RECOMEÇANDO

Operação cupido.

Academia de dança Rosa Branca. Hyoga conduzia Ikki e Shaka para um corredor onde só ficavam as salas de balé. Ao abrir uma das portas Ikki se deparou com a cena mais linda vista em toda a sua vida. Esmeralda, com os cabelos amarrados num coque, movia-se graciosamente em frente ao espelho.

Ao olhar o reflexo de Ikki assustou-se e deu meia volta.

- Ikki!

Hyoga e Shaka olharam para o Amamiya.

- Essa é a Esmeralda? – Hyoga perguntou.

- Sim.

- Certo. – E voltou a mirar Esmeralda. – Eu sou aluno daqui, mas sou da área de dança de salão. Por acaso sabe onde está Afrodite? Estamos procurando ele.

Ela sorriu:

- Ah, sim. Ele foi para a copa ainda agora. Eu vou chamá-lo.

- Certo.

Ela saiu e foi ao encontro do amigo. Afrodite deliciava um café fumegante.

- Frô.

- Hum?

- Tem três homens querendo falar com você.

- Será que é sobre a apresentação?

- Acho que não. Um deles é o Ikki.

- Então a visita deveria ser para você.

- Ora, vamos... – Sorriu sem jeito.

Quando Afrodite entrou e viu Shaka, Ikki e Hyoga (Enfim, um trio de gostosos XD) quase deixou seu copo cair.

- Sem dúvida não trabalham aqui. – O bailarino falou mais para si do que para os outros.

Enquanto isso tanto Shaka quanto Ikki permaneciam boquiabertos.

- Não falei que o cara era presença? – Disse Hyoga.

- Em que posso ajudá-los? – Afrodite os cumprimentou educadamente, mas sem disfarçar a surpresa.

- Com licença. – Shaka se pôs a frente. – Meu nome é Shaka Yehuda. Estes são meus amigos Hyoga Yukida e Ikki Amamiya.

- Sim... Hyoga é o nome de um dos alunos de dança de salão e Ikki Amamiya foi quem salvou Esmeralda, não?

- Sim.

- Muito bem. O que querem?

- Eu? Nada. – Hyoga caminhou em direção à saída. – Já ajudei a encontrá-lo, agora vou pra casa. Minha prima deve está ouvindo agora esta explicação e eu quero estar lá. Até mais.

- Até e obrigado. – Ikki agradeceu tocando no ombro de Esmeralda aleatoriamente.

Hyoga apenas acenou e saiu.

Shaka sentou-se numa cadeira qualquer e mirou Afrodite.

- Bem, senhor. Viemos falar com você sobre algo muito importante. Mas acho melhor sentar-se. Que bom que trouxe um café para si. – Falou Shaka.

- É melhor ir rápido. Tanto suspense me deixa nervoso.

- Bem, minha história começa do ponto de vista de um historiador, amigo meu. Mu Seng.

Shaka ia contando a repetida história enquanto Afrodite reagia de forma cada vez mais indefinida. Ikki se perguntava se Shaka, Mu ou até mesmo Aldebaran não se cansavam de repetir a mesma história. Isso explica a reação dos ouvintes já parecer banal para eles. Lembrou-se que Shun teria que contar aquela mesma história para a amiga de June talvez... Só esperava que ele fosse tão convincente quanto Shaka.

De repente seus olhos se encontraram com os de Esmeralda ao seu lado. E teve certeza que aquela troca de olhares era mais convidativa que qualquer palavra.

Bem, a cara de Afrodite não era diferente das demais que ouviam a história.

- Está dizendo que tem um maníaco tipo vilão de manga atrás de mim? – Inquiriu o belo jovem. – E o que pretende que eu faça? E se tem um jovem amordaçado em sua casa... Como pretende se livrar dele?

- Bem... Ainda estamos pensando nisso.

- Preciso de mais um café.

- Eu posso buscar pra você. – Esmeralda mostrou-se preocupada com o amigo.

- Não. Não precisa. – Virou-se para Shaka – Muito bem. Ficarei ao seu lado. Dê-me seu cartão e vou colocá-lo a par do que acontece comigo.

Shaka tirou do bolso do casaco um cartão de visitas e entregou a Afrodite.

- Seu nome é Mu por acaso?

- Eu entrego os cartões de visitas dele. O apartamento não é meu.

- Entendo. Com licença. Vou até a copa.

- Espere... Como devo chama-lo?

Afrodite parou na porta e olhou o indiano de canto:

- Meu nome é Jonas Afrodite Arvidsson. Escolha um desses e me chame pelo que quiser.

Shaka sorriu:

- Afrodite está bom.

O sueco retribuiu o sorriso e saiu da sala. Shaka virou-se para Ikki:

- Acho que já podemos ir.

Ikki pegou a chave do carro e jogou para ele.

- Vai você. – O Amamiya avisou. – Planejo ficar aqui por mais uns minutos. Depois passo na sua casa pra pegar.

- Hum... Não. Não precisa. Eu vou de metrô.

- Você é estrangeiro. Se pegar um metrô pode ser assaltado. – Sorriu de canto e acenou cinicamente. Shaka então resolveu ir embora (contrariado).

Esmeralda não pôde deixar de cruzar os braços e rir da situação.

- Quê. Eu fui sincero. – Falou Ikki encostando-se na parede e com as mãos nos bolsos.

- Do jeito que falou era como se ele não se garantisse com os ladrões.

- Viu como ele se veste? É riquinho. Certamente brigas de rua não são seu forte. Prefiro emprestar o carro. – Olhou mais fixamente para Esmeralda. – Estava se aquecendo ou ensaiando?

- Ensaiando. Afrodite e eu temos uma apresentação depois de amanhã. Eu não lhe contei?

- Não.

- Pois é. O rei de Midas. Nossas crianças estão umas gracinhas. Você gostaria de assistir?

- Se sobrar ingressos...

- Pode pegar o ingresso aqui comigo. Bem, eu não os tenho agora, mas amanhã posso trazer.

Ikki lançou um olhar penetrante para a garota.

- Amanhã eu venho aqui então. Quero vê-la dançar.

- Bem... Você já me viu... – Respondeu ela corada.

- Mas quero vê-la do modo como estava agora... Deixando seu corpo ser conduzido pelo vento.

-...

O rapaz tocou suavemente o rosto da bailarina e naquele momento Esmeralda sentiu que os dedos de Ikki pareciam feitos de fogo. Seu rosto ficou mais vermelho e não estranharia estivessem mais do que contraídas.

- Você é linda. Parece perfeita.

O olhar de Esmeralda naquele momento se perdeu na imensidão daqueles olhos azuis. Viu o rosto de Ikki se aproximar e fechou os olhos para sentir o beijo que veio em seguida. Os lábios do Amamiya também pareciam queimar e suas mãos causar uma espécie de tremor, mesmo assim o beijo não perdia a suavidade.

O rapaz afastou-se. Reparou que o rosto de Esmeralda estava duplamente corado e sorriu. A garota abriu os olhos e voltou a fecha-los, pedindo por mais um beijo. Um desejo não-verbal, mas que Ikki fez questão de atende-lo.

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Enquanto isso, Shun e June ainda estavam no carro, de frente para um hospital. A garota desligava o celular desgostosa.

- Esqueça, Shun. Não podemos falar com ela agora. Ela só vai chegar mais tarde. – Descansava a cabeça no espaldar.

Shun tateou o volante pensativo. Em algum momento olhou para o retrovisor e viu um carro de luxo passar por lá.

Carro de luxo... Aquilo lembrava Saori.

O repórter descansou a cabeça e olhou para o teto do carro. Saori... Saori... Por algum motivo a palavra Saori lhe dava alguma idéia.

Saori...

De repente seus olhos ressaltaram e ele se virou para June:

- Tive uma idéia!

- Como?

- Uma idéia que... Pode dar certo. Mas você pode decidir.

- Entre o que?

- Eu vou direto para a casa da Saori. Ela tem uma ligação direta com os seguranças e com Marim. Aproveito e resolvo uns... Assuntos amorosos e ver no que vai dar. Quer ir comigo?

- Assuntos amorosos? – Perquiriu ela com as maçãs do rosto cada vez mais rosadas. - Saori é sua namorada ou ex?

Shun sorriu:

- Não. Se fosse meu amigo me mataria. É uma longa história, mas pode ter um bom desfecho. E se tudo der certo podemos matar três coelhos com uma cajadada só.

- Três? Qual é a terceira intenção?

- Ter um programa pra amanhã a noite. Topa?

Shun ligou o carro e June voltou a colocar o cinto, rindo incrédula:

- Espero que você saiba o que está fazendo.

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Não demorou muito para o Amamiya chegar ao seu destino. Estacionou em frente à mansão Kido.

- Chegamos.

- Uau! Essa é a casa!

- É. Venha.

O casal saiu do carro sob o olhar curioso de Shiryu no portão da casa.

- Shun?

- Oi, Shiryu. Poderia dizer para Saori que preciso falar com ela?

Shiryu olhou para a casa e depois para o casal:

- Ela está no quarto, mas não sei se ela vai atendê-los. Foi provar o vestido de noiva e chegou com cara de poucos amigos.

- Fale que sou eu. Talvez ela atenda. Nem que seja pra descontar a raiva em mim.

June prendeu o riso. Shiryu tentou manter-se sério e foi embora.

- Então esse é o Shiryu? – June encostou-se no portão. – Que lindo, não?

Shun cruzou os braços enciumado. E estava tããão discreto que June fez questão de rir.

- Qual é o lance dele com a sua amiga?

- Eu não sei. Eram namorados e terminaram por algum motivo. Coincidentemente se encontraram ontem e ele a convidou para jantar. Eu espero que dê tudo certo.

- Por que não diz pra ele que é amiga dela?

- Não preciso. – Provocou.

Shun voltou a olhar para a casa. Sério.

- Eu não dou em cima dos namorados das minhas amigas, não se preocupe. – June falou cruzando os braços. Uma atitude que assustou Shun.

- Não... Eu não quis dizer isso.

- Tudo bem.

- É sério. Agi sem pensar.

- Até os racionais agem sem pensar, não?

-...

- Sem ressentimentos. Não se preocupe.

Uma sensação estranha invadiu o peito de Shun. Sentiu-se um imbecil perante uma garota. Nunca tinha feito uma ceninha dessas, então como foi pisar na bola JUSTAMENTE com June? "Boa, sua anta." Pensava ele de si mesmo enquanto encostava a cabeça na grade.

Shiryu voltou e abriu o portão para o casal.

- Tem razão, Amamiya. Acho que ela quer descontar a raiva em você. – Gracejou o segurança. – Pode entrar os dois.

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Saori esperava Shun sentada no sofá da sala de estar. Esperava que ele estivesse sozinho, não acompanhado. Agora seria mais difícil desabafar com ele.

- Bom dia, senhorita Saori. – O Amamiya cumprimentou. – Esta é June Selassie. Viemos para trocar uma idéia com a senhorita.

- Bom dia. Sentem-se. Eirim, traga um chá para os senhores. – Pediu a dona da casa à serviçal.

- Bem, Saori... Eu vou direto ao ponto. Esteve com Shaka Yehuda, não?

- Como sabe?

- Ele... Contou-me a mesma história.

As pupilas de Saori contraíram:

- Um farsante?

- Não! – Shun se apressou em dizer. – Não! É verdade! Senhorita, TUDO o que ele falou é verdade e eu posso provar.

- Senhor Amamiya...

- Shun.

- Arre... Shun. Pois bem, Shun, se ouviu completamente a história sabe que não se encaixa na realidade como conhecemos. Como espera ter provas?

- A senhorita curou um homem!

- Ele lhe contou isso?

- Creio que não tenha achado nenhuma explicação científica.

Saori respirou fundo e baixou a cabeça.

- O que você quer? Diga logo que meu dia não está muito bom.

- Sei. Amanhã vai se casar, não é mesmo?

- Não seja atrevido!

Shun ficou calado. Agora teve certeza de que pegou a senhorita de péssimo humor. Olhou para June de canto que deu de ombros, como se dissesse "Começou, agora termina".

- Diga logo a que veio. – Insistiu Saori.

- Anh... Certo. Proponho uma troca de favores.

-...

- Senhorita... Quer mesmo se casar?

- Não seja atrevido.

- Quer mesmo se casar ou não? – Shun sentiu que se não resolvesse se impor jamais teria a colaboração da Kido.

- Eu aceitei, não aceitei? Estou com alguma corda no pescoço por acaso?

- Quer mesmo que eu responda?

-...

- Por que... Por que está me olhando assim? – Perguntou olhando assustada para Shun. Será que o rapaz sabia da criança? – Por que... Por que eu não me casaria?

- Porque não o ama.

Saori empalideceu. Aquilo não esclarecia muita coisa.

- Eu amo... Eu amo Shido.

- Saori. – Shun tocou suavemente em suas mãos. Foi a vez de June sentir uma ponta aguda de ciúmes.

- Shun, eu...

- Eu sei que não está assim por causa do ocorrido entre você e o Seiya. Está desse jeito porque acabou se apaixonando.

Saori mordeu o lábio inferior, mas não conseguiu conter as lágrimas.

- Eu não posso ter me apaixonado! – Chorou e abraçou o caçula Amamiya. – Não! Eu tenho que casar com Shido! Imagine o escândalo!

- Saori... – Pedia acariciando os cabelos dela.

- O que eu faço, Shun? Me ajude por favor!

- Aceite Seiya do jeito que ele é. Ele pode crescer junto com você e você pode crescer ao lado dele. Saori... Não deixe de ficar com quem ama. Se casar com Shido vai carregar uma paixão mal resolvida pra sempre. Vai viver triste.

- Eu... Eu achei que aprenderia a amá-lo.

- Não com outra pessoa em mente. Amor fraternal talvez... Mas nunca um amor desses que você gostaria de viver.

-...

- Pense nisso, Saori.

A moça se afastou com o rosto molhado pelas lágrimas:

- Eu não posso ir atrás de Seiya agora. Vai ser um... Um escândalo.

- Não importa. Ainda quer se casar?

-...

- Saori?

- Não quero. – Murmurou se afastando do repórter. – Mas não posso cancelar tudo. Seria uma grosseria com meus convidados.

- Tudo bem. Eu dou um jeito.

Saori olhou com censura por trás das lágrimas.

- Tudo bem. Confie em mim.

- Não estrague minha festa, Shun.

- Não vou estragar. Sabe o quanto eu desprezo este tipo de atitude.

- Então o que vai fazer?

- Apenas preciso que você... Mande alguns convites extras.

-...!

- E conte para Marim Tsukino e os seguranças Aioria e Shiryu a mesma história.

- Mas... Por que?

- Eles também têm a energia sagrada. A armadura, vamos dizer.

-...

- Conte para eles.

Saori olhou para cima e respirou fundo.

- Muito bem. Quantos convites você quer?

- Eu mandarei uma lista por e-mail. Tudo bem pra você?

A Kido sorriu:

- Antes eu vou querer saber o que pretende com tantos convites.

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Minutos depois o casal entrou novamente no carro.

- Eu não quero ser chata, Shun... Mas posso ficar a par do que está acontecendo? – Perguntava June.

- Claro. Hum... Eu entrevistei Saori e... Acabei me tornando um tanto mais íntimo. Acho que ganhei a confiança dela.

- É. Você tem esse dom.

Shun olhou June de canto e sorriu. Não sabia por que, mas estava gostando de provocá-la:

- Bem, quinta-feira o Seiya me arrastou pra uma boate e ela me viu passando. Saiu da limusine, pediu para o motorista ir embora e foi atrás de mim.

- E por que ela fez isso?

- Para desabafar, eu acho. Já viu que ela gosta de chorar para mim. Se você não estivesse comigo acho que ainda estaria lá a aconselhando. Posso dizer, por inferência, que na noite de quinta o noivo dela viajou, ela se sentiu sozinha, bebeu um pouco a mais da quantidade necessária de vinho num jantar social e resolveu encerrar a noite chorando numa festa porque se sentia só.

- Hum... Já pensou em ser detetive?

- Era meu sonho.

June riu.

- Bem, mas não foi isso que aconteceu. Ela acabou conversando com Seiya e depois foram para a pista de dança. Como vê eu sobrei.

A legista caiu na risada, nem Shun conseguiu evitar.

- E aí?

- Aí eu fui embora sem me tocar das conseqüências. Não sei. Fiquei irritado por ter ficado para trás. Só que os dois se entenderam bem demais. E aí... Aconteceu.

-...!

- Agora tenho que resolver esta situação.

- E aonde vamos?

- Conversar com um certo barman.

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Longe dali, num dos apartamentos do prédio Santuário, a reação de Shina não era uma das melhores. Se sua perna estivesse boa provavelmente estaria andando de um lado para o outro e esmurrando a parede agora. Seus olhos brilhavam de raiva a raiva.

- Prima, acalme-se...

- Nunca, Camus! Spica... Aquele desgraçado a enganou! Eu não vou perdoá-lo!

A garota se jogou nos braços do primo e caiu em prantos. Milo apenas encarou o chão nessa hora.

- Como não vimos isso, Camus? – Ela soluçava. – Como fomos tão cegos? Como não vimos uma coisa dessas?

Camus abraçou a prima:

- Tudo bem, mon petit. Vingaremos Jisty de um jeito ou de outro.

- Deixe só minha perna ficar boa... Eu vou acabar com a raça daquele sujeito. Ele...

- Nós vamos. Não se preocupe.

Milo se tocou que estava sobrando ali. E sobrando mesmo. Levantou-se do sofá onde estava para ir embora.

- Milo, espera... – Camus o chamou.

- Eu vou deixá-los a sós. Pode deixar que eu não faço bagunça na hora de preparar almoço.

- Mas...O carro.

Uma raiva subiu repentinamente à cabeça do grego. O carro! Deu vontade de mandar Camus enfiar o carro em algum lugar inapropriado, mas resolveu ficar calado:

- Pode ficar com ele. Eu vou de metrô.

Camus segurava uma vontade de pedir para ele ficar mais uma vez, mas acabou cedendo. O amigo foi embora enquanto Shina ainda chorava no ombro do francês.

Um nó invadiu o peito de Camus. Milo sempre tratava os primos de Camus como se fossem seus. Pareciam mais irmãos. Entretanto ele era apenas um amigo da família, e pessoas como Jisty deixavam isso bem claro todas as vezes que podia. Uma reação natural, mas um tanto injusta.

De repente a porta se abriu. Hyoga entrou e ao ver os primos não falou nada. Shina se afastou de Camus e mirou o russo.

- Você já sabe, não é? – Perguntou ela contendo as lágrimas. – Se tivéssemos feito alguma coisa... Ela estaria viva.

- Eu sei.

O louro sentou-se perto da italiana e afagou seus cabelos. Depois a abraçou.

- Eu queria ter feito alguma coisa, Hyoga...

- Vamos vingá-la. Eu prometo.

Camus levantou-se e pegou as chaves do carro em cima da mesa.

- Você já vai? – Perguntou Hyoga.

- Ela está em boas mãos agora.

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Camus entrou no carro e o ligou rapidamente. Apesar de Milo merecer o fora pelo ocorrido na noite em que foram à Ametista, Camus resolveu ir atrás dele. Isso porque conhecia seu anjo o suficiente para presumir que ele queria que Camus pedisse para o grego ficar ao invés de se mostrar mais preocupado em saber quem usaria o carro.

A verdade era que Milo já era sozinho. Seus pais morreram um mês antes de sua formatura num acidente de carro. Isso, levado ao amor incondicional que sentia por Camus, o fez fazer as malas e tentar a vida em Kyoto.

Mas Camus resolveu ir também e isso para o grego foi um martírio.

Pra completar Shina e Jisty ficaram órfãs e resolveram tentar a vida com o primo mais velho. Mais Jisty do que Shina. Então mesmo que Camus tivesse seguido Milo o grego ainda não tinha família ou algo do gênero. Essa situação desconfortável, somada ao esforço que fazia para suportar o que sentia pelo amigo, o levaram a conhecer todas as boates, todas as bebidas e todos os tipos de mulheres em Kyoto.

Ao pensar nisso Camus sentiu o coração apertar. Parou e frente ao Santuário e olhou para cia. Saiu do carro, subiu até o apartamento, destrancou a porta e entrou.

Milo não tinha voltado pra casa.

Camus bufou e jogou-se no sofá. "Onde ele estaria?".

E a resposta veio como uma luva.

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O cemitério Elysiuns ficava um pouco longe do centro da cidade, e um tanto perto da casa que pertencera a Camus na sua infância. Apesar de se tratar de um lugar de descanso dos mortos havia uma paz emanada por aquele lugar. O vento brincava com a grama e espalhava a terra sobre as lápides.

Milo estava lá.

O grego trazia o casaco para junto de si. Tinha resolvido parar lá antes de voltar para casa. Ninguém o esperava lá mesmo.

Deixou o vento brincar com seus cabelos anelados também.

- Eu prometi não chorar mais a morte de vocês. – Falava num sussurro. – Espero que não estejam chateados com isso.

Deixou-se cair sobre os joelhos e abaixou a cabeça:

- Às vezes me pergunto... Se vocês têm orgulho de mim.

De repente sentiu uma mão suave tocar seu ombro. Olhou para cima e sentiu-se invadido por uma sensação de felicidade e conforto ao ver Camus.

- Nunca pergunte o óbvio, Milo.

- Se você tivesse um filho gandaieiro que nem eu certamente não diria isso. – Riu.

Camus agachou-se e abraçou Milo por trás. O grego fechou os olhos e virou o rosto para ficar bem próximo ao francês e sentir aquele perfume. Flor de laranjeira.

- Não me deixa... Eu gosto tanto de você... – Milo murmurava abrindo os olhos.

Camus surpreendeu-se com o comentário. Abraçou lentamente o outro trazendo-o mais para junto de si.

- Não... Eu não deixaria você... Nunca. De onde você tirou isso?

- Você ficou preocupado com o carro. Eu sou importante pra você?

Camus riu:

- Claro, mon ange. Aquilo foi só uma desculpa para que você ficasse. Você entendeu tudo errado.

- Mas eu não podia ficar. Estava sobrando.

- É. Eu sei.

Milo virou-se e sentou na grama para abraçar Camus pela cintura e aconchegar-se em seu corpo.

- Eu te amo muito, mon ange. Sempre te amei. Nunca duvide disso. Nunca.

- Desculpe... É que tudo parece tão perfeito. Eu nem acredito que você é meu.

Camus sentou-se também, mas continuou abraçado a Milo. Também era difícil acreditar que estavam finalmente untos.

- Camus?

- Diga.

- Por que ignorou minha companhia sábado?

- Ah, isso? – Camus ficou sem jeito, mas sentiu que se não respondesse Milo ficaria mais inseguro. – Eu estava muito carente. Não queria... Cometer nenhuma bobagem.

Milo começou a rir, mas Camus permaneceu sério.

- Já você fez questão de sair pra farrear, não? – Perguntou irônico.

Milo se afastou e olhou o amante preocupado:

- Desculpa. Você me ignorou e eu fiquei com muita raiva.

- Quando brigarmos vai ficar me traindo por acaso?

O grego sorriu e lançou um olhar penetrante. Ah, aquilo era jogo sujo.

- Eu sou fiel, francesinho.

Camus não se conteve e deu um abraço tão repentino que Milo surpreendeu-se, mas gostou.

- Eu sempre quis você, mon ange. E agora que o tenho, agora que temos tudo pra ficar juntos. Agora que ESTAMOS juntos... Eu não quero te perder.

O grego fechou os olhos e passou os braços pela cintura do francês, retribuindo o abraço aconchegante.

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Seiya assustou-se ao ver Shun e June ao longe. O repórter não deveria estar trabalhando?

E ao ver que Shun caminhava até ELE fechou logo a cara.

- Se veio falar sobre a Saori pode dando meia volta! – Falou irritado.

- Mas Seiya... Espera...- Shun tentava ganhar tempo.

- FORA!

- Não pode simplesmente desistir dela.

- Ela quer casar com outro, não quer? Não quer cogitar a possibilidade do filho ser meu, não é?

- COMO É? – Shun gritou quase se engasgando com a própria saliva. – FILHO!

Seiya ficou lívido. Sentindo que falou demais, virou o rosto invocado.

- Sim. Ela está grávida. Vocês são amiguinhos. Como ela não contou pra você?

- Você não pode desistir dela, Seiya! O filho pode ser seu!

- Ela pediu por isso! Eu não quero ser o culpado pela infelicidade dela, entendeu?

- Mas...

- EU-NÃO-VOU! – Gritou. E ignorou os clientes que se assustaram e desviaram o olhar para ele. Pelo menos isso faria Shun ir embora.

- Isso não é prova de amor! É egoísmo! – June interveio, assustando Shun e Seiya. – Não vê que é mais provável que o filho seja seu?

- Por que diz isso? – Seiya perguntou enquanto Shun tentava raciocinar com a garota.

- Vai por mim. E se o filho for do noivo dela você vai deixar de amá-la?

- N... Não.

- Não?

- Não! – Respondeu com mais certeza, tentando enfrentar a legista.

- Ótimo. Agora quer um conselho? Se ama tanto ela não a deixe casar!

- Mas ela não quer ficar comigo!

- Então você só não quer que ela case porque quer que ela fique com você? É por isso? Não cogita a possibilidade dela ficar com OUTRA pessoa, mas que a faça feliz?

Seiya raciocinou surpreso.

- Heim! – Insistiu a loura.

- Não... – Seiya abaixou a cabeça distante. – Eu... Quero que ela seja feliz.

- E ela não se sente feliz casando com Shido.

-...

- Impeça isso. Não por você, Seiya. Por ela. Ela deve casar por amor, não por conveniência.

Os olhos de June se fixaram em Seiya enquanto Shun a admirava. Aquelas íris pareciam muito mais azuis.

O barman abaixou a cabeça e acenou positivamente de modo muito discreto.

- Vai pro casamento conosco?

- Não tenho traje. – Respondeu num sussurro.

- Compramos um. – Shun respondeu finalmente. – Eu não te dei presente de natal ano passado.

Seiya sorriu tristonho:

- Obrigado.

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No hospital Hikari, um paciente finalmente acordava. Seus belos cabelos caíam pela fronte enquanto abria os olhos e tentava levantar a cabeça. Focou logo a imagem de seu irmão gêmeo.

- Acordou, belo adormecido! – Kanon sorria aliviado.

- Kanon? Estou vivo?

- Vivo e me devendo. Salvei sua vida sem querer.

Saga massageou a cabeça. Estava latejando.

- O tal Yehuda falou que você ia se sentir fraco de vez enquanto. Você perdeu muita energia.

- Quem é Shaka e do que você está falando?

- Eu vou contar. Mas queria muito poder fotografar sua cara. – Sorriu cinicamente.

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Continua...

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Ta curtinho, mas é porque já está chegando ao fim :) Vou tentar inão demorar com o próximo capítulo.