Herança Egípcia

Capitulo I – Lembranças ou Alucinações

Museu de Londres

Palestra sobre Deuses do Egito Antigo

Palestrante Profº Heero Yuy – Egiptólogo e Historiador

Horário 08:30 hs.

- Já começou.

- Sim Maxwell a pelo menos 40 minutos.

- Então vamos.

Um jovem com uma longa trança usando óculos escuros, vestindo uma calça cinza, sapatos

pretos e uma blusa branca de mangas compridas dobradas um pouco acima do pulso,

caminhava pelo corredor do museu em direção ao auditório onde neste momento estava

acontecendo uma palestra sobre os Deuses do Egito Antigo, o jovem deveria ter chegado à

uma hora atrás, mas novamente ele tinha sido atormentado por pesadelos que o fizeram

perder o vôo dos Estados Unidos até Londres. Ele sempre tivera uma vida tranqüila sem

maiores preocupações, herdeiro de uma família muito rica, bonito, inteligente, mas no

período de quatro meses sua vida havia mudado, ele sempre fora apaixonado por

civilizações antigas, principalmente pelos egípcios, sua cultura, arte e historia foi o que o

levará a visitar o Egito há quatro meses e foi quando seus pesadelos começaram, mesmo

acordado ele tinha visões e ouvi vozes, ele havia procurado um médico achando que talvez

ele estivesse estressado e abalado pela morte repentina de seus pais, mas os exames não

acusaram nenhuma anormalidade, então uma noite enquanto caminhava pelas ruas da

Califórnia, um homem velho o parou e disse-lhe para procurar o Olho de Anúbis, nas terras

do antigo faraó Menés.

"O que está acontecendo comigo, será que enlouqueci, não consigo dormir se não for à

base de remédios e mesmo acordado tenho que tomar comprimidos para evitar ter

alucinações, não posso conversar com ninguém sem ser chamado de maluco, meu medico

diz que não existe nada de errado comigo, minha psicóloga diz que estou sofrendo do que

ela chama de negação pós-traumatica pela morte de meus pais que como não consigo

aceitar o fato de eles morreram meu subconsciente criou um refugio me prendendo em mim

mesmo, embora isso não faça nenhum sentido para mim, e novamente estou atrasado para

o jantar porque decidi ontem à tarde não tomar mais os medicamentos que ela receitou e

as alucinações retornaram e como o Ethan costuma disse eu me desliguei do mundo por

uma hora e por uma hora eu não me lembro de nada que me aconteceu.

Droga o que a aquele senhor está tentando fazer se mata.r"

Um velho estava tentando atravessar a pista com o sinal aberto, os carros da rua estavam se

desviando, mas a qualquer momento ele poderia ser atropelado, Duo correu até o senhor e o

pegou pelo braço fazendo sinal para os carros diminuírem a velocidade e torcendo para

nenhum deles os atingirem.

- Hei! Vovô, não pode atravessar a rua com o sinal aberto.

- Eu o estava procurando jovem senhor.

- Procurando-me, tudo bem vovô venha vamos sair do meio da rua.

- Não o tempo esta se acabando eu prometi a seu pai encontra-lo.

- O senhor deve estar me confundindo com outra pessoa, meus pais morreram há

um mês, logo meu pai não pode tê-lo pedido para me encontrar.

- Ele me pediu para encontra-lo e manda-lo encontrar o Olho de Anúbis.

- O Olho de Anúbis?

- Você esteve no Egito há quatro meses, e desde que deixou o país tem tido visões

e ouvido vozes que não compreende não é.

- Como sabe disso.

- O sangue dele corre em você, você deve encontrar o Olho e então saberá o que

as visões e as vozes significam.

Duo estava tentando levar o velho para a calçada, mas o velho não se mexia, ele ouvia

atentamente o que o velho lhe dizia, ignorando tudo ao seu redor ele não ouvia e não via

nada, apenas a voz do velho a sua frente, quando alguém tocou seu braço Duo olhou, e

ouviu o som das buzinas dos carros parados e viu Ethan olhando para ele, Duo olhou para

mão que segurava o braço do velho e o mesmo havia desaparecido, Ethan o tirou do meio

da rua e perguntou o que estava fazendo, por que ele estava parado no meio da rua e

falando sozinho. Duo não soube o que dizer ele havia visto o velho atravessando a rua,

havia tocado nele e ouvido sua voz, como o velho havia desaparecido, foi então que Duo

sentiu algo dentro de sua mão, ele a abriu e havia um anel de ouro, com uma pequena pedra

negra no formato de um escaravelho. Ethan olhou para seu amigo, ele parecia perdido,

como que tentando entender o que estava acontecendo, Ethan olhou para a mão do amigo e

viu que Duo segurava um anel na mão. Ethan se assustará quando virá Duo atravessar a rua

correndo como se fosse ajudar alguém, ele parecia em transe, ele começara a chama seu

amigo, mas Duo parecia não ouvir a voz de ninguém, foi quando ele decidiu ir até ele antes

que algum policial aparecesse e ele fosse preso, eles haviam combinado de jantarem juntos,

e Duo estava atrasado, ele se lembrara que o amigo havia dito que iria parar de tomar os

medicamentos, então resolveu ir procura-lo e verificar se Duo estava bem, uma vez que ele

não atendia o celular e no apartamento o informaram que ele havia saído para caminhar e

ainda não retornará.

- Duo venha eu vou te levar para casa.

- Obrigado Ethan.

Ethan e Duo caminharam até o apartamento onde Duo morava, ao chegarem foram

recepcionados por Howard um antigo empregado dos Maxwell's, Duo entrou e deu um

sorriso forçado, na verdade ele estava se sentindo cansado não fisicamente, mas

psicologicamente suas visões o estavam desgastando emocionalmente e a cada dia elas se

tornavam mais e mais reais.

- Ethan eu vou tomar um banho e a gente sai para jantar.

- Acho melhor você não ir a lugar algum Duo, você me parece cansado demais.

- Mas nós ficamos de comemorar sua promoção Ethan e não seria justo

cancelarmos apenas por um problema sem importância.

- Não acredito que seja sem importância Duo, você poderia ter sido atropelado ou

ate mesmo preso. Vamos fazer o seguinte, você toma um banho enquanto eu

encomendo umas pizzas, e enquanto bebemos um bom vinho nós conversamos

está bem.

- Você tem certeza, eu não me importo em sair para jantar.

- Tudo bem será bem melhor assim alem do mais é você quem vai pagar as pizzas

e fornecer o vinho então estamos quites.

- Está certo vou tomar uma ducha rápida enquanto você encomenda as pizzas.

- O que aconteceu Sr Evans.

- Eu o encontrei no meio da rua falando sozinho Howard.

- No meio da rua?

- Sim por pouco ele não foi atropelado, eu não sei o que esta havendo com o Duo,

mas o problema parece ser serio.

- Eu pensei que os remédios estivessem funcionando.

- Ele parou de tomar os medicamentos ontem.

- Por que?

- Duo não quer ter sua vida controlada por medicamentos, mas acho que seria

melhor ele procurar ajuda antes que se machuque. Melhor eu ligar para a

pizzaria, logo ele vai sair do banho.

- Vou providenciar o vinho, com licença sr Evans.

- Obrigado Howard.

Duo colocou o anel em cima da cômoda, retirou suas roupas e entrou em baixo do chuveiro

frio, sua cabeça latejava devido aos acontecimentos recentes, ele tentava encontrar uma

explicação lógica para o que tinha acontecido na rua, ele tinha certeza do que viu e ouviu e

a prova concreta de que não estava enlouquecendo era o anel com a pedra negra em forma

de escaravelho em cima da cômoda, então por que ninguém alem dele viu aquele homem e

para onde ele havia ido e como sabia que ele havia estado no Egito há alguns meses. Tantas

perguntas e nenhuma resposta, talvez seu amigo no Cairo pudesse ajuda-lo de alguma

maneira.

"Talvez ele consiga descobrir de onde veio este anel e o que significa, no momento e

melhor eu sair do banho antes de Ethan ou Howard achem que eu tive outra alucinação e

venham me ver."

- Duo?

- Hã?

- Você esta bem?

- Desculpe Une, o que você falou?

- Disse que chegamos, a palestra e neste auditório, vamos entrar.

- Sim vamos.

Duo e sua assistente entraram no auditório onde estava ocorrendo a palestra sobre Deuses

do Egito Antigo, eles desejavam se sentar na ultima fileira para não atrapalharem e não

chamarem muito a atenção, o que foi impossível, uma vez que o auditório estava

parcialmente cheio e maioria das pessoas estavam sentadas nas ultimas fileiras, a palestra

era para os estudantes de arqueologia de duas faculdades, eles pararam na entrada

procurando um lugar onde houvesse duas cadeiras, Une apontou para frente o único lugar

em que haviam lugares vagos, Duo sacudiu a cabeça concordando, ele não queria sentar lá

na frente, mas se não tinha outro jeito, ele fez sinal para que sua assistente fosse na frente

enquanto ele a seguia, as pessoas em volta olhavam curiosas para os dois, as meninas

principalmente olhavam extasiadas para o rapaz de cabelo comprido, ele era alto, com

ombros largos e uma longa trança que ia até pouco abaixo da cintura. Duo podia sentir os

olhares sobre si, isso era o que menos desejava atrapalhar a apresentação do homem em

cima do palco, Duo notou que o homem havia ficado um tanto quando aborrecido, ele não

lhe tirava a razão a pior coisa que existe é quando você esta falando e alguém o interrompe,

eles tiveram que passar por três pessoas na fileira antes de chegarem aos assentos vagos.

Duo prestava atenção no homem a sua frente, ele era bonito, traços orientais, cabelos

castanhos escuros e olhos azuis escuros, Duo olhou em volta e percebeu que muitos

estavam mais interessados na beleza do palestrante do que na palestra em si, Duo tinha que

concorda o palestrante era realmente interessante, mas ele não havia ido lá para admirar a

beleza dele é sim para resolver uma parte de seus problemas.

- Na cosmologia egípcia Hórus, é filho de Ísis e Osíris. Ele matou Set, o assassino

de Osíris. Mais tarde também se acreditou que fosse o filho de Ra, e Hórus

passou a ser freqüentemente representado como um falcão.

Acreditava-se que o olho de Hórus, perdido no combate contra Set, tinha

propriedades mágicas.

- Professor!

- Sim diga.

- É verdade que O olho de Hórus (udyat) era considerado um dos mais poderosos

amuletos daquela época.

- Sim o mesmo era usado, em vida, para afugentar o mau-olhado e os males

externos que poderiam atacar os humanos e, após a morte contra o infortúnio no

Além. Segundo uma lenda, o olho esquerdo de Hórus simbolizava a Lua e o

direito, o Sol. Durante uma luta, o Deus Set arrancou o olho esquerdo de Hórus,

o qual foi substituído por este amuleto. As linhas abaixo do olho esquerdo de

Hórus representam as lágrimas de dor e sofrimento e correspondem aos padrões

de plumagem do falcão. O olho de Hórus era a união do olho humano com a

vista de um falcão, animal associado ao Deus.

- Professor existe no Egito um templo dedicado a Hórus não é..

- Sim o templo de Hórus fica em Edfu é um dos mais bem preservados e também

um dos mais novos do Egito. O soberano Ptolomeu I iniciou a construção do

templo em 237 a.C., e ele só foi concluído cerca de duzentos anos depois. O

edifício foi erigido no estilo das antigas estruturas religiosas do Nilo, apesar de

ter sido construído mais de 2.000 anos depois que os reis egípcios criaram

templos em Karnak, Luxor e Abidos.

- E como é o Templo de Hórus.

- Ele possui uma entrada alta que é decorada com uma grande imagem de um dos

líderes gregos do Egito puxando os cabelos de seus inimigos sob o olhar atento

de Hator e Hórus. As doze colunas na primeira sala do templo realçam várias

áreas distintas, incluindo uma chamada de "biblioteca", por ter uma lista de

livros esculpida na pedra. Mas essa palestra não é sobre templos antigos.

- Professor Yuy, Hator era a guardiã de Hórus não é.

- Hator era guardiã do deus Hórus quando ele era jovem e mais tarde tornou-se

sua esposa. A deusa Hator representava o amor e o bem. Sua imagem está

presente em muitos dos antigos templos egípcios. Ela aparecia ora como uma

vaca, ora como uma mulher com cabeça de vaca, ora como uma mulher com

chifres de vaca. Mais alguma pergunta?

- Anúbis era o guardião dos morto, mas ele também era considerado filho de

Osíris, então ele era irmão de Hórus.

- Sim, mas Hórus era filho de Osíris e Isis, enquanto Anúbis era filho de Osíris e

Néftis, criado por Ísis. Anúbis era o deus dos mortos e dos embalsamadores de

múmias. Ao contrario do que se pensa o deus Anúbis era um Chacal e não um

cachorro. O fato do deus ser um chacal é porque nas áreas das necrópoles em

torno de Abidos, onde era enterrado os mortos, viviam e ainda vivem os chacais.

Ele guarda o corpo na tumba e executa os intricados processos de mumificação.

Após o embalsamento completo do morto, o deus Anúbis conduz o morto na

Sala do Julgamento para a cerimônia de pesagem do coração. Perguntas?

- É verdade que Anúbis possuía um cajado ornado em ouro, com uma pedra negra

conhecido como o Olho de Anúbis, onde se acredita estão reunidos todos os seus

poderes.

Todos ficaram em silencio olhando para o rapaz de cabelos compridos, Heero olhou para o

rapaz a sua frente ele tentara ignora-lo desde que ele chegara por algum motivo ele o

deixava nervoso, não somente pela beleza exótica para um homem, mas pelo fato de que

parecia que ele o conhecia de algum lugar. E agora ele perguntava sobre o Olho de Anúbis,

uma lenda que poucos arqueólogos e historiadores acreditavam. Duo ficou olhando para o

palestrante, ele sabia que não deveria ter feito aquela pergunta ali, ele sentia todos os olhos

do auditório sobre si, ele planejara falar a sós com o Sr Yuy e não ali no meio de uma

palestra para estudantes, ele sentiu Une se inclinar e falar em seu ouvido, ele olhou para ela

e concordou. Duo não sabia se Heero iria responder a sua pergunta, mas ele precisava de

respostas e aquele não era o momento e nem a forma correta de obtê-las.

- Maxwell, não devia perguntar isso aqui.

- Eu sei.

- Professor Yuy me desculpe.

Heero viu o rapaz e a mulher que o acompanhava cochichando, viu o rapaz balançar a

cabeça concordando com algo, logo após ouviu-o pedindo desculpas, e os dois se

levantarem para sair, Heero sentiu os alunos e Trowa olharem para ele a espera de uma

reação sua. O que ele deveria dizer que não acreditava em tal artefato existisse, que tudo

não passava de uma fabula, que isso era tão ridículo quanto afirmar que o filho do faraó

Menés era filho de Anúbis. Mas ele acreditava que ele existia, não o filho de Anúbis, mas o

cajado ornado em ouro O Olho de Anúbis, mas se ele fizesse isso sua carreira estaria em

perigo, e desde quando ele se importava com isso.

- Quem é você?

Duo e Une estavam quase saindo do auditório quando eles ouviram a voz fria do Professor

Yuy. Duo se virou olhou para Heero deu um ligeiro sorriso e retirou os óculos, Duo pode

ouvir pequenas exclamações de admiração a sua volta, ele sabia o porque, Duo costumava

usar sempre óculos de lentes escuras para esconder seus olhos, não por que não gostasse da

cor deles, mas por que sabia que eles costumavam chamar atenção, um rapaz com olhos da

cor de ametistas era algo raro.

- Eu me chamo Duo Maxwell, Sr Yuy e gostaria de falar com o Sr após a palestra

se for possível.

- Hn. Está bem.

Heero viu o jovem deixar o auditório, ele ficou imaginando o porque das exclamações das

alunas, afinal de onde estava não dava para ver a cor dos olhos do rapaz que acabara de

sair, deveriam ser muito bonitos para ter arrancado tão reação das alunas, Heero mal podia

esperar para descobrir o que Duo Maxwell queria lhe falar.

- Bem senhores vamos voltar a palestra.

Três horas depois, Heero respondia algumas perguntas dos poucos alunos que ainda

ficaram no auditório, quando Heero o viu entrar novamente no auditório, ele e a mulher que

o acompanhava se sentaram na ultima fileira, algumas alunas que ainda permaneciam no

auditório esperando outros colegas que tiravam duvidas com Heero, voltaram sua atenção

ao rapaz de olhos exóticos, algumas mais ousadas davam risinhos e acenavam, Duo se

controlava para não rir e retribuir as atenções direcionadas a ele, apenas as cumprimentou

com uma leve flexão da cabeça. Heero olhou para Trowa e sinalizou para ele, Trowa

balançou a cabeça e caminhou em direção a Duo Maxwell.

- Sr Maxwell.

- Sim.

- Eu me chamo Trowa Barton, o professor Yuy pediu-me que os levasse para sua

sala, ele logo se juntará a nós, acompanhe-me, por favor.

- Obrigado Sr Barton, esta é Lady Une minha assistente.

- Lady Une.

- Sr Barton.

Heero viu Trowa acompanha-los até sua sala no museu como havia pedido, ele Trowa se

conheciam a anos, por isso não era difícil para Trowa saber o que Heero queria dizer

mesmo quando não utilizava palavras. Heero deu por encerrava as perguntas, reuniu suas

coisas e foi em direção a sua sala. A sala de Heero não era muito grande, mas era funcional

como ele costumava dizer, a sala tinha três mesas, duas uma de frente para a outra e a

terceira próxima a janela, todas lotadas de papeis, objetos e alguns artefatos, um arquivo,

uma estante lotada de livros, um pequeno frigobar ao canto, uma bancada com uma pia e

alguns utensílios e uma cafeteira.

- Desejam tomar alguma coisa água, café ou um suco.

- Une?

- Aceitaria um pouco de água, obrigada.

- Nada para mim Sr Barton obrigado.

Trowa foi até um pequeno frigobar na sala, pegou uma garrafa de água, um copo e ofereceu

a assistente do Sr Maxwell, Duo olhava a sala com interesse, nunca vira tantos papeis

juntos, ele tentava imaginar se eles sabiam onde cada coisa estava, então se lembrou de seu

amigo no Cairo, Quatre Winner, Duo conhecerá Quatre em sua viagem ao Egito a quatro

meses, Duo estava dando uma volta pelo Museu do Cairo, estava quase na hora do museu

fechar quando Duo resolveu ir embora e viu um jovem loiro tentando carregar mais caixas

do que seus braços permitiam, inevitavelmente o jovem rapaz deixou algumas caixas

caírem espalhando seu conteúdo por todos os lados, Duo se aproximou e começou a ajudar

o rapaz a recolher os papeis espalhados e devolve-los as caixas. Duo sorriu quando lembrou

do olhar de gratidão do loirinho e do sorriso que ele deu, Duo se ofereceu para acompanha-

lo carregando alguma das caixas o que foi prontamente aceito, logo após o incidente eles se

encontraram novamente e acabaram se tornando amigos.

- Sr Barton, acha que causei algum inconveniente ao Sr Yuy, quanto a minha

pergunta.

- Bem Sr Maxwell não foi uma pergunta muito usual, e o Sr deixou os alunos

curiosos a respeito do fato, uma vez que deixou Heero sem palavras por um

momento e isso não costuma acontecer, deve imaginar que os alunos ficaram

interessados no assunto.

- Sinto muito não foi a minha intenção.

- Não há necessidade de se desculpar Sr Maxwell, agora me diga por que quer

saber sobre o Olho de Anúbis, e por que veio me procurar.

Heero estava parado na porta de sua sala ele havia acabado de chegar e ouvira parte da

conversa, realmente os alunos se mostraram interessados no assunto, mas Heero conseguira

voltar a atenção novamente para a palestra, fazendo os alunos esquecerem

momentaneamente o assunto. Duo observava o rapaz a sua frente ligeiramente mais alto

que ele, músculos bem definidos escondidos atrás de uma camisa azul claro de mangas

compridas, que realçavam a cor azul cobalto de seus olhos, Duo pensava como era possível

um professor ser tão atraente, todos os professores que tiveram eram velhos e feios.

"Se eu tivesse um professor desses, eu nunca mataria aula"

Duo balançou a cabeça para afastar os pensamentos não era o momento para ficar pensando

besteiras, ele tinha um trabalho a fazer, convencer o homem a sua frente a encontrar o Olho

de Anúbis. Heero esperou que o rapaz terminasse sua avaliação por que era isso que ele

estava fazendo, o olhando de cima a baixo, Heero notou que Duo pareceu gostar do que

havia visto pois um ligeiro sorriso havia se formado no canto de sua boca, logo depois o

rapaz balançou a cabeça como se ordenasse os pensamentos e então o jovem retirou os

óculos escuros e nesse instante os olhos de Heero se escureceram, agora Heero entendia o

por que a reação das alunas no auditório, Heero sentiu uma estranha sensação de

reconhecimento como se já houvesse visto aqueles olhos antes, mas olhos da cor de

ametistas não eram comuns ainda mais em homens, então aonde ele os havia visto. Por um

instante Duo viu o homem a sua frente franzir a testa como se tentasse se lembrar de algo e

seus olhos se tornarem mais escuros, Duo sabia que já havia visto aquela expressão e o tom

escuro daquelas esferas azuis, por que aquela sensação tão familiar, aquele calor correndo

por todo o seu corpo e aquela sensação de perda se eram a primeira vez que se

encontravam.

- Bem Sr Yuy, parece que temos um amigo em comum, foi ele quem me disse

para procura-lo. Ele me informou que se verdadeiramente o Olho de Anúbis

existir, o Sr seria capaz de encontra-lo.

- Um amigo em comum?

Heero tentava se lembra quem poderia ter sugerido seu nome.

"Um amigo ele disse, não poderia ser Trowa eles acabaram de se conhecer... a menos que

fosse."

- Quatre?

- Sim ele mesmo, nós nos conhecemos quando visitei o Egito e acabamos nos

tornando amigos. Ele me disse que Sr e um dos melhores, egiptólogo que ele

conhece.

- Quatre costuma ser um tanto quanto exagerado, mas isso ainda não explica o por

que dele ter sugerido o meu nome.

- E verdade, o assunto e um tanto quanto delicado será poderíamos marcar um

jantar para daqui a dois dias Sr Yuy, assim Quatre poderia estar presente.

- Hmmm, não vejo problemas nisso.

- Ótimo minha assistente ligará para o Sr, para marcamos o jantar. Obrigado e

desculpe-me pelo transtorno.

- Nos veremos daqui a dois dias então Sr Maxwell.

- Até lá então, Sr Barton.

Duo havia se levantado para sair, quando algo despertou sua atenção em uma das mesas,

um artefato corroído pelo tempo. Duo se aproximou da peça e passou os dedos por ela, uma

faca egípcia.

*Você era linda quando a recebi..*

Heero observava com interesse o rapaz de olhos violeta, ele parecia hipnotizado pela faca

quando ele começou a falar em uma língua diferente. Duo nem ao menos percebem que

enquanto admirava começou a falar em uma língua diferente.

- Heero.

- O que foi Trowa.

- Se não me engano ele está falando em egípcio.

- É eu notei, mas não é somente isso.

"Mas ele esta falando em um dialeto diferente do que se conhece.. "

Duo ainda observava a faca, quando alguém lhe falou, uma mulher vestida em trajes

brancos e ornada com um cinto e braceletes de ouro, ela tinha um longo cabelo castanho

claro e olhos violetas iguais aos seus.

- Isso deveria ser um presente.

- Hã?

- A faca seu pai mandou faze-la para você, mas você não deveria tê-la encontrado

mocinho, ainda é muito jovem para brincar com ela, quando chegar seu

aniversário você a receberá. Agora coloque-a no lugar temos que ir até o templo

de Amon.

- Amon?

- Sim se esqueceu que dia é hoje?

- Duo?

Duo soltou a faca e colocou uma das mãos na cabeça, sentiu alguém tocar-lhe o braço Duo

se virou e viu que a mão em seu braço era de sua assistente, ele olhou em volta e procurou a

mulher que falará com ele, a mulher que tinha os olhos da mesma cor que os seus, mas não

a encontrou viu apenas o Sr Yuy e o Sr Barton o olhando um tanto quanto surpresos.

- O que aconteceu Une?

- Você pegou a faca e ficou estranho Maxwell, começou a falar sozinho.

- O que eu disse?

- Eu não faço idéia, eu nunca ouvi esse tipo de dialeto antes.

- Sr Maxwell alguma vez já falou em egípcio.

- Não por que?

- Acredita-se que apenas a família do faraó falasse em um dialeto parecido com o

que acaba de pronunciar.

- Por acaso esta me dizendo que eu falei uma língua que apenas o faraó e sua

família usavam?

- E o que parece Sr Maxwell.

- Eu... acho melhor nós irmos Une. Desculpe-me pelo ocorrido, nos veremos em

dois dias senhores.

Heero e Trowa virão Duo Maxwell e sua assistente saírem da sala, eles não sabiam o que

tinha ocorrido, como era possível uma pessoa falar a língua dos faraós sem nunca tê-la

ouvido ou estudado isso era quase impossível. Além do fato que ele parecia conversar com

uma pessoa que não estava presente, Heero estava intrigado e curioso e não descansaria até

descobrir quem era realmente Duo Maxwell. Duo não sabia o que fazer como aqui tinha

acontecido, quem era aquela mulher e por que ele havia falado em uma língua que ele

nunca ouvira, por que essas coisas tinham que acontecer com ele.

" Por que aquela faca me era tão familiar, era como se eu já a tivesse visto antes, eu

poderia descrevê-la de olhos fechados. Mas essa foi a primeira vez que eu há vi, isso não

podia ter acontecido não na frente deles, por Deus eles devem achar que eu sou louco.."

Une olhava para seu chefe era a primeira vez que o via desse jeito, ela sabia que ele estava

tendo alguns problemas, Duo sempre se recusava a falar sobre o que estava acontecendo,

nos últimos dias ele anda cansado e freqüentemente perdia a hora, se atrasando para

reuniões e as vezes nem aparecendo a elas. Mas o que tinha acontecido a pouco a deixara

preocupada, seja lá o que estivesse acontecendo estava acabando com ele.

- Desculpe-me Une.

- Tudo bem Maxwell, melhor voltarmos ao hotel assim você descansa um pouco.

- Obrigado.

Duo ainda tentava entender o que teria acontecido, a única coisa em que pensava e que

nunca deveria ter ido ao Egito, mas ele não descansaria até descobrir o que estava havendo

com ele, e por que encontrar o Olho de Anúbis era tão importante.



Continua...