O dia amanheceu perfeito, com o céu azul e luminoso.
Apesar de não ter que ir ao trabalho, Harry acordou cedo. Olhou para o lado e viu Pansy, meio descoberta, dormindo entre ele e Draco.
Os cabelos da moça, espalhados pelo travesseiro, exalavam um perfume suave. Ao lado dela, Draco dormia profundamente. Harry olhou para o corpo despido da garota, e as lembranças da noite o fizeram sorrir.
Ela era uma amante deliciosa, e Harry pensou que a noite passada tinha sido certamente a mais excitante de toda a sua vida.
O pensamento despertou nele o desejo que eles acordassem, queria mais. Olhou o loiro, que parecia um anjo dormindo, e sentiu um impulso de passar para o outro lado e desperta-lo com beijos e carícias, mas ele dormia tão profundamente que Harry se conteve.
Que dormissem. Estariam juntos daquele dia em diante, teriam tempo de sobra para muito, muito mais. Suspirou, se acomodou ao lado de Pansy e enlaçou a garota, que se mexeu na cama. Harry fechou os olhos e esperou tranqüilamente que despertassem.
Duas semanas depois Draco e Pansy casaram-se.
Foi uma cerimônia reservada, da qual apenas as famílias tomaram parte.
O contrato nupcial, cuidadosamente elaborado anteriormente, detalhava os direitos e deveres de cada um .
Draco se comprometia a dar a Lucius dois netos, sendo que depois do nascimento do segundo estaria livre para viver onde, como e com quem quisesse, de posse da sua parte da fortuna da família.
Pansy, que poderia morar onde quisesse até o nascimento do primeiro filho, teria que se mudar para a mansão Malfoy depois que ele nascesse. Após o nascimento do segundo, ela estaria livre para fazer de sua vida o que bem entendesse, mas as crianças não poderiam deixar a casa dos avós paternos, sendo esses os responsáveis pela sua criação e orientação .
Pansy também receberia uma vultosa quantia, e seu pai passaria a ser sócio de Lucius num de seus negócios mais lucrativos.
O contrato também especificava que o jovem casal deveria se portar publicamente de forma comedida e responsável.
Harry, que não estivera presente à cerimônia, ria ao ouvir Pansy contar os detalhes.
—Ele deve ter se esquecido de especificar o número de cópulas semanais ...
Estavam na grande cama de casal, tomando champanhe . Draco riu e passou por sobre o corpo de Pansy, deitada entre eles, indo se posicionar ao lado de Harry.
—O velho Lucius...—Seu sorriso se tornou um esgar sarcástico.—Ele me disse que usará um feitiço de sangue, para se assegurar que realmente os filhos serão meus...
Foi a vez de Harry rir, irônico.
—Me surpreende que ele não tenha colocado isso no contrato...
Pansy colocou sua taça numa mesinha ao lado da cama e se aninhou entre os dois.
—Chega de falar de Lucius. É a nossa noite de núpcias, e eu preparei uma surpresa especialmente para você, Potter...
Ela sorria, sensual, sob o olhar dos dois, que já nem se lembravam mais que havia no mundo alguém chamado Lucius Malfoy.
Não demorou mais do que dois meses para que a esperada gravidez fosse confirmada . Comemoraram, felizes, os três. A verdade é que Harry, envolvido no processo de "criação", também se sentia um pouco o pai do bebê, apesar dos cuidados tomados para garantir a paternidade de Draco.
Pansy, totalmente à vontade entre eles, demonstrava uma dependência cada vez maior dos cuidados e do carinho de Harry. Draco, apesar de atencioso com ela, era frio, sempre tinha sido assim.
Sexualmente, o relacionamento fluiu maravilhosamente até o sexto mês, quando ela passou a não demonstrar o mesmo interesse de antes.
Ao final da gravidez, Pansy se comportava como uma menininha mimada , não lembrando em nada a garota sexy e amadurecida do início do relacionamento.
Harry imaginou que isso poderia ter alguma relação com a infância conturbada que ela vivera, e o pensamento o fez sentir ainda mais carinho pela ex-sonserina.
Em paralelo, ele e Draco faziam planos para o futuro. Já se preparavam para o período em que teriam que ficar afastados, depois da ida de Pansy para a mansão. Draco teria que estar com ela, e Harry passaria muitas noites solitárias na casa que dividiam.
Não era um pensamento agradável, nenhum dos dois gostava da idéia, mas realmente não havia outra forma.
Além disso, Harry perderia Pansy. Acostumara-se à presença dela, às noites de delírio a três, ao convívio diário. Mas havia o contrato que não poderia ser quebrado, então, restava aos três esperar para reorganizar suas vidas.
Lucius exigira que o intervalo entre as crianças fosse o menor possível, o que era bom, pois a segunda gravidez finalmente os deixaria livres para viver como quisessem.
Pensar numa segunda gravidez nesse momento parecia estranho, pensava Harry enquanto percorria o grande corredor, olhando à sua volta, à procura de Draco. Então, o viu sair por uma porta lateral.
Ao vê-lo, o loiro abriu um daqueles raros sorrisos com que costumava presentear Harry e veio ao encontro do moreno.
Talvez pelo mergulho nas lembranças do passado, Harry sentiu o coração acelerar ao vê-lo aproximar-se. Sentiu vontade de marcar seu território, de beijar a boca de Draco ali mesmo, de mostrar ao mundo que o loiro era dele, e que não o largaria por nada .
Recebeu Draco em seus braços, devorando aquela boca deliciosa sem se importar com nada. O outro, surpreso com a intensidade e o calor da recepção, retribuiu ao beijo e às carícias, mas não sem um furtivo olhar à sua volta. O maldito contrato. Harry se lembrou e afastou-se , contendo um suspiro.
—E Pansy? Onde está?
—Ela está tendo o bebê nesse momento..— Draco sorriu, e Harry percebeu um tom de orgulho na voz dele. Um pensamento o assaltou , súbito. E se Draco mudasse com ele depois de ser pai? Balançou a cabeça, tentando achar algo para dizer , mas o loiro recomeçou a falar, contando como Pansy tinha começado a passar mal. Harry, que tinha imaginado que o loiro o crivaria de perguntas sobre o primeiro dia de trabalho com Gina no Ministério, ficou levemente decepcionado ao ver que ele parecia nem se lembrar mais disso.
Assim, Harry voltou para o trabalho sem ter almoçado. Não sentia fome, o medo de uma possível mudança de Draco o aterrorizava agora. Sentiu vontade de falar sobre isso com alguém, mas lembrou que trocara todos os seus amigos pelo loiro. Só restara Hermione , mas ela agora tornara-se inacessível, devido ao seu trabalho em Hogwarts. Além do mais, Harry não se animava a procura-la nesse momento, quando nascia o bebê de Pansy. Mione estava tendo sérias dificuldades para conseguir engravidar, e ele sabia o quanto isso a entristecia .
O dia seguiu , longo e irritante. Harry tinha recebido duas corujas de Draco, a primeira, contando que o bebê nascera, forte e saudável. Illan Draco Malfoy, o pequeno príncipe de Lucius.
Na segunda coruja, o loiro dizia que o esperava depois do trabalho, no hospital.
Harry suspirou. Ainda bem que estava só, Neville tinha levado Gina para conhecer os outros setores e departamentos do Ministério, e nisso levaria a tarde quase toda. Harry , olhando pela janela, tentou pensar em algo animador, mas a pergunta que não deixava de martelar em sua mente o impedia de pensar em qualquer coisa boa. E se Draco se envolvesse com Pansy e o bebê e a relação deles esfriasse?
Distraído, não viu que Gina e Neville tinham retornado à sala, e o olhavam, parado diante da janela, perdido melancolicamente em pensamentos sombrios.
Quando anoiteceu, Harry voltou ao hospital. Chegou ao corredor do último andar e começou a procurar o apartamento onde Pansy estava acomodada com seu bebê.
Não teve dificuldade para encontrar. Parado à porta, ouvia um discreto som de vozes lá dentro. Bateu de leve antes de abrir, e diante dos seus olhos se descortinou uma cena bem familiar.
Lucius Malfoy, de pé num canto, falava com Draco. Tinha um levíssimo sorriso nos lábios, e no olhar lançado ao filho podia-se notar o brilho do orgulho que sentia por ele. Draco encarava o pai, satisfeito com a novidade. Narcissa, ao lado dos dois, parecia muito feliz.
Na cama, Pansy recebia atendimento de uma enfermeira. Havia ao lado dela um pequeno pacotinho que Harry identificou como o bebê .
Harry entrou, e sentiu que no mesmo instante uma mudança se operou no ambiente. O discreto sorriso de Lucius desapareceu do seu rosto depois de olhar o recém-chegado. Narcissa também o fitou, um pouco mais longamente que o marido, para desviar em seguida o olhar, sem sequer responder ao cumprimento de Harry.
Até Draco pareceu constrangido, o que fez Harry sentir vontade de sair dali na mesma hora. O desconforto durou alguns segundos, até que a voz de Pansy se fez ouvir no quarto.
—Ah, Harry, eu estava pensando em você ... por que não veio antes?—Olhava Harry, sorridente.—Venha, venha ver o bebê...
Harry se aproximou dela, e beijou-a ternamente na testa. Sentia sobre si os olhares dos outros três, e perguntou-se se Draco não se aproximaria dele enquanto os pais estivessem no quarto. Pansy falava algo sobre o parto, sobre o bebê, que estendia para Harry.
O moreno, perturbado com a situação, mal ouvia o que ela dizia. Segurou o pacote com pavor, olhava para aquela carinha cor de rosa coberta de penugem branca na cabeça. A voz de Lucius ecoou pelo quarto.
—Prepare-se para deixar o hospital amanhã bem cedo. Viremos busca-la, esteja pronta.
Harry voltou a cabeça e o viu fazer um sinal para a esposa, indo em direção à saída. A mãe de Draco então aproximou-se da nora.
—Eu preparei duas peças para vocês, e decorei-as pessoalmente. Sua família ficará confortável e poderá gozar de privacidade, mesmo dentro da mansão. Vocês vão gostar.
As palavras de Narcissa eram gentis, mas o tom que ela usava, frio. Pansy agradeceu, mas Narcissa já se despedia do filho com um beijo. Ele passou o braço pela cintura da mãe e a acompanhou até a porta.
Draco voltou, e só então se aproximou de Harry, que continuava a segurar o bebê, meio torto. Pansy riu da falta de jeito dele e colocou o garotinho de volta na cama, ao seu lado.
Harry sentiu Draco passando o braço à sua volta, e em seguida sentiu o beijo do loiro em seu ouvido.
—Vou passar essa noite aqui, mas quero ver você amanhã , no almoço. E à noite, nos veremos em casa, antes que eu vá para a mansão.
Harry abraçou-o e depositou um beijo leve nos lábios do loiro. Lutava contra uma sensação de exclusão que insistia em oprimir seu peito.
Então, foi se sentar ao lado de Pansy, que o olhava com os olhos brilhantes. Entre eles, as coisas terminavam ali.
Harry estava surpreso pelo sentimento de perda que experimentava ao pensar nisso. Afinal, sempre soubera que ela um dia sairia de sua vida. Pansy estendeu a mão e segurou a dele, em silêncio. Harry se perguntou se o mesmo pensamento passaria pela cabeça dela.
Harry ficou no hospital até tarde, mas continuava a sentir uma estranheza desconfortável, relacionada à Draco. Quando chegou em casa, comeu algumas frutas antes de ir para a cama, e preparou-se para a noite que , ele sabia, seria longa e insone.
Almoçou com Draco no dia seguinte , e aquela impressão terrível da véspera diminuiu um pouco. Ele e Pansy já estavam instalados na mansão dos Malfoy, e o loiro contou a Harry que o bebê era o centro das atenções.
Naquela noite, Draco esperaria por Harry em casa, para ficarem um pouco juntos. Lucius exigira a presença do filho ao lado de Pansy todas as noites, mas felizmente não marcara hora para Draco chegar em casa. Harry riu da brincadeira, mas apesar de tudo, sentia algo como uma espécie de alarme soando dentro de si.
Assim, a primeira semana depois do nascimento de Illan passou rápida. Harry se encontrava com Draco todas as noites, e almoçavam juntos diariamente. Aos poucos voltava a se sentir bem, já conformado em rolar sozinho na grande cama de casal .
No trabalho, tudo corria bem. Gina , que parecia estar saindo com Colin Creevey, já estava plenamente adaptada ao novo trabalho, e o ambiente estava leve e agradável.
Era Sexta-feira , e no escritório, todos planejavam sair para a inauguração da nova casa de espetáculos em Hogsmeade, sociedade entre Madame Rosmerta e Rony Weasley. Harry achou a idéia super interessante, queria muito que Rony se desse tão bem na vida quanto os irmãos. Apesar da ruptura entre eles, Harry ainda queria muito bem ao amigo da escola.
Estava pensando em dar uma passada para conhecer o lugar depois que Draco fosse embora, quando a imponente coruja malhada do loiro entrou pela janela e foi parar na sua mesa. Antes mesmo de abrir o pergaminho, o moreno já sabia o que estava escrito. Por isso, não se surpreendeu quando leu que o loiro não poderia ir ao encontro dele essa noite, pois Lucius estaria recebendo amigos para a apresentação formal de seu neto ao mundo bruxo. Posso até imaginar o bando de puxa-sacos em volta dele e do neto, e Draco, orgulhoso, feliz por estar agradando ao papaizinho...
Harry levantou-se, deixou a coruja partir sem resposta, e anunciou aos colegas que iria com eles à inauguração. Todos comemoraram, e marcaram para se encontrar em Hogsmeade. Mas embora risse, por dentro sentia uma garra apertando suas entranhas.
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Bom, pessoal, espero que tenham gostado do capítulo. Como já deve ter dado pra notar, a fic já caminha para o fim, depois desse devo postar apenas um capítulo antes do final. Espero que tenham se divertido. Beijos a todos, e obrigada por continuarem a ler...
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Fabi: Que bom que gostou do cap. 8, espero que tenha gostado desse também... beijos
Mewis Slytherin: Obrigada pelo elogio, fiquei muito feliz ao ler sua review. Quanto ao Rony... será? Hahahah...Beijos...
Laura: Ai, Laura... cheguei a sentir cócegas pra atender ao seu pedido, mas depois pensei que, pela classificação da fic, não caberia uma cena tão caliente quanto a da primeira vez dos três na cama... Desculpe, tá bem?
Espero que mesmo assim, o capítulo tenha te agradado. Beijos...
Tatiana: Eu também espero, Tati. Valeu a review, espero que você tenha gostado do capítulo 9...
Beijos...
