14º Capítulo – Imortalidade
O coração da Maylene comprimiu-se dentro do seu corpo, como se estivesse a entrar em colapso. Que grito tinha sido aquele? Era como se tivesse acontecido uma tragédia que ela podia ter, muito bem, evitado.
- Que grito foi este? Pareceu que vinha dali… – e apontou exactamente na direcção do cemitério.
- Não foi nada. Deve ter vindo da floresta. Algum engraçadinho que se aventurou por ali e acabou nas garras dos lobos. Vem… que ainda tenho outra coisa a mostrar-te.
Com dificuldade, lá conseguia tirá-la daquela varanda e conduziu-a pelas escadas abaixo.
……….
Nenhum conseguiu reagir com o choque. O corpo do Daichi continuava caído no chão sem sinais de vida. Foi o Tyson que se aproximou, ao final de minutos, com os olhos lavados em lágrimas.
- Daichi! NÃO!
Amparou o cadáver do companheiro e comprovou que ele estava mesmo morto.
- Com foi isto acontecer? QUEM FEZ ISTO? EU VOU ACABAR CONTIGO DRÁCULA! VOU MATAR-TE!
O Kenny estava abraçado à Hillary e chorava compulsivamente também. O Ray e o Max estavam pálidos e chorosos. Só o Kai é que fitava o corpo morto do companheiro de equipa, sem lágrimas mas com uma expressão bastante perturbada. Então o perigo em que se encontravam era maior do que imaginara.
- Temos de seguir. Temos de sair daqui!
- ESTÁ CALADO SEU FILHO DA PUTA! O DAICHI ACABOU DE MORRER E TU AINDA DIZES QUE TEMOS DE CONTINUAR! – o Tyson olhou-o com um ódio maior do que alguma vez o Kai vira nos seus olhos. – NEM COM UM AMIGO TE PREOCUPAS! ÉS UM ESTÚPIDO KAI!
- Não! O Kai tem razão… – concordou o Ray a tremer.
- Também tu, seu traidor!
- Temos de sair daqui. Ele sabe onde nós estamos e temos de salvar a Maylene antes que seja tarde demais…
- E como podemos saber se ela ainda está viva? Na volta, vamos morrer todos e ela já está morta há imenso tempo… Sniff!
- Não está não! Agora eu tenho a certeza que ela ainda está algures neste castelo.
Todos calaram-se e fitaram o Kai. O Tyson poisou o corpo do amigo no chão e agarrou o Kai pela camisa com um ar ameaçador.
- Como podes ter a certeza disso?
- Foi ele… – disse inclinando a cabeça na direcção do cadáver do Daichi.
O Tyson largou-o confuso. Não entendia nada… Não queria entender… Apenas queria acordar do pesadelo.
- O Drácula não o matou para vir beber o seu sangue, o que mostra que não é por sangue que ele está à procura. Ele quer-se livrar de nós porque teme que a gente leve a Maylene daqui. Ela está presa algures no castelo e de perfeita saúde.
Kai tentava acreditar nisso com todas as suas forças. Já seria a rapariga vampira ou ainda havia uma hipótese de a salvar? Talvez houvesse e a morte do Daichi fora essa prova.
- Se ficarmos aqui, ele irá apanhar-nos a todos. Temos de encontrá-la o mais rápido possível e sair daqui.
E ele tinha razão. O punhal foi retirado do pescoço do rapaz pelas mãos do Tyson e foi colocado ao lado da campa do Drácula. Se eles tivessem tido tempo, teriam gravado uma pedra tumular com a inscrição: "Daichi, o Caçador de Vampiros". Numa última despedida, voltaram-lhe as costas e entraram no castelo por uma porta, do outro lado do cemitério, que felizmente se encontrava aberta. A Hillary tinha-a descoberto momentos antes do Daichi se "suicidar".
……….
O sol começou a nascer. Os Bladebreackers tinham acabado de adormecer encostados à parede de uma das cozinhas abandonadas do castelo.
Maylene repousava no quarto que pertencera a Elizabeth e ainda à outra mulher, antes dela. O caixão de Drácula abrigava-o da luz do dia.
Foi só quando o sol se estava a pôr finalmente, é que os rapazes acordaram. Mais uma noite assustadora os esperava. Os últimos raios de sol entravam pelas janelas do arrepiante castelo, quando eles começaram a sua missão de reconhecimento. Precisavam de encontrar a rapariga o mais depressa possível.
Uma escadaria e um corredor levou-os ao grande hall de entrada. Sem saberem, estavam perto demais dela. Mas o destino não queria que ela fosse salva, pelo menos por enquanto… Viraram à esquerda e entraram na ala esquerda do castelo. Subiram até ao segundo piso, experimentando todas as portas que encontravam.
Tudo estava trancado, excepto uma única porta que conseguiram abrir. Uma aura negra envolvia o ambiente da estranha divisão. No centro da mesma fumegava um caldeirão dourado, mais parecido com um pote. Eles aproximaram-se curiosos com o conteúdo e ficaram espantados ao verem que não passava de água. Respiraram de alívio e observaram melhor o aposento. Mas o coração de todos desceu aos seus pés mal que viram, num dos cantos da divisão, um caixão ladeado por duas velas que ardiam sem derreterem.
Aproximaram-se e olharam para o seu interior. Estaria a Maylene ali?
Os olhos de todos arregalaram-se ao verem a figura de uma mulher, com um belo corpo pálido, nua e com uma expressão adormecida.
Junto ao seu corpo havia pó negro e por cima da sua pele também. Eram os últimos pedaços que restavam, de um vestido negro que cobrira o corpo dela, antes dos anos o terem convertido em pó. Porém, o corpo dela estava em perfeito estado de conservação e parecia ter acabado de adormecer. A única coisa esquisita que se via, era o seu dedo indicador esticado, parecendo com um "I".
Leram a inscrição que se encontrava numa dos lados do caixão: "Zsófia Serédy".
- Foi uma apaixonada por magia negra, uma mulher da aristocracia que viveu no castelo de Krasznahorka, desde 1575, nas montanhas do norte da Hungria. Possuía livros de ocultismo e recebia artistas e praticantes das artes negras. Morreu de embolia, durante um assalto ao castelo, elaborado pelo próprio filho que queira pôr fim ao feudo de magia negra.
"Alguém deve ter trazido o seu corpo para aqui. Diz a lenda que o seu vestido negro converteu-se em pó mas a bela Zsófia continua "adormecida" e mais bela do que nunca. – Max contou a lenda daquela figura morta, tão bela, que repousava eternamente no caixão.
- Aquele deve ser, então, o seu caldeirão. – constatou o Ray.
- Não. Aquele caldeirão não contém água mas, sim, a vitalidade das vítimas. É uma magia que permite que ela permaneça assim bela, mesmo depois da sua morte. E vêem o seu dedo indicador? Aquele gesto significa "fogo" e o "I" simboliza a imortalidade. Este deve ter sido o seu último gesto antes de morrer. É um sinal que permite que a pessoa ultrapasse os limites da morte e alcance a imortalidade.
Pé ante pé recuaram e voltaram a fechar a porta.
- Devíamo-nos separar para termos mais probabilidade de encontrar a Maylene.
A proposta do Kai não foi bem aceite mas ele, mais uma vez, tinha razão. Dividiram-se em grupos de dois. A Hillary iria com o Max e o Kai, e o Kenny ficaria com o Ray e o Tyson.
……….
Vladimir reuniu-se a Maylene no salão. Ela estava sentada no cadeirão junto à lareira. Ele aproximou-se por trás e estendeu as suas mãos para o pescoço dela, colocando neste um colar com uma pedra vermelha.
Maylene, assustada, voltou-se para trás, mas viu-o a sorrir para ela.
- A tua beleza ultrapassa o merecimento deste colar. Nem a última mulher que o usou era tão bela como tu.
- Última mulher?
- Mina Harker.
- Mina?
- Sim… – os olhos do jovem contemplaram o fogo. Ela foi a última mulher que viveu aqui. Veio-me procurar, dizendo que me amava e no final traiu-me com Jonathan Harker.
- Mina Harker… – repetiu a rapariga, também olhando para o fogo. Aquela pedra vermelha misturava-se com o seu vestido de veludo vermelho.
……….
- Era nestas horas que gostava de saber como é que Jonatahn Harker conseguiu salvar a sua mulher deste castelo.
- Eu conheço essa história. – a voz da Hillary estava sumida, mas pelo menos soava mais positiva do que há momentos atrás.
- Posso saber algumas coisas de vampiros, mas não sou muito conhecedor dessa história. Conta-a, então, Hillary.
Enquanto caminhavam pelos corredores sinistros da mansão, Hillary elevou um pouco a sua voz. Era uma maneira de ficarem distraídos e não pensarem muito no que os iria esperar dali para a frente.
- Segundo a história, o Conde Drácula, após ter ressuscitado depois de tantos anos adormecido, viajou até Londres, onde conheceu Mina, uma encantadora donzela que aguardava a vinda do noivo que partira para a Transilvânia, por causa do trabalho. Mina não entendia a forte atracção que sentia pelo príncipe Conde e acabou por se envolver com ele. Chegou um dia em que Jonathan lhe pediu para que ela viesse ter com ele à Roménia para ambos casarem e ela acabou por abandonar o Conde. Após o casamento, quando regressam a Londres, depararam-se com a morte de Lucy, uma das amigas de Mina, vítima do Conde Drácula. Eles partiram, então, em busca desse tal homem.
"Dracula e Mina voltaram a encontrar-se e ela acabou por se entregar, totalment,e a ele, sem entender a forte química que os unia. Foi nessa altura que ela descobriu a verdadeira identidade do príncipe e acabou por fugir, para se juntar de novo ao seu marido.
"Quando o Drácula regressou à Transilvânia, Jonathan e os seus amigos partiram para o Desfiladeiro de Borgo, na tentativa de matá-lo antes que chegasse ao castelo e conseguiram-no.
……….
- Porém… 3 anos mais tarde, Mina voltou a partir para a Transilvânia, deixando apenas uma carta a Jonathan. Este, quando leu a carta, percebeu que o Conde Drácula tinha regressado de novo e a sua influência sobre Mina voltava a manifestar-se.
"Ele partiu, também, numa viagem para salvar a sua amada e acabou por conseguir resgatá-la do castelo de Drácula.
A voz de Tyson calou-se. Acabara de contar o que sabia da história de Jonathan Harker e Mina.
……….
Frente a uma tapeçaria, Maylene conseguia ler uma lista de tradições. Não sabia porque ele a levara ali mas, ao ler aquilo, parecia que a vida de um vampiro obedecia a um código, o que a tornava muito parecida com a dos vivos.
"A Primeira Tradição: A Máscara
Não revelarás a tua verdadeira natureza àqueles que não sejam do teu sangue. Ao fazer isto, renunciarás aos teus direitos de sangue.
A Segunda Tradição: O Domínio
O teu domínio é tua inteira responsabilidade. Todos os outros devem respeitá-lo enquanto nele estiverem. Ninguém poderá desafiar a tua palavra enquanto estiver no teu domínio.
A Terceira Tradição: A Progénese
Apenas gerarás outro da tua raça com a permissão do teu ancião, senão toda a tua descendência será sacrificada.
A Quarta Tradição: A Responsabilidade
Aqueles que criares serão os teus próprios filhos. Até que a tua descendência seja libertada, tu os comandarás. Os pecados dos teus filhos recairão sobre ti.
A Quinta Tradição: A Hospitalidade
Honrarás o domínio do teu próximo. Quando chegares a uma cidade estrangeira, apresentarás perante quem a gerir. Sem a palavra de aceitação, tu não és nada.
A Sexta Tradição: A Destruição
Estás proibido de destruíres outro da tua espécie. O direito de destruição pertence somente ao teu ancião. Apenas os mais antigos de vós convocarão a "Caçada de Sangue"."
O código de honra de um vampiro estava ali escrito. Aquela sala era onde o Conde guardava tesouros preciosos. Bolas de cristal, arcas cobertas de oiro, jóias preciosas…
Naquela sala, também havia um pequeno berço de um bebé já muito estragado, mas que em tempos devia ter sido lindo. Ela gostaria de saber que criança estivera ali dentro.
- É lindo o berço não é? – perguntou Vladimir ao ver o seu olhar preso naquele objecto.
- Sim. Pertenceu a algum bebé?
- Infelizmente não…
De novo o olhar do homem entristeceu e não teve outra solução senão saírem daquela sala.
Pela segunda vez, ela teve pena daquele indivíduo junto dela. Que passado escondia ele para parecer assim tão deprimido, quando olhava para as coisas que o envolviam, naquele castelo tão grande.
Por momentos, ela imaginou crianças a correrem por todo o lado, mulheres a rirem-se e homens a tocarem instrumentos. Pela grande escadaria, descia uma figura feminina com um vestido branca repleto de jóias brilhantes. No final da escada esperava-a um cavaleiro, ainda com a espada à sua cintura, vindo de uma guerra muito cruel…
Mas a jovem nunca chegou a acabar de descer as escadas e nem o cavaleiro a chegou a abraçar. Aquela imagem desvaneceu-se, quando ela foi empurrada para dentro de uma sala escura.
Fim do 14º Capítulo
---------------------------------------------------------------------------------------------------
A mais um capítulo para vocês! É isso mesmo aí… Cada vez os Bladebreackers estão mais próximos da Maylene e, a qualquer altura, poderão se encontrar com ela. Mas será que irão sobreviver até lá?
Agora pessoal, vou pedir o vosso voto: deverá o Kai morrer antes de encontrar a Maylene, ou só deve morrer depois de a encontrar? O último capítulo da Fic ainda está por ser escrito, por isso, ainda, posso mudar de ideias. Muhahahahahaha
Dead Lady – Sharingan Yeah! A Maylene também vai ganhar Sharingan! Consegui... consegui... consegui... gritando aos pulos pela casa Consegui assustar a Dead! Bah! Lembrei-me agora que tenho de marcar uma consulta no médico – xD
littledark – Hentai! Hentai! Hentai! Isso é de andares a ler muitas Fics das minhas! Mas não te preocupes… Foi só ligeiramente…
Xia Matsuyama – Daichi Yeah! Ele mereceu morrer! Menos um para me incomodar na Fic. riso maléfico É isso mesmo! Vou-me livrar, um a um, até a Fic acabar! Muahahahahaha… É que dá muito trabalho escrever tantos nomes por lá! O.o
Arigatou a todos os outros que leram.
(Pensamento da Dead Lady, depois de ler isto) – Bah bah bah! Eu até lhe dizia que não queria que o Kai morresse ou que gostava que isto e aquilo acontecesse… Mas ela vai deixar-nos de queixo caído como sempre. Esta May adora surpreender-nos…
xD - Não sei se ela pensou isto, mas este seria um típico pensamento dela! Muahahahahahaha
