10º Capítulo – O Castelo do Drácula

Quando os Bladebreakers regressaram à suite, acharam estranho não ver a rapariga. Foram ao quarto mas ela também não se encontrava no seu interior. Na divisão ao lado, Kai dormia. Percorreram a pensão inteira mas nem assim a descobriram.

- Onde se meteu aquela rapariga? – perguntou o Daichi espreitando debaixo do sofá.

- Aí de certeza que não está (¬¬­­''). – a Hillary tentou não olhar para o rapaz. Ele estava a fazer uma figura muito estúpida.

- Não a devíamos ter deixado sozinha.

- Tens razão Max, mas como é que íamos saber que a mulher só queria perguntar o que a gente queria para o jantar!

- Pelo menos escolhi uma comida que eu gosto! – regozijou-se o Daichi levando a mão à barriga e esfregando-a. A comida devia ser a única que o acalmava e o impedia de recordar que estava dentro de uma história de terror.

- Tu também gostas de tudo! – uma gota desceu pela testa do Kenny.

- Temos de encontrá-la! Não se esqueçam que ela não anda bem. A Hillary mostrava-se impaciente e nervosa.

- Vamos procurá-la melhor.

Novamente, todos os cantos da pensão foram revisados mas nem o menor sinal da presença da Maylene.

……….

Kai abriu os olhos mas não viu nada. Uma enorme escuridão tinha-o envolvido e bloqueado a sua visão. Não se conseguia mexer e tinha os braços e as pernas amarradas. Uma luz excessivamente brilhante encandeou-o e, quando consegui visualizar o ambiente que o cercava, viu-se amarrado numa cruz e do céu descia, sobre ele, um monstro com aspecto feminino, se é que um monstro pode ter tal aspecto.

O monstro era meio humano e meio animal com a forma de uma serpente nos seus membros inferiores Esta criatura denominava-se Lamia e comia a carne das suas vitimas ainda vivas e bebia o seu sangue.

A Lamia tocou no corpo do Kai, quando um grito cortou a atmosfera tenebrosa…

O profundo sono de Kai foi perturbado por este pesadelo.

Levantou-se da cama com o coração a palpitar descomunalmente, mas não estava a transpirar. Por quanto tempo teria adormecido? O que teria acontecido?

Saiu do quarto a correr, sem se incomodar em mudar de camisola ou pôr o seu lenço favorito ao pescoço. Correu até ao quarto do lado e abriu a porta bruscamente. Encontrou-o vazio e a cama da rapariga que procurava vazia também.

Bastante inquieto e deixando a porta aberta, voltou a correr até à porta da suite. Abriu-a de rompante e quase que esbarrou nos seus colegas que iam a entrar.

- Kai? – exclamou o Tyson surpreendido.

- Como é que acordaste? Tu estavas… – mas o Kenny não terminou o que ia a dizer, pois o outro rapaz agarrou-o pelos colarinhos com agressividade.

- A Maylene?

O silêncio abateu-se entre eles. Kenny virou a cara para o lado e a sua expressão sumiu-se.

- Onde está a Maylene? – Kai continuou a insistir ao mesmo tempo que abanava o colega. O Kenny começava a ficar tonto.

- Ela não está aqui. Não a conseguimos encontrar… – apressou-se a dizer o Max, quase a gritar, ao mesmo tempo que via a aflição do Kenny. O Kai largou o rapaz e fitou-os com um olhar possesso. Todos se afastaram dele uns passos e tremendo. Kai ia abrir a boca para resmungar algo mas calou-se e desapareceu pela porta a correr.

Correu pelo corredor, virou à esquerda, virou à direita, novamente à esquerda, subiu as escadas. Continuou a subir, abriu o alçapão e viu-se no terraço. Olhou à sua volta mas não vislumbrou nada de suspeito. Avançou até ao parapeito e fixando a montanha, focou uma sombra a voar em direcção ao castelo e afastando-se cada vez mais. Aos poucos, a sombra transformava-se num ponto negro e ao vê-la, Kai não pode deixar de sentir um forte aperto no coração, como se lhe estivessem a arrancar parte da alma. Um arrepio, representando do mau presságio, percorreu-lhe o corpo. Deu um passo para trás e o seu pé bateu em algo pequeno que deslizou no chão. Kai olhou para baixo e encontrou um pião. Baixou-se e apanhou-o… Sem saber o porquê, o seu coração parou e o sangue gelou. Era o Beyblade da Maylene! Isto só podia significar…

……….

Foram precisos momentos para que Kai conseguisse recuperar do choque. Apertou o pião nas suas mãos e saiu a correr. Agora só havia uma solução!

Desceu as escadas, tentando não tropeçar, e ao virar para o corredor que dava acesso à suite, esbarrou nos seus companheiros, fazendo-os caírem todos no chão.

Sem dar tempo, nem para o Daichi gritar um "Ai!", ele levantou-se e ia afastar-se, senão fosse o Tyson a segurá-lo pelas calças.

- O que aconteceu Kai? Porquê tanta pressa?

O rapaz deteve-se momentos antes de responder. Só ele sabia o que tinha acontecido e também a única solução que lhes restava.

Encarou os seus companheiros e, com uma voz decidida mas ao mesmo tempo insegura, declarou:

- Preparem-se… Vamos para o castelo do Drácula.

Nem desencantaram forças para responder. Aquela notícia tinha caído como uma bomba. O Max abriu a boca mas dela não saiu nenhum som. O Ray piscou os olhos abismado. O Kenny ficou com suores frios. A Hillary nem se mexeu. O Daichi, que estava a tentar levantar-se, voltou a cair no chão. E o Tyson apenas apertou, com mais força, as calças do companheiro.

- O que estás a dizer Kai? Ainda estás a delirar!

Mas o olhar que o rapaz lhes devolveu mostrou claramente o contrário, que o efeito dos comprimidos tinha desaparecido. Deslocou a sua perna, libertando-a das mãos do Tyson. Deu uns passos, mas quando todos já pensavam que se ia embora sozinho sem dizer nada, ele parou e declarou:

- A Maylene foi levada por esse tal de Drácula e eu vou buscá-la.

- Como é que tens a certeza disso? Esse Drácula nem existe…

O corpo do rapaz voltou-se para trás, encarando-os. Esticou a mão e abriu-a. Ali estava, sem dúvida, o Beyblade da rapariga. O silêncio abateu-se entre eles. Um silêncio duro e difícil de suportar. Verdade ou dúvida… O que eles iriam escolher?

……….

Uma figura escura poisou na varanda da torre mestra do castelo. Outras duas criaturas aguardavam o Conde Drácula numa vénia, quase total.

- Seja bem-vindo senhor. – disse o Baital.

- Não se devia ter incomodado. Bastava dizer que para esta noite preferia carne feminina que nós tratávamos de a trazer. – afirmou Krvopijac.

Uns ruídos do género de uivos vieram da boca da figura escura e os seus olhos brilharam como dois rubis, com uma fúria que tentava conter.

- Não se atrevam a tocá-la. Esta noite não me alimentarei e, livrem-se de colocarem um dedo, digo, uma garra nesta rapariga.

Virando as costas, o Conde Drácula desceu a longa escadaria até parar diante de uma porta grande e trabalhada por fora. Abriu-a e à sua frente ergueu-se uma grande cama de dossel vermelho, com a respectiva colcha igualmente vermelha. Pouco mobiliário se encontrava na divisão. Apenas uma cómoda, uma arca e duas mesas-de-cabeceira, mas eram muito trabalhadas e pintadas a dourado, ou seria que era mesmo ouro? Na cama poisou Maylene que ainda estava adormecida e retirou-se, fechando a porta atrás dele.

……….

Kai acabara de colocar o seu lenço ao pescoço, quando se virou para os seus companheiros e os viu muito nervosos, e deixando cair tudo em que agarravam. O seu Beyblade já estava no bolso, o que queria dizer que estava preparado para partir.

Alguém bateu à porta e foi ele que foi abrir, já que mais ninguém mostrou intenção de se mexer de onde estava. A mulher da pensão entrou na suite com um cesto de roupa lavada.

- Têm aqui a vossa roupa… – mas calou-se ao ver que eles estavam a aprontar-se para sair. – O que estão a pensar fazer?

- Queremos saber como se vai para o castelo do Drácula. – a voz do Kai soou mais definida do que nunca. Quem o ouvia falar deste género ia pensar que eles iriam numa excursão e à qual não poderiam faltar.

O cesto que a mulher segurava, caiu no chão e a roupa espalhou-se toda pelo pavimento. Levou as mãos à boca e não conseguiu deter um grito agudo. Ir ao castelo do Drácula era, no mínimo, uma loucura. Nem nos dias de sol, quando tinham a certeza que o castelo estaria vazo, ninguém lá se aventurava, quanto mais quando a maldição tinha regressado depois de longos 500 anos, mas que agora pareciam que tinham passado depressa demais.

……….

Os olhos azuis celestes de Maylene abriram-se finalmente. O luar entrava pela janela do quarto, batendo nos trabalhados e relevos do mobiliário, aumentando 10 vezes as sombras e tornando o ambiente ainda mais assustador. Onde estaria ela?

Vagas lembranças percorreram-lhe o cérebro. Um homem, um morcego, uma rapariga e agora aquele quarto… Levantou-se da cama e notou que ainda estava de camisa de noite. Caminhou até à porta do quarto e abriu-a. O corredor, repleto de gárgulas em cada canto, estava vazio e ela percorreu o longo tapete vermelho que cobria a longa escadaria até ao topo da torre. Parou mesmo no topo desta e aproximou-se do parapeito da janela. Não sabia o porquê, mas o seu corpo tremia imenso. Cada passo que dava pareciam longos e aquilo só podia ser um sonho. Era isso mesmo! Estava a sonhar e logo acordaria e veria o Kai ao seu lado…

O seu olhar vislumbrou a vila toda, rodeada por nuvens claras que ocultavam algumas estrelas mas deixavam brilhar as mais belas. A lua era a única que acalmava um pouco o seu coração. Com uma lua tão bonita naquela noite, era impossível acontecer algo de mal.

- Ainda bem que já acordaste.

Foi com o coração a bater descontroladamente, que ela se virou para trás e viu o tal homem que recordava nas suas lembranças. Estava banhado pela luz da lua e que batia nele, resplandecendo ainda mais a sua beleza. Mas havia algo estranho… a expressão da sua face, apesar de ser sorridente, não deixava de ser fria e de lhe gelar o corpo. Mas ainda havia mais… Como é que ele chegara ali sem que ela tivesse notado a sua presença?

Ele aproximou-se e tocou-lhe no seu pescoço. Longas unhas, que mais pareciam garras, acariciaram-lhe a pele, fazendo-a entrar novamente em transe.

- O dia despertará em breve e eu terei de me retirar. Podes vaguear por todo o castelo mas não podes sair. A floresta, que nos cerca, está cheia de criaturas que até mesmo de dia te irão atacar de saíres. Podes ir onde quiseres mas não poderás entrar no quarto desta torre, que se encontra mesmo do lado oposto a esta varanda.

O aviso soava como uma ameaça e ela sentia cada vez mais perto de si aquela respiração fria. Seria possível ele estar vivo? A respiração do Kai não era assim. Tocava sempre na sua pele, quente e transmitindo-lhe calor e segurança. Pela primeira vez, desde que se lembrava, ela sentia-se sozinha e desamparada. A luz do sol começa a despertar e a iluminar a negra floresta. Aquela floresta separava-a do Kai e de todos os outros. Talvez não estivesse a ser um sonho e fosse realidade.

O seu corpo desfaleceu sobre os braços do estranho homem morto-vivo. Ele sorriu maliciosamente e recolheu-a de novo. Desta vez não a conduziu até ao antigo quarto mas levou-a para o quarto no piso inferior da varanda. Nesse quarto não existia nenhum mobiliário, apenas duas arcas estranhas, mas… não eram arcas! Eram dois caixões negros colocados no cimo de duas mesas cobertas com toalhas de veludo vermelho. Nas paredes do quarto encontravam-se velas a arder, espalhando o forte cheiro a queimado no ar. A luz ténue pouco iluminava a divisão e ainda salientava mais as sombras, proporcionadas pelos dois caixões.

Um dos caixões abriu-se e ele aproximou-se. Depositou a bela rapariga nele, sobre uma colcha cheia de folhos branca. Sorriu uma última vez ao olhar para ela e fechou a tampa do caixão.

- Adeus… minha Elizabeth!

Fim do 10º Capítulo

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Nota Final: Lamia é um vampiro feminino, originário da Roma e Grécia Antigas. Assumiam a forma de metade mulher e metade animal. Normalmente tinham os membros inferiores transformados em serpente ou lagartos. Estas criaturas comiam a carnes das suas vítimas ainda a mexerem-se, e bebiam o seu sangue até que a morte se terminasse completamente. Mesmo parecendo ser criaturas terríveis, podem ser destruídas com armas vulgares, como facas, pistolas, estacas e muito mais.

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Escondendo-me das facas mortais que me atiram, das bananas, das peras, das maçãs, dos tomates e toda a fruta e mais alguma Gomen-nasai! Gomen-nasai! Please!

Justificação: Uma falta de inspiração enorme e falta de coragem para combatê-la!

Desculpem pela demora mas agora já não terão de esperar muito mais.

Arigatou a todos os que perderam a paciência à espera da actualização e Arigatou a todas as minhas meninas!