15º Capítulo – Dança com Vampiros

Max era capaz de jurar que estava perdido. Tinha acabado de encontrar uma sala aberta e fora-a explorar. Quando regressara não vira nem o Kai, nem a Hillary. Correu até ao final do corredor mas, aí também, não encontrou ninguém. Estava tudo vazio. Chamou por eles mas nem uma resposta obteve.

De repente, a porta que se encontrava do seu lado direito abriu-se. Estariam ali os seus amigos, a pregar-lhe alguma partida?

Ele entrou. Era uma divisão com um grande tapete verde, estendido no chão. Não tinha qualquer mobiliário, excepto uma cadeira num dos cantos. Nessa mesma cadeira estava sentada uma figura feminina.

- Hillary?

O Max aproximou-se mais, mas fico paralisado ao ver que não era a companheira. A porta fechou-se ruidosamente e ouviu-se o trinco a correr. A figura feminina levantou-se e deixou que o seu vestido azul claro brilhasse à luz das velas. Aproximou-se um pouco e Max pode ver que era encantadora. Tinha uns olhos verdes reluzentes e uns cabelos loiros compridos.

A jovem sorriu-lhe e fez uma vénia, pedindo para dançar. Atraído pelo encanto dela, Max não teve coragem para recusar.

Ambos os corpos se tocaram e os passos começaram. A cada minuto que passava, ela acelerava mais. Não havia qualquer música de fundo, mas era como ela a ouvisse. Conduzia o rapaz com toda a sua voracidade, como se dançar fosse uma necessidade carnal.

A resistência do Max estava a diminuir e estava já a ficar cansado. Mas ela ainda acelerava mais o passo. Minutos depois o Max não aguentou mais e acabou por cai no chão exausto. Não conseguia mexer-se mais.

A estranha jovem deitou-se sobre ele e começou a beijar-lhe o corpo todo. Tirou-lhe a camisola e acariciou-lhe os seus mamilos. Continuou a subir e, antes de tocar no seu pescoço, levantou a sua face para ele.

Já não tinha os olhos verdes. Agora estavam arregalados e eram vermelhos. Da sua boca rompia duas enormes presas e das suas costas, cintilantes asas prateadas batiam. O Max já nem forças tinha para gritar.

Era enterrou as suas prezas no pescoço dele e o rapaz sentiu o seu sangue a ser sugado. Queria mexer-se para a tirar de cima de si, mas pouca energia tinha. Conseguiu levar a sua mão ao bolso das suas calças e, de lá, tirou o tirante do seu Beyblade. Chamando a si as últimas forças, espetou-o no pescoço da criatura. Esta logo o libertou e, com um grito aterrorizante, converteu-se em pó. O tirante de metal caiu por cima do peito do rapaz e este respirou com uma grande dificuldade antes de deixar de se mexer no chão.

……….

As luzes acederam-se e reflectiram num grande espelho, colocado numa das paredes de um grandioso salão. Na parede do lado oposto do espelho estava uma enorme mesa, com uma toalha branca rendada que ainda sobrevivia aos longos e duros anos. Algumas cadeiras estavam espalhadas pela sala, mas no centro desta havia um grande espaço vazio. O candeeiro estava coberto de cristais, com inúmeras velas a brilharem. Era o salão do baile.

Ele trouxe-a mesmo para o centro do salão e, após olhar em todo o redor, os dois olhinhos azuis fixaram-se no enorme espelho. Nele era reflectida apenas uma imagem. Ela apenas conseguia ver o seu reflexo. O reflexo do Conde não era apresentado no espelho. O que isto queria dizer? Mas ela não teve tempo de abrir a boca, pois foi logo agarrada e colada ao corpo daquele homem.

Ele agarrou-lhe na mão, com uma das suas mãos, e colocou a outra à volta da sua cintura. Uma melodia começou a tocar vinda de outro mundo. Ela não conseguia ver ninguém a tocar mas era como se alguém o estivesse a fazer. Deu um passo atrás, outro para o lado, outro para trás e mais um para a frente. Passos de dança ecoaram por aquele salão, há muito esquecido naquele castelo. Há séculos que ninguém dançava naquela sala.

E transportados para outros tempos, Maylene viu a sala ganhar vida, músicos surgirem como viessem de um sonho, pessoas a aplaudirem, a mesa atrás eles repleta de pessoas e, mesmo no centro da sala, eles os dois a dançarem.

Mas sempre que ela tinha oportunidade para olhar para o espelho, verificava que só apenas o seu reflexo era devolvido. Nenhum dos convidados estava no espelho e nem mesmo o homem com quem dançava, e sabia ser real.

Passos para a frente, passos para a esquerda e passos para trás. Ele a guiava pelas mãos e conduzia-a pelo grande salão. Davam uma volta, meia volta e, de novo, ali estava ela a olhar para o espelho. Mas sempre que isso acontecia, ele acelerava os passos e rapidamente ela estava de costas para o maldito objecto.

O seu cabelo ondulava pelos bruscos movimentos e ambos os passos se sincronizavam. O seu vestido rodava para onde quer que ela fosse. Sentiu os seus pés a elevarem-se no ar e, em segundos, dançava no ar como se estivesse a tocar no chão. Medrosamente apertou com mais força no casaco dele e ele segurou-a com mais firmeza.

Após longos minutos, lentamente foram poisando no chão e, finalmente, ela voltou a sentir-se segura. Todos os convidados desapareceram, a música acalmou e a atmosfera que os rodeara sumiu-se. Ambos os passos terminaram com uma vénia entre os dois.

- És a mais bonita de todas as mulheres de que, alguma vez, me aproximei. – murmurou o Conde enquanto aproximava a sua boca do pescoço dela.

Maylene começou a respirar forçosamente, ao mesmo tempo que sentia um beijo gélido no seu pescoço.

- És muito parecida com Elizabeth, que agora voltou para mim.

Ela olhou-o curiosa e, de novo, ele sorriu-lhe. Pegou na sua mão e levou-a para outra sala do castelo. A sala, exactamente, ao lado do quarto dele.

Ao entrar nessa sala, foi como se o destino começasse a revelar. Foi como se ela já ali tivesse estado e como se a sua alma estivesse presa em uma das inúmeras arcas espalhadas pelo chão e seladas.

Jarras, tapeçarias, cadeiras, pedestais, arcas, um belo vestido branco colocado num manequim, agora a desfazer-se. Encostado a uma das paredes estava um quadro apoiado em cima de um cavalinho. Um pano vermelho cobria o quadro totalmente.

- No passado fui muito temido e ao mesmo tempo muito honrado. Tinha súbditos que me tratavam como um Deus e não havia o mínimo crime no meu reino. Conseguia afastar qualquer inimigo que se aproximasse e perturbasse a paz dos aldeões e… – fez uma pausa que lhe custou uma lágrima. – Tinha uma mulher linda que eu amava e que ela me amava muito.

"Ela era irmã do príncipe Stephen Bathbory, que me ajudara a invadir a Valáquia e a recuperar o meu trono. Chamava-se Elizabeth Bathbory e era a mulher mais linda do mundo. Viviamos muito felizes os dois e, sempre que eu estava com ela, era como se não existisse mais nada além de nós os dois. – mais lágrimas rolaram pela face de Vladimir. – Nunca neste castelo entrou uma dama tão linda como ela!

"Mas num dia, a minha legião teve de partir para uma terrível batalha pela salvação dos fiéis e contra aos turcos muçulmanos que varriam a Europa, com uma força poderosa que ameaçava toda a cristandade. A nossa última despedida foi selada com um beijo e a última coisa que vi no seu rosto foi um sorriso a desejar-me boa sorte e a dizer que eu iria voltar para ela.

Mas nisto, a sua expressão chorosa transformou-se em ódio. Os seus olhos brilharam maliciosamente como se quisesse matar as recordações que sobravam.

- Eu venci essa batalha, tal como a minha Elizabeth previra. Regressei a casa uma semana depois, ansioso para a ver.

(FLASH BACK)

Um cavaleiro com a sua armadura enferrujada e os cabelos desalinhados e sujos entrava, montado num cavalo castanho, no grande pátio do castelo. Com ele vinham alguns soldados que, logo desmontaram e, correram para a abraçar as suas esposas e os seus filhos. O cavaleiro da dianteira desmontou e subiu a escadaria, entrando no grande hall de entrada do palácio. Olhou, esperançado, para a segunda escadaria que subia do andar superior mas não viu aí ninguém.

- Ainda bem que regressou, meu Conde! Chegámos a pensar o pior. Pensávamos que o senhor morrera.

Uma mulher gorda viera falar com ele numa grande vénia.

- Agora só quero ver a minha querida Elizabeth. Quero abraçá-la para poder curar todas estas minhas feridas.

- Mas senhor…

- Apenas quero ver Elizabeth.

- Lamento informar mas a senhora Elizabeth partiu. – disse a mulher desviando a cara para o lado.

- Como assim partiu? Para onde ela foi? Chamem a escolta! Iremos buscá-la então…

A mulher negou com a cabeça e fitou o Conde. A aflição era visível no seu rosto.

- Não a podereis seguir… Ela partiu para onde ninguém a poderá seguir. Ela não está mais ao alcance de vossa excelência, meu senhor.

- Fala de uma vez mulher! O que aconteceu com a minha amada?

- Chegou-nos uma mensagem dos turcos a dizer que vossa excelência tinha morrido. Ela não aguentou o desgosto e atirou-se da muralha para o rio. Apenas encontrámos o seu corpo no dia seguinte, a flutuar junto da ponte.

As duas fortes mãos do homem se fecharam sobre o pescoço da empregada e esganaram-na ali mesmo.

- ELIZABETH!

Correu as escadas e entrou no quarto da sua mulher. Ali estava o corpo dela, imobilizado dentro de um caixão, frio, pálido, mas ainda com a sua beleza de sempre. Ele aproximou-se e tocou-lhe na face. Selou a sua boca, pela última vez, com um beijo terno. Afinal a empregada tinha razão. Ele nunca a poderia seguir nunca mais. Elizabeth tinha sido amaldiçoada pela igreja por ter cometido suicídio. A mesma igreja pela qual ele lutara e tinha posto a sua própria vida em risco.

- EU RENUNCIO A DEUS! LEVANTAREI DA MINHA PRÓRPIA MORTE PARA VINGAR A MORTE DELA, COM TODOS OS PODERES DAS TREVAS! O SANGUE É A VIDA! E ELE SERÁ MEU!

(FIM DO FLASH BACK)

- Nessa mesma noite vim a saber que ela estava grávida e ia ter um filho meu. Eu ia ser pai e a minha felicidade seria eterna.

Os seus olhos transformaram-se em chamas e o seu belo aspecto converteu-se no aspecto de um guerreiro feroz, o qual Maylene temeu mais do que tudo naquele momento.

Monólogo de Maylene

Foi ao ouvir a sua história que compreendi tudo. Os sentimentos reprimidos, ocultos e há muito abandonados. Quem ama deve ser retribuído com mais amor e quem é feliz e sabe aproveitar essa felicidade, nunca deve cair em tristeza…

Desde os primórdios dos tempos que o sangue representa o símbolo da vida. É ele que corre nas nossas artérias e veias e, é ele que significa a continuidade da vida. A perda deste em demasia, significa a perda da consciência, respiração, movimentos e até mesmo… da vida. Apenas nos vivos este sangue flui. Nos mortos, este sangue perde mobilidade e coagula, sendo mantido dentro do corpo durante a putrefacção.

Para uma criatura que é a antítese da vida e da morte, precisa de receber a sua vitalidade de sangue oriundo de seres humanos ainda vivos. Para um vampiro, o acto de se alimentar de sangue é viver. O coração de um vampiro ainda bate e está em actividade, daí a necessidade de sangue para este o bombear.

O sangue acaba por ser uma maldição que faz um demónio agir de forma tão impulsiva e violenta.

Mas este sangue que ele buscava não era senão para vingar a sua amada e procurá-la no além. Porém, com tanto ódio que vi naquele rosto, vi que ele nunca poderia ir até onde um ser cheio de amor, como fora Elizabeth, estava. Então a sua mera existência tinha sido transformada em apenas ódio e mais ódio. O amor que sentira em tempos agora havia desaparecido.

Ele era um ser que combatera por Deus e que tinha sido abandonado pelo mesmo.

Quem me dera poder ajudá-lo em algo, mas meu coração já estava preenchido por alguém. Por aquele rapaz que eu conhecera há imensos anos atrás e que ouvira gritar. O meu coração abrira-se nesse dia, cheio de compaixão, para aquela pequena criança e a partir aí ficara fixo nele.

Kai… onde estás tu, meu amor! Vem-me salvar o quanto antes…

……….

Ele virou o seu olhar para a Maylene, mas desta vez era bem diferente. As suas pupilas ardiam de desejo e fitavam-na com uma fome reprimida há séculos.

- Mas agora ela voltou para mim! Elizabeth voltou para mim! Eu vejo-a por detrás dos teus olhos. Ela está adormecida dentro ti e agora eu vou recuperá-la. Vamos ter os dois a vida eterna e a felicidade nunca mais acabará…

- O meu nome é Maylene. Eu não sou, nem nunca conheci essa Elizabeth! – disse a rapariga desesperada, vendo-o aproximar-se cada vez mais dela.

- Tu és a Elizabeth, apenas não te lembras do tempo que passamos juntos. Mas esta noite irás recordar…

Estendeu a sua mão e a Maylene cerrou os olhos com força, mas as suas mãos nunca chegarão a tocar-lhe. Então ela abriu os olhos e viu o pano vermelho nas brancas mãos do homem, que agora mais pareciam garras com unhas afiadas. Voltou-se para trás e o que viu deixou-a sem respiração e sem poder pensar.

No retrato escondido, estava adormecida a imagem de uma rapariga de olhos azuis celestes, cabelos negros ondulados enfeitados com jóias, lábios rubros, pele clara e pálida. No pescoço repousava o colar de ouro com a pedra vermelha e o seu corpo estava coberto pelo vestido vermelho com bordados dourados junto do decote do peito. Naquela foto, repousava a mesma anatomia e fisiologia da própria Maylene. Ela via-se através da foto, tal como estava vestida naquele momento. Por debaixo da foto, estava escrito "Elizabeth Bathbory".

Elas eram a mesma pessoa, iguais que nem duas gotas de água.

Dois dentes afiados fixaram-se no seu pescoço, sugando parte do seu sangue. Dentes caninos afiados misturavam-se com a sua carne, ao mesmo tempo que a dor rompia pelo seu corpo. Um grito que a sua alma deu, mas que a boca não deixou sair. Olhos que se fecharam para não verem mais aquele retrato. O corpo que desfaleceu para cima de braços brancos, grossos, com garras e que a cobriram com uma capa preta. A alma concedida a um demónio para seu próprio deleito. E o amor que ela já tinha entregado, há muito, a outra pessoa e que agora lho tiravam à força.

Fim do 15º Capítulo

---------------------------------------------------------------------------------------------------

Nota Final: O espírito que atacou o Max é, na realidade, um Baobhan Sith. Trata-se de uma fada escocesa maldita, que aparece sob a forma de uma jovem e encantadora rapariga que dança com os homens, que encontra até ficarem exaustos. No final, ela alimenta-se deles. Esta criatura pode ser morte com um ferro frio. Para simbolizar esse ferro frio, usei o tirante do Beyblade.

A história de Drácula e Elizabeth foi, também, fruto de uma pesquisa, ao que me levou a imensas contradições. Em muitos relatos, Elizabeth foi uma vampira muito cruel e provocou um grande tumulto de assassinatos. Porém existem muitas fontes que a descrevem como a "bela" esposa de Drácula e que o levou a vida vampírica. É possível, que tenham existido diferentes Elizabeths com histórias semelhantes. Quem sabe se não existiu a verdadeira esposa de Vladimir, bela e generosa e, numa outra história muito diferente desta, a tal Elizabeth monstruosa.

---------------------------------------------------------------------------------------------------

E aqui está mais um capítulo! bastante orgulhosa Este capítulo até me faz chorar! Como fui capaz de escrever uma coisa tão linda! olhos brilhando É isso mesmo pessoal, fui eu que escrevi este capítulo… (Para admirar, uma vez que só sei escrever dramas, e coisas tristes… Buaaaaaaaaaaaaaaaa

Lindo Lindo Lindo…

Espero que tenham gostado! Afinal o Drácula também foi humano…

Bem… começa a tossir Agora devia responder às reviews, mas ultimamente ando com uma preguiça desgraçada!

Fiquei muito feliz por teres gostado Aki Hiwatari. Brevemente terei ler uma Fic tua também.

Arigatou Littledark, Dead Lady e Xia!

E nova votação: (desta vez para uma nova Fic que possa substituir esta xD – "Deverá ter continuação a "Ironia do Destino"?"