Herança Egípcia

Capitulo V – Apenas Dúvidas

Assim que Heero desligou Trowa deu início a a coleta das informações, mesmo achando estranho o pedido, uma vez que ele e o professor Lincoln estavam trocando informações acerca das descoberta no Egito. Este havia encontrado a tumba do faraó Menés, e periodicamente enviava-lhe informações e peças. Trowa pretendêra lembrar Heero quanto a esse ponto, mas a presença de Relena no escritório não o permitira, aliado ao fato do japonês ter desligado o telefone antes que tivesse a chance de falar alguma coisa.

Olhou para a loira a sua frente, precisava livrar-se dela ou acabaria sucumbindo a mesma vontade de Sally; enforcar a filha do diretor e colocar o corpo dentro de algum sarcófago do museu. Relena olhava para Trowa com a impaciência e petulância que lhe eram características. Todos naquele lugar, em sua opinião; eram insuportáveis, a exceção de Heero, este era diferente. Inteligente, sexy..., um pouco anti-social era verdade; mas nada que ela não pudesse reverter. Aguardou que o moreno terminasse de falar com Heero para descobrir onde o mesmo se encontrava.

- Heero deverá chegar em alguns minutos Relena.

- E onde ele está?

- A caminho.

- Avise-me assim que ele chegar, esta bem?

- Claro.

Trowa observou a garota sair da sala. Soltou um suspiro de alivio; estava livre de sua presença. Foi procurar Sally que sumira, antes que enforcasse Relena, precisavam procurar pelo que Heero pedira.

Alguns minutos depois:

Heero caminhava pelos corredores do museu seguindo em direção a sua sala. Precisava descobrir mais sobre os dois jovens que vira no momento em que beijara o milionário, nunca acreditara em vidas passadas, mas nesse momento essa parecia ser a única explicação para o que havia acontecido entre eles.

Entrou na sala, perdido em pensamentos, lembrando-se da forma como o corpo do milionário encaixara-se perfeitamente ao seu; como haviam sido tão naturais e familiares os toques..., os beijos. Viu Sally e Trowa debruçados em cima do computador. .

- Encontraram alguma coisa?

Ao ouvir a voz de Heero Sally se virou:.

- Não muito. Apenas algumas coisas a mais sobre o que já sabíamos, embora não entenda o porquê disso tudo, uma vez que temos mantido contato com o professor Lincoln no Cairo e ele nos envia algumas peças, que coincidentemente são da família de Sibun.

Heero fechou os olhos dando-se um tapa mental pelo esquecimento. Como poderia ter se esquecido? lembrava-se claramente de ter achado o nome familiar quando o ouvira e; sentira-se um pouco estranho enquanto estava desembrulhando as peças enviadas do sitio arqueológico, onde o professor Lincoln, historiador e arqueólogo do Museu de Praga se encontrava.

- Eu me esqueci disso Sally desculpe-me. Nós recebemos as peças um dia antes do senhor Maxwell aparecer.

- Tudo bem, eu apenas achei estranho, pois você tinha ficado muito interessado nelas no dia e agora simplesmente parece que as esqueceu... bem ainda não há muitas informações sobre Sibun, no que diz respeito a...

Sally pegou uma folha, com as informações que haviam obtido, na ultima meia hora.

- Deixa eu ver....Ohry. Não encontramos quase nada sobre ele.

- Hum...e o que temos até agora sobre Sibun?

- Como eu disse não muito mais do que já sabemos, Sibun foi filho de Inia e Menés, príncipe do alto Egito, fundador da cidade de Mênfis e guardião do templo de Amon. Ele foi criado para herdar o trono de Menés, a única coisa estranha que descobrimos foram algumas inscrições dizendo que ele foi levado pelos deuses, ao seu pai de direito.

- Como assim levado pelos deuses? e que pai de direito?

- Não sabemos ao certo o que isso pode significar, é tudo um tanto quanto vago, nas inscrições existentes. Falta muita coisa a ser decifrada, pedaços extensos ainda estão perdidos, e uma parte dos hieróglifos encontrados no tumba do faraó Menés, não foram decifrados ainda. Mas há uma coisa interessante.

- O que?

- Segundo o professor Lincoln, o sarcófago que deveria guardar o corpo do filho está vazio.

- Vazio?

- É ele ainda não teve tempo de verificá-lo devidamente, pois quando o contactamos ele havia acabado de abrí-lo, mas não havia um corpo dentro.

- Ladrões?

- Não... o professor disse que o sarcófago não tinha vestígios de ter sido violado. Ao que tudo indica houve um sepultamento, mas sem o corpo, isso explicaria a inscrição de levado pelos deuses.

- Isso não é comum.

- Não... não é. O professor também achou curioso. Ele perguntou o porquê do interesse no filho do faraó. E eu também gostaria de saber.

Heero olhou para Sally que aguardava uma resposta. Mas ele simplesmente ignorou a pergunta.

- O que o professor Lincoln acha?

Sally suspirou aborrecida, ela já deveria adivinhar que Heero não iria sanar sua curiosidade.

- Disse ter muitas teorias, mas as discutiria apenas se você lhe contasse o porquê do interesse.

- Pergunte a ele se podemos visitar o sitio junto com uma outra pessoa fora da área.

- Quem?

- O senhor Maxwell.

Sally olhou confusa para Heero. Porque eles iriam levar o milionário para as escavações? No entanto a voz de Heero cortou seus pensamentos.

- É tudo o que temos?

- Ainda temos que....

- Heero, Sally acho que vão querer ver isso.

Heero e Sally aproximaram-se de Trowa que ainda encontrava-se em frente ao computador.

- Pelo que descobri das inscrições mandadas pelo professor Lincoln, existe apenas uma menção ao nome Ohry..., parece que ele era um escravo que servia ao faraó Menés, mas foi morto a mando do mesmo. Isso é tudo.

- Um escravo!? O nome de um escravo nunca é mencionado. Escravos não são importantes a ponto de serem lembrados.

- Bem eu diria que esse era. Ele deveria ser alguém ou sua morte não teria sido mencionada. Perai...

- O que foi?

- O professor mandou um email?

Trowa abriu a mensagem que continua uma imagem em anexo e algumas palavras do professor.

- O que ele diz Trowa?

- Ele encontrou uma nova inscrição, que se encontrava dentro do sarcófago do filho do faraó. Eu vou abrir a imagem.

Trowa clicou na imagem, abrindo-a. Heero e Sally observaram a inscrição da imagem, o nome de Ohry era mencionado nela, e a forma como foi escrita indicava claramente a intenção de se deixar uma mensagem para quem abrisse o sarcófago. Todos ficaram em silêncio por um tempo. Era muito estranho o que estava acontecendo? Heero fechou os olhos por um instante sentindo-se tonto, e sem saber o porquê sabia que havia uma outra inscrição igual aquela em outro lugar. Sally notou que Heero ficara pálido de repente e cutucou Trowa que ainda mantinha os olhos na inscrição, tentando entender seu significado.

- Heero você esta bem?

- Estou, foi apenas um mal estar. Então Ohry de alguma forma está relacionado à família do faraó.

- É o que parece.

- O filho de um faraó e um escravo.

- O que você acha da inscrição Heero?

Antes que pudesse conter-se Heero falou o que pensava, conseguindo olhares curiosos de Trowa e Sally.

- Ela completa uma outra inscrição.

- Como assim?

Heero praguejou internamente por seu descuido, e procurou remediar suas palavras.

- A forma como são dita as palavras sugerem que a inscrição esta complementando alguma coisa, que já foi dita por alguém, isso quer dizer que em algum lugar deve haver uma inscrição que complementa essa.

- Faz sentido.

Heero olhou para o relógio, faltava alguns minutos para o almoço com Quatre e Duo. Ao pensar no jovem de olhos ametistas, Heero sentiu seu corpo aquecer-se ligeiramente.

"Por Deus. Porque essa sensaçã,o sempre que penso nele?".

- Heero?

Trowa olhou para Sally que levantou os ombros. Estavam chamando Heero a algum tempo, mas o mesmo parecia em outro lugar. Heero sentiu o toque eu seu braço e olhou para Sally.

- Tudo bem?

- Sim...eu estava apenas pensando em algumas coisas.

- Não quer compartilhar seus pensamentos?

Heero ficou calado, ele tinha algumas idéias, mas não queria expô-las antes de ter certeza, ou antes de discuti-las com Duo.

- Heero?

- Não.

- Eu já imaginava.

Sally e Trowa olharam-se, Heero andava estranho desde que o milionário aparecera. Ambos sabiam que havia alguma coisa estranha acontecendo, mas não sabiam o quê. Seus pensamentos foram cortados pela entrada nada silenciosa e discreta de Relena.

- Heero!!!!!!!

Sally refreou um resmungo e afastou-se ao ser empurrada pela jovem que agarrou-se ao braço de Heero. O egiptólogo olhou friamente para a garota que o olhava com um sorriso no rosto ignorando o olhar frio.

- Eu estava esperando por você em minha sala, mas vejo que seus assistentes não deram o recado.

Relena olhou para Trowa e Sally com desprezo. Trowa segurou o braço de Sally que tinha a plena intenção de avançar contra Relena e esganá-la. Heero retirou o braço de Relena do seu antes de sentar-se em sua cadeira e responder.

- Que eu saiba a sala é do seu pai Relena, e sim; eles me deram o recado, e não; eles não são meus assistentes, pelo menos não da forma cínica e afetada com que você diz isso.

- Desculpe-me Heero... como você não apareceu eu...

- O que você quer Relena? estamos ocupados.

Relena piscou os longos cílios sedutoramente, mas isso não pareceu afetar Heero nem um pouco. Ele olhou para o canto e viu Sally que tentava abafar um riso. Com a voz mais mansa que conseguiu ela encostou sua mão no peito de Heero piscando os olhos para ele.

- Eu vim para que você para almoce comi...

- Nós já temos um almoço de negócios Relena, então....

Heero esperava que Relena entendesse e saísse, pois eles tinham que sair para o restaurante, mas a garota simplesmente continuou ali, parada; como se esperasse que Heero a convidasse para ir com eles. O egiptólogo ignorou-a acessando o computador, como se ela não mais estivesse ali. Ela bufou aborrecida, saindo e batendo a porta atrás de si. Sally começou a rir abertamente, enquanto Heero mandava uma mensagem ao professor Lincoln e a olhava com um meio sorriso.

- Vamos, ou chegaremos atrasados.

Duas horas depois:

Heero e os outros acabaram por chegar antes de Duo e Quatre ao restaurante, o que na opinião de Heero era esplêndido, assim poderia ver o milionário aproximar-se da mesa. Sentou-se em uma posição que o permitisse observá-lo de frente quando o mesmo chegasse.

Quatre, Duo e sua assistente chegaram ao restaurante dez minutos depois do combinado, Duo havia demorado em escolher o que vestir para o almoço. Quatre não teceu nenhum comentário quanto a isso, no entanto não pode deixar de sorrir por saber que seu amigo não estava mais tenso, um pouco ansioso era verdade, mas acreditava que o fato não era devido ao assunto a ser tratado no almoço e sim ao reencontro com uma determinada pessoa.

Assim que entraram Duo sentiu seu coração bater mais forte em expectativa. Foram levados até a mesa onde Heero e os outros estavam. Assim que o viu sentiu um arrepio de reconhecimento em seu corpo e uma agradável sensação de segurança, apenas ao encarar os olhos azul cobalto do egiptólogo. Ainda não tinha coragem para encarar Heero diretamente, não depois do que havia acontecido no parque e na casa do japonês, mas por outro lado, permitira-se passar o restante da manhã analisando as sensações despertadas pelo encontro. E teve que admitir; havia apreciado e muito, o toque do egiptólogo.

Heero teve que prender a respiração ao ver o americano chegar na companhia de Quatre e da assistente do americano. Duo estava vestido com um terno preto e uma camisa de um tom lilás, os dois botões de cima abertos revelando uma parte da pele clara. Pele esta que teve o prazer de tocar quando o rapaz esteve em sua casa. Heero levantou-se assim que os três se aproximaram, mas manteve seus olhos presos em Duo.

- Oi...senhor Yuy.

- Olá senhor Maxwell.

O rosto de Duo ficou vermelho, embora estivessem tratando-se formalmente era impossível ignorar o que havia acontecido. Sally olhou confusa para o amigo que encarava o milionário de forma estranha, parecia que havia uma ligação entre os dois. A forma como Heero reagiu quando o milionário chegou havia sido estranha, quase ansiosa; e a maneira como seus olhares se encontraram mantendo-se presos um ao outro, era ligeiramente íntima.

Heero ficara levemente corado e estava como que hipnotizado. Ela viu os olhos de Heero escurecerem ao observar como o outro estava vestido. Tinha que admitir, o rapaz estava belíssimo, arrancando olhares de admiração de muitas mulheres que encontravam-se almoçando no restaurante. Duo desviou os olhos dos de Heero e cumprimentou o restante do grupo a mesa sentando-se entre Quatre e Une... e de frente a Heero. Ele não se achava capaz de sentar ao lado dele, seus nervos pareciam à flor da pele e achava que acabaria desmaiando se o fizesse.

Assim que todos acomodaram-se, fizeram os pedidos e aguardaram em silêncio durante algum tempo. Quatre foi o primeiro a manifestar-se, uma vez que parecia que Duo e Heero não estava dispostos a falar coisa alguma, mas apenas observarem-se discretamente.

- Você conseguiu alguma coisa Heero?

Duo havia contado a Quatre tudo o que acontecêra; desde o encontro entre os dois no parque até o que ocorrêra na casa do egiptólogo. Quatre ficara surpreso ao ouvir tudo aquilo, alguma coisa parecia querer unir os dois. Olhando-os, era como se um completasse o outro. Heero olhou para o amigo que sorria, procurando resistir a vontade de continuar a observar o americano, afinal o almoço era para descobrir o que estava acontecendo e não para ficar admirando-o.

- Não muito Quatre. Sabemos que Sibun era filho de Inia e Menés príncipe do alto Egito fundador da cidade de Mênfis e guardião do templo de Amon.

- Interessante... nas ruínas que encontramos, se eu não estiver enganado haviam algumas peças que podem ter sido produzidas durante a dinastia de Menés. Mas eu teria que verificar isso.

- Tudo bem Quatre, acho que não há pressa nisso, pelo menos não a principio. Eu falei com o Druzs e ele nos aguarda no Cairo para verificarmos a tumba de Menés que foi encontrada a pouco tempo.

- Eu soube, pretendia entrar em contato com ele quando retornasse para saber como andam as escavações.

- Ele descobriu algumas coisas um tanto quanto curiosas.

- Como o quê!?

Heero quase riu diante do entusiasmo do amigo. Quatre era tão apaixonado por escavações arqueológicas quanto ele, embora não o demonstrasse. Quatre ficou vermelho no mesmo instante e olhou para Duo que mantinha-se calado até o momento. Duo sorriu para o amigo e seu olhar encontrou o de Heero. Não pode impedir-se de ruborizar ao mergulhar na profundidade de seus olhos, pensando quanto os vira tão de perto. O olhar de Duo desviou-se para a rua e imediatamente seu rosto mudou, ficou pálido e parecia ter dificuldades em respirar. Duo não podia acreditar que o velho que havia ajudado uma vez a atravessar a rua nos Estados Unidos estava parado na calçada encarando-o.

- Duo?

- É ele...

Quatre olhou para o amigo e na direção em que ele olhava e não viu ninguém.

- Quem Duo?

Duo olhou confuso para o amigo, seu olhar encontrou-se com o de Heero novamente como se pedisse ajuda, este virou de costas para olhar através da janela e viu um homem velho usando roupas estranhas. O olhar daquele senhor causou-lhe um ligeiro arrepio, sim ele também o via, e o velho parecia olhar para ele como se enxergasse sua alma. Heero tinha a ligeira impressão de o conhecer, mas não sabia dizer de onde. Duo levantou-se apressadamente deixando a mesa, e indo até a rua sob os olhares dos demais.

- Duo!

Heero virou-se e viu que o americano não estava mais na mesa, levantou-se decidindo saber quem era o velho. Alcançou Duo antes que este deixasse o restaurante. O americano olhou para ele e Heero balançou a cabeça como dizendo que também o estava vendo. Eles saíram e pararam em frente ao velho que sorria levemente.

- Sabia que o encontraria. Ele não poderia afastá-los, mesmo com todo o seu poder.

Heero estreitou os olhos não sabendo a que o homem se referia.

- Quem é você?

O velho sorriu diante da pergunta de Heero, seguindo o instinto que lhe dizia para proteger Duo colocou-se entre ele e o velho que parecia conhece-los.

- Vocês não se lembram não é?. Eu poderia lhes dizer quem são, mas cabe a vocês descobrir.

O velho olhou para o outro franzindo o cenho, retirou um colar de seu bolso e estendeu-o a Heero, que estreitou ainda mais os olhos. Ele sentiu Duo segurar seu braço por trás.As pessoas passavam e olhavam-nos como se fossem loucos. O velho pegou a mão de Heero, abriu-a e colocou o colar em sua mão e fechou-a sobre o objeto.

- Ele está à procura de vocês.Usem isso para que ele não saiba onde estão, até que descubram a verdade. Ele vem buscá-lo, pois você é o herdeiro dele.

O velho falava enquanto olhava para Duo, os olhos haviam tornado-se completamente negros, fazendo com que Duo segurasse com força o braço de Heero, este virou-se ligeiramente e segurou sua mão, seus olhares se encontraram. Heero voltou-se novamente para o velho, mas este havia desaparecido, mas ainda ouviram sua voz soar mais uma vez.

- Vocês devem permanecer juntos... vocês sempre foram mais fortes juntos. Encontrem o restante da inscrição, antes que ele os encontre.

Heero ficou surpreso ao ver o homem a sua frente desaparecer do nada, ele tinha certa dificuldade em acreditar que isso realmente houvesse acontecido, mas o objeto preso em sua mão era a prova viva de que o homem realmente estivera ali e falara com eles.

- Heero...

Heero virou-se, olhando nos olhos ametistas que refletiam medo, ele tremia levemente. Abrindo os braços acolheu Duo entre eles. Este jogou-se nos braços de Heero ao vê-lo abrir os braços, sentiu-se seguro no meio deles, sentiu a mão forte acariciar-lhe as costas. Estava cansado, o que aquele velho quis dizer com suas palavras?.

- O que ele quis dizer com isso Heero? Quem está atrás de mim?

- Eu não sei Duo... eu não sei.

- Eu estou com medo.

- Não vou deixar que nada lhe aconteça... eu prometo.

Heero olhou dentro dos olhos ametista, as palavras que dissera, ele já as falara uma vez. Viu o medo abandonar os olhos ametista e apenas confiança refletirem-se neles. Duo sorriu e afastou-se dos braços de Heero ao ouvir a voz dos outros a suas costas.

- O que aconteceu?

Heero balançou a cabeça, ele não sabia o que havia acontecido, não tinha palavras para explicar, mas o simples fato de ter um objeto pressionado a palma de sua mão, lembrava-o de que algo estava acontecendo. Heero olhou para o restaurante e depois para as pessoas ao redor que os encaravam, não havia um modo de voltarem ao restaurante e ficarem em paz para almoçarem.

- Sally providencie para que os pedidos sejam embalados para viagem, vamos voltar ao museu, conversaremos melhor lá.

- Está bem Heero.

- Une ajude-a, e por favor coloque tudo na minha conta.

- Perfeitamente senhor Maxwell.

Heero fez menção de dizer alguma coisa, mas Duo colocou a mão em seus lábios o impedindo.

- Eu insisto.

- Está bem.

Duo ficou vermelho e olhou para o céu, o tempo parecia estar mudando, um vento frio balançava alguns fios de seu cabelo e Heero perdeu-se em observá-lo. Trowa e Quatre entreolharam-se, e depois sorriram; olhavam para os dois a frente deles, havia uma aura ao redor deles, e que parecia uni-los de alguma forma.

Duo virou-se ao sentir-se observado, seu olhar prendeu-se na orbis azul cobalto, e ele sorriu diante do olhar quente e tão conhecido. Duo sacudiu a cabeça...o olhar não era desconhecido.

"Droga...porque essa insistência? O olhar dele não é conhecido para mim, mesmo eu me sentindo bem diante dele, mesmo que seu olhar me aqueça. Deus o que esta acontecendo comigo?."

Heero viu-o fechar os olhos e balançar a cabeça, a vontade de abraçá-lo crescia dentro de si e isso não era nada bom. A imagem dele em sua cama voltou com mais força assim como a voz em sua mente que dizia que devia protegê-lo.. Heero olhou para o objeto que o velho lhe entregara, era um colar de ouro e pedras vermelhas, teve a nítida impressão de já ter visto tal objeto antes. Sally e Une voltaram pouco depois com o almoço.

- Nos encontramos no museu.

- Está bem.

Duo olhou para Heero como se fosse dizer alguma coisa, mas desistiu. Entrou na limusine onde Quatre e Une já se encontravam. Heero observou em silêncio Duo entrar no carro, o chofer fechar a porta e seguir em direção ao museu. Olhou mais uma vez para o objeto em suas mãos segurando-o fortemente, antes de dirigir-se com os outros em direção a seu carro.

Duo virou-se para Quatre, precisava saber uma coisa, mas tinha medo de perguntar e confirmar sua dúvida.

- Quatre você acha que há alguma coisa, atrás de mim?

Quatre olhou para Duo que tinha os olhos tristes e confusos, gostaria de dizer não, mas desde o incidente no hotel já não conseguia pensar dessa forma, era inegável que alguma força misteriosa estava agindo na vida de Duo e parecia agir também na de Heero. No entanto não sabia exatamente o que poderia ser, a única certeza que tinha era que tinha muito poder.

- Eu acho que ainda é muito cedo para tirarmos alguma conclusão Duo.

- Você acha realmente isso?

Duo olhou para a janela do carro, podia sentir dentro de si que alguma coisa estava para acontecer, podia ouvir alguém chamando-o, uma voz misteriosa, diferente da que vinha atormentando sua mente nos últimos dias. Esta era mais poderosa, ligeiramente maligna e por algum motivo sentia-se ligado a ela.

Quatre olhou para o amigo que virara-se para a janela, observando a paisagem, ele não esperava uma resposta, pois sabia que não a teria, nenhum dos dois realmente acreditava que era cedo demais para saber de alguma coisa. A verdade é que estavam atrasados, eles precisavam descobrir o que quer que fosse, o mais rápido possível, pois o tempo estava se esgotando. E quando este findasse não sabiam o que aconteceria, apenas que não seria nada agradável.

O restante do caminho até o museu foi feito em silêncio. Duo fechara os olhos mergulhando em pensamentos confusos.

"Quem era aquele velho? Porque apenas eu e Heero podemos vê-lo e ouvi-lo? E o que ele quis dizer com aquelas palavras? Por que devemos ficar juntos?"

"Não se lembra?"

"Não se lembra?"

Duo abriu os olhos assustados ao ouvir uma voz suave, olhou para Quatre que conversava com Une, enquanto a voz continuava a falar mansamente com ele.

"Como pode ter se esquecido...nós...vocês eram um só não lembra?"

"Como pode ter se esquecido...nós...vocês eram um só não lembra?"

Duo fechou os olhos e começou a falar sem que notasse. Quatre e Une pararam de conversar ao ouvirem Duo começar a falar em egípcio. Tentou chamá-lo e trazê-lo a consciência, mas o americano mantinha os olhos fechados e parecia não sentir sua presença.

- Quem é você?

"Quem é você?"

- Não se lembra?

"Não se lembra?"

- Porque deveria me lembrar? Do que deveria me lembrar?

"Porque deveria me lembrar? Do que deveria me lembrar?"

- De mim...de você...de nós...de vocês...

"De mim...de você...de nós...de vocês..."

- Você? De nós? De vocês? Não entendo. O que devo lembrar?

"Você? De nós? De vocês? Não entendo. O que devo lembrar?"

- Lembre-se...e a verdade aparecerá....lembre-se...e vocês ficarão fortes...lembrem-se....e nós voltaremos a ficar juntos...lembrem-se e libertem nossas almas.

"Lembre-se...lembrem-se...e a verdade aparecerá....lembre-se...e vocês ficaram fortes...lembrem-se....e voltaremos a ficar juntos...lembrem-se e libertem nossas almas."

Quatre sentiu uma tristeza vinda de Duo e viu lágrimas começaram a cair de seus olhos, preocupou-se ainda mais, e começou a chamar o nome do amigo, sacudindo-o levemente, mas com firmeza.

- Duo, acorde..vamos amigo...fale comigo.

Duo ouvia uma voz chamar o seu nome, mas não conseguia sair do torpor em que se encontrava. Ainda podia ouvir a outra voz em sua mente, dizendo-lhe para se lembrar. Que deviam se lembrar. Mas quem deveria se lembrar? Ele? Heero? Os dois?.

Mas lembrar o que? Do que deveriam se lembrar?

Já se encontravam em frente ao museu a uns 10 minutos e nada de Quatre conseguir fazer Duo acordar. O árabe olhou para Une que tinha o semblante preocupado, já não sabia o que poderiam fazer, seus chamados não surtiam efeito. Era como se Duo estivesse em transe, como se alguém o mantivesse nesse estado.

- Une você sabe o número do Heero?

- Sim senhor Winner.

- Ligue para ele e peça que venha aqui. Acho que ele é a única pessoa que poderá retirar Duo do estado em que se encontra.

Une balançou a cabeça e discou para o número do celular do japonês.

Heero e os outros já se encontravam no museu a algum tempo, aguardavam apenas os outros chegarem para conversarem e almoçarem. Heero estava preocupado, sentia uma angustia apertar-lhe o peito, alguma coisa tinha acontecido, alguma coisa com Duo. Sentia isso dentro de si, quando o celular tocou o atendeu com o coração batendo rapidamente.

- Senhor Yuy?

- Sim...Lady Une?

- Sim...por favor venha até o estacionamento do museu. Maxwell não está bem.

- O que houve?

Une olhou para Quatre que ainda tentava acordá-lo sem sucesso. Duo parecia sofrer, seus olhos mexiam-se por sob as pálpebras, e uma leve camada de suor aparecia em seu rosto. Enquanto continuava a falar em um língua que não compreendia.

Heero estava preocupado pelo silêncio da assistente de Duo. Podia ouvir a voz preocupada de Quatre chamando o nome de Duo, pedindo que este acordasse, podia ouvir a voz do americano falando em egípcio. Perguntando do que deveria se lembrar, sem esperar mais saiu de sua sala, correndo em direção ao estacionamento, precisava chegar até o milionário e saber o que havia acontecido.

Continua......

Depois de milênios finalmente um novo capítulo.

Mami esse é para você por ser uma fã tão especial.

Agradecimentos a todos os que enviaram comentários.