Herança Egípcia
Nota da Autora:
Gente eu utilizo a fonte Nerfechichi Dingbats para exemplificar as falas dos personagens que representam o Egito Antigo, sendo que no caso o site não suporta este tipo de fonte. Sendo assim em alguns trechos da fic aparece duplicadas algumas falas.
Capitulo IV –Sentimentos Adormecidos
Duo olhou para o relógio que marcava 05h30min , e decidiu levantar-se da cama. Sua cabeça doía terrivelmente, pois não havia conseguido dormir direito, depois de tudo o que havia acontecido na noite anterior. Em conseqüências dos fatos, eles acabaram não saindo e jantaram no hotel. Duo caminhou até a janela e olhou para fora, o ar gelado penetrou em seus pulmões e arrepiou sua pele. Ele precisava saber o que havia acontecido. As palavras daquela mulher não saiam de sua mente.
***Flashback.***
- Quem virá?
"Quem virá?"- Quando você retornar a sua terra e encontrar a sua herança... quando a lua estiver coberta pelas nuvens e a areia pela névoa, ele chegara para reivindicar o que é seu por direito.
"Quando você retornar a sua terra e encontrar a sua herança... quando a lua estiver coberta pelas nuvens e a areia pela névoa, ele chegara para reivindicar o que é seu por direito".
- Reivindicar o quê?
"Reivindicar o quê?".
- Não esqueça meu filho, o sangue dele correr em seu corpo.
"Não esqueça meu filho, o sangue dele correr em seu corpo."
***Fim Flashback ***
"De quem ela falava? Quem virá? E o sangue de quem corre em meu corpo?".
Duo foi até o banheiro lavar o rosto, precisava sair um pouco para pensar. Ele foi até o armário e retirou um moletom preto, uma camiseta branca e um casaco cinza; vestindo as roupas, calçou um tênis, pegou uma toalha pequena e uma garrafa de água no frigobar. Saiu do quarto e foi até a recepção do hotel, para deixar um recado á sua assistente e para Quatre. Decidira correr um pouco, pois sabia que o exercício lhe faria bem.
Ele caminhou até o parque Lane, que ficava próximo ao hotel. Fez um alongamento, esticando o corpo e as pernas, e começou a correr pelas pistas de corrida. Enquanto praticava o exercício, tentava entender o porque disso tudo estar acontecendo; tudo começara com sua visita ao Egito alguns meses atrás.
"Talvez eu deva voltar ao Egito e tentar descobri o que está acontecendo. Nunca mais voltei aquele país, talvez minha ida esclareça mais minhas visões".
O jovem milionário estava tão distraído com seus pensamentos, que não viu uma bicicleta vindo em sua direção e acabou colidindo com ela. Como estava num das partes altas do parque, ele caiu no chão, rolando pela ribanceira, batendo o abdômen contra uma árvore, ao final da descida. Assim que seu corpo se chocou com a árvore, gritou de dor. A pessoa da bicicleta olhou para o rapaz rolando e colidindo com a árvore, enquanto descia correndo para ajuda-lo, pois se sentia culpado, pois estava tão distraído, que não notou o corredor, até que estava em cima dele, não sendo possível evitar o choque.
Duo ainda estava caído no chão, gemendo de dor e abraçando a barriga, que doía terrivelmente. Tentou se levantar, mas a dor não permitiu. Parecia que havia levado um soco na boca do estômago, e ficou feliz de não ter comido nada ou teria colocado tudo para fora no momento do impacto. Ele ainda estava abraçando o corpo, quando sentiu alguém agachar ao seu lado e perguntar se estava bem; ele conhecia aquela voz, tinha ouvido-a há poucos dias. Duo levantou a cabeça para encontrar um par de íris azul cobalto o encarando, com uma expressão que parecia um misto entre preocupação, surpresa e algo que não conseguiu identificar.
- Meu abdômen e peito doem, fora isso eu acho que estou bem.
- Eu sinto muito, não o vi.
- Tudo bem, eu também estava distraído.
Duo tentou se sentar e foi ajudado por Heero. Ele sentiu seu corpo pegando fogo, quando sentiu o contato daquelas mãos em seu corpo. Mesmo estando vestido, ele podia sentir o calor delas passar por sobre a roupa e tocar-lhe a pele. Heero encarou a íris violeta, notando que o rosto do rapaz estava sujo de lama, e sem pensar, passou sua mão no belo rosto, tirando a sujeira. Duo ficou olhando Heero enquanto ele tocava seu rosto, sentindo o toque em sua pele, um toque que não lhe era desconhecido, algo que o fazia lembrar alguém. Heero não sabia o porquê de estar limpando o rosto do homem a sua frente. Ele estava adorável com o rosto sujo, e podia sentir como se já tivesse vivido aquela cena antes. O olhar violeta parecia queimar-lhe a pele, fazendo-o se sentir com calor, apesar dos 10º graus que deveria estar fazendo no momento.
- Por que toda a vez que nos encontramos eu tenho a impressão de já conhece-lo há muito tempo?
- Eu não sei, Maxwell, mas eu também sinto a mesma coisa.
Duo levantou sua mão e tocou o rosto de Heero, o acariciando. Ele fechou os olhos, conhecia aquele toque, mas como era possível, se essa era a primeira vez que se tocavam. Ou será que estava enganado? O cheiro, o toque, a sensação... ele conhecia aquele rosto, aquele olhar frio e ao mesmo tempo quente. Sem que ambos percebessem, seus rostos foram se aproximando, como se já houvessem feito isso inúmeras vezes. Sem quebrar o contato de seus olhos, seus lábios se uniram suavemente. Heero passou seu braço pela cintura do milionário, o puxando para mais perto, enquanto que Duo colocava suas mãos sobre os bíceps do egiptólogo, pressionando suas mãos contra os músculos fortes. Então sua mente foi tragada pelas lembranças que aquele beijo carregava.
******
A lua estava brilhante, o céu coberto de estrelas. Ele adorava sentir a brisa tocar-lhe o rosto, mas não mais do que sentir as caricias dele, suas mãos fortes e calejadas pelo trabalho escravo. Pensar nele, que não podia ver sem levantar a ira de seu pai... pensar que o que sentiam era errado... ele era o filho de um faraó e o outro um mero escravo. Estava distraído, sentindo a brisa da noite, que balançava seus cabelos soltos, por isso não notou o olhar, de uma figura escondida no muro, o observando, venerando a beleza de seu rosto, sabendo que jamais poderia tê-lo para si.
Sibun caminhou até sua cama. Passaria mais uma noite em claro, pensando em Ohry. Olhares de longe era tudo o que podiam fazer, seus passos eram vigiados a todo instante, jamais poderiam estar juntos sem que soubessem. Seu pai procurava, a todo custo, evitar que se encontrassem. O único lugar e a única hora em que tinha a liberdade de seus passos era à noite, em seu quarto. Enquanto pensava, uma lágrima caiu de seus olhos.
- Não é justo isso. Por que, Amon, não eu posso ficar ao lado dele? Não é justo sermos separados apenas por ele ser um escravo.
Sibun se encolheu na cama, abraçando o travesseiro contra o peito e fechando os olhos. Uma figura subiu pela pilastra, que dava acesso a janela do jovem príncipe, chegando a varanda do quarto. Parou e observou por alguns instantes a figura encolhida sobre a cama. O invasor caminhou até ela e sentou-se, acariciando os fios de cabelo do belo rapaz. Sibun levantou os olhos, assustado. Quem estaria no seu quarto àquela hora? Foi com surpresa que encontrou Ohry o observando. O filho do faraó se levantou e se jogou nos braços do escravo, sendo acolhido por ele. Então como se despertasse de um sonho, Sibun se afastou.
- O que está fazendo aqui?
- Eu não pude evitar. Eu tinha que vê-lo, tinha que toca-lo.
- Não, você deve ir. Se meu pai o encontra, vai mandar mata-lo.
- Eu não temo seu pai, Sibun, o que temo é não poder estar a seu lado, não poder tocar o seu rosto. Eu não pretendo desistir de você, apenas porque sou um escravo.
Sibun levantou a mão e tocou o rosto de Ohry, o acariciando. Ele sentiu a pele sobre seus dedos, e lembrou de quantas vezes desejou poder toca-lo. Fechou os olhos, sentindo o toque de Ohry em seu rosto. O cheiro, o toque, a sensação... a quanto tempo eles ansiavam poderem se tocar, novamente, dessa forma? Sem que ambos percebessem, seus rostos se aproximaram, os instintos, a saudade falavam mais alto, mas então Sibun se afastou, sobre o olhar atordoado de Ohry.
- Não! Vá embora.
Ohry olhou por alguns instantes e se levantou da cama. De repente Sibun sentiu frio e se abraçou. O escravo sabia que o príncipe amava-o da mesma forma que ele, mas iria embora, mesmo sabendo que o outro não desejava realmente sua partida.
- Se isso for o que quer, eu irei.
Sibun viu o escravo caminhar em direção a janela, ele iria embora como havia pedido. Sabia que se o deixasse ir, não o veria tão cedo e não era o que queria, ele amava Ohry, o desejava, assim como sabia ser desejado pelo escravo. Sibun se levantou e correu, abraçando o escravo por trás, quando o mesmo já se preparava para descer.
- Não! Fique esqueça o que eu disse. Eu te amo Ohry, e também não vou desistir de você.
- Sibun.
Ohry virou-se, ficando de frente para Sibun. Ele acariciou o belo rosto, tomando os lábios dele entre os seus. Sibun abraçou-se a Ohry com força, segurando-se em seus braços para buscar apoio, na medida em que aprofundavam o beijo. O escravo segurava-o pela cintura, pressionando-o contra o próprio corpo. Ele começou a beijar o pescoço do herdeiro do Egito, que gemia esfregando seu corpo contra o escravo. Ohry passou seu braço por trás dos joelhos do outro jovem, o pegando no colo e o carregando de volta para a cama. Sibun segurava o rosto de Ohry, o beijando por todo o rosto. Ele foi depositado sobre a cama, em meio aos lençóis brancos. O escravo inclinou-se sobre o príncipe, recomeçando a beija-lo e deslizando suas mãos pelo corpo macio do rapaz que ofegava.
- Eu senti tanto a sua falta, falta dos seus carinhos, dos seus beijos.
- Eu também senti sua falta, Sibun. Falta do seu corpo junto ao meu, falta de seu perfume, da sua voz.
Sibun segurou o rosto de Ohry em suas mãos, olhando para os olhos que tanto o encantava; ele havia tomado uma decisão: entregaria ao escravo seu bem mais precioso. Ele acariciou o rosto dele com carinho, enquanto lágrimas caiam de seus olhos. Ohry enxugou as lágrimas de Sibun com as mãos, pois não gostava de vê-lo chorar ou de vê-lo sofrer. Faria qualquer coisa por Sibun, até mesmo perder sua vida apenas para tê-lo para si.
- Ohry, eu quero que me ame, que tome o meu corpo como seu, assim como fez com meu coração.
- Sibun, você tem certeza?
- Sim, eu tenho, e quero que seja o primeiro e o único.
- Eu te amo, Sibun.
- Eu também te amo, Ohry.
As roupas de ambos ganharam o chão, enquanto gemidos e sussurros enchiam o quarto, ganhando a noite. Mãos, lábios e corpos, ambos se tornaram um só. Sibun recebeu Ohry em seu corpo, dando-lhe a permissão para toma-lo como seu. O prazer e a dor se misturaram, e eles alcançam juntos um paraíso só deles. Os amantes estavam tão rendido um nos braços do outro, que não notaram a mulher que os observava, não virão a lágrima rolar de seus olhos.
******
Eles não esperavam se encontrar no parque, assim como não esperavam se beijar, mas isso parecia tão natural, como se sempre houvesse sido assim. Duo se afastou e abriu os olhos. Os olhos de Heero o encantavam, ele tinha a sensação de que o conhecia há muito tempo. Heero olhava para Duo, a visão dele era tão bela, mas ele não entendia como ou o porquê de terem se beijado de uma forma tão íntima, como se fossem amantes há muito tempo. Então o milionário disse um nome que despertou em si um sentimento de posse pelo rapaz que tinha nos braços.
- Ohry.
"Ohry"O olhar de Heero se tornou escuro e um nome veio a sua mente. Um nome que conhecia e que não pronunciava há muito tempo. Após dize-lo, Duo caiu desmaiado em seus braços.
- Sibun
"Sibun"******
Quatre acordou e se espreguiçou. Ele havia dormido muito bem, apesar das preocupações e dos fatos ocorridos na noite anterior. Se levantou e caminhou até o banheiro;se olhou no espelho e lavou o rosto na pia. Retornou ao quarto e caminhou até a cama, pegando seu relógio sobre a cabeceira, viu que já eram quase oito horas. Decidira ligar para o quarto do amigo, para tomarem o café da manhã junto, e para saber como ele estava essa manhã. Ele discou para o quarto mais ninguém atendeu.
"Estranho, será que o Duo ainda ta dormindo?"
Quatre resolveu ligar para a recepção do hotel.
- Recepção, Robert Lewis, bom dia.
- Bom dia, Robert, eu me chamo Quatre Winner é estou hospedado no quarto 606.
- Bom dia Sr Winner. Em que posso ajuda-lo?
- Saberiam me dizer, se o hospede do quarto 525 já acordou, eu estou ligando, mas ninguém atende e como ele passou mal ontem à noite, estou um pouco preocupado.
- Perfeitamente, Senhor, aguarde um instante que eu vou verificar.
- Obrigado.
- Senhor Winner, há um recado deixado pelo Sr Maxwell ás 6h, para o senhor e a senhora Une.
- Poderia me dizer qual é o recado?
- Claro senhor. Ele disse que sairia para caminhar um pouco e os veria logo mais no café da manhã.
- Mais já são 8h. Sabe me dizer se ele já retornou?
- Ainda não, senhor. As chaves dele ainda estão na recepção.
- Tudo bem, obrigado.
- Foi um prazer ajuda-lo, senhor.
Quatre colocou o telefone no gancho, sentindo que alguma coisa havia acontecido, mas ele não sabia o quê.
******
Duo abriu os olhos e notou que estava deitado em uma cama, mas não era a sua cama no hotel. Ele levantou o lençol, que o cobria, e percebeu que estava sem roupa, vestia apenas sua cueca, ele abaixou o lençol, para dar de cara com Heero, parado a porta, o observando. Duo sentiu seu rosto ficar vermelho. Heero se aproximou, segurando duas xícaras de café.Sentou-se na ponta da cama e entregou um das xícaras a Duo. O jovem milionário se ajeitou na cama, e com isso, o lençol escorregou para o seu colo, deixando a mostra o físico definido. Heero tentou ignorar a sensação, que a visão do americano despertava nele, respondendo a pergunta que os belos olhos violeta faziam.
- Você está em minha casa. Foi o único lugar que eu consegui pensar em traze-lo.
- Ah.
Duo tomou um gole do café, olhando, por sobre a xícara, para Heero, que fazia o mesmo. Ele sentiu sua face queimar, pois não se lembrava direito o que havia acontecido. Apenas sabia que eles haviam colidido, que tinha se chocado contra uma árvore e... do beijo. Decidido a saber o porquê de estar na cama de um homem, quase completamente despido, ele levanta a cabeça e resolve perguntar.
- O que aconteceu?
Heero olha para o americano pensando o que deveria contar. Nem ele mesmo entendia direito o que havia acontecido com eles no parque. As imagens de dois jovens tão parecidos com eles, os momentos que eles viveram. Heero se lembrou do beijo que trocaram e que lhe pareceu tão familiar. A sensação de encontrar uma coisa que não se lembrava e que ainda sim estava perdida há muito tempo. A alegria, o calor e o conforto do toque entre eles. Duo ficou olhando para Heero, esperando uma resposta, que ele sabia que o outro não tinha, mas ele queria saber se o que havia acontecido era realmente real ou apenas mais uma de suas visões. Ele precisava saber se Heero também havia sentido o mesmo.
- Nós nos beijamos. Você disse um nome... eu o reconheci apesar de não saber o porquê, então eu disse um outro nome e você desmaiou...
- Que nome?
- Ohry.
- Ohry.
Heero viu uma lágrima cair do olho do milionário, ele colocou a xícara no chão se aproximou tocando-lhe o rosto e enxugando as lágrimas que caiam. Duo se assustou, ele não havia percebido que chorava, até sentir Heero tocar seu rosto. Por que esse nome o enchia de tristeza? Por que, toda vez que olhava nos olhos de Heero, se sentia em casa, como se houvesse esperado séculos para ver esse olhar novamente? Heero olhava para Duo e sentia seu coração apertar, vê-lo chorar o entristecia. Uma voz ecoou em sua memória, uma voz desconhecida e familiar ao mesmo.
"Não chore. Não quero vê-lo chorar....
Prometa que não vai chorar...
Estaremos sempre juntos mesmo que passe os séculos nos encontraremos novamente, eu prometo a você... Sibun".
"Não chore. Não quero vê-lo chorar....
Prometa que não vai chorar...
Estaremos sempre juntos mesmo que passe os séculos nos encontraremos novamente, eu prometo a você... Sibun".
Heero olhou para Duo e acariciou o rosto dele com carinho, sentindo a pele se arrepiar debaixo de seus dedos. Duo arfou ao sentir aquela mão o tocando no rosto, ele sentia tanta falta desse toque. Abriu os olhos, sem perceber que os havia fechado, e encontrou a íris azul cobalto mais escura e repleta de emoções há tanto tempo esquecidas. Heero não sabia o que estava fazendo, apenas sabia que deveria faze-lo, esperava por isso, ansiava há séculos poder toca-lo novamente.
"Não eu não posso esperar fazer isso há séculos, nós mal nos conhecemos".
Você o conhece...
"Você o conhece..."
Heero se assustou ao ouvir a voz novamente em sua cabeça. Como eles podiam se conhecer, se haviam se encontrado há apenas alguns dias? Ainda assim, ele precisava sentir aquele corpo novamente contra o seu. Ele tomou a xícara da mão do jovem e a colocou no chão, abaixo da cama. Seu olhar encontrou o do milionário, que reclinou o corpo na cama, trazendo-o junto com ele. Heero começou a beijar o tórax exposto, deslizando a língua entre os músculos, Duo fechar os olhos e arquear o corpo, em resposta as carícias. Duo levou suas mãos as costas de Heero, o acariciando e arranhando por sobre a blusa. Ele ouviu a voz rouca e abriu os olhos, notando que refletiam o mesmo desejo dos seus.
- Faz tanto tempo...
Duo sentou-se e levou uma das mãos ao belo rosto, o acariciando, tentando aliviar a dor que transparecia neles. Sim fazia muito tempo... tempo demais.
- Sim, muito tempo Ohry.
O rapaz de olhos azuis frios beijou calidamente o outro, que o olhava com carinho. Suas mãos deslizaram pelo corpo macio. Mesmo ele estando diferente, sabia que era ele, os mesmos olhos, as mesmas reações ao toque de suas mãos, os mesmos gemidos descompassados. O cabelo longo preso na costumeira trança. Ele tocou os fios castanhos dourados com carinho, levando a ponta da trança aos lábios e beijando-a, aspirando o perfume doce. Uma mão envolveu a sua, prendendo seu olhar, enquanto soltava os fios, deixando-os cair como uma cascata. Eles se amavam há tanto tempo e finalmente haviam se encontrado novamente. O jovem de olhos violeta tocou o peito largo, deslizando as mãos em um movimento lento, subindo e descendo pôr sobre a camisa branca.
Ele desceu as mãos e puxou a camisa para cima. O rapaz de olhos azuis levantou os braços, retirando a camisa pela cabeça, enquanto que o desejo transparecia no olhar do jovem, que reiniciou o movimento das mãos, agora sobre a pele exposta, os dedos acariciando os mamilos endurecidos. Logo as mãos foram substituídas pelos lábios. Inclinando o corpo que amava sobre a cama, ele esticou as pernas, de forma a acomodar o corpo do outro sobre si. Os cabelos caindo pôr sobre os ombros, se espalhando sobre o peito do rapaz que ofegava, os lábios se abriram em busca de ar e ele sentiu uma língua quente e sinuosa adentrar sua boca.
Suas línguas se encontraram, trazendo lembranças de dias distantes. Lembranças de uma época em que eles se escondiam, para que não fossem pegos juntos. Ohry segurou Sibun em seus braços, acariciando suas costas, deslizando suas mãos pelas nádegas macias, as apertando levemente. O estímulo das mãos do escravo, em seu corpo o fez gemer, mas seu gemido morreu nos lábios que devoram sua boca. Ele esfregou sua ereção contra o corpo que o segurava. O atrito com a roupa os deixando mais e mais excitados.
- Sibun...
- Ohry...
- ...eu quero você.
- E você... me tem, lembra? Você seria o primeiro...
- E o único... eu te amo, Sibun.
- Eu também te amo, Ohry.
"Não, isso não é certo. Nós mal nos conhecemos e eu não posso, mesmo que minha alma deseje isso. Seria errado possui-lo."
"Por que eu o desejo tanto? Por que minha alma clama que o deixe me possuir? Eu não posso, eu não quero...eu quero, sei que quero, mas eu...".
Como que saídos de um transe, ambos se afastaram, confusão e desejo povoavam suas mentes. Desejos antigos, milenares, pareciam devora-lhes a alma. Duo se sentou no canto da cama, se afastando de Heero, e puxando o lençol até o pescoço, seu rosto estava vermelho e ele não sabia o que fazer. Heero tentava acalmar as batidas do seu coração, ele olhava para Duo com os cabelos soltos e as faces rubras; passou as mãos pelos cabelos; abaixando a cabeça e tentando entender o que eles quase haviam feito. Apenas o fato de lembrar, que ele quase possuíra o corpo a sua frente, fez seu membro latejar. Ignorando a pressão em sua calça, se levantou pegou as xícaras do chão e deixou o quarto.
Duo se permitiu respirar, depois que Heero deixou o quarto. Ele não pode evitar admirar o corpo perfeito do egiptólogo: os músculos das costas, o abdômen perfeito, os braços fortes... Então lembrou-se que, há poucos instantes, estivera nos braços dele, que haviam se tocado de uma forma, que ele jamais poderia imaginar. Era a primeira vez que ele tocava outro homem, ou que se deixava tocar por um, mas havia sido tão familiar e prazeroso. Ele sentiu seu membro doer e levou sua mão até lá e gemeu: precisava de um banho frio. Fechou os olhos por alguns minutos, e quando os abriu, viu que o relógio, na cômoda, marcava 9h30min.
"Deus! Quatre ele deve estar louco de preocupação".
Duo estava se preparando para sair da cama, quando Heero voltou. Ele havia mudado de roupa, seu cabelo estava molhado e um perfume amadeirado se espalhava pelo quarto, e tudo indicava que ele havia tomado banho. Inconscientemente, Duo apertou o lençol contra o corpo, os olhos assustado. Heero se sentiu um verdadeiro canalha, e para aliviar o sentimento do outro, ele trazia um roupão nos braços. Tentou esquecer a visão que tinha do corpo deitado, gemendo sobre s. Procurando dar firmeza a sua voz, Heero falou com Duo, que ele poderia tomar um banho, se quisesse. Por experiência própria, sabia que a situação de Duo não deveria estar muito diferente da dele a instantes atrás.
- Tome... você pode tomar um banho. O banheiro fica no corredor a esquerda, segunda porta.
Heero se virou para que Duo pudesse vestir o roupão, colocado em cima da cama. Duo o pegou e saiu da cama, vestindo o roupão que tinha o cheiro de Heero. Depois de vestido, ele pigarreou, querendo chamar a atenção. Heero se virou rapidamente, e teve que fechar os olhos por um minuto, para afastar os pensamentos de possuir o rapaz. Duo se lembrou novamente do amigo.
- Hã... eu poderia usar o telefone?
- Claro, há um na sala ou pode usar o do quarto se quiser.
- Obrigado.
- Eu vou pegar algumas roupas para você, na lavanderia.
Heero saiu novamente do quarto e Duo pegou o telefone sobre a cabeceira, ligando para o hotel. A recepção atendeu e transferiu a ligação para o quarto do árabe, que ficou feliz em ouvir o amigo.
- Duo! Por Alá! Onde você está? Eu e sua assistente estamos morrendo de preocupação.
- Desculpe, Quatre, eu não queria preocupa-lo.
- O que houve? Onde você está? Você está bem?
- Calma, Quatre. Eu desmaiei. Estou na casa do Heero, e estou bem, não se preocupe.
- Desmaiou? Na casa do Heero? Não me preocupar? Como pode me dizer tudo isso e não querer que eu me preocupe.
- Quatre, eu não sei explicar o que houve, está bem? Eu desmaiei e quando acordei estava aqui, por isso, não me peça para explicar.
Quatre notou que o amigo parecia um pouco perturbado e decidiu não interroga-lo no momento. O fato de ele ter dado notícias e estar na casa de uma pessoa que conhecia, já era o suficiente para ele. Heero voltou ao quarto e trouxe uma calça marrom e um casaco preto, que deveriam servir. Duo olhou para Heero e seu rosto ficou vermelho, quando o outro já estava saindo do quarto novamente, Duo o chamou.
- Heero? Quatre quer falar com você.
- Quatre?
- Ele chegou ontem.
Heero pegou o telefone, e por um instante seus dedos se tocaram. Foi como se uma corrente elétrica passasse por eles. Eles se olharam por alguns segundos e suas respirações estavam suspensas, seus corações batendo ruidosamente. Seus olhares se perderam dentro um do outro até que Heero falou.
- É melhor você... ir tomar banho.
- É.
Heero observou o americano deixar o quarto e se permitiu respirar fundo, voltando sua atenção para a pessoa do outro lado da linha. Quatre podia sentir uma sensação estranha do outro lado do aparelho, mas não sabia o que era, somente sabia que era muito forte. Ele se sentou, pois sentiu-se cansado, de repente.
- Quatre.
- Heero, o que houve com o Duo.
Heero contou, resumidamente, o que havia acontecido omitindo, é claro, a parte em que ele quase possuíra o americano. Quatre sentiu que Heero estava escondendo alguma coisa, mas concordava com o amigo, quanto à estranheza da situação deles. As emoções vividas, as lembranças e as vozes. Eles acertaram de se encontrar para um almoço, onde poderiam conversar sobre o assunto. Heero desligou o telefone e ficou pensando nos nomes a que ele e Duo haviam se referido. Ele precisava descobrir quem eram, se eles realmente haviam existido e qual a ligação com eles.
Heero pegou as chaves do carro, o celular e a carteira, se dirigindo a sala para esperar pelo milionário. Duo sai do box, a água fria tinha aliviado a tensão do seu corpo; se enxugou e olhou a imagem refletida no espelho: se sentia cansado. Endireitou sua trança, deixando o banheiro, e carregando o roupão com ele. Passou pelo corredor e viu o egiptólogo sentado no sofá da sala, a cabeça virada para trás, os olhos fechados, as pernas abertas, as mãos grandes e fortes espalmadas sobre as coxas musculosas. Duo sentiu seu corpo se aquecer novamente e decidiu afastar tais pensamentos. Heero se sentiu observado e abriu os olhos, o azul em um tom mais escuro e profundo, encarava seu observador parado no corredor. Se levantou e caminhou até ele, parando a poucos centímetros. Duo abaixou o olhar tentando não encarar os olhos de Heero, que pegou o roupão enquanto falava e se afastava para o final do corredor.
- Seu tênis e sua carteira estão na sala, coloque que depois eu o deixarei no hotel.
- Não é necessário. Eu posso tomar um táxi. Além do mais, você deve ter de ir ao museu.
Duo localizou seu tênis na entrada e sentou-se para calça-lo. Ouvindo a voz de Heero se aproximando.
- Não me incomodo. Além do mais eu já estou atrasado mesmo. Vamos.
- Sim.
Heero abriu a porta e esperou que ele passasse, para fecha-la. Eles subiram no carro e foram para o hotel. Não conversaram em nenhum momento, pois nenhum deles sabia o que dizer ou se havia algo a ser dito. Em poucos minutos chegaram ao hotel. Heero parou o carro na entrada, mas Duo não saiu do veículo. Ainda mantinha a cabeça abaixada, e Heero olhou para o americano, esperando que ele dissesse algo. Duo levantou a cabeça e o encarou, estava tentando encontrar as palavras, mas sentia-se envergonhado. Quando abriu a boca para falar algo, Heero tocou seus lábios, o silenciando com a mão. O rosto de Duo ficou corado com o toque, e sem que quisesse, soltou um suspiro baixo. Heero resistiu a vontade de beijado e falou.
- Eu vou descobrir quem eles são. E depois conversamos sobre o que aconteceu. Eu nunca...
Duo observou os olhos de Heero, que tentava encontrar as palavras. Ele sabia o que ele queria dizer, pois também nunca havia se sentido dessa forma. Nunca tinha tocado outro homem ou deixado que algum o tocasse e, no entanto, eles quase haviam sucumbido a um desejo muito mais forte que a compreensão deles.
- Eu também não.
Heero sorriu e o coração de Duo disparou em resposta. O sorriso do japonês era lindo e isso fez com que ele corasse ainda mais. Ele desceu do carro antes que se entregasse novamente a voz em sua cabeça. Entrou no hotel e Heero seguiu seu caminho para o museu. Ele ligou para Sally no museu, e aguardou que ela atendesse. Após o terceiro toque, foi Trowa que atendeu ao telefone.
- Alô?
Heero sentiu que a voz de Trowa soava ligeiramente aborrecida, sabia que o amigo quase nunca deixava transparecer suas emoções assim como ele, mas havia apenas uma pessoa capaz de aborrecer a ambos.
- Trowa.
- Heero, onde você está?
- A caminho do museu. O que a Relena quer agora.
- O que você acha. Saber onde você está. Ela já está, a quase uma hora, fazendo a mesma pergunta e mexendo em tudo.
- Ok, estarei ai em cinco minutos não se preocupem. É que aconteceram umas coisas e me atrasei. Eu preciso que procure uma coisa para mim.
- O que?
- Quero que você veja se existe alguma informação sobre duas pessoas. Quero saber se elas existiram.
- Está bem, você tem algum dado delas?
- O nome e teoricamente a posição que ocupavam na sociedade egípcia. Ohry e Sibun.
- Ohry e... Sibun.
- O primeiro, teoricamente, seria um escravo. O segundo um príncipe.
- Um escravo e um príncipe... interessante... se importa se eu perguntar o por quê de procurar essas informações.
- Eu digo quando chegar e me livrar de Relena. Peça a Sally para ajuda-lo e, antes que me esqueça, temos um almoço com o senhor Maxwell e Quatre Winner.
- Seu amigo do Egito?
- Sim, ele chegou a cidade ontem. Eles nos encontraram no almoço e eu prometi a uma pessoa a informação que te pedi. Eu sei que já ouvi o nome Sibun, mas não me lembro agora.
- Tudo bem, eu vou pedir a Sally para me ajudar, antes que ela acabe enforcando a Relena.
- Obrigado.
Heero desligou o telefone. Ele descobriria o que estava acontecendo. Descobriria o por quê de se sentir ligado ao americano e o motivo da voz em sua mente lhe dizer que o jovem milionário era seu destino.
Continua....
Agradecimentos a todos os que me enviaram comentários.
E a Lien pela betagem
