. – respondeu o Ray. – Que sortudo que ele é. Ficou toda a noite com a Maylene.

- E sabe-se lá a fazer o quê? – completou o Max encolhendo os ombros.

- Vocês querem dizer que ele… que eles… É impossível eles o terem feito! O Kai… a May… – o Tyson arregalou os olhos de uma forma tão assustadora e correu até à porta do quarto onde estavam os restantes companheiros. Abriu-a nervosamente, na verdade, tinha medo do que pudesse ver.

Entrou e fitou a cama onde dormia a Maylene e… agarrada ao Kai. Viu o seu amigo deitado na cama virado para cima e com a cabeça dela repousando no seu tronco enquanto ele ainda a retinha nos braços, cujas mãos apertavam-se nas costas da rapariga. E Tyson reparou num pormenor muito importante… eles ainda estavam vestidos! Respirou de alívio e foi para acordar o amigo, mas reparou que ele estava com os olhos fechados, o que significava que tinha acabado de adormecer. Tyson então retirou-se do quarto e voltou a fechar a porta.

- Parece que eles não fizeram nada!

……….

O sol embateu com toda a força na cara da Maylene, impedindo que ela permanecesse mais tempo com os olhos fechados. Batia com tanta força, sendo um sinal que já ia bem elevado no céu. Quando deixou de aguentar aquele calor, ela abriu os olhos. Tinha a sua cabeça poisada em algo macio, mas não era a sua almofada. Mexeu-se com cuidado e voltou a cabeça para observar em quem estava apoiada. Viu o Kai a fitá-la e com um olhar vazio.

- Já acordaste?

- Errr… Desculpa Kai! – disse começando a corar e levantando logo a cabeça.

- Não tem problema.

Ela sentou-se ao lado dele e finalmente quando não se estavam a tocar mais é que o Kai também se levantou e saiu da cama.

Ela ficou a observá-lo, enquanto ele colocava o lenço à volta do seu pescoço e quando terminou aproximou-se da porta do quarto.

- É melhor arranjares-te. – e desapareceu pela porta.

Maylene vestiu-se e quando saiu do quarto reparou que ele a esperava à porta da suite.

……….

- Isto está mesmo bom!

- Não há nada que te faça perder a fome. – repudiou o Max ao ver a figura que o Tyson ainda fazia a comer, mesmo com o almoço quase a acabar. Ele e o Daichi tinham devorado de novo tudo o que tinha sido colocado em cima da mesa sem sequer pararem para respirar.

Neste momento o Tyson engasgou-se e o Daichi foi ajudá-lo, batendo nas costas do rapaz. Mas de repente ficou quieto a olhar para quem se aproximava. Viu o Kai e mais atrás a Maylene a caminharem até eles. O Kai e a rapariga sentaram-se e também se serviram, só que em quantidade muito reduzida.

- Pessoal, peço desculpas por tudo o que aconteceu. – desculpou-se a Maylene.

- Não tem problema. Como te sentes agora?

Ela esboçou um pequeno sorriso para o Max e poisou os talheres na mesa. Não tinha comido quase nada.

- Acho que vou subir. – disse, levantando-se da mesa. – Talvez um banho me faça bem.

Todos concordaram e aproveitaram o facto de ela se retirar para conversarem sobre o que acontecera.

- A Maylene ficou mesmo estranha, afinal o que se terá passado para ela tentar saltar da janela? Podia ter morrido se não fosse o Kai. – declarou a Hillary.

- Acho que ela estava a tentar suicídio!

- S… U… I… C… I… D… I… O…

Os outros ficaram em choque com o que o Daichi dissera. A Maylene a tentar suicídio… mas isso era impossível.

- Ela não tentaria suicídio. É tão bonita e aposto que não tem nenhum problema, até deve ter tudo o que quer. – opinou o Tyson.

- Pois é por isso mesmo. – continuou o Daichi. – Ela não conseguiu obter do Kai aquilo que desejava. O Kai não lhe deu o que ela queria esta noite.

Todos caíram no chão em estado de choque e bastante perturbados.

- O que queres dizer Daichi?

O Kai levantou-se exaltadamente e bateu na mesa com uma força brutal. Olhou para o rapaz e naquele momento, o Daichi temeu o Kai mais do que se tivesse ali à frente o Conde Drácula prestes a atacá-lo. O olhar do Kai parecia o de um assassino, quase a matá-lo. Atirou a cadeira para o lado e não se partiu por acaso, devido ao impacto que teve no chão, e retirou-se.

……….

A tarde foi bastante monótona. O Kai tinha desaparecido. Os rapazes tentaram mais uma vez contactar com o Japão sem grande sucesso. A Maylene permaneceu na suite a ler um livro com os braços e as pernas cruzados em cima do sofá. Vestia uma combinação de saia e top azul claro bastante florido. A Hillary optara por ficar a fazer-lhe companhia, para o caso de acontecer algo. Ela também lia um livro.

Maylene tinha o seu livro aberto no seu colo e olhava para ele, contudo sem o ver totalmente. Ela olhava para as letras e nem sequer as lia. Tinha os pensamentos envoltos noutros assuntos, nomeadamente, o que acontecera na noite anterior. Não se lembrava de muito. Apenas fragmentos vinham-lhe à memória. Tinha adormecido, e de repente acordara com alguém a olhar para ela, mas não era nem o Kai nem nenhum dos outros rapazes, era um homem bastante jovem e tão belo. Lembrava-se que ele tinha pegado na sua mão e a tinha beijado, tendo depois a conduzido até à janela. Ele chamara-lhe algo estranho. Um nome que nada tinha haver consigo – "Elizabeth". Depois disto havia uma grande lacuna nas suas memórias. Dera por si pendurada na janela com o Kai a impedir que ela caísse e a última coisa que se lembrava era de estar nos braços dele.

A chegada da noite também foi o mais calmo que conseguiram. As histórias tinham terminado e nem o Max ou o Tyson mostravam intenções de falar sobre isso. A atmosfera que se vivia estava demasiada cerrada e com tudo o que tinha acontecido, eles não queriam tocar mais no assunto. Estavam mortos por saírem dali e mal podiam esperar por isso.

O Kenny ficou a arranjar os piões dos seus companheiros e a actualizar a sua base de dados. Há tanto tempo que não o fazia. O Max estava a ajudá-lo, enquanto o Daichi e Tyson devoravam a sobremesa do jantar pela terceira vez. A Hillary continuava a leitura do seu livro e o Ray meditava junto da parede ao mesmo tempo que fazia Yoga.

Um a um, cada Beyblade foi actualizado, até que o Kenny chegou ao último e deu por falta de algo.

- Onde está o Beyblade da Maylene?

- Ela já se foi deitar. Os últimos dias têm sido bastante agitados para ela. É normal que esteja cansada. – informou a Hillary fechando o seu livro.

- Pois é. Ela estava muito estranha! Parece que este lugar já a está a afectar. – concordou o Max.

Todos suspiraram. Neste momento a porta do quarto abriu-se e entrou o Kai. Mal que o Daichi olhou para ele, fez questão de recuar. Ainda temia a cara que ele lhe fizera ao almoço e não estava com muita vontade de morrer ali pelas mãos do colega, mas para seu grade alívio, o Kai não se incomodou em olhar para ele. Sentou-se no sofá ao lado da Hillary e ali ficou com os olhos fechados.

Todos olharam para ele bastante curiosos. Por onde andara? Mas faltava a coragem para lhe perguntarem.

……….

Maylene repousava na sua cama, quando a janela do quarto se voltou a abrir. As cortinas esvoaçaram pelo seu interior enquanto uma sombra negra as acompanhava, poisando mesmo ao lado da cama da rapariga. Com a sua mão, onde eram visíveis unhas afiadas, tocou na sua face, fazendo-a despertar. Maylene olhou para a misteriosa figura que se erguia junto de si, mas não conseguiu ver a sua face, pois estava demasiada envolta em escuridão. Foi convidada a levantar e assim o fez. Quem estava junto dela, estendeu-lhe a mão e ajudou-a a pôr-se de pé. Ela tentou mais uma vez ver quem era mas não conseguia.

Lentamente foi envolvida pelos braços do misterioso vulto que aproximou a sua boca da face dela. Maylene sentiu a respiração dele misturar-se com a dela, mas era tão diferente… era tão fria que até arrepiava. O seu toque também estava bastante frio e repugnante mas ela não se afastou. Aliás, ela estava incapaz de o fazer porque começava a entrar em transe. A sua camisa de noite foi afastada dos seus ombros e começou a escorrer pelos braços. A respiração fria aproximou-se mais e ela estava à espera que os seus lábios fossem envolvidos…

Sentiu uma forte dor trespassar-lhe o pescoço no lado esquerdo, enquanto dois dentes afiados penetravam nele. A dor era tão forte que nem conseguiu gritar. Estava a sentir o seu sangue a ser sugado enquanto a dor aumentava. Não aguentou e acabou por desmaiar.

A estranha figura afastou a sua boca do pescoço dela e segurando-a nos braços, voltou a deitá-la na cama. Aproximou-se da janela e, transformando-se em morcego, desapareceu a voar.

……….

Um mau pressentimento percorreu a mente de todos os rapazes que estavam na sala. A Hillary levantou-se do sofá e olhou em redor. De repente tinha sentido um arrepio.

- Acho que me vou deitar.

E despedindo-se de todos entrou no quarto. Fechou a porta e olhou para a cama da Maylene. Viu a sua companheira a repousar na cama como se nada tivesse acontecido, mas também reparou que a janela estava aberta. Como era isto possível? Ela mesma se lembrava de a ter fechado momentos antes! Foi fechá-la e preparou-se para deitar.

……….

Um morcego voou pela vila camuflado pela escuridão. Aproximou-se da torre mestra do castelo e poisou na sua varanda, voltando a erguer-se como um homem. Tinha uma manta preta que o cobria totalmente e os seus cabelos eram tão escuros que se confundiam no meio da noite. Ajeitou a sua capa e esboçou um sorriso triunfante e maldoso enquanto dois fios de sangue escorriam pelos seus caninos afiados e molhavam-lhe o queixo.

- Que gostoso que é o seu sangue. Ela é mesmo imprescindível… E há-se ser minha!

Um riso irónico percorreu todo o castelo, fazendo-o estremecer e chegou até à vila. Até os Bladebreakers o ouviram.

……….

Mais uma manhã despertou e um novo dia começou. Após ter-se vestido, Hillary fitou a cama da sua colega de quarto e viu que esta ainda dormia profundamente e saiu do quarto sem fazer barulho. Juntou-se aos rapazes que comiam alegremente no andar inferior e as horas foram-se passando.

O almoço foi servido à hora do costume e Kai juntou-se a eles momentos depois do Tyson e o Daichi começarem a devorar a comida toda. A tarde também se foi prolongando e de repente é que os rapazes notaram a falta de algo. Maylene não se juntara a eles o dia todo.

- Onde está a Maylene? – perguntou o Max voltando-se para a Hillary.

- Hoje ainda não a vi. De manhã ficou a dormir mas desde aí nunca mais a vi…

O Kai saiu disparado em direcção à suite e, principalmente, ao quarto. Os outros seguiram-no. Entraram no quarto e puderam comprovar a presença do vulto da rapariga na cama. Com o coração aos pulos (era impossível não ouvir o bater do coração dos rapazes), o Kai puxou o cobertor destapando-a e, de facto, lá estava a rapariga sobre a cama com os seus cabelos soltos, cobrindo-lhe os ombros e a camisa de dormir. O Tyson evitando que o Kai se aproximasse mais dela, tratou de abeirar-se o mais que pôde e lentamente aproximou a mão da face dela. Rapidamente retirou a mão e perante este movimento os outros recearam o pior. O Kai levou logo a sua mão à testa dela e ficou um pouco pálido, mas não tanto como se encontrava a rapariga.

- Ela está gelada!

- O quê? – os outros ficaram nervosos.

- Não me… digas… que ela… – gaguejou o Tyson.

- Ela está viva se é isso que estás a pensar. – a voz do Kai aliviou a tensão que se tinha gerado. – Ela ainda respira.

E de facto, se reparassem bem, podiam ver o peito dela a oscilar de maneira muito fraca e se escutassem bem, também ouviriam a sua respiração lenta e forçada. Ela estava com falta de ar e a sua pele estava demasiado pálida e fria também.

Em poucos minutos tinham chamado a dona de pensão e esta, por sua vez, chamara o médico. Após a examinação do médico, este voltou-se para os rapazes com um ar muito sério.

- A rapariga está com uma enorme anemia e terei de lhe receitar uns medicamentos ricos em ferro. – mas a cara do médico continuava bastante grave, o que alertou os rapazes. – No entanto há algo bastante grave… ela perdeu muito sangue. Vocês sabem como isto aconteceu? – a resposta foi negativa e eles fitaram-na. Como é que ela perdera sangue se eles não tinham notado nada? Nem uma mancha tinham visto nos lençóis nem no chão…

- Ela vai ficar bem doutor? – perguntou o Kenny enquanto a fitava com uma expressão de solidário.

- Não se preocupem. Desde que ela repouse e comece a tomar os medicamentos o quanto antes, daqui a uns dias ficará bem. Mas até lá ela não deverá fazer os mínimos esforços. Ainda perdeu bastante sangue...

……….

Pela primeira vez o jantar não foi uma refeição alegre e nem houve Tyson a devorar quase a mesa e as cadeiras. Jantaram na salinha e em cada cinco minutos iam espreitar a Maylene.

Após a refeição, não quiseram ficar sozinhos e silenciosos, acabando por se irem deitar. Hillary correu as cortinas do quarto e certificou-se que fechou a janela. Regressou à sua cama e cobriu-se.

……….

Sons quebraram o silêncio da noite. Ruídos estranhos ecoavam por toda a vila e eram muito amedrontadores. Eram uivos de lobos que cada vez estavam mais próximos da zona habitacional. Vinham da montanha e desciam por ali a baixo num som arrepiante. Hillary abriu os olhos e levantou-se da cama. Dirigiu-se até à janela e abriu as cortinas. Verificou que havia uma enorme lua cheia no céu e que estava envolta numa tremenda escuridão. Agora misturados com os uivos dos lobos, conseguia ouvir ruídos de outras criaturas que cada vez se aproximavam mais. Voltou-se para a porta e caminhando na sua direcção, saiu do quarto. Minutos depois a Hillary abria a porta da pensão e saía para a noite, enquanto caminhava por entre as ruas.

No quarto dos rapazes todos dormiam com uma excepção. Kai fitava o tecto do quarto enquanto estava deitado na sua cama. Não ouvia lobos, não ouvia nada… Apenas um pensamento passeava na sua cabeça – "Ele tinha de o fazer!"

Fim do 7º Capítulo

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Antes de mais quero pedir muitas desculpas pelo atraso e sem mais demoras postarei os próximos capítulos o quanto antes.

Ainda há muita coisa que quero desenvolver na Fic e vamos ver como é que vai correr. Até agora penso que não está a ficar mal mas também ainda não consegui aquele terror que gostaria.

E agora os meus agradecimentos!

xia-thebladergirl – Oix! Fizeste-me rir com a tua Review! O Kai até que podia concorrer a uma maratona de salto a sofás! (que ideia mais estúpida). Vamos esperar para ver o que vai acontecer com a Maylene! (esboço um sorriso rebelde).

Dead Lady – Shuichi! Sem grandes conversas e palavras, pois disso tratamos nós no MSN! Arigatou por TUDO!

littledark– Olá! Ainda não superei aquilo que me aconteceu ao PC, mas assim que tratar do próximo capítulo tudo voltará ao normal! E quando actualizas a tua Fic? Aguardo com ansiedade!

Hikari-Hilary-Chan – Fiquei tão feliz ao ver a tua Review! Ainda bem que estás a gostar. Quando vi que pedias a actualização fiquei com pena por saber que não a poderia fazer tão depressa, mas agora aqui está ela. Fiquei radiante com a palavra "brutal"!

E por último a todos os outros que eu sei que lêem! Sakura, Ketz e muitos mais!

Obrigada a todos!