Draco abriu os olhos . Demorou um pouco para se localizar, mas logo se situou. A visão de Harry dormindo ao seu lado arrancou um sorriso dos lábios do loiro.
Tinham passado a noite no quarto pequeno, só os dois, e com isso Draco se dera conta do quanto o incomodava ter que dividir Harry.
Era delicioso vê-lo dormindo, deitado de costas, nu e inteirinho seu. Draco deixou o olhar percorrer o corpo do jovem adormecido, e teve vontade de despertá-lo e fazer amor com ele outra vez, para usufruir um pouco mais da sensação de tê-lo só para si.
Nesse instante Harry se mexeu na cama. Abriu os olhos, olhou para o teto , estranhando o quarto. Virou-se na cama e viu Draco deitado de lado, apoiado num dos cotovelos, olhando-o com um sorriso nada inocente nos lábios. Aproximou-se do loiro, que inclinou o corpo sobre ele, e o beijou.
Estavam sentados à mesa, saboreando o café preparado por Pansy. A garota tinha caprichado, havia frutas e pães, leite ,chá e as tortinhas de abóbora e maçã que ela tinha devorado aos montes durante toda a gravidez. Mas essa manhã ela parecia desanimada, sequer comera uma tortinha inteira. Draco fez um comentário sobre isso, mas Pansy disse apenas que se sentia um pouco cansada daquela enorme barriga, e que mal podia esperar pela hora do bebê nascer. Harry lutou contra a pontinha de culpa que o desânimo da garota despertou nele. Afinal, passar uma noite sozinho com Draco não era nenhum crime. Levantou-se, queria chegar mais cedo ao Ministério, deu a volta à mesa e inclinou-se sobre Pansy, beijando-lhe a testa carinhosamente. A garota sorriu e acariciou sua mão. Parecia realmente tristonha. Harry se aproximou de Draco para beija-lo, mas viu que o loiro olhava para Pansy com uma ruga de preocupação na testa. Harry apenas colocou a mão no ombro dele e ia se afastando quando o loiro o reteve.
—Ei, que pressa é essa? — Ergueu-se da cadeira e beijou Harry. Depois, abraçou-o e sussurrou em seu ouvido. —Cuide-se bem...
Harry o olhou. — Não se preocupe, vou me cuidar. Nos vemos no almoço? —Viu Draco olhar rapidamente para Pansy, que parecia distante.
—Claro que sim. — O loiro beijou-o mais uma vez antes de solta-lo .Harry então aparatou, surgindo diante da entrada do Ministério.
Entrou no prédio , mas antes que pudesse chegar ao elevador que o levaria à sua sala, foi abordado por Longbotton. O rapaz trazia um recado de Lupin, que queria ver Harry antes que ele começasse a trabalhar. Ele agradeceu a Neville e entraram juntos no elevador . Pararam, e Neville seguiu para a sala do Esquadrão enquanto Harry seguia para a antiga sala de Moody, agora pertencente a Lupin. Parou junto à porta e bateu de leve, ouvindo um "entre, Harry" . Empurrou a porta e entrou na sala onde o ex-professor o esperava com duas xícaras de chá e um bule, cena que fez Harry se recordar de um dia, há muitos anos, em que fora procurar o então professor em seu escritório, em Hogwarts. A lembrança parecia pertencer a uma outra vida, distante demais da realidade atual. Viu Lupin lhe indicando a cadeira à sua frente. Agradeceu e sentou-se, aceitando a xícara que ele lhe estendeu, bebericando o chá enquanto esperava que Lupin falasse.
— Bem , Harry, como pode imaginar, eu quis que viesse aqui antes de começar o trabalho para falarmos um pouco sobre Gina.
Harry assentiu. Continuou fitando o chefe do Esquadrão enquanto ele tomava um gole de chá.
— Bem, sei que deve estar se sentindo estranho , e aposto que ela também está, mas asseguro que depois da conversa que tive com ela, acredito que realmente poderão trabalhar juntos sem maiores problemas.
Harry olhou Lupin. — Na verdade, não compreendo por que ela quis vir justo pra cá. Mas tudo bem, quanto à mim não há problema, vou fazer o que puder para evitar ... bem... você sabe, na verdade não vai ser muito fácil, mas se eu perceber que não estou conseguindo controlar as coisas, posso pedir transferência para outro setor.
Lupin assentiu. — Mas eu espero realmente que não cheguemos a esse ponto. — Tomou mais um gole de chá. Encarou o garoto , que mantinha-se em silencio. A voz de Lupin soou firme
—Harry, você sabe bem como Gina ficou quando vocês romperam o noivado. Ela esteve realmente mal, precisou de um bocado de tempo para se reorganizar como pessoa. Finalmente, sentiu-se curada, apta a trabalhar, e pediu a Arthur que a ajudasse a conseguir um emprego. Eu tenho a impressão, e trata-se apenas de uma impressão, que alguém por aqui quis dar um "empurrãozinho" no destino. Não vou acusar ninguém, mas a verdade é que havia vaga em outros Departamentos , o que me leva a acreditar que houve manipulação, sim. Mas isso não fará diferença , se todos soubermos conduzir a situação. Não se aproxime muito dela, não tente compensar o amor que acabou com amizade, esta é uma armadilha em que geralmente os caras de bom coração como você costumam cair...— Lupin sorriu, no que foi acompanhado por Harry. — Sempre vai haver alguém fazendo um comentário do tipo pobre-Gina-vai-almoçar-sozinha...seja como for, seja quem for o autor do comentário, resista. Você não a ama , então seja firme , e não alimente esperanças que jamais poderá concretizar...
Harry o olhava.— Mas você disse que ela estava curada, que não queria mais...
— Não, Harry . Eu nunca disse que ela deixou de te querer. Disse que ela recebeu alta do tratamento médico, apenas. Ficou arrasada quando soube da Pansy. Mas você não deve sentir culpa por isso. Se tivesse ficado com ela por pena ou por medo de assumir Draco, teriam sido infelizes, os três. — Nesse ponto encarou o jovem à sua frente.
—Você tem razão. Não se preocupe, de minha parte não vai haver problemas. — Olhou o novo chefe. —E se houver, tentarei resolver da melhor maneira.
Lupin o olhou por alguns instantes, depois balançou a cabeça. — Está certo, Harry. E não tenha receio de me procurar se precisar de ajuda. Lembre-se de que muito antes de ser seu chefe eu já era seu amigo, e muito antes de você nascer, eu fui amigo dos seus pais...
Harry o olhou, balançando a cabeça. Levantou-se. — Certo. Bem, acho que agora devo ir para minha sala e enfrentar... quero dizer, começar meu dia de trabalho. — Lupin riu, divertido.
—Claro, claro, Harry... tenha um bom dia. E saiba que desejo sorte a vocês dois nesses primeiros dias. Vai dar tudo certo. Ah, e quando você encontrar Draco e Pansy, diga-lhes que mandei lembranças. O bebê não demora muito a nascer, não é verdade?
Harry engoliu em seco. — Não, deve nascer dentro de poucos dias...
Lupin balançou a cabeça. — Diga-lhes que espero revê-los em breve. E Tonks também mandou lembranças a vocês três. — Harry assentiu e acenou, deixando finalmente a sala. Era esquisito pensar em Tonks como a Sra. Lupin, professora em Hogwarts de Transfigurações, da mesma forma que em Hermione Weasley, nova mestra de Poções da escola de magia.
Mas o pior de tudo tinha sido a menção dos nomes de Draco e Pansy. Harry achou aterrador ouvir Lupin falar claramente sobre eles, normalmente todos agiam como se nenhum dos dois existisse, e Harry então imaginou que deveria ser assim que as pessoas se sentiam no passado quando ele pronunciava sem temor o nome de Voldemort diante delas.
Seguiu pelo corredor até chegar à sua sala. Parou diante da porta fechada, tomou fôlego, abriu-a e entrou depressa. Ouviu de imediato o burburinho de vozes risonhas morrer, e o silêncio envolveu o ambiente. Olhou diretamente para a frente, seus olhos se encontrando com os olhos castanhos de Gina, que usava uma blusa branca de lã fina colada ao corpo , uma saia comprida e escura , e botas. Seus cabelos estavam soltos, e caiam sobre os ombros como uma brilhante cascata ruiva. Harry notou que ela estava mais magra, e que parecia mais bela do que ele se lembrava.
Ele registrou tudo isso numa fração de segundos apenas, enquanto notava que ela sorria timidamente.
—Olá, Harry... — A garota estendeu a mão em sua direção.
—Oi, Gina. É bom rever você, parece muito bem... — Ele sorriu enquanto apertava a mão estendida.
—Obrigada, Harry. Não estou tão bem assim, e prefiro dizer isso diante de todos do que saber que cochicham sobre meu estado pelos cantos. Mas o que interessa realmente é que compreendo bem que nossas vidas tomaram rumos diferentes, entendo que isso é definitivo, e peço a você que não tenha medo. Estou melhorando um pouco mais a cada dia. Não vou embaraçar você, e nem pretendo voltar a falar sobre o passado. — Ela parou, tomou fôlego e sorriu. — Desculpe se pareço meio brusca, mas só quero colocar isso de uma vez para evitar um possível constrangimento entre nós...
Harry assentiu, corado. Não esperava que ela dissesse tudo aquilo , especialmente diante de todos os presentes, ele se esquecera também da ousadia característica dela. Percebeu que não era o único constrangido ali, e que as pessoas agora se esforçavam para parecer distraídas, alheias à conversa, embora segundos antes estivessem em silêncio total, todos os sentidos em alerta para a apreciar a "cena".
—Amigos, então? — Ele olhou a moça.
—Amigos...— Ela sorriu.
—Seja bem-vinda, Gina. Conte comigo para o que precisar. — Olharam-se, aliviados pelo rompimento da tensão. Então, alguém começou a falar , e em instantes toda a animação tinha voltado à sala onde estavam reunidos os membros do Esquadrão.
A manhã estava quase chegando ao fim. Harry terminara o último relatório sobre o julgamento da véspera, mas ainda faltavam alguns minutos para o almoço. Estava só no escritório, e pensava no quanto se sentia aliviado pelas palavras de Gina. Temera encontra-la ressentida, ostentando sua mágoa para fazê-lo sentir culpa. Era indescritível aquela deliciosa sensação de tranqüilidade, de paz de espírito, que se instalara nele depois da conversa com a ruiva. Respirou fundo, e começou a juntar seus papéis quando viu uma mancha clara se aproximando da janela, a proximidade delineando primeiro a forma, depois as cores da coruja malhada de Draco. O coração de Harry se acelerou, ele ergueu-se de um salto e abriu a janela para deixar o animal entrar. Ela passou por ele e seguiu direto para sua mesa, onde pousou. Harry correu até lá e soltou o pergaminho da pata da coruja. Apenas algumas palavras, rabiscadas às pressas. Pansy sentiu-se mal, estamos indo para o hospital. Espero você lá.
Não esperou pelo horário. Saiu como um louco pelos corredores do Ministério até chegar ao saguão, correndo desabalado para fora do prédio. Então, aparatou rumo ao hospital.
Bom, pessoal, tá ai o terceiro capítulo, e para aqueles que estão quase abandonando a fic por causa da falta de explicações sobre a formação do triângulo, aviso que no próximo capítulo vocês vão saber tudo sobre a relação deles. Beijos, e continuem lendo.
Laura: Que bom que gostou, aviso sim, assim que postar aqui te envio um mail. Beijos, e obrigada.
Ana: Hahaha, também acho ele enciumado muito lindinho. Obrigada, espero que continue lendo e gostando, apesar da Pansy... Beijinhos
Lis: Obrigada, Lis. Eu sei que as coisas estão um pouco confusas, mesmo, mas no próximo capítulo tudo vai ficar mais claro. Beijos, continue lendo e me diga o que achou, ok?
Fabi: E eu adorei a sua review. Obrigada , continue lendo e me dizendo sua opinião,ok? Beijos
Srta. Kinomoto: Ah, eu vou explicar tudinho sim, no próximo capítulo você vai poder matar sua curiosidade. Quanto à relação deles, vem por aí alguns tremores de terra, pode esperar... hahaha... Beijos, e obrigada.
Raymond Black: Ai, entre o Voldie e o Harry, eu e o Draco achamos que o moreno da Grifinória é muuuito mais interessante. Morte ao Voldinho! XD Beijos, obrigada, e continue lendo
