17º Capítulo – Sangue de Vampiro
A Hillary tinha acabado de perder o Kai de vista. Virou-se para trás com a esperança que o Max a pudesse ajudar, mas ele também tinha desaparecido.
- Max?
Mas nenhum sinal do rapaz. Tinham os dois sumido.
- Onde se terão metido?
Caminhou ao longo do corredor, até que uma mesinha encostada à parede lhe chamou a atenção. Aproximou-se dela e abriu-lhe uma gaveta. Estava vazia. Uma a uma foi abrindo as gavetas, mas todas estavam vazias, até que chegou à última e o seu coração bateu descompassadamente. Porque seria?
Abriu-a e apenas deu por si a gritar. Dentro da gaveta estava uma mão humana, arrancada de um corpo e ainda ensanguentada. Foi a gritar que correu pelo castelo, desceu as escadas, abriu o portão da entrada, correu através do pátio e saiu pelo grande portão da muralha. Só parou de correr, quando sentiu os seus pés a enterrarem-se num terreno movediço. Era o pântano. Pediu por socorro o mais alto que pôde, mas a ajuda que lhe chegou não era a que esperava. Uma alcateia de lobos chegou ao pé da margem, na qual ela se segurava com todas a forças.
- NÃO! SOCORRO! Parte do pântano engoliu os seus membros inferiores enquanto os lobos despedaçaram os membros superiores. A cabeça dela, arrancada do próprio corpo, afundou-se mal que tocou nas areias movediças. Nem um resto sobrou para ser encontrado.
……….
- Ahhhhhhhhhhh!
O Kenny recuava como se a sua vida dependesse disso.
Pelo que se lembrava, tinha perdido o Tyson de vista, logo após terem descoberto uma passagem secreta que partia do sótão. Tinham-na percorrido juntos mas, como ele era tão medrosos, deixara-se ficar para trás. Quando chegara ao final a passagem secreta, oculta por uma tapeçaria que ia dar a enorme corredor, não vira mais o Tyson. Caminhara pelo corredor, até ouvir o barulho de passos a persegui-lo. Quando se voltara para trás, fitara uma criatura, metade homem, metade morcego, que media 1 metro e meio. Tratava-se do Baital. Ele desatara a correr, por onde via luz, e fora dar a uma varanda. Não vendo mais nenhuma saída, apenas recuara, até bater contra o corrimão de pedra. Não tinha mais nenhuma saída…
Este seria o fim de Kenny! A criatura já estava a mostrar as suas presas, quando um grito o fez parar. O Tyson empunhava uma cruz de madeira, com a qual bateu no meio das asas do Baital. Este gemeu de dor e vou por cima do rapaz. Pegou numa faca, com a lâmina coberta a prata, e cravou-a numa das garras da criatura. Esta gemeu ainda mais e, sentindo o corpo a queimar por dentro, deixou de bater as asas e começou a cair da varanda abaixo. Mas ao cair pela varanda, a sua garra prendeu-se a Kenny, arrastando este consigo.
- TY… SON…!
- KENNY!
O Tyson ainda debruçou-se para o tentar agarrar, mas foi tarde demais. Este era o segundo elemento da equipa que ele via a morrer. O Baital transformou-se em cinzas no ar e o Kenny calou-se para sempre.
- KENNY!
Atirou-se para o chão a chorar. Como fora aquilo acontecer? O Kenny tinha sido o seu primeiro amigo, muito antes de ter conhecido o Max ou o Kai ou o Ray. E ele deixara-o morrer mesmo por entre os seus dedos. Mas… o Kai!
Não havia tempo para lamentações. Já deixara o Daichi e o Kenny morrerem à sua frente e não iriam permitir que mais algum companheiro morresse. Tinha de encontrar o Kai o mais depressa possível…
……….
O Kai caminhava na ala direita do castelo. Acabara de parar frente a um quarto, que parecia chamá-lo para o seu interior. Abriu a porta e apenas encontrou mais um quarto, como já vira tantos. Mas este era diferente… Estava, delicadamente, arranjado e o perfume de emanava dele… entrou só para se deliciar com aquele perfume. Ele conhecia aquele cheiro… Era da Maylene. Ela estivera ali! Procurou por pistas e apenas encontrou alguns cabelos em cima da colcha da cama. Eram negros, iguais aos da rapariga. Então ele estava perto dela…
Saiu do quarto e ganhou coragem para voltar a correr. Estava a aproximar-se da ala esquerda do castelo, quando viu uma pessoa vestida de branco a aproximar-se dele. Pensou que era a Maylene mas, só pela maneira de andar, viu logo que não era ela. A estranha figura transformou-se num cavalo, que cavalgou depressa e acabou por derrubar o rapaz. O cavalo relinchou e ergueu as suas patas para esmagar o Kai. Ele estava mesmo por debaixo das patas do cavalo... O cavalo baixou as patas mas, antes destas baterem no solo, já o Kai tinha rebolado para o lado, indo bater num pequeno móvel. Um prego ferrugem saltou e pegou nele, correndo na direcção do cavalo. Após o impacto das patas do cavalo no chão, ele ainda correu na direcção do Kai mas quando ia levantar as patas de novo, o prego foi espetado no seu pescoço. A criatura voltou à sua forma original, antes de se transformar em pó.
O Kai deixou-se escorregar pela parede e ficou sentado no chão a arfar. Após este impacto, o seu braço voltara a doer ainda com mais intensidade.
Poucos minutos ficou parado. Mesmo com o braço a queimar por dentro, prosseguiu o caminho. Sabia o preço daquilo tudo. Possivelmente iria deixar de puder jogar Beyblade mas iria salvar a Maylene, nem que para isso perdesse a sua vida. Fora graças a ela que ele pudera ter uma segunda oportunidade para jogar Beyblade e, devido a esta oportunidade, conhecera o Tyson e os companheiros e tinha mudado muito. Tinha amigos que lhe eram queridos e que o aceitavam tal como era. Agora só lhe faltava a mulher da sua vida…
Estava frente ao quarto do Drácula. Empurrou a porta e ficou agoniado ao ver o sangue todo em cima da cama e a escorrer para o chão. Aquilo não podia significar que… Virou-se para trás para correr desesperado à procura da Maylene, mas uma surpresa aguardava-o no vão da porta.
O Obours, apenas com a sua única narina e língua pontiaguda, esperava-o com um olhar sedento de sangue. A criatura não esperou por mais nenhum movimento. Atirou-se para cima do rapaz e, apesar de este se desviar a tempo, a sua língua raspou no braço dele. A dor ainda aumentou mais e o Kai deixou de se poder mover para amparar o braço, quase a explodir. Se o arrancasse seria muito mais fácil.
Obours não se mostrou satisfeito e inclinou-se sobre ele. Ia ferrar os seus caninos na cabeça do Kai, quando foi atirado contra a parede por uma cadeira.
- Tyson! – exclamou o Kai.
- Não te preocupes, que vou tratar dele. Não sei o que tens no braço, mas é bom que isso não te impeça de salvares a Maylene.
A criatura erguia-se de novo do chão.
- Há sangue espalhado no caminho que conduz à torre mestra. A Maylene deve ali estar. Vai atrás dela e salva-a, uma vez que eu não pude fazer nada.
O Kai fitou o amigo mas logo desviou o olhar para o demónio, que se aproximava, lentamente.
- Eu vou acabar com ele e depois vou ter contigo. – Kai vislumbrou um gume de uma espada que Tyson transportava. O seu olhar era assustador e reparou que ele não temia a criatura. – Vai antes que seja tarde demais.
Sem esperar mais, o Kai levantou-se e correu para a torre mestra.
O Tyson fitou o Obours e sorriu.
- Agora é só entre nós os dois.
O vampiro correu para o Tyson, mas este desviou-se a tempo e ainda balançou a espada, cortando um dedo ao vampiro. O Obours não se importou com isso e, ganhando balanço, saltou para cima dele, mas de novo a espada brilhou e desta vez faltou uma garra ao vampiro.
Uma nova investida, a qual, infelizmente, o Tyson falhou o golpe e a outra garra agarrou-se no seu braço direito, acabando por arrancá-lo. O rapaz atirou-se para o chão a contorcer-se de dores, agarrando o seu coto ensanguentado. Mas não havia tempo para chorar e pensar que estava a doer. O vampiro estava demasiado perto dele… pegou na espada com a sua mão esquerda e cortou a cabeça do monstro. Esta rolou pelo chão e transformou-se em pó mas o seu corpo ainda se mexia, sem saber que direcção tomar. A espada, por sua, vez escorregou das mãos do jovem e foi bater contra uma jarra de flores que se partiu e fez com que as pétalas se espalhassem por cima da criatura. Esta esticou-se completamente e o seu corpo começou a queimar, acabando por desaparecer em cinzas.
O Tyson atirou-se para o chão e fechou os olhos.
- Esta foi por vocês! Kenny… Daichi… Ray… Hillary… Max… e… Kai…
……….
Kai seguiu as manchas de sangue que o guiaram até à torre mestra. Subiu as escadas com o seu coração nas mãos. Estava, a cada passo, mais perto da rapariga que amava. Subiu e subiu, a escadaria parecia não ter fim. Conseguia sentir a aura negra cada vez mais intensa. Não sabia como iria encontrar a Maylene e até tinha medo disso.
Finalmente chegou à varanda no cima da torre, mas aí o sangue desaparecia. Nem um rasto de sangue na varanda. Mas… junto à porta (que Drácula proibira a rapariga de entrar) havia um pequeno pingo vermelho e quando ele se aproximou, verificou que a porta tinha sido aberta recentemente. Encostou a mão nela e que logo se abriu. Entrou, nervosamente. O aposento apenas tinha dois caixões assentes sobre dois pedestais no centro da divisão. Na parede havia uma grande tapeçaria com o retrato de uma plena batalha retratada. Uma cortina negra cobria a outra parede e um altar encontrava-se cheio de castiçais. Duas velas enormes iluminavam um dos caixões, sobre o qual estavam poisadas flores ainda frescas e bonitas. Tinham sido acabadas de colher e ainda estavam por desabrochar.
Com um mau pressentimento, ele aproximou-se do caixão. Quando olhou para o seu interior, a sua alma congelou. Lá estava adormecida a Maylene…
- Não lhe toques! – a voz que ouviu tinha um pequeno tom de sarcasmo e desprezo. A figura saiu da escuridão, revelando-se finalmente. Era Drácula, o inimigo final.
A sua pele era extremamente branca e fria mas, em alguns locais do corpo, aparentava estar rosada, o que só podia significar que havia sangue correndo nessas zonas. O cabelo era negro, um pouco abaixo dos ombros. Estava solto e ostentava um aspecto oleoso. Aquele devia ser o corte com que tinha morrido e que, após o ingresso no mundo vampírico, deixara de crescer. E sempre que o cabelo de um vampiro é cortado, este volta ao tamanho original.
As suas unhas eram longas, finas e extremamente afiadas. A sua audição era dotada de uma sensibilidade altíssima e as suas presas brilharam quando este abria a boca. Os caninos com um tamanho bem acima da média, afiados e projectados para a frente. Era com aqueles dentes que atingia, facilmente, as veias jugulares no pescoço das suas vítimas e bebia o seu sangue.
Trazia na sua mão um copo de vinho e qual estendeu a Kai.
- Espero que sejas servido. Eu nunca bebo… vinho. – o tom reticente e sarcásticos permitia que Kai lê-se o seu pensamento completo: "Eu não bebo vinho…mas sangue sim."
O rapaz não mostrou nenhuma intenção de pegar naquele copo e o Drácula atirou-o contra a parede sem, contudo, perder a sua expressão divertida.
- Vejo que és um rapaz resistente e com muito bom… gosto.
O seu olhar flamejou um pouco, enquanto ele tocava na mulher dentro do caixão.
- O homem mais feliz na terra é aquele que encontra o verdadeiro amor.
Kai desviou o seu olhar para o caixão e murmurou, de modo a que o Conde o pudesse ouvir:
- Encontraste a Maylene. Pensei que a perdera…
A tonalidade segura e feliz na voz do Kai, revoltou o Conde, que o olhou com uns olhos assassinos.
- Vais libertá-la agora.
- Agora não! Logo agora que o processo está quase completo, ela não vai a lado nenhum…
Kai atirou-se na direcção do vampiro, mas este foi mais veloz e desapareceu antes que Kai pudesse perceber algo.
- És lento demais e ainda esperas derrotar-me.
Kai voltou-se para trás e foi quando pensou que iria morrer por momentos. Ao lado de Drácula estava a Maylene, em pé e a fitá-la, enquanto as mãos do demónio a abraçavam.
- Maylene…
- Kai…
Mas então quem era aquela dentro do caixão?
- Assim que o sol despertar, a maldição estará concluída e Elizabeth será minha para sempre…
- Deves estar a ver mal. Quem tens aí e a Maylene e não essa tal de Elizabeth.
A fúria de Drácula aumentou consideravelmente, fazendo partir um dos castiçais em cima do pequeno altar.
- Vês, minha querida Elizabet…. Eu não me importava que este rapaz assistisse à cerimónia em que te tornarias minha para sempre, mas parece que terei de matá-lo antes dessa hora chegar.
- Isto é… se conseguires.
O Kai estava a entrar no mesmo jogo de ironia e sarcasmo de Drácula. O seu olhar deteve-se por momentos na rapariga e reparou que ela estava mais bonita do que nunca naquele vestido vermelho trabalhado a dourado. Uma fita vermelha envolvia-lhe a cabeça e apertava, em cima desta, num pequeno laço. O seus olhos azuis suplicavam para que a salvasse…
- Não te preocupes Maylene. Vou tirar-te daqui…
- Muahahahaha… Só podes estar a brincar. O único que vai sair daqui és tu e morto.
- Afasta-te dele Maylene!
- Ela não o vai fazer, não é minha amada Elizabeth? O meu sangue já corre nas veias dela e em breve será imortal tal como eu.
A mão do Drácula acariciou a face da rapariga, enquanto os seus caninos aproximavam-se do pescoço dela. O Kai mostrou a intenção de ir fazer algo para o impedir, mas o seu corpo deixou de lhe responder. Maylene fechou os olhos e deixou que aquelas presas a penetrassem uma terceira vez. A mesma dor voltou a despertar, mas desta vez ela também sentiu um prazer incrível enquanto o seu sangue era sugado, mais uma vez. Ela também se sentia que se estava a tornar numa morta-viva.
Quando o seu pescoço foi liberto, ela caiu nos braços do vampiro, perante o olhar aflito de Kai. Aquele, por sua vez, amparou-a e deitou-a no chão com todo o cuidado. Avançou para Kai, que estava imobilizado à sua frente e levantou-lhe mais o queixo com as suas unhas afiadas.
- Não morreste até agora, o que me dará mais prazer de ser eu a acabar contigo. És forte e o meu controlo sobre ti não resulta durante muito tempo, sem ser para deter os teus movimentos, mas tenho mais armas para te derrotar, seu mortal. Fazes-me lembrar Jonathan Harker, aquele cabrão que tirou a Elizabeth de mim da última vez. Mas desta, ninguém nos voltará a separar…
- Não era Elizabeth mas a Mina Harker.
- CALA-TE!
- E essa que tens aí, não é de novo a tua mulher, mas sim a rapariga que eu preciso, a Maylene Burovic.
- CALA-TE!
Shapp… o som de um murro fez o Kai ir bater contra a parede, da qual se afastou com sangue a correr pelo seu nariz partido.
- KAI!
Maylene tentava levantar-se do chão, mas sem grandes forças para o fazer. Já pouco sangue corria nas suas veias.
- Rapaz idiota!
Sangue voltava a manchar o chão. A ferida da terceira dentada parecia não querer parar de sangrar. O sangue era vermelho e devia ser a última parte do seu sangue puro, que negava a misturar-se com o sangue que Drácula lhe dera. Kai olhou para Maylene. Assistiu horrorizado aos seus caninos a crescerem pela primeira vez. Também ela se estava a tornar em vampira. Aquele era sangue de vampiro…
Fim do 17º Capítulo
---------------------------------------------------------------------------------------------------
Nota Final: É verdade que os cabelos dos vampiros deixam de crescer quando estes ingressam no mundo vampírico. Permanecem com o mesmo aspecto de quando a pessoa fez o contrato e, quando é cortado, volta ao seu tamanho anterior.
Muitas falas usadas neste capítulo foram retiradas do livro "Drácula" de Bram Stoker. Neste livro, Jonathan estabelece um diálogo irónico com o Conde Drácula, e eu quis fazer um diálogo semelhante entre o Kai e o Conde.
---------------------------------------------------------------------------------------------------
E aqui está mais um capítulo… O próximo já é o último e ainda vos aguarda uma surpresa!
Dead Lady – Bem… desato a tossir Pode não ser o meu último Hentai mas os próximos não vão ser mais assim! Este foi demasiado forte… E depois eu é que sou pervertida ( --'') Raios para ti… xD Tarada pah!
Aki Hiwatari – Ainda bem que gostaste, apesar de eu ter exagerado um pouco… Quando estava a revisar isto até fiquei corada e embaraçada. (a DeadLady que o diga, ela quase que teve de me atirar algo à cabeça para eu postar o capitulo). Mas agora vem aí o final!
littledark – Gomen nasai! Deves querer matar-me, mas filha… tens de te começar a habituar com isto! Tens de te juntar ao clube das taradas… E depois ficas perversa como nós '' Mas ias divertir-te bué connosco! – Já nos divertimos mesmo axim xD
Bem este capítulo é mais calmo e o próximo Hentai que escrever vai ser fracote!
Xia Matsuyama – Lês e envias a Review quando puderes! Agora com a escola é complicado, eu sei… Pois… o capítulo fugindo Exagerei uma beka nisto… '' Enfim… Ainda bem que gostaste!
