RECOMEÇANDO

Revelações

Afrodite, um homem bonito, com traços leves, afeminados, e olhos claros como o dia era recebido por Esmeralda em sua casa. Foi marcado um almoço entre os dois amigos.

- Eu disse pra você ter cuidado - Afrodite falava sentando-se à mesa - Mas estou vendo que não vai adiantar. Por trás desse rosto de anjo há uma garota teimosa de nascença.

- O que queria que eu fizesse, Frô? Tenho sorte por não está tomando anti-depressivos como minha mãe fez.

- Você é superior a isso, minha rosa.

- Você não perde o cavalheirismo, não é mesmo? E olha que somos amigos há tempos.

- Podemos voltar ao assunto das dívidas?

Ela balançou a cabeça:

- O que pretende?

- Ajudar você, obviamente. É claro que não tenho esse dinheiro todo, mas você pode fazer outro tipo de empréstimo.

- Mais um? Não, Afrodite. Quero me livrar das dívidas.

- Não vai lhe custar nada. A menos que você tenha alguma jóia de valor emocional.

- Quase não tenho jóias e do jeito que eu estou o conceito de "valor emocional" já se distorceu completamente.

- Ótimo. Pegue seus ouros e penhore. Eu empresto alguns pro valor aumentar. Logo vai quitar suas dívidas e quando não puder pagar pelo empréstimo basta pagar os juros que não é tão caro.

- ... Você... Me emprestaria suas jóias?

- Eu não ia. Mas você não merece agüentar isso sozinha.

- Oh, Afrodite!

Esmeralda levantou-se e abraçou o amigo. Se estivessem num lugar público tal atitude deixaria o amigo constrangido. De fato Afrodite não gostava muito de demonstrações públicas de afeto, exceto quando se estava apaixonado. Segundo ele, gente apaixonada nunca pensa direito.

- Você é perfeito, sabia?

-Só passe lá em casa amanhã depois do trabalho. Vamos resolver esse problema logo.

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Saori andava de moto pelas ruas enquanto seus cabelos esvoaçavam numa melodia de liberdade. Sentia-se uma pessoa sem limites para comportamento enquanto o barulho do veículo e a voz de Shina eram os únicos sons que seu ouvido presenciava:

- Tudo bem aí atrás? - Gritou Shina para competir com o barulho produzido pela velocidade.

- Tudo! - Respondeu Saori na mesma intensidade - Você não tem medo?

- Disso? É tão fácil quanto andar de bicicleta!

- Vire na próxima esquina!- Gritou apontando para frente – Você é daqui? De Tókio?

- Não! Vim com meu primo e um amigo, mas voltarei pra casa amanhã ou depois!

- Primo?

- Tsc. Camus! Minha tia casou com um francês e deu nisso!

Shina deu a curva enquanto Saori afastava um pouco o rosto para os cabelos verdes não o chicotearem:

- Espera, você disse Camus?

- Isso mesmo! Conhece?

- ... Acho... Acho que sim! Pare ali! Naquela mansão!

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Saori explicara à Shina como Camus fora parar em sua casa. A porta se abriu e a moça subiu as escadas, às pressas, guiadas por Minu a mando de Saori.

- Camus! Milo! - Shina correu até eles.

- Shina?

- Oi, cali. - Milo, bem mais disposto, elogiou recebendo um abraço da amiga.

- Milo... Como você se meteu nessa?

- Nem eu sei explicar. Um cara de cabelo estranho apareceu do nada e... Sei lá, tirou alguma coisa de mim... Foi em segundos.

- Não é hora para brincadeiras.

- Não estou brincando. Eu acordei e seu primo me ajudou a... Levantar.

Milo não teve coragem de falar sobre a parte que Camus pedira para continuar acordado. E sabia muito bem por que. Quando Jisty fechou os olhos nunca mais acordou. Um contentamento invadiu seu peito ao cogitar essa hipótese.

- Seja bem vindo, Milo. - Saori entrou no quarto se apresentando. - Agradeça ao seu amigo por ter salvo sua vida.

- Hei... Você foi a moça que me curou.

- Bem, eu não sei se essa é a definição correta.

- É sim. -Milo levantou-se contemplando-a - Quando toquei em sua mão senti que você me seguraria neste corpo. Como se fosse a única chance d'eu continuar vivo.

Saori corou levemente, enquanto Shina girava os olhos e Camus colocava as mãos nos bolsos e passava pelo amigo como se não o percebesse:

- Agradeço pela ajuda, senhorita Kido - Camus falou com sinceridade enquanto beijava a mão da moça - Serei eternamente grato.

- Não há necessidade. Vão ficar para o almoço?

- Acho que meu primo e Milo já incomodaram demais. - Falou Shina olhando diretamente para Milo e Camus.

- Nesse caso eu vou pedir para Tatsume, meu motorista, levá-los para suas respectivas casas.

- Não precisa. Não pra mim. Até mais, Saori.

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A limusine seguia num silêncio incomum. Milo deixava a cabeça cair para trás e fechava os olhos enquanto Camus meramente via a paisagem do lado de fora da janela.

- O que realmente aconteceu? - Camus perguntou de repente, mas ainda fitando a paisagem. - Sei que estava ruim demais para flertar com a moça.

Milo passou a mão pela nuca e suspirou tenso:

- Nem eu sei. Meu coração batia tão rápido que eu mal conseguia respirar, meu raciocínio ficou todo distorcido. Nem sei por que peguei a mão dela e coloquei em meu peito, mas tenho certeza que se eu não tivesse feito aquilo eu já estaria a sete palmos abaixo da terra.

- Você não ia morrer - Cortou num tom seco.

Milo sentiu uma ponta de vontade de encher Camus de bolachas. Afinal o francês poderia ter qualquer reação, menos aquela.

- Já tinha esquecido. Eu morro e o senhor do gelo nem percebe.

Camus encarou Milo finalmente e lançou um sorriso desafiador:

- Não sabia que você fazia manha.

- Cala a boca.

-...

- O que foi?

- Como você é infantil.

- Como se eu ligasse pra sua opinião.

Calados. Mas Milo não conseguia conter a própria língua:

- Ta bom. Se você acha que eu não iria morrer por que me mandou ficar acordado, heim? -Desafiou.

Camus sentiu um súbito desconforto.

- Pois eu sei por que, senhor do gelo. Você não queria que eu tivesse o mesmo destino de Jisty.

- Cale-se. Milo.

- Confessa logo, você ta arrependido por ter se desesperado!Como seria se eu tivesse morrido, heim?

Camus fechou os punhos e empurrou Milo com tudo contra a outra janela, prendendo-o com um dos braços contra o peito. Milo calou-se assustado, encarando os olhos d'água de Camus, que agora apresentavam um outro brilho. Estavam muito próximos e Camus tinha muita força:

- Você não vai morrer, Milo. – Dizia como se suplicasse.

-...

- Eu não vou deixar, entendeu? Nunca.

Afastou-se abrupto e voltou a olhar a paisagem.

O estado de Milo era o mais estranho possível. Por um lado sentia-se feliz com o comentário, por outro desejava nunca ter que ouvir aquilo de Camus novamente. E sabia muito bem por que. Seus sentimentos por Camus estavam sufocados há anos e não poderia liberta-los.

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Santuário, um prédio de destaque no centro da cidade.

- Shaka? - Mu entrava jogando as chaves em cima da mesa. Shun e Ikki entraram em seguida - Shaka? Você ta aí?

Um homem louro, bonito, de olhos azuis que lembravam uma lagoa pura, saiu de um dos quartos com um pêndulo na mão. Ao ver os irmãos sorriu:

- Então são estes?

- É. - Mu respondeu - Não sei o que se passa nessa sua cabeça, mas resolvi atender seu pedido. Ikki e Shun. Eis os nomes deles.

- Podem me responder o que está acontecendo? - Resmungou Ikki - Estou perdendo meu domingo.

- Você tem o temperamento do fogo. - Shaka o contemplou.- E esse rapaz ao seu lado tem a força da terra. Ficarei feliz em explicar tudo a vocês. Hum... Sentem-se, por favor.

Mesmo sem nenhuma vontade os irmãos sentaram-se no sofá mais próximo. Mu sentou-se ao lado de Ikki e Shaka na frente deles. O loiro começou estendendo a mão que segurava um pêndulo com um cristal na ponta, que começava a girar em sentido horário lentamente.

- Vocês têm uma energia cósmica muito forte. Mu contou toda a história pra vocês?

- Contou, embora não tivesse pé nem cabeça. -Respondeu Ikki se perguntando seriamente por que tinha ido até lá.

- Então posso dizer que vocês serão de muita ajuda para nos ajudar a encontrar algumas das armaduras sagradas.

-Era só o que me faltava. Tava demorando a situação chegar a esse limite. Historiadores...

- Na verdade eu sou um estudioso em geral.

- E como estudioso deveria saber que seu pedido não bate com a tal lenda. Até onde eu lembro seu amigo disse que as tais armaduras desapareceram quando os donos morreram... E ainda me pergunto por que estou perdendo meu tempo aqui com vocês.

Mu se pronunciou:

- Porque seu inconsciente sabe que estamos certos.

- Não. Tenho certeza que é porque pretendo descobrir o grau de insanidade mental de vocês. Conheci u,. Faltam mais dois, não?

- Na verdade não. - Mu negou em seu tom habitual. - Esqueci de dizer. Na verdade meus colegas de trabalho se afastaram de mim.

- Imagino o porquê.

-Tudo aconteceu porque um deles, Alberich, um homem de notável inteligência conseguiu unir as descobertas da viagem com alguns dos conhecimentos da arte da magia britânica. E nessa mixagem ele achou a verdadeira fonte da juventude.

- Heim! - Foi a vez de Shun se pronunciar. Ao contrário de Ikki estava disposto a ver lógica na história, pelo menos até a última frase de Mu.

- Parece engraçado, não? Eu também acharia se... Se não tivesse sido a primeira vítima deles.

- Vítima?

- Eu vou explicar - Shaka interferiu ameno. -Primeiramente, é possível alcançar respostas usando a arte do pêndulo, mas é preciso bastante concentração. Você faz uma pergunta ao seu inconsciente e lhe ordena que ele escolha entre duas opções. Uma em sentido horário outra em sentido anti-horário. Se você for mais a fundo o pêndulo indica logo a direção através de um mapa.

- Hum... -Ikki entoou demonstrando seguir a linha de raciocínio.

-A descoberta foi: Uma vez que você posiciona doze insígnias sagradas como se fossem os números de um relógio você cria um eixo. Nesse eixo o tempo não passa, pois este gira em torno dele. Alberich então escolheu a energia das armaduras sagradas, mas não de qualquer uma. Das oitenta e oito armaduras só doze eram de ouro e simbolizavam os doze signos do zodíaco. Eram dessas doze que ele precisava, o que não era nada impossível, afinal...Se as armaduras "morreram" com seus donos... Elas renasceram com eles também.

Dessa vez a expressão dos irmãos Amamiya mudou completamente. A história estava realmente fazendo sentido.

- E com eles não veio só as energias das armaduras. Habilidades correspondente àquelas oferecidas enquanto cavaleiros. E também... Há deuses entre nós.

Enquanto Shaka falava, Shun e Ikki digeriam cada palavra com muito custo, dessa vez tentando aceitar a teoria completa do indiano.

- A técnica é: Sugar toda a energia da armadura que normalmente está concentrada na área do coração e torná-la maciça. É claro que não é tão fácil usar o pêndulo para localizar 12 pessoas em 6 bilhões. Mas como eu disse, o pêndulo também pode localizar por mapa. Segundo ele há uma grande concentração de energia sagrada no Japão.

- Eles então começaram por onde havia menos concentração, nós também.- Explicou Mu - Como eu disse, eu fui a primeira vítima. Alberich me atacou de surpresa e só não morri porque Shaka tem um grande poder de cura, então resolvi protegê-los antes que eles matassem um por pela América do sul, onde havia menos gente. Foi quando encontrei Aldebaran e lhe expliquei que ele havia uma grande quantidade de energia sagrada. O brasileiro foi transferido pra cá e cuidamos para que ele se adapte.

- E como diferenciar se as energias são referente às armaduras de ouro, prata e bronze? - Inquiriu Shun.

- Não sabemos. Por isso estão atacando qualquer um que fizer o pêndulo girar enquanto se pergunta "Tem alguma energia sagrada entre nós?"

- ...

- Quando nós chegamos seu pêndulo estava girando. - Ikki lembrou chocado.

- Por isso pedi para Mu trazê-los. Para avisar que vocês correm tanto perigo quanto o homem que cometeu suicídio esta sexta feira.

- Como sabe?

- Não saiu no jornal de ontem, mas saiu no de hoje.

- ...

- Tomem cuidado.As conseqüências do ataque são desastrosas. A descarga de energia é tão forte que acelera o coração, nunca tive a chance de ver como ele realmente fica.

- Como se já estivesse dias mergulhado em formol. -Murmurou Shun encarando o nada.

Shaka, Mu e Ikki calaram-se espantados com aquele corte tão singelo de Shun. O caçula Amamiya levantou o olhar para fitá-los:

- A senhorita Selassie... June... Tinha razão.

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A noite chegou meio que indesejada. Isso indicava final do domingo, começo da segunda. Shiryu abriu o portão de ferro para tomar um ar fresco. Sentia uma saudade de algo que não sabia como definir. Encontrou Seiya encostado numa árvore e olhando para o segurança sem discrição. Shiryu sorriu e com um aceno na cabeça o chamou.

- Noite? - Cumprimentou o Dragão quando Seiya se aproximou e encostou-se ao seu lado.

- Boa. Como vai?

- A senhorita está jantando com o noivo, se é o que quer saber. E sim. Provavelmente ele dormirá aqui.

- Que roubada que eu fui me meter...

- Tem razão. Já falou com ela?

- Já.Nos encontramos hoje a tarde.

- Esquece. Vocês nunca teriam uma boa conversa no estado que ela saiu hoje a tarde.

- Por que? O que aconteceu?

- Um homem apareceu aqui desesperado, carregando outro que parecia estar com um pé na cova. Claro, o senhor Mizar insistiu que não passavam de uma dupla de aproveitadores, mas a senhorita Kido resolveu prestar assistência. Quando chegou perto do moribundo uma luz saiu da mão dela e logo ele se curou. Coisa de cinema.

- Luz! Tem certeza?

- Eu não minto. Ela subiu as escadas, ele foi atrás... Depois ela desceu irritada e foi embora.

- Ele deve ter irritado ela. -Concluiu cruzando os braços, emburrado. -Agora diz, por que está me contando isso?

- Sua situação é de dar dó.

- Vá pro inferno.

Shiryu não conseguiu disfarçar o riso enquanto Seiya colocava as mãos nos bolsos e ia embora.

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Longe dali, Hyoga se contentava em passar o tempo escorado no sofá e trocando aleatoriamente os canais da tv enquanto degustava um saco de batatinhas. Eis o retrato de quem passa as noites de domingo estragando o próprio organismo. Nunca as garotas diriam isso já que tinha um físico invejável, talvez resultado das aulas de dança que costuma ter. Por isso Ikki o chama de dançarino.

De repente seu telefone tocou. "Maldita hora, será que um homem nem pode aproveitar suas noites como um vagabundo decente?". Como o telefone insistia o russo atendeu:

- Alô? Fala, Shun.

- Seria muito pedir pra você largar tudo e vir para o meu apartamento agora?

- Depende. - Riu cinicamente. - Como você quer que eu encare isso?

- Estou inquieto desde a tarde. Pensei em falar com você amanhã, mas se for assim não vou conseguir dormir.

- Ah... Shun. Tá me assustando.- Falou com as sobrancelhas erguidas.

- É muito importante. Venha.

- Tá legal. Não fiz nada o dia todo mesmo.

- Valeu.

- Você me deve essa.

Hyoga desligou o telefone e se espreguiçou. "Se Shun não fosse meu melhor amigo o mataria com certeza." Tomou um banho, vestiu uma roupa qualquer e pegou a chave do carro. Quando saiu da garagem esperou para ir às ruas, esperou o último carro cortar seu caminho e deu ré com uma tal rapidez que nem conseguiu ver a moto que chegava acelerada e batia na traseira com força.

AAAH!

- Meu carro! - Hyoga saiu do carro decidido a acabar com a raça do motoqueiro. Mas ao vê-lo caído por cima da moto primeiro prestou ajuda. - Ah, não! Você ta bem?

- Passa logo por cima! - Ela (logo notou-se a voz feminina) fez menção de se levantar, mas sentiu a perna doer. -AAHRG!

- Só vou avisando que a culpa foi sua. Tira esse capacete e deixa eu ver se você se feriu.

A mulher tirou o capacete e balançou os cabelos enquanto inclinava a cabeça para trás.

- Shina!

- ...

- Essa não...

- Hyoga?

- Claro! Pelo amor de Deus, você quer morrer nesse trambolho?

- Você que deveria ter olhado antes de dar a ré... AAHN!

- O que foi?

- Minha perna...

- Uнтерес... Melhor levar você ao hospital.

- E minha moto?

- Eu peço pra tirarem dali. Venha.

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Camus e Milo chegaram ao hospital Hikari o mais depressa possível, encontraram Hyoga na sala de espera enquanto Shina passava a ser atendida.

- Alexei, onde estava com a cabeça? - Camus passava as mãos pelos cabelos penteando-os para trás nervosamente.

- Foi um acidente, primo. - Falou sem alterar o tom.

- Fale, Hyoga.

- Oi, Milo.

- Não esquenta, Camus. Ela está bem, não está?

- Tirando a perna... - Hyoga respondeu num suspiro tenso. - Acho que vão engessá-la.

- Era só o que faltava. Primeiro Milo, agora Shina. - Lamentava Camus sentando-se ao lado do primo.

- O que houve com Milo?

Fui atacado por um mal amado e por pouco não morro do coração. - Resumiu Milo incomodado com o assunto.

- E você nem sabe como ele te atacou?

- Não faço idéia. - Confessou sentando-se também ao lado de Hyoga. - Mas que irresponsabilidade! Ninguém pára a Shina quando ela sobe em cima daquilo, deveria pelo menos ir mais devagar e... Cara, eu to falando que nem o Camus!

- Não me ofenda. - Camus falou com um meio sorriso na boca. -Aliás, Alexei, por que não foi ao enterro hoje?

- Odeio enterros.

Milo sorriu numa tossida:

- Você não mudou nada mesmo, apesar de não ser mais aquele moleque que vivia atrás de mim e do Camus junto com Isaac e Shina. aliás, o Isaac tava lá. Jacob também.

Hyoga deu de ombros e cruzou os braços enquanto Camus voltava a atenção para uma imitação miniaturizada deVênus na parede do hospital. Nessa hora mais alguém entrou na sala. A figura trajando casaco preto e luvas parou na frente de Hyoga:

- Shun! - Quase saltou do banco -Nossa! Parece até visagem!

- Vim assim que me telefonou avisando do acidente -. Respondeu ele calmamente.

- Amigo... Você ta querendo mesmo conversar.

- Se eu não tivesse chamado-o você não teria batido em sua prima.

- Ela seria atropelada por outro motorista o que seria bem pior. -Levantou Milo entretido. - Não esquenta. Minha Cali passa bem. E você é...?

- Shun Amamiya. - Apresentou-se - Um colega de trabalho do Hyoga.

- Milo Kleinpaul, um amigo... Engraçado, seu sobrenome me parece familiar. Alguém que conhece freqüenta a Ametista?

- Acho que já conheceu meu irmão.

Camus girou os olhos:

- Incrível o que Milo consegue memorizar. Sou Camus Diderot. E não precisa se preocupar. Shina está bem, só vai precisar engessar a perna. - Depois voltou-se para Hyoga -Pode ir com seu amigo, Alexei.

- Se é assim... Vamos ao refeitório daqui mesmo, Shun.

- Por mim tudo bem.

Os amigos pararam na lanchonete mais próxima para conversar. Fazia uma noite fria, Shun e Hyoga acolhiam-se mais no casaco enquanto esperavam o lanche.

- Shina não tem sorte mesmo. Gracejou Hyoga.

- Se não estou enganado, Camus é um nome francês. Mas você, Isaac e Jacob são russos. Shina é...

- Italiana.

- Como podem ser primos? Sei que sua mãe e sua tia passaram um tempo na Rússia num intercâmbio, mas...

- Foi na mesma época que minha tia Iachin foi para a Itália e teve Shina. Como vê, as mulheres da minha família gostam de estrangeiros. Jacob é meu primo de segundo grau, filho de uma prima por parte de pai e se mudou pra cá recentemente. Já Camus é dois anosmais velho que eu. E era para ele nascer aqui, mas o tio François insistiu para que o único filho nascesse na França. Se você soubesse o quanto esse cara é severo... A família só viajou para isso.

Shun deixou o riso sair naturalmente:

- E seu primo? Como é?

- Camus? Um dos caras mais inteligentes que eu já vi. Eu, Shina e Isaac vivíamos atrás dele e de Milo. Esse grego nos levava para os melhores passeios... Só Jisty que não gostava muito dele. Mas Camus gostava muito dela e Shina também.

- Mais um motivo para você não ter ido ao enterro.

- Minhas primas perdram os pais num acidente. Camus e Milo resolveramfazer faculdadejuntos em Kyoto... Depois Shinae Jisty decidiram ir com eles. Só sobramos eu e Isaac.

- Já entendi...

- ...

- Bem, Hyoga... É melhor eu mudar logo o assunto porque o que eu tenho pra falar é importante.

- Então fale.

- Ikki e eu acabamos conhecendo duas pessoas. Eu não quis dizer, mas... Acho que sei porque você congelou aquele copo com suco sexta-feira.

- Sabe é?

- Sei.Bem que Shaka disse quese as tais armaduras renasceram junto com os guerreiros então eles ainda devem possuir antigas técnicas. Um guerreiro do gelo, talvez...

- Peraí, do que você está falando?

Shun entrelaçouu seus dedos e apoiou sua fronte neles:

- É melhor lhe contar desde o começo.

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Continua...