Herança Egípcia
Capitulo I – Lembranças ou Alucinações
Museu de Londres
Palestra sobre Deuses do Egito Antigo
Palestrante Profº Heero Yuy – Egiptólogo e Historiador
Horário 08:30 hs.
- Já começou.
- Sim Maxwell a pelo menos 40 minutos.
- Então vamos.
Um jovem com uma longa trança usando óculos escuros, vestindo uma calça cinza, sapatos
pretos e uma blusa branca de mangas compridas dobradas um pouco acima do pulso,
caminhava pelo corredor do museu em direção ao auditório onde neste momento estava
acontecendo uma palestra sobre os Deuses do Egito Antigo, o jovem deveria ter chegado à
uma hora atrás, mas novamente ele tinha sido atormentado por pesadelos que o fizeram
perder o vôo dos Estados Unidos até Londres. Ele sempre tivera uma vida tranqüila sem
maiores preocupações, herdeiro de uma família muito rica, bonito, inteligente, mas no
período de quatro meses sua vida havia mudado, ele sempre fora apaixonado por
civilizações antigas, principalmente pelos egípcios, sua cultura, arte e historia foi o que o
levará a visitar o Egito há quatro meses e foi quando seus pesadelos começaram, mesmo
acordado ele tinha visões e ouvi vozes, ele havia procurado um médico achando que talvez
ele estivesse estressado e abalado pela morte repentina de seus pais, mas os exames não
acusaram nenhuma anormalidade, então uma noite enquanto caminhava pelas ruas da
Califórnia, um homem velho o parou e disse-lhe para procurar o Olho de Anúbis, nas terras
do antigo faraó Menés.
"O que está acontecendo comigo, será que enlouqueci, não consigo dormir se não for à
base de remédios e mesmo acordado tenho que tomar comprimidos para evitar ter
alucinações, não posso conversar com ninguém sem ser chamado de maluco, meu medico
diz que não existe nada de errado comigo, minha psicóloga diz que estou sofrendo do que
ela chama de negação pós-traumatica pela morte de meus pais que como não consigo
aceitar o fato de eles morreram meu subconsciente criou um refugio me prendendo em mim
mesmo, embora isso não faça nenhum sentido para mim, e novamente estou atrasado para
o jantar porque decidi ontem à tarde não tomar mais os medicamentos que ela receitou e
as alucinações retornaram e como o Ethan costuma disse eu me desliguei do mundo por
uma hora e por uma hora eu não me lembro de nada que me aconteceu.
Droga o que a aquele senhor está tentando fazer se mata.r"
Um velho estava tentando atravessar a pista com o sinal aberto, os carros da rua estavam se
desviando, mas a qualquer momento ele poderia ser atropelado, Duo correu até o senhor e o
pegou pelo braço fazendo sinal para os carros diminuírem a velocidade e torcendo para
nenhum deles os atingirem.
- Hei! Vovô, não pode atravessar a rua com o sinal aberto.
- Eu o estava procurando jovem senhor.
- Procurando-me, tudo bem vovô venha vamos sair do meio da rua.
- Não o tempo esta se acabando eu prometi a seu pai encontra-lo.
- O senhor deve estar me confundindo com outra pessoa, meus pais morreram há
um mês, logo meu pai não pode tê-lo pedido para me encontrar.
- Ele me pediu para encontra-lo e manda-lo encontrar o Olho de Anúbis.
- O Olho de Anúbis?
- Você esteve no Egito há quatro meses, e desde que deixou o país tem tido visões
e ouvido vozes que não compreende não é.
- Como sabe disso.
- O sangue dele corre em você, você deve encontrar o Olho e então saberá o que
as visões e as vozes significam.
Duo estava tentando levar o velho para a calçada, mas o velho não se mexia, ele ouvia
atentamente o que o velho lhe dizia, ignorando tudo ao seu redor ele não ouvia e não via
nada, apenas a voz do velho a sua frente, quando alguém tocou seu braço Duo olhou, e
ouviu o som das buzinas dos carros parados e viu Ethan olhando para ele, Duo olhou para
mão que segurava o braço do velho e o mesmo havia desaparecido, Ethan o tirou do meio
da rua e perguntou o que estava fazendo, por que ele estava parado no meio da rua e
falando sozinho. Duo não soube o que dizer ele havia visto o velho atravessando a rua,
havia tocado nele e ouvido sua voz, como o velho havia desaparecido, foi então que Duo
sentiu algo dentro de sua mão, ele a abriu e havia um anel de ouro, com uma pequena pedra
negra no formato de um escaravelho. Ethan olhou para seu amigo, ele parecia perdido,
como que tentando entender o que estava acontecendo, Ethan olhou para a mão do amigo e
viu que Duo segurava um anel na mão. Ethan se assustará quando virá Duo atravessar a rua
correndo como se fosse ajudar alguém, ele parecia em transe, ele começara a chama seu
amigo, mas Duo parecia não ouvir a voz de ninguém, foi quando ele decidiu ir até ele antes
que algum policial aparecesse e ele fosse preso, eles haviam combinado de jantarem juntos,
e Duo estava atrasado, ele se lembrara que o amigo havia dito que iria parar de tomar os
medicamentos, então resolveu ir procura-lo e verificar se Duo estava bem, uma vez que ele
não atendia o celular e no apartamento o informaram que ele havia saído para caminhar e
ainda não retornará.
- Duo venha eu vou te levar para casa.
- Obrigado Ethan.
Ethan e Duo caminharam até o apartamento onde Duo morava, ao chegarem foram
recepcionados por Howard um antigo empregado dos Maxwell's, Duo entrou e deu um
sorriso forçado, na verdade ele estava se sentindo cansado não fisicamente, mas
psicologicamente suas visões o estavam desgastando emocionalmente e a cada dia elas se
tornavam mais e mais reais.
- Ethan eu vou tomar um banho e a gente sai para jantar.
- Acho melhor você não ir a lugar algum Duo, você me parece cansado demais.
- Mas nós ficamos de comemorar sua promoção Ethan e não seria justo
cancelarmos apenas por um problema sem importância.
- Não acredito que seja sem importância Duo, você poderia ter sido atropelado ou
ate mesmo preso. Vamos fazer o seguinte, você toma um banho enquanto eu
encomendo umas pizzas, e enquanto bebemos um bom vinho nós conversamos
está bem.
- Você tem certeza, eu não me importo em sair para jantar.
- Tudo bem será bem melhor assim alem do mais é você quem vai pagar as pizzas
e fornecer o vinho então estamos quites.
- Está certo vou tomar uma ducha rápida enquanto você encomenda as pizzas.
- O que aconteceu Sr Evans.
- Eu o encontrei no meio da rua falando sozinho Howard.
- No meio da rua?
- Sim por pouco ele não foi atropelado, eu não sei o que esta havendo com o Duo,
mas o problema parece ser serio.
- Eu pensei que os remédios estivessem funcionando.
- Ele parou de tomar os medicamentos ontem.
- Por que?
- Duo não quer ter sua vida controlada por medicamentos, mas acho que seria
melhor ele procurar ajuda antes que se machuque. Melhor eu ligar para a
pizzaria, logo ele vai sair do banho.
- Vou providenciar o vinho, com licença sr Evans.
- Obrigado Howard.
Duo colocou o anel em cima da cômoda, retirou suas roupas e entrou em baixo do chuveiro
frio, sua cabeça latejava devido aos acontecimentos recentes, ele tentava encontrar uma
explicação lógica para o que tinha acontecido na rua, ele tinha certeza do que viu e ouviu e
a prova concreta de que não estava enlouquecendo era o anel com a pedra negra em forma
de escaravelho em cima da cômoda, então por que ninguém alem dele viu aquele homem e
para onde ele havia ido e como sabia que ele havia estado no Egito há alguns meses. Tantas
perguntas e nenhuma resposta, talvez seu amigo no Cairo pudesse ajuda-lo de alguma
maneira.
"Talvez ele consiga descobrir de onde veio este anel e o que significa, no momento e
melhor eu sair do banho antes de Ethan ou Howard achem que eu tive outra alucinação e
venham me ver."
- Duo?
- Hã?
- Você esta bem?
- Desculpe Une, o que você falou?
- Disse que chegamos, a palestra e neste auditório, vamos entrar.
- Sim vamos.
Duo e sua assistente entraram no auditório onde estava ocorrendo a palestra sobre Deuses
do Egito Antigo, eles desejavam se sentar na ultima fileira para não atrapalharem e não
chamarem muito a atenção, o que foi impossível, uma vez que o auditório estava
parcialmente cheio e maioria das pessoas estavam sentadas nas ultimas fileiras, a palestra
era para os estudantes de arqueologia de duas faculdades, eles pararam na entrada
procurando um lugar onde houvesse duas cadeiras, Une apontou para frente o único lugar
em que haviam lugares vagos, Duo sacudiu a cabeça concordando, ele não queria sentar lá
na frente, mas se não tinha outro jeito, ele fez sinal para que sua assistente fosse na frente
enquanto ele a seguia, as pessoas em volta olhavam curiosas para os dois, as meninas
principalmente olhavam extasiadas para o rapaz de cabelo comprido, ele era alto, com
ombros largos e uma longa trança que ia até pouco abaixo da cintura. Duo podia sentir os
olhares sobre si, isso era o que menos desejava atrapalhar a apresentação do homem em
cima do palco, Duo notou que o homem havia ficado um tanto quando aborrecido, ele não
lhe tirava a razão a pior coisa que existe é quando você esta falando e alguém o interrompe,
eles tiveram que passar por três pessoas na fileira antes de chegarem aos assentos vagos.
Duo prestava atenção no homem a sua frente, ele era bonito, traços orientais, cabelos
castanhos escuros e olhos azuis escuros, Duo olhou em volta e percebeu que muitos
estavam mais interessados na beleza do palestrante do que na palestra em si, Duo tinha que
concorda o palestrante era realmente interessante, mas ele não havia ido lá para admirar a
beleza dele é sim para resolver uma parte de seus problemas.
- Na cosmologia egípcia Hórus, é filho de Ísis e Osíris. Ele matou Set, o assassino
de Osíris. Mais tarde também se acreditou que fosse o filho de Ra, e Hórus
passou a ser freqüentemente representado como um falcão.
Acreditava-se que o olho de Hórus, perdido no combate contra Set, tinha
propriedades mágicas.
- Professor!
- Sim diga.
- É verdade que O olho de Hórus (udyat) era considerado um dos mais poderosos
amuletos daquela época.
- Sim o mesmo era usado, em vida, para afugentar o mau-olhado e os males
externos que poderiam atacar os humanos e, após a morte contra o infortúnio no
Além. Segundo uma lenda, o olho esquerdo de Hórus simbolizava a Lua e o
direito, o Sol. Durante uma luta, o Deus Set arrancou o olho esquerdo de Hórus,
o qual foi substituído por este amuleto. As linhas abaixo do olho esquerdo de
Hórus representam as lágrimas de dor e sofrimento e correspondem aos padrões
de plumagem do falcão. O olho de Hórus era a união do olho humano com a
vista de um falcão, animal associado ao Deus.
- Professor existe no Egito um templo dedicado a Hórus não é..
- Sim o templo de Hórus fica em Edfu é um dos mais bem preservados e também
um dos mais novos do Egito. O soberano Ptolomeu I iniciou a construção do
templo em 237 a.C., e ele só foi concluído cerca de duzentos anos depois. O
edifício foi erigido no estilo das antigas estruturas religiosas do Nilo, apesar de
ter sido construído mais de 2.000 anos depois que os reis egípcios criaram
templos em Karnak, Luxor e Abidos.
- E como é o Templo de Hórus.
- Ele possui uma entrada alta que é decorada com uma grande imagem de um dos
líderes gregos do Egito puxando os cabelos de seus inimigos sob o olhar atento
de Hator e Hórus. As doze colunas na primeira sala do templo realçam várias
áreas distintas, incluindo uma chamada de "biblioteca", por ter uma lista de
livros esculpida na pedra. Mas essa palestra não é sobre templos antigos.
- Professor Yuy, Hator era a guardiã de Hórus não é.
- Hator era guardiã do deus Hórus quando ele era jovem e mais tarde tornou-se
sua esposa. A deusa Hator representava o amor e o bem. Sua imagem está
presente em muitos dos antigos templos egípcios. Ela aparecia ora como uma
vaca, ora como uma mulher com cabeça de vaca, ora como uma mulher com
chifres de vaca. Mais alguma pergunta?
- Anúbis era o guardião dos morto, mas ele também era considerado filho de
Osíris, então ele era irmão de Hórus.
- Sim, mas Hórus era filho de Osíris e Isis, enquanto Anúbis era filho de Osíris e
Néftis, criado por Ísis. Anúbis era o deus dos mortos e dos embalsamadores de
múmias. Ao contrario do que se pensa o deus Anúbis era um Chacal e não um
cachorro. O fato do deus ser um chacal é porque nas áreas das necrópoles em
torno de Abidos, onde era enterrado os mortos, viviam e ainda vivem os chacais.
Ele guarda o corpo na tumba e executa os intricados processos de mumificação.
Após o embalsamento completo do morto, o deus Anúbis conduz o morto na
Sala do Julgamento para a cerimônia de pesagem do coração. Perguntas?
- É verdade que Anúbis possuía um cajado ornado em ouro, com uma pedra negra
conhecido como o Olho de Anúbis, onde se acredita estão reunidos todos os seus
poderes.
Todos ficaram em silencio olhando para o rapaz de cabelos compridos, Heero olhou para o
rapaz a sua frente ele tentara ignora-lo desde que ele chegara por algum motivo ele o
deixava nervoso, não somente pela beleza exótica para um homem, mas pelo fato de que
parecia que ele o conhecia de algum lugar. E agora ele perguntava sobre o Olho de Anúbis,
uma lenda que poucos arqueólogos e historiadores acreditavam. Duo ficou olhando para o
palestrante, ele sabia que não deveria ter feito aquela pergunta ali, ele sentia todos os olhos
do auditório sobre si, ele planejara falar a sós com o Sr Yuy e não ali no meio de uma
palestra para estudantes, ele sentiu Une se inclinar e falar em seu ouvido, ele olhou para ela
e concordou. Duo não sabia se Heero iria responder a sua pergunta, mas ele precisava de
respostas e aquele não era o momento e nem a forma correta de obtê-las.
- Maxwell, não devia perguntar isso aqui.
- Eu sei.
- Professor Yuy me desculpe.
Heero viu o rapaz e a mulher que o acompanhava cochichando, viu o rapaz balançar a
cabeça concordando com algo, logo após ouviu-o pedindo desculpas, e os dois se
levantarem para sair, Heero sentiu os alunos e Trowa olharem para ele a espera de uma
reação sua. O que ele deveria dizer que não acreditava em tal artefato existisse, que tudo
não passava de uma fabula, que isso era tão ridículo quanto afirmar que o filho do faraó
Menés era filho de Anúbis. Mas ele acreditava que ele existia, não o filho de Anúbis, mas o
cajado ornado em ouro O Olho de Anúbis, mas se ele fizesse isso sua carreira estaria em
perigo, e desde quando ele se importava com isso.
- Quem é você?
Duo e Une estavam quase saindo do auditório quando eles ouviram a voz fria do Professor
Yuy. Duo se virou olhou para Heero deu um ligeiro sorriso e retirou os óculos, Duo pode
ouvir pequenas exclamações de admiração a sua volta, ele sabia o porque, Duo costumava
usar sempre óculos de lentes escuras para esconder seus olhos, não por que não gostasse da
cor deles, mas por que sabia que eles costumavam chamar atenção, um rapaz com olhos da
cor de ametistas era algo raro.
- Eu me chamo Duo Maxwell, Sr Yuy e gostaria de falar com o Sr após a palestra
se for possível.
- Hn. Está bem.
Heero viu o jovem deixar o auditório, ele ficou imaginando o porque das exclamações das
alunas, afinal de onde estava não dava para ver a cor dos olhos do rapaz que acabara de
sair, deveriam ser muito bonitos para ter arrancado tão reação das alunas, Heero mal podia
esperar para descobrir o que Duo Maxwell queria lhe falar.
- Bem senhores vamos voltar a palestra.
Três horas depois, Heero respondia algumas perguntas dos poucos alunos que ainda
ficaram no auditório, quando Heero o viu entrar novamente no auditório, ele e a mulher que
o acompanhava se sentaram na ultima fileira, algumas alunas que ainda permaneciam no
auditório esperando outros colegas que tiravam duvidas com Heero, voltaram sua atenção
ao rapaz de olhos exóticos, algumas mais ousadas davam risinhos e acenavam, Duo se
controlava para não rir e retribuir as atenções direcionadas a ele, apenas as cumprimentou
com uma leve flexão da cabeça. Heero olhou para Trowa e sinalizou para ele, Trowa
balançou a cabeça e caminhou em direção a Duo Maxwell.
- Sr Maxwell.
- Sim.
- Eu me chamo Trowa Barton, o professor Yuy pediu-me que os levasse para sua
sala, ele logo se juntará a nós, acompanhe-me, por favor.
- Obrigado Sr Barton, esta é Lady Une minha assistente.
- Lady Une.
- Sr Barton.
Heero viu Trowa acompanha-los até sua sala no museu como havia pedido, ele Trowa se
conheciam a anos, por isso não era difícil para Trowa saber o que Heero queria dizer
mesmo quando não utilizava palavras. Heero deu por encerrava as perguntas, reuniu suas
coisas e foi em direção a sua sala. A sala de Heero não era muito grande, mas era funcional
como ele costumava dizer, a sala tinha três mesas, duas uma de frente para a outra e a
terceira próxima a janela, todas lotadas de papeis, objetos e alguns artefatos, um arquivo,
uma estante lotada de livros, um pequeno frigobar ao canto, uma bancada com uma pia e
alguns utensílios e uma cafeteira.
- Desejam tomar alguma coisa água, café ou um suco.
- Une?
- Aceitaria um pouco de água, obrigada.
- Nada para mim Sr Barton obrigado.
Trowa foi até um pequeno frigobar na sala, pegou uma garrafa de água, um copo e ofereceu
a assistente do Sr Maxwell, Duo olhava a sala com interesse, nunca vira tantos papeis
juntos, ele tentava imaginar se eles sabiam onde cada coisa estava, então se lembrou de seu
amigo no Cairo, Quatre Winner, Duo conhecerá Quatre em sua viagem ao Egito a quatro
meses, Duo estava dando uma volta pelo Museu do Cairo, estava quase na hora do museu
fechar quando Duo resolveu ir embora e viu um jovem loiro tentando carregar mais caixas
do que seus braços permitiam, inevitavelmente o jovem rapaz deixou algumas caixas
caírem espalhando seu conteúdo por todos os lados, Duo se aproximou e começou a ajudar
o rapaz a recolher os papeis espalhados e devolve-los as caixas. Duo sorriu quando lembrou
do olhar de gratidão do loirinho e do sorriso que ele deu, Duo se ofereceu para acompanha-
lo carregando alguma das caixas o que foi prontamente aceito, logo após o incidente eles se
encontraram novamente e acabaram se tornando amigos.
- Sr Barton, acha que causei algum inconveniente ao Sr Yuy, quanto a minha
pergunta.
- Bem Sr Maxwell não foi uma pergunta muito usual, e o Sr deixou os alunos
curiosos a respeito do fato, uma vez que deixou Heero sem palavras por um
momento e isso não costuma acontecer, deve imaginar que os alunos ficaram
interessados no assunto.
- Sinto muito não foi a minha intenção.
- Não há necessidade de se desculpar Sr Maxwell, agora me diga por que quer
saber sobre o Olho de Anúbis, e por que veio me procurar.
Heero estava parado na porta de sua sala ele havia acabado de chegar e ouvira parte da
conversa, realmente os alunos se mostraram interessados no assunto, mas Heero conseguira
voltar a atenção novamente para a palestra, fazendo os alunos esquecerem
momentaneamente o assunto. Duo observava o rapaz a sua frente ligeiramente mais alto
que ele, músculos bem definidos escondidos atrás de uma camisa azul claro de mangas
compridas, que realçavam a cor azul cobalto de seus olhos, Duo pensava como era possível
um professor ser tão atraente, todos os professores que tiveram eram velhos e feios.
"Se eu tivesse um professor desses, eu nunca mataria aula"
Duo balançou a cabeça para afastar os pensamentos não era o momento para ficar pensando
besteiras, ele tinha um trabalho a fazer, convencer o homem a sua frente a encontrar o Olho
de Anúbis. Heero esperou que o rapaz terminasse sua avaliação por que era isso que ele
estava fazendo, o olhando de cima a baixo, Heero notou que Duo pareceu gostar do que
havia visto pois um ligeiro sorriso havia se formado no canto de sua boca, logo depois o
rapaz balançou a cabeça como se ordenasse os pensamentos e então o jovem retirou os
óculos escuros e nesse instante os olhos de Heero se escureceram, agora Heero entendia o
por que a reação das alunas no auditório, Heero sentiu uma estranha sensação de
reconhecimento como se já houvesse visto aqueles olhos antes, mas olhos da cor de
ametistas não eram comuns ainda mais em homens, então aonde ele os havia visto. Por um
instante Duo viu o homem a sua frente franzir a testa como se tentasse se lembrar de algo e
seus olhos se tornarem mais escuros, Duo sabia que já havia visto aquela expressão e o tom
escuro daquelas esferas azuis, por que aquela sensação tão familiar, aquele calor correndo
por todo o seu corpo e aquela sensação de perda se eram a primeira vez que se
encontravam.
- Bem Sr Yuy, parece que temos um amigo em comum, foi ele quem me disse
para procura-lo. Ele me informou que se verdadeiramente o Olho de Anúbis
existir, o Sr seria capaz de encontra-lo.
- Um amigo em comum?
Heero tentava se lembra quem poderia ter sugerido seu nome.
"Um amigo ele disse, não poderia ser Trowa eles acabaram de se conhecer... a menos que
fosse."
- Quatre?
- Sim ele mesmo, nós nos conhecemos quando visitei o Egito e acabamos nos
tornando amigos. Ele me disse que Sr e um dos melhores, egiptólogo que ele
conhece.
- Quatre costuma ser um tanto quanto exagerado, mas isso ainda não explica o por
que dele ter sugerido o meu nome.
- E verdade, o assunto e um tanto quanto delicado será poderíamos marcar um
jantar para daqui a dois dias Sr Yuy, assim Quatre poderia estar presente.
- Hmmm, não vejo problemas nisso.
- Ótimo minha assistente ligará para o Sr, para marcamos o jantar. Obrigado e
desculpe-me pelo transtorno.
- Nos veremos daqui a dois dias então Sr Maxwell.
- Até lá então, Sr Barton.
Duo havia se levantado para sair, quando algo despertou sua atenção em uma das mesas,
um artefato corroído pelo tempo. Duo se aproximou da peça e passou os dedos por ela, uma
faca egípcia.
*Você era linda quando a recebi..*
Heero observava com interesse o rapaz de olhos violeta, ele parecia hipnotizado pela faca
quando ele começou a falar em uma língua diferente. Duo nem ao menos percebem que
enquanto admirava começou a falar em uma língua diferente.
- Heero.
- O que foi Trowa.
- Se não me engano ele está falando em egípcio.
- É eu notei, mas não é somente isso.
"Mas ele esta falando em um dialeto diferente do que se conhece.. "
Duo ainda observava a faca, quando alguém lhe falou, uma mulher vestida em trajes
brancos e ornada com um cinto e braceletes de ouro, ela tinha um longo cabelo castanho
claro e olhos violetas iguais aos seus.
- Isso deveria ser um presente.
- Hã?
- A faca seu pai mandou faze-la para você, mas você não deveria tê-la encontrado
mocinho, ainda é muito jovem para brincar com ela, quando chegar seu
aniversário você a receberá. Agora coloque-a no lugar temos que ir até o templo
de Amon.
- Amon?
- Sim se esqueceu que dia é hoje?
- Duo?
Duo soltou a faca e colocou uma das mãos na cabeça, sentiu alguém tocar-lhe o braço Duo
se virou e viu que a mão em seu braço era de sua assistente, ele olhou em volta e procurou a
mulher que falará com ele, a mulher que tinha os olhos da mesma cor que os seus, mas não
a encontrou viu apenas o Sr Yuy e o Sr Barton o olhando um tanto quanto surpresos.
- O que aconteceu Une?
- Você pegou a faca e ficou estranho Maxwell, começou a falar sozinho.
- O que eu disse?
- Eu não faço idéia, eu nunca ouvi esse tipo de dialeto antes.
- Sr Maxwell alguma vez já falou em egípcio.
- Não por que?
- Acredita-se que apenas a família do faraó falasse em um dialeto parecido com o
que acaba de pronunciar.
- Por acaso esta me dizendo que eu falei uma língua que apenas o faraó e sua
família usavam?
- E o que parece Sr Maxwell.
- Eu... acho melhor nós irmos Une. Desculpe-me pelo ocorrido, nos veremos em
dois dias senhores.
Heero e Trowa virão Duo Maxwell e sua assistente saírem da sala, eles não sabiam o que
tinha ocorrido, como era possível uma pessoa falar a língua dos faraós sem nunca tê-la
ouvido ou estudado isso era quase impossível. Além do fato que ele parecia conversar com
uma pessoa que não estava presente, Heero estava intrigado e curioso e não descansaria até
descobrir quem era realmente Duo Maxwell. Duo não sabia o que fazer como aqui tinha
acontecido, quem era aquela mulher e por que ele havia falado em uma língua que ele
nunca ouvira, por que essas coisas tinham que acontecer com ele.
" Por que aquela faca me era tão familiar, era como se eu já a tivesse visto antes, eu
poderia descrevê-la de olhos fechados. Mas essa foi a primeira vez que eu há vi, isso não
podia ter acontecido não na frente deles, por Deus eles devem achar que eu sou louco.."
Une olhava para seu chefe era a primeira vez que o via desse jeito, ela sabia que ele estava
tendo alguns problemas, Duo sempre se recusava a falar sobre o que estava acontecendo,
nos últimos dias ele anda cansado e freqüentemente perdia a hora, se atrasando para
reuniões e as vezes nem aparecendo a elas. Mas o que tinha acontecido a pouco a deixara
preocupada, seja lá o que estivesse acontecendo estava acabando com ele.
- Desculpe-me Une.
- Tudo bem Maxwell, melhor voltarmos ao hotel assim você descansa um pouco.
- Obrigado.
Duo ainda tentava entender o que teria acontecido, a única coisa em que pensava e que
nunca deveria ter ido ao Egito, mas ele não descansaria até descobrir o que estava havendo
com ele, e por que encontrar o Olho de Anúbis era tão importante.
Continua...
Capitulo I – Lembranças ou Alucinações
Museu de Londres
Palestra sobre Deuses do Egito Antigo
Palestrante Profº Heero Yuy – Egiptólogo e Historiador
Horário 08:30 hs.
- Já começou.
- Sim Maxwell a pelo menos 40 minutos.
- Então vamos.
Um jovem com uma longa trança usando óculos escuros, vestindo uma calça cinza, sapatos
pretos e uma blusa branca de mangas compridas dobradas um pouco acima do pulso,
caminhava pelo corredor do museu em direção ao auditório onde neste momento estava
acontecendo uma palestra sobre os Deuses do Egito Antigo, o jovem deveria ter chegado à
uma hora atrás, mas novamente ele tinha sido atormentado por pesadelos que o fizeram
perder o vôo dos Estados Unidos até Londres. Ele sempre tivera uma vida tranqüila sem
maiores preocupações, herdeiro de uma família muito rica, bonito, inteligente, mas no
período de quatro meses sua vida havia mudado, ele sempre fora apaixonado por
civilizações antigas, principalmente pelos egípcios, sua cultura, arte e historia foi o que o
levará a visitar o Egito há quatro meses e foi quando seus pesadelos começaram, mesmo
acordado ele tinha visões e ouvi vozes, ele havia procurado um médico achando que talvez
ele estivesse estressado e abalado pela morte repentina de seus pais, mas os exames não
acusaram nenhuma anormalidade, então uma noite enquanto caminhava pelas ruas da
Califórnia, um homem velho o parou e disse-lhe para procurar o Olho de Anúbis, nas terras
do antigo faraó Menés.
"O que está acontecendo comigo, será que enlouqueci, não consigo dormir se não for à
base de remédios e mesmo acordado tenho que tomar comprimidos para evitar ter
alucinações, não posso conversar com ninguém sem ser chamado de maluco, meu medico
diz que não existe nada de errado comigo, minha psicóloga diz que estou sofrendo do que
ela chama de negação pós-traumatica pela morte de meus pais que como não consigo
aceitar o fato de eles morreram meu subconsciente criou um refugio me prendendo em mim
mesmo, embora isso não faça nenhum sentido para mim, e novamente estou atrasado para
o jantar porque decidi ontem à tarde não tomar mais os medicamentos que ela receitou e
as alucinações retornaram e como o Ethan costuma disse eu me desliguei do mundo por
uma hora e por uma hora eu não me lembro de nada que me aconteceu.
Droga o que a aquele senhor está tentando fazer se mata.r"
Um velho estava tentando atravessar a pista com o sinal aberto, os carros da rua estavam se
desviando, mas a qualquer momento ele poderia ser atropelado, Duo correu até o senhor e o
pegou pelo braço fazendo sinal para os carros diminuírem a velocidade e torcendo para
nenhum deles os atingirem.
- Hei! Vovô, não pode atravessar a rua com o sinal aberto.
- Eu o estava procurando jovem senhor.
- Procurando-me, tudo bem vovô venha vamos sair do meio da rua.
- Não o tempo esta se acabando eu prometi a seu pai encontra-lo.
- O senhor deve estar me confundindo com outra pessoa, meus pais morreram há
um mês, logo meu pai não pode tê-lo pedido para me encontrar.
- Ele me pediu para encontra-lo e manda-lo encontrar o Olho de Anúbis.
- O Olho de Anúbis?
- Você esteve no Egito há quatro meses, e desde que deixou o país tem tido visões
e ouvido vozes que não compreende não é.
- Como sabe disso.
- O sangue dele corre em você, você deve encontrar o Olho e então saberá o que
as visões e as vozes significam.
Duo estava tentando levar o velho para a calçada, mas o velho não se mexia, ele ouvia
atentamente o que o velho lhe dizia, ignorando tudo ao seu redor ele não ouvia e não via
nada, apenas a voz do velho a sua frente, quando alguém tocou seu braço Duo olhou, e
ouviu o som das buzinas dos carros parados e viu Ethan olhando para ele, Duo olhou para
mão que segurava o braço do velho e o mesmo havia desaparecido, Ethan o tirou do meio
da rua e perguntou o que estava fazendo, por que ele estava parado no meio da rua e
falando sozinho. Duo não soube o que dizer ele havia visto o velho atravessando a rua,
havia tocado nele e ouvido sua voz, como o velho havia desaparecido, foi então que Duo
sentiu algo dentro de sua mão, ele a abriu e havia um anel de ouro, com uma pequena pedra
negra no formato de um escaravelho. Ethan olhou para seu amigo, ele parecia perdido,
como que tentando entender o que estava acontecendo, Ethan olhou para a mão do amigo e
viu que Duo segurava um anel na mão. Ethan se assustará quando virá Duo atravessar a rua
correndo como se fosse ajudar alguém, ele parecia em transe, ele começara a chama seu
amigo, mas Duo parecia não ouvir a voz de ninguém, foi quando ele decidiu ir até ele antes
que algum policial aparecesse e ele fosse preso, eles haviam combinado de jantarem juntos,
e Duo estava atrasado, ele se lembrara que o amigo havia dito que iria parar de tomar os
medicamentos, então resolveu ir procura-lo e verificar se Duo estava bem, uma vez que ele
não atendia o celular e no apartamento o informaram que ele havia saído para caminhar e
ainda não retornará.
- Duo venha eu vou te levar para casa.
- Obrigado Ethan.
Ethan e Duo caminharam até o apartamento onde Duo morava, ao chegarem foram
recepcionados por Howard um antigo empregado dos Maxwell's, Duo entrou e deu um
sorriso forçado, na verdade ele estava se sentindo cansado não fisicamente, mas
psicologicamente suas visões o estavam desgastando emocionalmente e a cada dia elas se
tornavam mais e mais reais.
- Ethan eu vou tomar um banho e a gente sai para jantar.
- Acho melhor você não ir a lugar algum Duo, você me parece cansado demais.
- Mas nós ficamos de comemorar sua promoção Ethan e não seria justo
cancelarmos apenas por um problema sem importância.
- Não acredito que seja sem importância Duo, você poderia ter sido atropelado ou
ate mesmo preso. Vamos fazer o seguinte, você toma um banho enquanto eu
encomendo umas pizzas, e enquanto bebemos um bom vinho nós conversamos
está bem.
- Você tem certeza, eu não me importo em sair para jantar.
- Tudo bem será bem melhor assim alem do mais é você quem vai pagar as pizzas
e fornecer o vinho então estamos quites.
- Está certo vou tomar uma ducha rápida enquanto você encomenda as pizzas.
- O que aconteceu Sr Evans.
- Eu o encontrei no meio da rua falando sozinho Howard.
- No meio da rua?
- Sim por pouco ele não foi atropelado, eu não sei o que esta havendo com o Duo,
mas o problema parece ser serio.
- Eu pensei que os remédios estivessem funcionando.
- Ele parou de tomar os medicamentos ontem.
- Por que?
- Duo não quer ter sua vida controlada por medicamentos, mas acho que seria
melhor ele procurar ajuda antes que se machuque. Melhor eu ligar para a
pizzaria, logo ele vai sair do banho.
- Vou providenciar o vinho, com licença sr Evans.
- Obrigado Howard.
Duo colocou o anel em cima da cômoda, retirou suas roupas e entrou em baixo do chuveiro
frio, sua cabeça latejava devido aos acontecimentos recentes, ele tentava encontrar uma
explicação lógica para o que tinha acontecido na rua, ele tinha certeza do que viu e ouviu e
a prova concreta de que não estava enlouquecendo era o anel com a pedra negra em forma
de escaravelho em cima da cômoda, então por que ninguém alem dele viu aquele homem e
para onde ele havia ido e como sabia que ele havia estado no Egito há alguns meses. Tantas
perguntas e nenhuma resposta, talvez seu amigo no Cairo pudesse ajuda-lo de alguma
maneira.
"Talvez ele consiga descobrir de onde veio este anel e o que significa, no momento e
melhor eu sair do banho antes de Ethan ou Howard achem que eu tive outra alucinação e
venham me ver."
- Duo?
- Hã?
- Você esta bem?
- Desculpe Une, o que você falou?
- Disse que chegamos, a palestra e neste auditório, vamos entrar.
- Sim vamos.
Duo e sua assistente entraram no auditório onde estava ocorrendo a palestra sobre Deuses
do Egito Antigo, eles desejavam se sentar na ultima fileira para não atrapalharem e não
chamarem muito a atenção, o que foi impossível, uma vez que o auditório estava
parcialmente cheio e maioria das pessoas estavam sentadas nas ultimas fileiras, a palestra
era para os estudantes de arqueologia de duas faculdades, eles pararam na entrada
procurando um lugar onde houvesse duas cadeiras, Une apontou para frente o único lugar
em que haviam lugares vagos, Duo sacudiu a cabeça concordando, ele não queria sentar lá
na frente, mas se não tinha outro jeito, ele fez sinal para que sua assistente fosse na frente
enquanto ele a seguia, as pessoas em volta olhavam curiosas para os dois, as meninas
principalmente olhavam extasiadas para o rapaz de cabelo comprido, ele era alto, com
ombros largos e uma longa trança que ia até pouco abaixo da cintura. Duo podia sentir os
olhares sobre si, isso era o que menos desejava atrapalhar a apresentação do homem em
cima do palco, Duo notou que o homem havia ficado um tanto quando aborrecido, ele não
lhe tirava a razão a pior coisa que existe é quando você esta falando e alguém o interrompe,
eles tiveram que passar por três pessoas na fileira antes de chegarem aos assentos vagos.
Duo prestava atenção no homem a sua frente, ele era bonito, traços orientais, cabelos
castanhos escuros e olhos azuis escuros, Duo olhou em volta e percebeu que muitos
estavam mais interessados na beleza do palestrante do que na palestra em si, Duo tinha que
concorda o palestrante era realmente interessante, mas ele não havia ido lá para admirar a
beleza dele é sim para resolver uma parte de seus problemas.
- Na cosmologia egípcia Hórus, é filho de Ísis e Osíris. Ele matou Set, o assassino
de Osíris. Mais tarde também se acreditou que fosse o filho de Ra, e Hórus
passou a ser freqüentemente representado como um falcão.
Acreditava-se que o olho de Hórus, perdido no combate contra Set, tinha
propriedades mágicas.
- Professor!
- Sim diga.
- É verdade que O olho de Hórus (udyat) era considerado um dos mais poderosos
amuletos daquela época.
- Sim o mesmo era usado, em vida, para afugentar o mau-olhado e os males
externos que poderiam atacar os humanos e, após a morte contra o infortúnio no
Além. Segundo uma lenda, o olho esquerdo de Hórus simbolizava a Lua e o
direito, o Sol. Durante uma luta, o Deus Set arrancou o olho esquerdo de Hórus,
o qual foi substituído por este amuleto. As linhas abaixo do olho esquerdo de
Hórus representam as lágrimas de dor e sofrimento e correspondem aos padrões
de plumagem do falcão. O olho de Hórus era a união do olho humano com a
vista de um falcão, animal associado ao Deus.
- Professor existe no Egito um templo dedicado a Hórus não é..
- Sim o templo de Hórus fica em Edfu é um dos mais bem preservados e também
um dos mais novos do Egito. O soberano Ptolomeu I iniciou a construção do
templo em 237 a.C., e ele só foi concluído cerca de duzentos anos depois. O
edifício foi erigido no estilo das antigas estruturas religiosas do Nilo, apesar de
ter sido construído mais de 2.000 anos depois que os reis egípcios criaram
templos em Karnak, Luxor e Abidos.
- E como é o Templo de Hórus.
- Ele possui uma entrada alta que é decorada com uma grande imagem de um dos
líderes gregos do Egito puxando os cabelos de seus inimigos sob o olhar atento
de Hator e Hórus. As doze colunas na primeira sala do templo realçam várias
áreas distintas, incluindo uma chamada de "biblioteca", por ter uma lista de
livros esculpida na pedra. Mas essa palestra não é sobre templos antigos.
- Professor Yuy, Hator era a guardiã de Hórus não é.
- Hator era guardiã do deus Hórus quando ele era jovem e mais tarde tornou-se
sua esposa. A deusa Hator representava o amor e o bem. Sua imagem está
presente em muitos dos antigos templos egípcios. Ela aparecia ora como uma
vaca, ora como uma mulher com cabeça de vaca, ora como uma mulher com
chifres de vaca. Mais alguma pergunta?
- Anúbis era o guardião dos morto, mas ele também era considerado filho de
Osíris, então ele era irmão de Hórus.
- Sim, mas Hórus era filho de Osíris e Isis, enquanto Anúbis era filho de Osíris e
Néftis, criado por Ísis. Anúbis era o deus dos mortos e dos embalsamadores de
múmias. Ao contrario do que se pensa o deus Anúbis era um Chacal e não um
cachorro. O fato do deus ser um chacal é porque nas áreas das necrópoles em
torno de Abidos, onde era enterrado os mortos, viviam e ainda vivem os chacais.
Ele guarda o corpo na tumba e executa os intricados processos de mumificação.
Após o embalsamento completo do morto, o deus Anúbis conduz o morto na
Sala do Julgamento para a cerimônia de pesagem do coração. Perguntas?
- É verdade que Anúbis possuía um cajado ornado em ouro, com uma pedra negra
conhecido como o Olho de Anúbis, onde se acredita estão reunidos todos os seus
poderes.
Todos ficaram em silencio olhando para o rapaz de cabelos compridos, Heero olhou para o
rapaz a sua frente ele tentara ignora-lo desde que ele chegara por algum motivo ele o
deixava nervoso, não somente pela beleza exótica para um homem, mas pelo fato de que
parecia que ele o conhecia de algum lugar. E agora ele perguntava sobre o Olho de Anúbis,
uma lenda que poucos arqueólogos e historiadores acreditavam. Duo ficou olhando para o
palestrante, ele sabia que não deveria ter feito aquela pergunta ali, ele sentia todos os olhos
do auditório sobre si, ele planejara falar a sós com o Sr Yuy e não ali no meio de uma
palestra para estudantes, ele sentiu Une se inclinar e falar em seu ouvido, ele olhou para ela
e concordou. Duo não sabia se Heero iria responder a sua pergunta, mas ele precisava de
respostas e aquele não era o momento e nem a forma correta de obtê-las.
- Maxwell, não devia perguntar isso aqui.
- Eu sei.
- Professor Yuy me desculpe.
Heero viu o rapaz e a mulher que o acompanhava cochichando, viu o rapaz balançar a
cabeça concordando com algo, logo após ouviu-o pedindo desculpas, e os dois se
levantarem para sair, Heero sentiu os alunos e Trowa olharem para ele a espera de uma
reação sua. O que ele deveria dizer que não acreditava em tal artefato existisse, que tudo
não passava de uma fabula, que isso era tão ridículo quanto afirmar que o filho do faraó
Menés era filho de Anúbis. Mas ele acreditava que ele existia, não o filho de Anúbis, mas o
cajado ornado em ouro O Olho de Anúbis, mas se ele fizesse isso sua carreira estaria em
perigo, e desde quando ele se importava com isso.
- Quem é você?
Duo e Une estavam quase saindo do auditório quando eles ouviram a voz fria do Professor
Yuy. Duo se virou olhou para Heero deu um ligeiro sorriso e retirou os óculos, Duo pode
ouvir pequenas exclamações de admiração a sua volta, ele sabia o porque, Duo costumava
usar sempre óculos de lentes escuras para esconder seus olhos, não por que não gostasse da
cor deles, mas por que sabia que eles costumavam chamar atenção, um rapaz com olhos da
cor de ametistas era algo raro.
- Eu me chamo Duo Maxwell, Sr Yuy e gostaria de falar com o Sr após a palestra
se for possível.
- Hn. Está bem.
Heero viu o jovem deixar o auditório, ele ficou imaginando o porque das exclamações das
alunas, afinal de onde estava não dava para ver a cor dos olhos do rapaz que acabara de
sair, deveriam ser muito bonitos para ter arrancado tão reação das alunas, Heero mal podia
esperar para descobrir o que Duo Maxwell queria lhe falar.
- Bem senhores vamos voltar a palestra.
Três horas depois, Heero respondia algumas perguntas dos poucos alunos que ainda
ficaram no auditório, quando Heero o viu entrar novamente no auditório, ele e a mulher que
o acompanhava se sentaram na ultima fileira, algumas alunas que ainda permaneciam no
auditório esperando outros colegas que tiravam duvidas com Heero, voltaram sua atenção
ao rapaz de olhos exóticos, algumas mais ousadas davam risinhos e acenavam, Duo se
controlava para não rir e retribuir as atenções direcionadas a ele, apenas as cumprimentou
com uma leve flexão da cabeça. Heero olhou para Trowa e sinalizou para ele, Trowa
balançou a cabeça e caminhou em direção a Duo Maxwell.
- Sr Maxwell.
- Sim.
- Eu me chamo Trowa Barton, o professor Yuy pediu-me que os levasse para sua
sala, ele logo se juntará a nós, acompanhe-me, por favor.
- Obrigado Sr Barton, esta é Lady Une minha assistente.
- Lady Une.
- Sr Barton.
Heero viu Trowa acompanha-los até sua sala no museu como havia pedido, ele Trowa se
conheciam a anos, por isso não era difícil para Trowa saber o que Heero queria dizer
mesmo quando não utilizava palavras. Heero deu por encerrava as perguntas, reuniu suas
coisas e foi em direção a sua sala. A sala de Heero não era muito grande, mas era funcional
como ele costumava dizer, a sala tinha três mesas, duas uma de frente para a outra e a
terceira próxima a janela, todas lotadas de papeis, objetos e alguns artefatos, um arquivo,
uma estante lotada de livros, um pequeno frigobar ao canto, uma bancada com uma pia e
alguns utensílios e uma cafeteira.
- Desejam tomar alguma coisa água, café ou um suco.
- Une?
- Aceitaria um pouco de água, obrigada.
- Nada para mim Sr Barton obrigado.
Trowa foi até um pequeno frigobar na sala, pegou uma garrafa de água, um copo e ofereceu
a assistente do Sr Maxwell, Duo olhava a sala com interesse, nunca vira tantos papeis
juntos, ele tentava imaginar se eles sabiam onde cada coisa estava, então se lembrou de seu
amigo no Cairo, Quatre Winner, Duo conhecerá Quatre em sua viagem ao Egito a quatro
meses, Duo estava dando uma volta pelo Museu do Cairo, estava quase na hora do museu
fechar quando Duo resolveu ir embora e viu um jovem loiro tentando carregar mais caixas
do que seus braços permitiam, inevitavelmente o jovem rapaz deixou algumas caixas
caírem espalhando seu conteúdo por todos os lados, Duo se aproximou e começou a ajudar
o rapaz a recolher os papeis espalhados e devolve-los as caixas. Duo sorriu quando lembrou
do olhar de gratidão do loirinho e do sorriso que ele deu, Duo se ofereceu para acompanha-
lo carregando alguma das caixas o que foi prontamente aceito, logo após o incidente eles se
encontraram novamente e acabaram se tornando amigos.
- Sr Barton, acha que causei algum inconveniente ao Sr Yuy, quanto a minha
pergunta.
- Bem Sr Maxwell não foi uma pergunta muito usual, e o Sr deixou os alunos
curiosos a respeito do fato, uma vez que deixou Heero sem palavras por um
momento e isso não costuma acontecer, deve imaginar que os alunos ficaram
interessados no assunto.
- Sinto muito não foi a minha intenção.
- Não há necessidade de se desculpar Sr Maxwell, agora me diga por que quer
saber sobre o Olho de Anúbis, e por que veio me procurar.
Heero estava parado na porta de sua sala ele havia acabado de chegar e ouvira parte da
conversa, realmente os alunos se mostraram interessados no assunto, mas Heero conseguira
voltar a atenção novamente para a palestra, fazendo os alunos esquecerem
momentaneamente o assunto. Duo observava o rapaz a sua frente ligeiramente mais alto
que ele, músculos bem definidos escondidos atrás de uma camisa azul claro de mangas
compridas, que realçavam a cor azul cobalto de seus olhos, Duo pensava como era possível
um professor ser tão atraente, todos os professores que tiveram eram velhos e feios.
"Se eu tivesse um professor desses, eu nunca mataria aula"
Duo balançou a cabeça para afastar os pensamentos não era o momento para ficar pensando
besteiras, ele tinha um trabalho a fazer, convencer o homem a sua frente a encontrar o Olho
de Anúbis. Heero esperou que o rapaz terminasse sua avaliação por que era isso que ele
estava fazendo, o olhando de cima a baixo, Heero notou que Duo pareceu gostar do que
havia visto pois um ligeiro sorriso havia se formado no canto de sua boca, logo depois o
rapaz balançou a cabeça como se ordenasse os pensamentos e então o jovem retirou os
óculos escuros e nesse instante os olhos de Heero se escureceram, agora Heero entendia o
por que a reação das alunas no auditório, Heero sentiu uma estranha sensação de
reconhecimento como se já houvesse visto aqueles olhos antes, mas olhos da cor de
ametistas não eram comuns ainda mais em homens, então aonde ele os havia visto. Por um
instante Duo viu o homem a sua frente franzir a testa como se tentasse se lembrar de algo e
seus olhos se tornarem mais escuros, Duo sabia que já havia visto aquela expressão e o tom
escuro daquelas esferas azuis, por que aquela sensação tão familiar, aquele calor correndo
por todo o seu corpo e aquela sensação de perda se eram a primeira vez que se
encontravam.
- Bem Sr Yuy, parece que temos um amigo em comum, foi ele quem me disse
para procura-lo. Ele me informou que se verdadeiramente o Olho de Anúbis
existir, o Sr seria capaz de encontra-lo.
- Um amigo em comum?
Heero tentava se lembra quem poderia ter sugerido seu nome.
"Um amigo ele disse, não poderia ser Trowa eles acabaram de se conhecer... a menos que
fosse."
- Quatre?
- Sim ele mesmo, nós nos conhecemos quando visitei o Egito e acabamos nos
tornando amigos. Ele me disse que Sr e um dos melhores, egiptólogo que ele
conhece.
- Quatre costuma ser um tanto quanto exagerado, mas isso ainda não explica o por
que dele ter sugerido o meu nome.
- E verdade, o assunto e um tanto quanto delicado será poderíamos marcar um
jantar para daqui a dois dias Sr Yuy, assim Quatre poderia estar presente.
- Hmmm, não vejo problemas nisso.
- Ótimo minha assistente ligará para o Sr, para marcamos o jantar. Obrigado e
desculpe-me pelo transtorno.
- Nos veremos daqui a dois dias então Sr Maxwell.
- Até lá então, Sr Barton.
Duo havia se levantado para sair, quando algo despertou sua atenção em uma das mesas,
um artefato corroído pelo tempo. Duo se aproximou da peça e passou os dedos por ela, uma
faca egípcia.
*Você era linda quando a recebi..*
Heero observava com interesse o rapaz de olhos violeta, ele parecia hipnotizado pela faca
quando ele começou a falar em uma língua diferente. Duo nem ao menos percebem que
enquanto admirava começou a falar em uma língua diferente.
- Heero.
- O que foi Trowa.
- Se não me engano ele está falando em egípcio.
- É eu notei, mas não é somente isso.
"Mas ele esta falando em um dialeto diferente do que se conhece.. "
Duo ainda observava a faca, quando alguém lhe falou, uma mulher vestida em trajes
brancos e ornada com um cinto e braceletes de ouro, ela tinha um longo cabelo castanho
claro e olhos violetas iguais aos seus.
- Isso deveria ser um presente.
- Hã?
- A faca seu pai mandou faze-la para você, mas você não deveria tê-la encontrado
mocinho, ainda é muito jovem para brincar com ela, quando chegar seu
aniversário você a receberá. Agora coloque-a no lugar temos que ir até o templo
de Amon.
- Amon?
- Sim se esqueceu que dia é hoje?
- Duo?
Duo soltou a faca e colocou uma das mãos na cabeça, sentiu alguém tocar-lhe o braço Duo
se virou e viu que a mão em seu braço era de sua assistente, ele olhou em volta e procurou a
mulher que falará com ele, a mulher que tinha os olhos da mesma cor que os seus, mas não
a encontrou viu apenas o Sr Yuy e o Sr Barton o olhando um tanto quanto surpresos.
- O que aconteceu Une?
- Você pegou a faca e ficou estranho Maxwell, começou a falar sozinho.
- O que eu disse?
- Eu não faço idéia, eu nunca ouvi esse tipo de dialeto antes.
- Sr Maxwell alguma vez já falou em egípcio.
- Não por que?
- Acredita-se que apenas a família do faraó falasse em um dialeto parecido com o
que acaba de pronunciar.
- Por acaso esta me dizendo que eu falei uma língua que apenas o faraó e sua
família usavam?
- E o que parece Sr Maxwell.
- Eu... acho melhor nós irmos Une. Desculpe-me pelo ocorrido, nos veremos em
dois dias senhores.
Heero e Trowa virão Duo Maxwell e sua assistente saírem da sala, eles não sabiam o que
tinha ocorrido, como era possível uma pessoa falar a língua dos faraós sem nunca tê-la
ouvido ou estudado isso era quase impossível. Além do fato que ele parecia conversar com
uma pessoa que não estava presente, Heero estava intrigado e curioso e não descansaria até
descobrir quem era realmente Duo Maxwell. Duo não sabia o que fazer como aqui tinha
acontecido, quem era aquela mulher e por que ele havia falado em uma língua que ele
nunca ouvira, por que essas coisas tinham que acontecer com ele.
" Por que aquela faca me era tão familiar, era como se eu já a tivesse visto antes, eu
poderia descrevê-la de olhos fechados. Mas essa foi a primeira vez que eu há vi, isso não
podia ter acontecido não na frente deles, por Deus eles devem achar que eu sou louco.."
Une olhava para seu chefe era a primeira vez que o via desse jeito, ela sabia que ele estava
tendo alguns problemas, Duo sempre se recusava a falar sobre o que estava acontecendo,
nos últimos dias ele anda cansado e freqüentemente perdia a hora, se atrasando para
reuniões e as vezes nem aparecendo a elas. Mas o que tinha acontecido a pouco a deixara
preocupada, seja lá o que estivesse acontecendo estava acabando com ele.
- Desculpe-me Une.
- Tudo bem Maxwell, melhor voltarmos ao hotel assim você descansa um pouco.
- Obrigado.
Duo ainda tentava entender o que teria acontecido, a única coisa em que pensava e que
nunca deveria ter ido ao Egito, mas ele não descansaria até descobrir o que estava havendo
com ele, e por que encontrar o Olho de Anúbis era tão importante.
Continua...
