Reencontros

Por Cecelitxa E.Black

James Potter espreguiçou-se em sua cadeira de couro negro e apoiou seus pés na mesa de mogno. Vislumbrou parte do centro de Londres através de sua ampla janela de vidro espelhado, em sua sala no penúltimo andar de um arranha-céu.

Ele começara a trabalhar naquela seguradora bruxa há dois anos, num cargo insignificante. Mas, em pouco tempo, ganhou várias promoções e foi subindo. No momento, sua foto estava no hall de entrada do edifício com os dizeres: "Melhor funcionário do mês". Era o terceiro na companhia, apenas vindo depois do presidente e do vice-presidente desta.

Recostou-se e sorriu satisfeito. "Em breve isso mudará", pensou. James teria uma reunião com um representante de uma outra empresa bruxa, e, se tudo desse certo, em pouco tempo se tornaria o presidente daquilo tudo. "Cole já está velho, pensando em se aposentar. E Gallant então... Já é vice há tanto tempo que nem daria conta de administrar tudo sozinho!". Já estava no papo. Tinha um dom inato de lidar com as pessoas e convencê-las de que o que ele dizia era de fato o melhor para elas.

Tirou os pés da mesa e abriu a primeira gaveta de sua mesa. Pegou um papel púrpura berrante e escreveu:

"Krista, venha aqui por favor e traga o Profeta Diário, sim?

James Potter"

Com um aceno da varinha, o memorando saiu flutuando porta afora. Agora, abriu outra gaveta e apanhou dois pedaços de pergaminho desta vez. Remus havia lhe mandado algo mais cedo, mas ainda precisavam marcar a hora e o lugar em que se encontrariam.

"Hoje, às oito horas no Murtisco.

Prongs"

- Bom dia, senhor Potter – Krista Jones, a secretária de James, abriu a porta e entrou com um exemplar do Profeta Diário em uma mão e uma xícara de café na outra.

- Krista, quantas vezes terei que pedir que me chame de James? – o rapaz a observou.

Krista corou. Ás vezes ela poderia parecer inatingível, pois mantinha a imagem de secretária perfeita. Roupas sempre alinhadas, os cabelos louros sempre disciplinados em um apertado coque. Mas James sabia que seu ponto fraco era ele próprio. Desde o seu primeiro dia naquele trabalho, quando ele a chamou para sair quando a viu no corredor, ela alimentava uma paixonite pelo rapaz.

- Tudo bem... Me desculpe, senhor – Krista desculpou-se, mas James levantou uma sobrancelha.

- Deixa pra lá. Krista, mande essas mensagens para Sirius e Remus, por favor.

- Sim, James – Krista fez um enorme esforço para chamá-lo pelo nome – Senhor – acrescentou, não conseguindo.

A secretária saiu apressadamente da sala. James abriu o jornal e, com o café à mão, começou a folheá-lo. Bebeu um gole. Passou uma página, passou outra, e... Espere! Voltou à reportagem anterior, e involuntariamente cuspiu todo o café que havia em sua boca. Ajeitou-se na cadeira e olhou incrédulo para uma foto em preto e branco de Lily Evans apertando a mão do presidente de uma companhia qualquer. Nem leu a matéria, perdendo-se em devaneios.

Aquela era a única garota – agora mulher – de quem realmente gostara em toda a sua vida. Chegaram a sair algumas vezes em seu sétimo ano em Hogwarts, mas ela terminou tudo. Que culpa tinha ele de ser um Maroto?

"Ela parece ser uma empresária de sucesso agora", pensou. Assim como eu. "Onde será que está morando?".


Não muito longe dali, em um luxuoso apartamento duplex, Lily Evans acordou com o rádio relógio, que, sintonizado em uma rádio bruxa, tocava uma animada música d'As Esquisitonas.

Levantou-se e foi até o banheiro, olhando-se no espelho. Estava com uma aparência horrível. Havia olheiras fundas e arroxeadas embaixo de seus olhos e seus cabelos rubros, geralmente sedosos, encontravam-se em completa desordem e embaraço.

"Sabia que isso ia acontecer", pensou, desgostosa, "Não devia ter ficado escrevendo aqueles relatórios até as 4 da manhã ontem...". E com esse arrependimento, entrou debaixo do chuveiro frio de cabeça e tudo.

Saiu algum tempo depois enrolada num roupão vermelho e com os cabelos enrolados em uma toalha. Apanhou seu terninho com saia social, seu sapato fechado e sua maleta executiva e começou a se preparar. Após ter se vestido, voltou ao banheiro e tentou encobrir as olheiras com um pouco de maquiagem. Não adiantou. Deixou de lado e saiu. Na entrada de seu prédio, aparatou para seu trabalho. Olhou para cima, encarando o enorme e moderno edifício que parecia, literalmente, arranhar o céu. Sentiu-se ficar tonta e com um suspiro entrou logo no ambiente refrigerado.

Lily, antes de chegar à sua sala, falou com a recepcionista, com a faxineira, com seu assistente, com seu chefe, com quatro colegas de trabalho e ainda pegou três pastas com documentos para checar, seu crachá, que esquecerá lá no dia anterior, arquivos com as sugestões de melhora, uma xícara de café e algo para comer, pois não havia tomado café.

Entrou no elevador, seguida de seu assistente.

- Bom dia, senhor O'Connor – cumprimentou o chefe.

- Bom dia, senhorita Evans – Jack O'Connor respondeu sorrindo. Em seguida olhou intrigado para Brad, seu assistente.

- Oh, o senhor conhece Brad Dalton, meu assistente? – Lily apressou-se a apresentar. Apertaram as mãos e a euforia que Brad sentia por ter sido apresentado ao presidente da companhia era facilmente percebida. Após isso, instalou-se um silêncio quase palpável no ambiente e pouco tempo depois o elevador parou no antepenúltimo andar.

- Tenha um bom dia, senhor – Lily despediu-se com um sorriso e saiu sendo seguida por Brad.

- O que foi aquilo? – Brad perguntou, impressionado.

- Aquilo o que? – Lily devolveu, aérea.

- O que aconteceu no elevador! Como você conhece Jack O'Connor?

- Brad, modéstia à parte, você acha que uma das melhores funcionárias desta empresa não conheceria o chefão? – Lily riu da atitude de Brad e entrou na sala.

Ele exibiu uma expressão irritada e colocou tudo o que estava ajudando a chefe a carregar em cima de sua mesa e saiu. Lily revirou os olhos e sentou-se já cansada. Comeu um bolinho, para que seu estômago parasse de roncar, e bebeu o café, a fim de que seus olhos parassem de pesar. Encarou a enorme pilha de papéis e trabalho à sua frente e suspirou. Será que todo o trabalho que adiantara à noite não ajudara em nada?

Com um novo suspiro, pegou a primeira pasta e começou a organizá-la.


"Senhor Potter,

Tem alguém aqui querendo vê-lo. Devo deixá-la entrar?

Krista Jones"

James leu o memorando com um sorriso no rosto. Krista insistia em chamá-lo de 'senhor'... Releu-o. Pelo a jeito a pessoa que queria vê-lo era mulher. Não parara de pensar em Lily desde que vira sua foto no jornal, mas resolveu deixar quem quer que fosse entrar.

- Jaaaaay! – exclamou uma voz feminina. James ergueu o rosto. Era sua mãe. A Senhora Potter foi até ele com um sorriso maternal e o abraçou até quase sufocá-lo – E como anda o Jamesy da mamãe? – perguntou, apertando suas bochechas. Krista, que a acompanhara até ali, ainda estava na porta, rindo da cena. James a 'expulsou' com um aceno.

- M... mãe! – exclamou James, tentando respirar – Você está me sufocando!

- Desculpa, filho, mas é que depois que você saiu de casa e se tornou um homem de negócios, nunca mais nos visitou! – reclamou a mãe.

- E veja só! Meu filhinho está de terno!

- Bem... é exigência da empresa, mãe...

- Ah, como meu filhinho cresceu! Já não estuda mais em Hogwarts, não persegue a menina Evans – James estremeceu por algum motivo estranho ao som desse nome - , agora ele é adulto, e trabalha numa empresa vestindo um terno! – Vivian Potter enxugou uma lágrima no canto do olho e fungou – Estou tão orgulhosa!

- Obrigado, mãe... A senhora quer tomar um café? – ofereceu.

- Oh, é muita gentileza, Jamesy, mas eu estou só de passagem! Tive que vir resolver algumas coisas aqui no centro e passei só para lhe dar um beijo e um abraço bem apertado mesmo! – e com isso a Senhora Potter abraçou o único filho mais uma vez, plantou um beijo na sua testa e saiu.

James ainda estava no estado 'o-que-acaba-de-acontecer-aqui?', quando Krista entrou com um sorriso no canto dos lábios.

- Seus amigos responderam... – apenas deixou os pergaminhos em cima da mesa e saiu rapidamente. James entendeu o porquê da pressa ao ouvir a gargalhada que a secretária deu ao sair da sala. "Minha mãe ainda me mata de vergonha", pensou, abrindo os bilhetes dos amigos. Não havia nada de interessante, apenas a confirmação de ambos para o compromisso à noite.

Levantou-se, afrouxando a gravata e deixando o paletó nas costas de sua cadeira. Saiu da sala e foi até a lanchonete do segundo andar, já que era seu horário de almoço. James pediu a comida e sentou-se a uma mesa vazia. Pouco tempo depois, a garçonete trouxe seu prato numa bandeja. O rapaz pôs-se a comer distraidamente, quando de repente uma mulher alta e loira sentou-se à sua frente na mesa.

A mulher era muito bonita: olhos claros, cabelos loiros, corpo escultural. James olhou-a curioso e ela lhe deu um sorriso sedutor.

- Annie, muito prazer – falou, com uma voz propositalmente rouca.

- James, igualmente – respondeu, entendendo o que ela queria.

- James Potter? – perguntou, surpresa.

- Sim, porque?

- Eu pensei que fosse bem mais... – analisou seu corpo e rosto – velho – acrescentou, mordendo o lábio inferior.

A garçonete interrompeu aquele momento estranho, trazendo a comida de Annie – apenas uma pequena porção de salada – e ela também começou a comer.

James já estava quase terminando seu prato quando sentiu algo roçar em sua perna. Um arrepio percorreu sua espinha, e ele afastou a perna. Lembrara-se de Lily na foto do jornal.

Alguns segundos depois, sentiu a perna de Annie novamente, agora entre suas pernas.

- Er... Te vejo por aí, então – falou, constrangido, levantando-se de repente e andando rapidamente até virar o corredor e encostar-se na parede. "Se fosse qualquer outro dia, eu já estaria com essa mulher agora. Mas porque hoje, justo hoje, eu tinha que ver a Lily?", pensou, lembrando-se da loira e logo em seguida substituindo esse pensamento pela foto que vira no jornal mais cedo.

Afrouxou ainda mais a gravata, pois estava sentindo muito calor, apesar da refrigeração do ambiente. Foi até o banheiro e lavou o rosto. Olhou-se no espelho. "Preciso descobrir onde aquela ruiva está. Para lembrá-la um pouco dos tempos de escola...", pensou, com um sorriso no canto dos lábios. Saiu do banheiro e entrou no elevador cheio. Ao que parecia, Annie não estava lá. Ficou aliviado.

O elevador parou no terceiro andar e várias pessoas desceram, revelando um bela mulher loira nos fundos deste. Ela sorriu mais uma vez e piscou para James. Ele se virou de costas para ela, tentando evitar contato visual. Agora o elevador parara no quinto andar e mais pessoas saíram. A esta altura, ele já estava suando frio, com o rosto quase encostado na porta. Quando já estava começando a achar que talvez Annie tivesse descido do elevador, sentiu algo em sua cintura: as mãos dela.

James virou-se imediatamente, ofegando. Terrível erro. A mulher agora posicionara uma mão de um lado do ombro de James e a outra do outro lado. Apertou o botão vermelho, que fazia o elevador parar. Ele só pôde perceber que estavam sozinhos com alguns memorandos sobrevoando suas cabeças. Annie sorriu pelo canto dos lábios e se aproximou para beijar James. Este virou a cabeça. Ela virou a cabeça dele de volta e aproximou-se novamente. Desta vez James não resistiu,afinal era homem e tinha hormônios. Além do mais, uma perna dela estava entre as suas.

Deixou que ela o beijasse, já abraçando-a pela cintura. Ela abriu mais a boca, e James invadiu-a com sua língua. Suas línguas puseram-se a travar uma ritmada batalha. Annie começou a abrir a camisa de James e tirar a sua própria. A temperatura esquentava cada vez mais, e agora as mãos dele exploravam todo o corpo dela. Annie começou a beijar o pescoço de James, provocando arrepios. Foi descendo lentamente, passando por seus músculos bem definidos e chegando bem perto da barra de sua calça. Quando ela começou a abrir o cinto, porém, o elevador voltou a se mover, sem que eles percebessem.

De repente a porta do elevador se abriu. Um homenzinho pequeno deixou as caixas que carregava caírem no chão ao ver uma mulher usando apenas roupas íntimas e o mais indicado a presidente da empresa vestindo apenas suas calças. Com o barulho, os dois se afastaram, corando ao ver o homenzinho esperando para entrar. Rapidamente se recompuseram e, sorrindo sem graça para ele, o deixaram entrar. O clima estava pesado lá dentro, e tudo o que se ouvia era a música baixa que saía de uma pequena caixa de som. Desta vez o elevador parou no oitavo andar, e Annie desceu lançando um olhar a James de 'isso-ainda-não-acabou!'.

Continuaram subindo, e James agradeceu mentalmente o homem ao seu lado por ter esfriado a temperatura daquele modo. Não é que nunca pensava em Lily. Na verdade pensava nela todos os dias, principalmente quando saía com outras mulheres. Mas àquele dia, após vê-la no jornal, proibiu-se de fazer qualquer coisa com qualquer um que não Lily.

Entrou novamente em seu escritório e reparou que havia marcas de batom em sua camisa. "Droga, isso sempre acontece comigo". Sentou-se, abanando-se com o jornal e com o olhar fixo na foto daquela bendita ruivinha...


Lily estava exausta. Parecia que arquivar documentos nunca demorar tanto. Consultou o relógio de pulso. Já era hora do almoço, mas precisava ao menos terminar aquela pasta antes. Tentou concentrar-se ao máximo, mas alguém bateu à porta.

- Entre!

- Lily? – chamou Lauren, pondo a cabeça para dentro.

- Oi Lauren! – exclamou Lily, sorrindo – Entre, entre!

Lauren Lacey e Chloe Wheeler entraram no escritório de Lily.

- O que fazem aqui? – Lily perguntou, levantando-se para cumprimentar as amigas.

- Viemos te buscar pro almoço!

- Ah, vocês são ótimas, mas eu não posso... – sorriu meio sem graça apontando a pilha de afazeres às suas costas.

- Lily, você vem conosco nem que precisemos te ajudar depois! – Chloe falou.

- É, Lils, você precisa dar um tempinho do trabalho! – Lauren reforçou.

As duas começaram a despejar motivos para que Lily fosse almoçar com ela, até que Lily finalmente se convenceu:

- Tudo bem! Ok, eu almoçarei com vocês. Mas depois me ajudem a explicar pro meu chefe o porque de eu não ter terminado meu trabalho... – falou, fazendo com que as amigas abrissem sorrisos de orelha a orelha e a puxassem pelo prédio inteiro até a saída.

xXx

As três amigas entraram fazendo barulho no restaurante do outro lado da rua do trabalho de Lily. O lugar era bem aconchegante: cortininhas rosadas nas janelas, mesinhas e cadeiras de madeira e até mesmo pequenas flores enfeitando o centro da mesa. Sentaram-se a uma mesa perto da janela. Pediram suas bebidas e puseram-se a conversar.

- Lily... Nós te trouxemos aqui por dois motivos – começou Chloe – Primeiro, porque somos suas amigas e faz um tempo que não ficamos juntas assim...

- E segundo... – continuou Lauren – Porque eu vou me casar – completou, mal escondendo a empolgação.

Lily caiu da cadeira tamanha a surpresa que sentiu na hora.

- V-você vai se casar, Lauren? – perguntou, se recompondo. A amiga sorriu feliz para ela e acenou a cabeça positivamente - E por que não me contou antes?

- Pois ele me pediu em casamento ontem.

- A propósito, é quem eu estou pensando? – Lily perguntou, curiosa.

- Sim, Lily! Eu serei a 'Sra. Lauren Lupin'!

Lily mal pôde esconder a surpresa. Sabia que eles namoravam há realmente muito tempo, mas Remus(ainda o chamava pelo nome, apesar de não tê-lo visto desde a formatura em Hogwarts) era um lobisomem, e por isso sempre tentava evitar com que as pessoas se envolvessem. "Isso significa que eu vou ver o Potter inevitavelmente em breve!", Lily pensou com raiva.

Continua...


N/A: E então? O que acharam do primeiro capítulo? Espero que tenham gostado, ainda que eu mesma tenha achado uma m... Como só hoje foi o primeiro capítulo, eu não vou responder as reviews, só a partir do próximo, ok? Mas eu agradeço a Mah Clarinha e Bruna Granger Potter! Espero que continuem lendo!

E o próximo capítulo não vem se eu não receber um número decente de reviews! ;P

Bjos, C ya!

PS: Como eu estava tendo um ataque de criatividade na hora e estava doida pra postar, o capitulo não foi betado e nem mesmo revisado por mim mesma... Então me desculpem se acharem algum erro grotesco por aí! xD