RECOMEÇANDO

Reencontros

A reação de Hyoga foi a mais esperada possível perante a história contada por Shun. Nunca imaginou que uma compilação de idéias surreais resultasse em algo tão lógico. O russo balançou a cabeça enquanto ouvia cada palavra do amigo.

- É basicamente isso, Hyoga. Não vejo razão para você não ser uma dessas pessoas ameaçadas. Você realizou uma solidificação instantânea.

- E assim se encerra meu domingo. - Murmurou ele tenso. - Obrigado por me contar.

- Por nada. É melhor começarmos a desconfiar de qualquer pessoa que tenha uma morte violenta por causa do coração.

De repente a ficha caiu para Hyoga:

- Milo!

- O que tem ele?

- Milo disse que alguém o atacou e quase ele morre do coração. E não parecia brincadeira porque meu primo respirou bastante preocupado quando tocou no assunto sem querer.

- ...

- Milo pode ser um deles. Mas... Por que não morreu?

Shun passou a mão pelos cabelos e ergueu a cabeça inspirando:

- É, Hyoga... Só perguntando.

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Na sala de espera, Camus soltava o seu quinto bocejo enquanto Milo se atinha a uma revistinha com palavras cruzadas. De vez enquanto a enfermeira deixava escapar um olhar provocante, deixando Camus sem jeito.

- Essa é pra você, Camus. - Milo falou de repente - Mulher bonita, linguagem popular.

- Quantas letras?

- Quatro.

- Hum... Tente "Musa".

Milo levantou as sobrancelhas e rabiscou:

- Na mosca.

-Humpf. Sempre achei muito estranho ver você fazendo palavra cruzada. - Falou cruzando os braços e se ajeitando mais na cadeira.

- Por quê? Por acaso acha que eu sou burro?

- Nenhum especialista em acupuntura pode ser chamado de burro, Milo. Não. É que você, sempre tão energético, esportivo... Fazendo palavra cruzada...

- Depois que você levou seis desses em nossa viagem pra Kyoto, e eu sem nada pra fazer, o que você queria? Sabe como é, n...

De repente Milo respirou fundo e se engasgou, enquanto seu corpo inclinava para frente e o ar lhe faltava.

- Milo! - Camus chegou mais perto e o aparou rapidamente. - O que foi?

- Sei lá... Ar... Bateu uma fraqueza...

- Eu devia ter examinado você. Deve ser seqüela do seu ataque...

- Ah, esquece, vai?

- Esquece nada. É melhor pedir pra alguém examinar logo você aqui.

Mas Milo segurou o braço de Camus, o forçando a ficar sentado.

- Milo...

- Eu to bem, cara. -Murmurou rindo. - Relaxa, você anda muito preocupado.

Camus corou violentamente e sentiu o coração na boca ao ver Milo o encarando com aqueles olhos de gato que faziam um bom par com os cabelos longos e anelados do grego.

- Você está brincando com coisa séria. - Sibilou o francês nervoso.

- Eu... Ar... Não permito que qualquer médico me examine.

- Nem eu?

- Muito menos você... Nervosinho...

O amigo continuou segurando seu braço para que o francês não se levantasse, sem perceber que Camus enrubescia sob o olhar fascinante do grego.

Só saiu de seu "transe" quando ouviu a voz do médico às suas costas:

- Parentes de Shina Scarabelli?

- Oui. - Camus deixou o francês escapar, soltando-se de Milo imediatamente. - Como ela está?

- Bem, claro. Fraturou a tíbia, mas vai melhorar. Precisa ficar em repouso absoluto. - Disse o médio no mesmo momento em que Hyoga e Shun voltavam do refeitório.

Camus encarou Hyoga friamente.

- Quê! O que foi? - Inquiriu o russo. - Ela pode ficar no meu apartamento, eu não vou reclamar.

- Melhor assim. Ah, e... Doutor Ikari.

- Sim?

- Pode examinar meu amigo aqui?

- Camus! - Protestou Milo.

- Algum problema com este homem? - Indagou o médico colocando o estetoscópio.

- Estou bem!

- Não custa nada examinar. - Insistiu Camus.

O médico deu de ombros e passou a examinar um teimoso grego sob o olhar entretido de Shun. Milo tentava respirar normalmente, mas não deixava de sentir o corpo pesado.

- Não é nada de mais.- Concluiu o médico. - Você deve ter feito alguma coisa que o deixou cansado. Seu corpo precisa de energia. Muita energia.

Shun e Hyoga se entreolharam e Milo soltou uma risada e bateu no ombro de Camus:

- Não falei pra você não se preocupar?

- Na verdade... - Shun interveio. - Ele tem motivos pra se preocupar sim.

- ?

- Bem, eu já vou. Ainda preciso visitar... Umas pessoas.

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Na mansão Kido, Saori estava distante. Apesar de ter perdoado Shido pela cena daquela manhã ainda sentia-se pesada, talvez a consciência a entregasse por aceitar encontrar Seiya na noite seguinte. Mas se aquele era o único meio de fazê-lo deixá-la em paz...

- Saori, está me ouvindo? - Perguntou Shido durante o jantar.

- Ah! Oh, desculpe, Shido... Eu não ouvi.

- Eu entendo, querida. Ainda está pensando no dia de hoje, não?

- Isso mesmo.

Shido a beijou profundamente e Saori se deixou levar.

- Saori... - Sussurrou ao ouvido dela.

- ...

- E quero marcar a data do casamento.

- ...!

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A manhã foi uma indesejada para Hyoga. Segunda feira significava começo da semana e começo da semana significava mais cinco dias de trabalho. O russo tratou logo de preparar um café decente (Coisa que dificilmente fazia) e abriu a porta do quarto onde Shina dormia, munido de uma bandeja bem recheada. Entretanto deixou seu olhar cair sobre as partes da mulher descobertas pelo lençol.

- Uaaa... - Shina deu um bocejo longo e ao ver o primo abriu o berro. - PERVERTIDO! - Gritou cobrindo-se com o lençol e jogando um travesseiro nele.

- A... Ora, eu vim trazer o café! - Retrucou Hyoga voltando a si extremamente embaraçado. - Você com essa... Perna... Não pode andar muito.

Shina fechou a cara e sentou-se na cama:

- Pode deixar aqui, por favor? - Perguntou num tom mais brando.

- Claro.

O louro colocou a bandeja na beira da cama e sentou-se ao lado.

- Como está a perna?

- Melhor, eu acho. E minha moto?

- Lá embaixo. - E levantou-se, dirigindo-se até a porta. - Vou trabalhar, mas se não tiver almoço o telefone está ao seu dispor.

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Saindo no banco nacional japonês, especialmente no setor de penhoras, Esmeralda abraçava Afrodite com vontade, deixando-o levemente sem jeito:

- Consegui, Frô! Nem sei como lhe agradecer.

- Arranje-me um bom final de semana e estamos quites.

A moça começou a rir:

- Só você mesmo. Eu até faria, mas você só aceita a beleza das obras de arte.

- Lógico. Sou criterioso. Mas se você achar alguém...

- ...

- Que foi? Já achou?

- Ah, não. Estava pensando... Não preciso mais dançar na Ametista.

- Hum... Não está arrependida, está?

- Claro que não! É que...

Esmeralda sorriu timidamente e abaixou a cabeça.

- Hmmmm... Como é mesmo o nome dele?

- Ikki Amamiya. - Respondeu corada.

- Ah. O seu salvador.

- Ele é um bom rapaz. Eu tenho quase certeza que ele foi à Ametista naquela noite só pra me ver.

- Quase?

- ...

- Quer dizer que você nem chegou a se perguntar o que ele estava fazendo no seu camarim quando lhe salvou?

- Cheguei sim, mas... Não sei.

- Deve ser bonito mesmo. - Afrodite murmurou olhando para o céu. - Sabe onde ele mora? - Indagou voltando-se para Esmeralda.

- Não.

- E telefone?

- Está gravado na memória do meu celular, em meio às chamadas não atendidas.

- Fez isso de propósito?

- Bem... Fiz. - Respondeu envergonhada.

- Então não há problema. Ligue pra ele e avise que se demitiu.

- Ora, eu não faria uma coisa dessas, Afrodite.

- Por que não?

- Porque... Bem, porque...

Esmeralda parou de andar e baixou a cabeça. Fazia um frio tão intenso quanto o da noite que Ikki a levou para casa. Desejava que ele lhe emprestasse novamente seu casaco só para ter um pretexto para vê-lo.

- Esmeralda... - Afrodite segurou carinhosamente seus ombros. - Ele não é que nem o traste do seu pai.

- ...

- Concorda?

- Eu queria saber... Por que ele não foi à Ametista ontem.

- Pois então pergunte pra ele.

- É. - E ao levantar a cabeça viu, um pouco mais distante, um belo rapaz cujos cabelos verdes dançavam em sua fronte a medida que andava. - Shun! - Sorriu animada.

- Quem?

- Shun. Irmão de Ikki. Hei, Shun!

Esmeralda acenou para o rapaz, que parou e, apesar da pressa, se aproximou dela para cumprimentar. Afrodite não deixou de olhá-lo com certa admiração.

- Como vai, Esmeralda?

- Bem, obrigada. Este é meu amigo Afrodite. Amigo e parceiro de dança.

- Muito prazer. - Afrodite cumprimentou educadamente e Shun correspondeu ao gesto.

- Hoje é um dia muito especial pra mim. Estou saindo da Ametista. - Avisou Esmeralda, já com uma idéia mal esboçada em mente.

- É mesmo? Parabéns. - Shun falou automaticamente sem conter a outra frase que veio quase que mecanicamente. - Ikki sabe?

Afrodite sorriu e olhou a amiga. Só depois Shun se tocou do que havia dito.

- Não. - Respondeu a bailarina.

- Bem, avise a ele. Ele gosta da sua companhia.

- ...

- Bem, Esmeralda... Estou com pressa, mas foi um prazer falar com você.

- Certo. Bom dia.

- Bom dia.

O rapaz cumprimentou a dupla satisfeito com a notícia e foi embora sob o olhar da mesma.

- Uma bela figura. - Sibilou Afrodite como quem aprecia um quadro de Da Vinci. - E a idade é uma vantagem. Lembra muito você.

- Oh, Afrodite... Você também?

Mais afastado, Shun tinha um objetivo direcionado, na verdade bem na direção do necrotério municipal, onde provavelmente a solução da sua inquietação estaria lá. Ao entrar encontrou a mesma legista, exalando um odor de éter que não chegava a incomodá-lo, e ao seu lado uma outra moça, um pouco mais velha, cujos cabelos louros e estaqueados amarravam-se no alto de um rabo de cavalo bem comprido.

June surpreendeu-se ao ver o conhecido repórter:

- Você?

- Nem consegui dormir ontem. - Aproximou-se do balcão e cumprimentou a moça. - Bom dia?

- O que faz aqui? - June interveio.

- Precisei vir. Pensei que tinha que contar somente ao Hyoga, mas... Você me veio à cabeça. É o seu trabalho e não pode continuar se preocupando a toa.

- Do que está falando?

- Eu sei como Argol morreu.

- Como é! - June exclamou quase deixando a prancheta cair.- Como foi?

-Foi... - E olhou de repente para a outra moça - Hum... Podemos conversar a sós?

June converteu sua surpresa em desconfiança e virou o rosto fingindo estar mais concentrada em suas prancheta, ignorando completamente o rapaz:

- Sinto muito, senhor Amamiya. Estou realmente muito ocupada.

- Por Deus, isso não é um flerte, senhorita! - Shun falou impaciente deixando June vermelha. - Eu preciso muito falar com você. Não estou blasfemando. Até traria Mu ou Shaka até aqui, mas acho que seria muito inconveniente da minha parte!

- E... Eu sei que não é um flerte, Senhor Amamiya. -Tentou consertar sem dar tanta importância pra quem seria Mu ou Shaka.

- Não. Não sabe. Quer ouvir o que tenho a dizer?

June suspirou:

- Sashira, pode ver se o material está dentro dos conformes?

- Claro. - Educadamente a moça cumprimentou Shun, mas lançou um olhar cínico para June.

- Ótimo, senhor Amamiya. Estamos a sós.

Shun contou o que sabia da forma mais sucinta e bem explicada que conseguiu falar. A cada palavra do repórter a legista ficava cada vez mais impressionada. E até chegar na fonte da juventude sofreu uma série de interrupções geradas pela curiosidade da moça. Quando finalmente contou sobre as mortes, June já tinha largado a prancheta e despejado as mãos acima da mesa admirada.

- Se eu disser isso ao conselho de medicina vão me afastar do cargo. - June massageava a fronte inquieta enquanto tentava digerir a informação.

- Se meu chefe quisesse que eu fizesse uma matéria desses assassinatos eu seria demitido na certa.

- Assassinatos? No plural?

- Sim. Você disse que aquele era o segundo caso, não disse?

- Nossa... Você tem boa memória.

- Como era o nome dele?

- Guilty Sanderson. - Respondeu com um sorriso triste - Soube que deixou a família cheia de dívidas. Tentei manter contato com a viúva para saber como estava e até indiquei um psiquiatra chinês à ela que estava a beira da loucura. Emprestei algum dinheiro e a filha dela também deu tudo de si, passamos um mês tentando ajudá-la a viver, mas não deu jeito. Ela cometeu suicídio.

- ...

June passou as mãos pelo rosto como se tivesse tido um dia exausto.Aquele sentimento de culpa por não fazer algo mais a abatia:

- Mesmo mortas as pessoas dão muito trabalho, não é mesmo? - Concluiu olhando diretamente para Shun. Só então reparou como aqueles olhos eram lindos.

O repórter balançou a cabeça:

- Uma vez viajei à China para fazer uma matéria sobre o crescimento demográfico na região. Para conter a natalidade o governo obrigou as famílias a terem um só filho, se tivessem mais os impostos aumentam. Como é uma população tipicamente rural é preferível que se tenha filhos homens, então quando nasce uma menina o pai deixa em praça pública no sol até a criança morrer e ninguém vai tirá-la de lá. Quando mortas algumas são enterradas outras recolhidas para servirem de adubo.

- ...

- Não foi fácil fazer essa matéria. Ainda mais sem colocar um pouco de subjetividade.

- Eu... Cheguei a ler. - Sibilou quase num sussurro - Mas quando você fala ela parece bem mais... Não sei como dizer.

-Quando falo acabo sendo subjetivo.

- Percebi.

- Bem, quero dizer que há situações em que não podemos ajudar muito. Minha vontade era pegar todas aquelas crianças, mas eu não podia sequer chegar perto delas. Por isso... Não se culpe pelo que não conseguiu fazer.

Shun voltou a fitá-la e a viu sorrir. Na opinião dele se ela soubesse o quanto aquele sorriso era bonito não seria tão fechada.

- Obrigada por me contar o que está acontecendo e desculpe-me por ter sido tão grossa com você.

- Podendo ajudar é só me chamar.

-Bem, talvez eu possa. - Falou repentinamente assustando Shun. - Tenho muitos clientes. Posso avisá-lo se encontrar algo suspeito.

- Não. Fazer isso é sinônimo de comprar briga.

Ela o encarou comum sorriso jovial e desafiador, com as mãos seguras nos quadris:

- Não tente me contrariar. Você deve está no mínimo meia hora atrasado para o trabalho porque sentiu que DEVIA me contar o que está acontecendo. - A legista saiu detrás do balcão. - Eu quero retribuir o favor. E aliás, pelo que você me disse, você também corre perigo, não é mesmo?

Shun balançou a cabeça negativamente, mas ao invés de argumentar contra ela, tirou um cartão do casaco:

- Tome. É meu telefone. - Ele entregou o cartão à June. - Agora me entregue o seu.

- Como é?

- Quer me ajudar? Manterei informada se quiser.

- Ah, claro...

June foi novamente para detrás do balcão e abriu uma das gavetas. Depois estendeu um cartão diferente ao visitante:

- Tome.

- Certo. - Shun abriu a carteira e colocou o cartão em um dos compartimentos. - Bem, como você disse, eu estou atrasado. Meu patrão vai querer minha cabeça numa bandeja.

- Boa sorte. - Gracejou - Eu ficarei torcendo pra que a cabeça não venha para cá.

- Vejo que o humor melhorou. - Sorriu - Até mais, e... Não se arrisque.

- Bom dia, Shun.

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-Vai chover.Shun chegando atrasado? - Hyoga deixou escapar enquanto Shun chegava nervoso e apressado.

- É a primeira de uma carreira. Talvez o chefe não me coma vivo.

- Ele quer falar com você.

- Okay. Agora eu tô frito.

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Milo acordara mais cedo, um fato inédito entre muitos. Com apenas a camiseta e o short curto se dirigiu ao banheiro mais sonolento do que nunca, mas ao sentir a água fria soltou um grito estridente que fez Camus rir.

- CAMUUUUUUUUUUUUUS!

O francês fingiu ler um livro enquanto Milo saía, enraivecido, só de toalha, do banheiro.

- Quem mandou você colocar na água fria, seu demente? - Milo gritou querendo arrancar os cabelos do amigo.

- Eu só tomo banho frio. Me sinto numa sopa quando mudo a temperatura desse chuveiro.

- Você é um alien mesmo! Está fazendo um frio danado você toma banho de água gelada!

- Você gosta de escorpiões. Eu gosto de água gelada.

- Pinguim. - Bufou.

Camus balançou a cabeça entretido e abriu o livro, adorava provocar Milo e era mais do que justo porque o grego adorava mexer com ele também. Quando Milo resolveu voltar para o banheiro o telefone tocou:

- Humpf. Deixa que eu atendo. - Ofereceu-se o grego. - Alô? É sim. ... E como se chama?... Peraí, é alto, louro e tem olhos azuis! ... É ele mesmo! Pode mandar subir.

Camus não conseguiu esconder a curiosidade (e o ciúme). Observou descaradamente Milo entrando apressado no quarto e vestindo um conjunto qualquer.

- Posso saber quem vai subir?

- Você não conhece, francês. Lembra daquela viagem que eu fiz pra Índia com meu pai?

- Sei.

- Pois é, lá eu conheci Shaka, um grande cara, e ele está subindo.

- Subindo? Mas... Como ele o achou aqui?

Milo ignorou a pergunta e foi logo abrindo a porta quando o indiano bateu. Camus não soube explicar por que sentira um súbito desconforto e raiva daquela figura alta, cujos cabelos louros realçavam mais os olhos azuis.

- Shaka! - Milo o cumprimentou com vivacidade. - Caramba, Buda, você mudou pra caramba!

- Buda? – Camus levantou uma das sobrancelhas ao ouvir o apelido.

- É. Ele é budista e eu o chamo assim.

Shaka riu:

- Quanto tempo, não? Quase não acreditei que você estava por aqui, Milo.

- E como soube onde eu estava?

- Um jovem conhecido seu, avisou-me.

- Jovem?

- Shun Amamiya.

- Aaaah, esse jovem. - Milo coçou a cabeça - Mas por que ele lhe disse isso?

O sorriso de Shaka desmanchou-se depois de um suspiro:

- Milo... Eu fico muito feliz em reencontrá-lo. Mas precisamos conversar.

Camus fechou o livro com força em meio tempo e se levantou do sofá:

- Eu não vou atrapalhar. Irei tomar café. Bom dia.

E sem mais uma palavra, fez um pequeno aceno e saiu andando ereto do local, fechando a porta em seguida.

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Continua