---------------------------------------- CAPITULO ANTERIOR ---------------------------------------
Num movimento rápido, kagura saltou para as costas do segurança e lhe acertou um tiro em cheio na nuca. Graças ao silenciador que havia incrementado na arma, o som do disparo foi quase nulo. Hanna apontou a pistola para o velho senhor, ainda sorrindo graciosamente.
- Não se preocupe, só queremos ver o mapa aéreo que fora utilizado a dois dias atrás... – disse a youkai, divertida, puxando o velho para o lado, abrindo espaço para que Hakudoushi abrisse o programa no computador.
- Mas... Por que? – perguntou Yahiguma, trêmulo.
- Estávamos certos. Teve um vôo de helicóptero de Kyoto para cá no dia que os federais nos encontraram. Acho que encontramos a nossa querida fugitiva dedo-duro... – sussurrou o jovem de longos cabelos lilás claro, satisfeito.
- Senhor Naraku vai gostar de saber disso! – exclamou Kagura, batendo palmas.
- Sim. Agora vamos embora. – disse hakudoushi dando um tiro na cabeça do velho, também utilizando de silenciador.
Abriram a porta de entrada e se dirigiram novamente para a van, sorrindo, do mesmo jeito que entraram no aeroporto a minutos antes. Atravessaram a rua rapidamente e adentraram no veículo.
------------------------------- FIM CAPITULO ANTERIOR------------------------------------
A noite passou rapidamente para todos os adormecidos no apartamento do FBI. O dia seguinte amanheceu muito frio, chuviscando. Perfeito para se ficar em casa, dormindo. Mas infelizmente não era isso que iria acontecer. Kagome acordou cedo, às 6hrs, graças ao despertador que sango lhe dera. Com os olhos pesados, foi até o banheiro, se jogando no chuveiro e tomando um banho quente. Não demorou, saindo logo para secar o cabelo e se vestir. Colocou uma calça jeans clara, grudada no corpo, e uma blusa azul de lã de manga cumprida e gola alta, realçando seus seis e cintura. Vestiu um sapato preto, bem feminino, e um cachecol também preto. Prendeu os cabelos, já secos, numa trança larga.
No horário previsto, a morena chegou na cozinha, se encontrando com os agentes, e o gato Buyu, já prontos. Sango e mirok possuíam sorrisos em suas faces. Vestiam calças jeans e camisas de mangas cumpridas.
- Bom dia gente! – diz a universitária se assentando na mesa ao lado de sango e em frente de inuyasha, que a encarava docemente.
- Bom dia kagome... – sussurrou o hanyou.
- Olá! – dizem mirok e sango, em coro, divertidos.
- Que alegria é essa, povo? – perguntou a bela, despreocupada.
- Na verdade estamos felizes porque o bankotsu viajou! Vamos ficar um dia sem o chefinho! – responde sango animada, dando pulinhos.
- Isso não é bom! Pelo contrário! Quem vamos contatar se acontecer algo! – perguntou a garota de olhos azuis, incrédula.
- Não se preocupe.. Ele foi substituído pelo Jakotsu... irmão dele.. – concluiu mirok.
- maldito... – murmurou o meio youkai.
- O que..? – perguntou kagome.
- É que o jakotsu tem uma quedinha pelo inuyasha.. se é você me entende... – respondeu sango, maliciosa.
- Ele é um viado tarado.– disse o hanyou, indignado.
- Tudo bem.. acalme-se.. Agora temos que discutir sobre como vai ser o esquema de proteção à kagome na universidade... – interrompeu o outro oficial.
- Bom, que eu saiba, a sango vai participar das aulas comigo.. E os fones vão ficar ligados, certo? – perguntou a bela.
- Certo! Então eu e o inuyasha ficaremos numa sala que prepararam.. Quando restar poucos minutos para acabar as aulas, vamos estar esperando-as do lado de fora das salas... entendido.?
- Entendi mirok... Agora podemos ir? Estou meio em cima na hora... – perguntou se levantando da mesa.
- Ah claro...Na presença de pessoas, eu vou ser seu 'namorado' ... – terminou de dizer mirok, com um sorriso malicioso na face.
- não mesmo. A kagome é minha, esqueceu! – perguntou o hanyou cerrando os olhos, quase pulando em cima do outro oficial.
- Oras! Da ultima vez foi você! Agora é a MINHA vez! Sem contar que se você pode beijar a lindinha, eu também posso! – rebateu o oficial se aproximando da protegida, malicioso.
- PARA DE SER TARADO, MIROK! VOCÊ NÃO VAI BEIJAR NINGUÉM AQUI! – interferiu sango, nervosa e enciumada.
- Por que ele pode e eu não!
- eu estou no comando da operação. – disse o meio youkai, irritado, alterando o tom de voz..
- E a democracia, inuyasha? Todos temos os mesmo direitos! – suspirou indignado.
- Pro inferno a democracia. E se você me incomodar com esse assunto mais uma vez.. Eu te mato. – encerrou com o olhar fulminante.
- Tá! Já entendi! Droga... – murmurou o oficial.
- Desculpa interromper... Mas podemos ir agora..? – perguntou kagome, assustada.
- Vamos. – respondeu sango, indo até a porta de entrada, ainda nervosa.
Os jovens vão até a BMW prata, com sango dirigindo rapidamente. Em poucos minutos chegam até a faculdade. Apesar de bem segura, com poucos alunos por sala, era bem badalada. Sango e kagome desceram do carro, sendo acompanhadas por mirok e inuyasha respectivamente. Ligaram seus fones e logo na entrada, a morena de olhos claros faz grande sucesso com o público masculino.
- É nova aqui..? – pergunta um garoto alto, de cabelos loiros e curtos, se aproximando da protegida.
- Sim... – responde a bela, sentindo a mão de inuyasha puxá-la para perto dele.
- Meu nome é Suryu... Posso te apresentar ao pessoal VIP, no intervalo, senhorita..? – sussurrou, ignorando a presença do hanyou.
- Sinto muito, mas ela já tem compromisso para o intervalo, com licença. – disse o meio youkai, cordial, abraçando a jovem pela cintura, a levando para o lado oposto do outro universitário, que não continuou os seguindo.
- Fazendo sucesso, kagome! – disse mirok, sarcástico.
- Pelo jeito não vamos conseguir deixá-la no anonimato! Também... tão bonita, né inuyasha? – perguntou maliciosa.
- Seria fácil não destacá-la... Mas ela insiste em ficar usando essas roupinhas e fazendo charminho para chamar a atenção de todos! – disse o hanyou, cínico, encarando a jovem de olhos azuis e morrendo de ciúmes.
- Está dizendo que eu tento provocar isso! – pergunta ela, indignada.
- Sim! Você é só uma garotinha mimada que quer chamar atenção de tudo á sua volta! – respondeu nervoso, alterando o tom de voz.
- IDIOTA! – gritou a bela, logo se virando para sango – Vamos embora, agora! – disse saindo de perto dos jovens, sendo logo seguida pela amiga.
Inuyasha a seguiu com olhos, até esta sair de vista. Abaixou a cabeça arrependido. Havia brigado novamente com a sua protegida por causa de seus ciúmes excessivos. Sabia que havia mentido sobre tudo que disse a ela. A jovem não tinha culpa de ser tão bela e se destacar onde fosse do jeito que fosse.
- Vamos para a sala que reservaram para a gente... Monitoraremos as garotas pelo fone e pela câmera da sala, que está ligada no monitor da sala que prepararam para a gente... – resumiu mirok, chamando o amigo para a realidade.
- certo. – confirmou emburrado.
Os dois agentes foram até o tal lugar e se acomodaram. No cômodo havia dois sofás, uma cama de solteiro, uma mesa com uma televisão com imagens da câmera da sala de kagome e um laptop com câmera de transmissão de imagem. No canto tinha uma mini geladeira, uma mesinha com quatro cadeiras e uma caixa de medicamentos. Era segura e sem janelas.
- Garotas..? Tudo bem aí! – perguntou mirok, apertando os fones contra o ouvido.
- tudo certo.. já estamos na sala de aula.. o professor deve estar chegando..! – respondeu em voz baixa, sendo ouvida somente pelos agentes e pela amiga.
- Fico mais tranqüilo... Não vamos mais incomodar até o intervalo... Então boa aula para vocês! – disse o agente de olhos claros.
-obrigada mirok! – respondeu kagome doce, fazendo o hanyou se derreter em ouvi-la.
- Kagome já está calminha.. Deve ter se atirado para mais algum idiota aí... – disse o meio youkai, sarcástico e raivoso, como se cuspisse veneno.
- Na verdade, já me joguei em cima de três... – respondeu a bela, irônica.
- Oras, sua...
-Até mais mirok, nos falamos no intervalo!Por favor, fique em silêncio para que eu e sango consigamos nos concentrar na aula! – disse kagome, encerrando a conversa.
- Entendido. – respondeu o oficial.
A sala ficou mais alguns instantes num silêncio desolador, até que mirok o interrompe, sorrindo.
- Vamos jogar baralho?- sussurrou para o meio youkai, que assentiu com a cabeça.
- Vão jogar o que? Truco, pôquer, buraco..? – perguntou sango num sussurro, no fone.
- Não interessa! Agora presta atenção na aula! – disse mirok autoritário.
-seus chatos... – respondeu a oficial, entediada.
As horas passaram-se rápido para os dois agentes na sala separada, jogando cartas. Logo faltava menos de cinco minutos para o sinal do intervalo de aula. Se armaram e foram até a frente da sala de onde elas sairiam.
- Cinco, quatro, três, dois, um...- sussurrou sango pelo fone, fazendo a contagem regressiva para o final da primeira parte da aula do dia.
Instantes depois do sinal, as duas jovens saem da sala alegres, rindo. Se dirigem até a presença dos outros dois, menos 'contente' que elas.
- Que felicidade toda é essa? – perguntou mirok, dando o braço para sango.
- Não ouviram pelo fone? Aquela professora velha engasgar! – disse a oficial.
- Não estávamos prestando atenção em futilidades... – respondeu o meio youkai frio, saindo à frente dos três em direção à sala secreta.
- Aquela sapa mereceu! – disse a bela, ignorando o comentário anterior.
- Eu que sei.. COMO ELA ENCHE O SACO, MEU DEUS! – disse sango levando as mãos para o alto.
- Gente.. é essa a sala... – sussurrou mirok destrancando a porta em frete deles e adentrando no cômodo.
- Aqui é legal! – exclamou kagome se jogando no sofá.
- Feh!
Em seguida ao resmungo do hanyou, o rosto de bankotsu aparece na tela do laptop, assustando a todos. Ele possuía uma expressão preocupada na face, o que deixou mais estranha a aparição.
- Achei que tinha viajado. – disse inuyasha.
- Sim, mas tive que voltar. Infelizmente já descobriram em que cidade a kagome está.. E já estão aí. Então muito cuidado, queridos. Parece que há três pessoas da gangue em Tóquio. Mataram dois homens hoje mais cedo, no aeroporto, buscando por você. Estavam bem armados e sem medo de matar... E seu irmão kagome... ele já estava bem, mas hoje amanheceu novamente em coma e em estado muito grave... Provavelmente não sobreviva. Temos suspeita de envenenamento... Já estamos investigando. Ele foi mandado para uma clínica nos USA. – disse bankotsu, sério.
- Eles.. me acharam! Meu irmão... quase morreu!– perguntou a bela se desesperando, levando as mãos ao rosto.
- Nós sabíamos que isso poderia acontecer kagome... Só não esperávamos que fosse tão cedo! Realmente são mais perigosos do que eu imaginava. E seu irmão.. sim, ele está mal...– concluiu encarando a protegida.
Kagome já estava descontrolada. Suas mãos trêmulas estavam segurando seu rosto, já cheios de lágrimas. Sentia medo. Medo de ser morta e não conseguir cumprir o que prometera á mãe. Medo da morte. Medo de ficar sozinha.
O hanyou ao lado, com seus sentidos apurados, pode sentir o medo e o desespero da jovem. Sentiu um aperto no coração ao vê-la lacrimejar. Ficava se sentindo mau ao ver pessoas chorando. Mas ver 'sua' kagome chorando, era bem pior e muito, muito dolorido. Esqueceu o conflito que tinha tido com a garota a algumas horas e se aproximou ternamente do sofá, se sentando ao lado e a abraçando.
- Se já deu o recado, pode ir embora, bankotsu. – disse o meio youkai friamente, afagando a cabeça da protegida em seu ombro.
- Certo. Os procuro mais tarde com mais informações. Até mais. – disse o chefe, encerrando a transmissão.
- Meu deus... souta... – disse a universitária se jogando nos braços do hanyou, em desespero, tremendo.
- Calma... – sussurrou ele a pondo no colo e a abraçando fortemente.
- Não... eu não cumpri a promessa...– dizia com lágrimas saltando de seus olhos azuis. – Estou sozinha... eles vão me pegar!
- lembra da promessa que eu fiz? Nunca vou te deixar sozinha! Nunca, kagome! Nunca, me ouviu! – disse sério, segurando o rosto da garota com as duas mãos, firmemente, a encarando.
- souta...– murmurou assentindo com a cabeça e voltando a ser abraçada pelo agente.
Sango, agitada, estava perto da mesa, preparando um copo de água com açúcar para a amiga. Mirok permanecia sentado na mesa, com uma mão na boca e olho tristes.
- Eles vão me pegar.. Vão fazer que nem fizeram com mamãe e souta... – sussurrou entre soluços, encharcando a blusa do hanyou com lágrimas.
- Eles não vão encostar um dedo em você! Eu não vou deixar eles te machucarem kagome! Vou te proteger sempre, entendeu? sempre vou te proteger... De tudo... entendeu? Vou te proteger! E essa é mais uma promessa... Confie em mim! – disse bem alto e firme, aconchegando mais a garota em seus braços. A abraçava com toda ternura e carinho que ele mesmo nunca pensara que tinha a oferecer. Sua voz era doce, reconfortante.
Kagome se aninhou naquele másculo peito, continuando deitada naquele colo, tendo seu choro abafado pelo corpo do meio youkai. Chorava como nunca havia feito antes. Chorava por não poder cumprir nenhuma das promessas que fizera a sua família. Chorava de desgosto, de culpa. Tinha nojo dela mesma. Se não fosse por ela, todos estariam vivos e juntos.
- Inuyasha... Dê isso a ela... – murmurou sango se aproximando do casal abraçado e estendendo um copo de água com açúcar para o meio youkai.
- Vamos... beba... – sussurrou ele se afastando um pouco a cabeça dela do seu peito, levando o copo até a boca da garota trêmula.
A bela levantou uma mão, segurando o copo por cima da mão do hanyou. Levou até os lábios, e com menos dificuldade, bebeu todo o líquido. Inuyasha devolveu o frasco vazio para sango e voltou a abraçar sua protegida.
Ficaram mais alguns bons minutos naquela posição. Kagome já não chorava tanto, mas possuía seus olhos azuis perdidos e sem vida. Enfim, acaba o horário livre, chegando o momento das garotas voltarem para a aula.
- Kagome... você quer terminar de assistir as aulas? – perguntou sango, sentando ao lado dos dois jovens.
- Tanto faz... – sussurrou em resposta.
- Melhor voltarmos para o apartamento, né? – disse o hanyou se levantando e abraçando ternamente a garota em seu colo.
- Tanto faz... – repetiu com o olhar sem brilho, que preocupou o meio youkai.
Mirok e sango trocaram olhares significativos, e se aproximaram do casal já de pé, encarando da bela. Ela possuía um olhar derrotado, de quem havia desistido de algo, ou de tudo.
- Vamos embora. Todos em posição. Mirok na frente e sango atrás de mim..– disse o meio youkai se pondo em frente a porta, com kagome nos braços.
Os oficiais obedeceram e em poucos minutos chegaram ao carro que haviam vindo. Sango checou tudo e entraram. Mirok foi dirigindo ao lado da jovem de olhos chocolate, enquanto inuyasha permaneceu com a bela no colo, no banco de trás.
- Kagome...?– sussurrou ele, a acomodando em seu peito.
- sim. – respondeu com os olhos frios e sem a emoção habitual.
"Eles vão matar o souta... E depois vão me pegar... Não vou cumprir minha promessa a mamãe... Talvez.. se eu me entregar a eles... O souta consiga continuar vivo... É melhor para todos... Não vou conseguir viver com meu peito ardendo de culpa... Se eu me matar... O souta poderá continuar com vida..." – pensava a universitária com os olhos gelados, encarando inconscientemente o canivete embaixo do banco.
O hanyou se assustou com o olhar da protegida. Não possuía mais aquele brilho, nem aquele sentimento todo com que ele estava acostumado a encarar. Parecia um olhar oco, morto. Sentiu o coração apertar em pensar que a jovem poderia ficar depressiva e perder a vontade de viver, como muitos outros fazem na situação dela. A abraçou mais forte.
- Eu.. estou preocupado com você...
- Não.. fique... – respondeu num fio de voz.
Ela não lhe retribuía o abraço. Seu corpo estava gelado e o rosto pálido, inexpressivo. Podia se ver as marcas das lágrimas que haviam lhe escorrido pela face. Estava caída, sobre o hanyou que a abraçava com intensidade. Podia sentir o calor dele, mas não tinha forças nem vontade de fazer algo. Sentia a dor da culpa corroer seu coração e lhe tirar todas as últimas energias.
- Como não ficar preocupado! Kagome!– implorou o meio youkai, entrando em desespero e apertando aquele corpo feminino contra o seu.
"Se somente você pudesse ver
como eu me sinto por você
porque eu preciso de você ao meu lado
tem alguma coisa que eu possa dizer
antes de você ir embora?"
(Tradução – You are the one – Mandy Moore)
Sango e mirok se encararam, mas não trocaram sequer uma palavra. Podiam perceber a dor e o nervosismo na voz do outro agente no banco de trás. Percebiam também que a garota de olhos claros poderia entrar num processo de depressão profunda, perdendo a vontade de continuar vivendo. Não tinha mais os mesmo olhos cheios de emoção. Isso não era bom, mas não podiam tirar a razão da jovem. Ela perdera toda a família em questão de dias, estando sob ameaça de morte. Qualquer um entraria em desespero.
- Inuyasha, deixe-a descansar... Ela precisa de um tempo... – disse sango, colocando uma mão no ombro do meio youkai.
- Chegamos... – interrompeu mirok ao terminar de estacionar.
- Vou levá-la para o quarto... E pedir alguma coisa para almoçarmos...- disse o hanyou saindo do carro com a morena nos braços.
Não esperou os colegas, indo até o elevador, direto para o 5º andar. Em instantes chegara em seu apartamento, abriu as trancas e deu a senha, entrando. Fora direto para o quarto mau iluminado da bela, a depositando na cama. Chovia forte em Tóquio e o frio havia se tornado intenso.
- Está com frio, não é? – sussurrou a cobrindo com um espesso cobertor de lã – Melhor você ficar embaixo das cobertas... Daqui a pouco vou medir sua temperatura... Está um pouco gelada.. Pode ser início de febre... – continuou dizendo, se deitando ao lado da garota.
O quarto ficou em silêncio por alguns minutos. O meio youkai leva a mão até o rosto da jovem e o acaricia carinhosamente, enquanto seus olhos dourados explodiam de preocupação. Não podia perdê-la. Morreria sem a presença daquela pequena jovem. Sem aquele sorriso. Sem aquele brilho.
- Por favor... Não desista... – murmurou.
"Não desistir.. Como se eu não consigo mais continuar assim... ?Perdi todos que eu amava... Mamãe... Morreu por minha exclusiva culpa... Pelo meu senso de fazer o que é correto... Não pensei nas conseqüências.. e quem pagou pela minha irresponsabilidade foi a minha família.. inteira! Como? Como eu vou continuar assim? Não quero viver sem ter um sentido na minha vida... Não quero..." pensava a universitária fraca, enquanto fechava os olhos úmidos.
- Por que eu não desistiria? – perguntou kagome com a voz puxada, se sentando –Não tenho mais família... Nem a vida que sempre tive... O souta... Talvez não sobreviva... Talvez EU não sobreviva... Não quero esperar pela morte... – continuou dizendo, sarcástica, virando o rosto para encarar o meio youkai surpreso.
O hanyou não conseguiu disfarçar o sorriso que se formou no seu rosto. Ela lhe respondera com alguma emoção. Aproximou-se lentamente da garota e a abraçou forte, encaixando a cabeça no pescoço da bela.
- Você não pode desistir... Porque eu preciso de você... – sussurrou no ouvido da protegida.
- Precisa.. de mim? – perguntou ela, meio chocada, mas retribuindo o abraço pela primeira vez naquele dia.
- Sim. Eu preciso muito de você... Da sua presença.. do seu cheiro... Lembra-se da promessa que fizemos? Você jurou que ia ficar sempre do meu lado... – disse indignado, a abraçando com mais e mais intensidade. Não queria mais perdê-la.
- Eu lembro.. mas eu perdi toda a minha família... – murmurou, voltando a chorar.
- Kagome.. Os amigos são a família que Deus nos permitiu escolher... Eu, a sango e o mirok somos seus amigos... precisamos de você... também é nossa família! – respondeu se soltando um pouco dela, encarando aqueles iluminados olhos azuis, úmidos de lágrimas.
- Mas você não entende! Meu irmão está morrendo! E estão atrás de mim! – disse indignada.
O meio youkai continuou a encarando, só que dessa vez mais sério, terno. Segurou o rosto dela com as mãos, a trazendo para si, deixando suas faces muito próximas.
- Eu preciso de você. – repetiu sério – Que palavra nessa frase você não entendeu?
- Mas e meu irmão.. ? Eu tinha planejado uma viajem.. ele... – gaguejava abalada, com as lágrimas escorrendo livremente pelo rosto.
- Ele foi envenenado e talvez não sobreviva. E você não pode mudar isso! – disse a jogando novamente em seus braços, a abraçando – Você não pode mudar o passado... Tem que continuar sua vida... Tenho certeza que era isso que sua mãe e seu irmão queriam que você fizesse...
- Eu sei... Mas eu não sei se vou conseguir seguir vivendo assim...
- Eu estou com você... Sempre vou te apoiar... É só você confiar em mim... – murmurou o meio youkai lhe afagando os cabelos negros.
- Eu confio em você, inuyasha... – sussurrou se entregando a soluços.
- kagome... – sorriu a colocando no colo, sorrindo.
Ficaram mais um longo tempo abraçados, enquanto o choro ia diminuindo, até acabar por fim, sobrando apenas o som das respirações agitadas. A morena se acomodou melhor no colo do jovem. Aconchegou o rosto próximo do pescoço do agente. Sentindo aquela respiração quente tão próxima de sua pele, o hanyou se arrepiou. A bela levantou os olhos e viu aquelas orelhinhas felpudas de Akita mexendo incomodadas. Sorriu.
- São tão fofinhas... – murmurou kagome rindo descontraidamente.
- Ainda não sei o que você viu nas minhas orelhas...- disse divertido, as mexendo de novo.
- Inu..– exclamou rindo novamente, docemente.
- Senti tanta falta desse sorriso, pequena... – disse o meio youkai, terno.
- Obrigada por tudo, inuyasha... – sussurrou corada.
Enquanto isso, num cômodo próximo daquele quarto, outros dois agentes conversavam em sussurros, meio chocados.
- Você acha que o inuyasha está gostando de verdade da k-chan? – pergunta mirok, incrédulo.
- Claro! Você viu o jeito que ele falou com ela, enquanto ela chorava lá na faculdade! E o desespero dele no carro! Está na cara! – respondeu a agente de olhos chocolates brilhantes.
- O bankotsu não vai gostar muito de saber disso... Ele sempre nos alerta para não nos apaixonarmos pelos nossos protegidos! Que é perigoso para o FBI e tudo mais...
- Nós não vamos contar para o bankotsu... Primeiro por que eu sou amiga da kagome.. Segundo porque ainda não temos provas... E terceiro, porque eu tenho certeza que se eles soubessem, não denunciariam a nossa relação para o chefe... – concluiu se sentando no colo do outro oficial, sorrindo marotamente.
- Concordo... Se bem que não podemos confiar muito no senso de cooperação do inuyasha... – sussurrou depositando um doce beijo no pescoço da púbere – Ainda não consigo esquecer dos murros e socos que ele adora me dar...
- Você sabe que ele é assim mesmo... Agressivo! E vou te dizer, mi-kun.. é quase impossível acreditar que ele esteja finalmente apaixonado...
No mesmo segundo, a tela do computador em suas frentes liga, os fazendo se separar. Logo aparece um rosto conhecido por eles no monitor.
Inuyasha e kagome continuaram novamente em silêncio, abraçados naquele aposento. Instantes mais tarde, ouvem um barulho à porta. Mirok a abre, sem cerimônias, e acaba se surpreendendo ao vê-los.
- Desculpe interromper a conversa... Mas o bankotsu quer falar com você, senhorita kagome... – murmura o oficial.
- Entendo.. – respondeu a bela se levantando da cama, sentindo que a temperatura caíra.
Os três jovens vão em direção à sala de operações, onde encontram o rosto do chefe na tela do computador. Parecia mais tranqüilo do que a horas atrás.
- Boa tarde, Inuyasha! Higurashi! – cumprimentou.
- Mais alguma informação, bankotsu? – perguntou direto e ríspido, inuyasha.
- Durante a tarde uma equipe de segurança chegará no apartamento. Eles irão blindar as portas e janelas, as deixando a prova de balas. Ao anoitecer, nosso cirurgião também aparecerá aí, para implantar o micro chip de localização na senhorita, higurashi... Apenas estes os recados.
- Obrigada... – sussurrou a protegida.
- De nada e até mais! – respondeu encerrando a transmissão.
- Eu tenho pavor de cirurgias... – murmurou a garota, se abraçando.
- Não se preocupe.. Todos nós, agentes do FBI, tivemos que fazer isso também... Nem dói! – disse o hanyou divertido para a pequena.
- Não dói por que tomamos anestesia, né? – disse mirok, ignorando o olhar frio do meio youkai para com ele – Aliás.. A sango está preparando o nosso almoço... Deve estar pronto! Vamos?
- Claro...
- Feh!
Os jovens se dirigem até a cozinha e almoçam deliciosos filés de salmão com arroz. Básico, mas delicioso. Logo encerram a refeição e cada um vai para um canto do apartamento. O hanyou se encaminha até seu quarto, escova os dentes e troca de roupa, ficando somente com uma calça esportiva e uma regata branca.
Sem ter a intenção, passa a ter a mente invadida por um rosto conhecido. O rosto de sua protegida. Perdido em seus pensamentos, vai andando lentamente até o quarto da jovem, parando na porta para ver o que esta fazia.
Kagome se encontrava de pé em frente da mesinha. Sobre o mogno, havia várias caixas de calmantes fortes e soníferos, todas abertas, despejadas pela madeira. O meio youkai chegou a tempo de vê-la lançar a boca mais 5 cápsulas, seguido de um grande gole de água, e levando as mãos novamente para pegar mais comprimidos.
- BAKA! – gritou o agente, chocado, adentrando o quarto e tomando para si as caixas dos remédios que se encontravam novamente nas mãos dela.
- Inu... o que faz.. aqui? – perguntou assustada, com a voz mole.
- Por que você estava tomando isso! Tem noção do que isso vai te fazer! – gritou o hanyou nervoso, jogando as caixas na lixeira com agressividade.
- Mas eu precisava.. – sussurrou em resposta.
- Por que tanto remédio! Você pensa que eu não vi você jogando dezenas de comprimidos garganta a baixo! POR ACASO VOCÊ QUER MORRER! – gritou mais, furioso, se aproximando da garota.
- Eu só queria esquecer os meus problemas.. – murmurou fraca, encostando a cabeça no peito do meio youkai enfurecido.
De início o agente resiste ao toque, mantendo a expressão agressiva. Mas logo cede a aquele calor feminino, a abraçando ternamente. Sente o corpo dela amolecer, sob influência dos fortes medicamentos.
- Por favor, não faça mais isso... – murmura o hanyou, num tom preocupado.
A jovem apenas assente com a cabeça. Ele a toma no colo e a deita na extensa cama, a cobrindo carinhosamente com as duas cobertas no canto do armário ao lado. Aconchega a cabeça da garota no travesseiro e se senta ao lado dela, já adormecida. Ela parecia ter um sono inquieto, já que se movimentava bastante, se descobrindo facilmente.
"Tão frágil... tão pequena..." – pensou o hanyou, descendo seu olhar para as coxas nuas da bela, que só trajava uma leve camisola. "Tão gostosa...! E pensar que consegue ser extremamente sedutora sem ao menos perceber... e em todas as situações possíveis... Também.. tamanha beleza! Essas pernas perfeitas... do meu lado... pedindo para serem tocadas... NÃO INUYASHA! PARA COM ISSO! Não.. eu não vou conseguir resistir por muito tempo..." falava consigo mesmo, aproximando as mãos daquele corpo tão desejado por ele. "NÃO! VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO! Ela está dormindo.. frágil e indefesa... você não pode se aproveitar da situação! Mas... não vou agüentar me segurar se continuar aqui..!" pensava a cobrindo novamente e se levantando, afastando-se da cama.
- Até daqui a pouco, kagome.. – sussurrou saindo do quarto, fechando a porta cuidadosamente, retirando o gordo gato de estimação da jovem do local.
O hanyou fora andando com passos lentos até a sala de estar, onde encontrou os outros dois amigos conversando animadamente.
- Bem vindo à conversa, inuyasha! – disse mirok, vendo-o se sentar num sofá meio afastado dele.
- Bom, eu estava falando para o Mirok que a maioria dos agentes do FBI não possuem uma vida social ativa.. Sem muitos amigos.. e principalmente sem amores..
- Feh! Grande coisa...
- Estranho.. Porque fiquei sabendo que hanyous são mais os insaciáveis... – murmurou a agente, com um sorriso malicioso.
- E somos... mas somente quando realmente desejamos algo...
- Já teve muitas namoradas, inuyasha? – perguntou mirok.
- Só uma, no colegial, e era humana. Os outros casos não duraram mais que uma noite, enquanto eu estava bêbado, com mulheres youkais..
- E o que você prefere, humanas ou youkais? – continuou perguntando.
- Atualmente? Prefiro humana... – responde o hanyou sério, se levantando do sofá.
- Ei, aonde vai! – gritou sango.
- Não te interessa..
O meio youkai foi calmamente até o quarto de treinamento e se adentrou, batendo a porta fortemente. Os dois agentes da sala se encararam, meio confusos.
- Ele contou sobre a vida amorosa dele e ainda respondeu a sua pergunta! Não dá para acreditar! – exclamou mirok assustado – Se isso não é paixão, deve ser o fim do mundo!
- Nunca achei que alguém nesse mundo fosse capaz de domar o inuyasha... E não é que a kagome conseguiu!
- Apartir de hoje a k-chan é nossa heroína! Não é Buyu! – disse para o felino que se esfregava em sua perna.
- Realmente... – sussurrou sango, ouvindo toques na porta de entrada.
- Deixa que eu vou atender, meu amor... – disse o oficial, se levantando e indo até o local. – Quem é?
- FBI. Viemos blindar as portas e janelas. – soou uma voz gentil do outro lado.
Mirok abriu a porta rapidamente, com um sorriso na face.
- Totousai-sama! Que bom vê-lo! – disse cumprimentando o senhor à frente dos outros uniformizados.
- Igualmente, meu querido! Senhorita Sango, como está? – perguntou o senhor youkai, entrando e se dirigindo para a outra oficial.
- Muito bem! Que saudades! – disse alegre, o abraçando.
- Muitas! E onde está o Inutaishio? – perguntou totousai, alegre.
- Ele não gosta que o chamem pelo nome do pai dele... Esqueceu? Mas ele está treinando.. Provavelmente socando o saco de areia... – respondeu mirok, terminando de fechar a porta, após a entrada daquela dezena de homens e youkais.
- Vamos vê-lo! – exclamou, seguindo o casal de oficiais.
Foram até uma das portas maciças. Do lado de fora, conseguiam ouvir xingos de uma voz familiar. Abriram e entraram, encontrando um hanyou sem camisa, extremamente suado, socando e chutando o enorme saco de areia de 150 quilos, o qual havia colado em sua frente uma folha de papel, com uma caricatura mal-feita do Kouga.
- Cretino! Maldito lobo pulguento! – gritou o meio youkai dando uma voadora em cheio no 'rosto' do tal.
- Senhor inuyasha? – chamou totousai, animado.
- Velho? – disse interrompendo os murros, se virando para o grupo - O que faz aqui?
- Coordenando a blindagem! Fico muito feliz de encontrá-los todos juntos novamente! – exclamou fazendo uma longa reverência.
- Grande bosta... – murmurou se enxugando com uma toalha e indo para o lado dos amigos.
- Eu poderia conhecer a corajosa garota que enfrentou o Lorde Naraku? – perguntou o senhor, com os olhos brilhando, encarando o hanyou.
- Kagome. – interrompeu o meio youkai.
- O quê senhor? – perguntou atônico.
- Se chama kagome a garota. – disse com a cabeça baixa e olhos pensativos.
- Ah sim, kagome. Eu poderia falar com ela? – continuou totousai, meio chocado pela atitude do pupilo.
- Ela está dormindo. – respondeu doce, tendo a visão da protegida voltando na sua mente. Aquele rosto, aquele sorriso. Principalmente aquele cheiro.
- Dormindo! Ela parecia sem sono..- interferiu sango, ao ver o senhor extremamente assustado com o tom de voz do hanyou.
- A flagrei tomando dezenas de cápsulas de calmante. – respondeu, voltando à voz normal.
- Mas isso.. é perigoso! – disse mirok, meio abalado.
- Eu sei! Já joguei todos aqueles remédios fora e também dei uma bronca nela! Espero que isso não volte a acontecer... – disse o meio youkai, com os olhos preocupados.
- Senhor inuyasha... Eu poderia ao menos vê-la? – perguntou o senhor, no seu nível mais alto de surpresa, encarando os emotivos olhos dourados do hanyou, muito diferentes dos de antigamente.
- Sim. Mas só porque eu tenho certeza que ela não vai acordar ainda hoje. – respondeu colocando a toalha no pescoço e saindo do tal cômodo, sendo seguido pelo outro.
Mirok e sango continuaram estáticos, no mesmo lugar que estavam ao entrar. Encararam-se, divertidos.
- Quer dizer que o novo método de treino do nosso chefe é socar o saco de areia com o retrato do rival amoroso? – perguntou a garota, sarcástica.
- Interessante, não acha? – exclamou malicioso.
- Muito.. Agora me ajude a limpar essa sala... Vão instalar a maca para a cirurgia da kagome aqui. – murmurou soltando o saco de areia, que caiu com uma forte pancada no chão.
- Como ele consegue treinar com um negócio tão pesado quanto isso aqui? E como nós vamos arrastar isso para algum canto? – perguntou mirok, chocado.
Enquanto os dois oficiais se empregavam de limpar todo aquele cômodo, um certo meio youkai de longos cabelos pratas entrava no quarto de kagome, seguido por totousai. A bela se encontrava adormecida, deitada de lado, coberta e com um lindo sorriso na face.
- É ela... – sussurrou o hanyou com um olhar apaixonado, indo até a borda da cama e se ajoelhando ao lado da jovem. Não tinha medo da reação do velho. Ele fora por um longo tempo como um pai. Demonstrando ou não o que sentia, ele iria desconfiar de algo.
- Muito bonita! – disse o senhor, sorrindo ao ver os olhos denunciadores do agente – Não parece ser uma simples humana, não é filho? – murmurou desafiador, esperando uma boa resposta.
- E não é. A k-chan é diferente... Parece um anjo dormindo, não acha? – perguntou meigo, alisando a face da jovem com as costas das mãos, levemente.
- Com certeza. Tem uma expressão doce, parecida com a da sua mãe! – disse totousai, vendo um sorriso brotar no rosto do pupilo – Você a ama muito?
- Eu não sei... Não sei nem quem sou quando estou com ela! A minha pequena... – respondeu divertido, ainda encarando aquela face feminina, enquanto retirava uma mexa de sedosos cabelos negros que lhe caiam no rosto.
- Estou devendo 500 dólares para a sua cunhada, a Rin...- disse o senhor, meio desapontado.
- Por quê?
- Nós apostamos. Ela disse que você um dia ia ter um namoro sério, e eu apostei que você nunca se apaixonaria...- sussurrou irônico – E pelo jeito eu perdi!
- Bem-feito... Quem manda não acreditar nos meus sentimentos?
- Você não tinha sentimentos. Ela te fez mudar muito, senhor inuyasha...
- Deve ser... Mas eu ainda não sei se é amor... A conheço a muito pouco tempo.
- O que você sente quando está com ela? Quando a toca..? Quando a tem nos braços ou quando a ...beija..? – perguntou o senhor meio envergonhado, se sentando numa cadeira próxima do meio youkai.
- Quando estou com ela sinto uma paz tão grande! Só a presença dela me acalma... Me deixa relaxado! Posso ser eu mesmo sem ter receio de ser rejeitado ou criticado! Posso estar extremamente irritado, mas vendo o sorriso dela, todo o nervosismo some! Não me sinto com um vazio, entende? – perguntou calmo, encarando a bela adormecida à sua frente.
- Sei.. –responde totousai, sorrindo.
- Quando eu a toco, pareço estar tocando as nuvens... Ela tem a pele tão macia.. tão quente! Por mais que esteja frio, ela sempre está quentinha... – disse divertido, acariciando o braço direito da garota, depositando as mãos na dela – Parece tão frágil.. Às vezes tenho medo de machucá-la com o meu toque... Se não soubesse que era humana, diria que era uma boneca de porcelana... Intocável... Inalcançável..
- Continue...- insistiu, observando novamente o olhar do pupilo.
- Quando a tenho em meus braços, me sinto completo...Tenho vontade de abraçá-la para sempre, sem deixar ninguém nos interromper, ninguém nos separar! Nos meus braços eu sei que ela está protegida.. e que é minha. Só minha. De vez em quando tenho receio de soltá-la e perdê-la. Já não me imagino vivendo sem ter esse corpo feminino próximo do meu... Sem ter esse cheiro irresistível comigo... Gosto quando ela vem ao meu quarto... O perfume dela fica impregnado durante o resto dia e isso me faz muito bem... – sussurrou massageando a mão da bela, sorrindo ternamente para a adormecida.
O senhor estava totalmente surpreso, cada vez mais. O hanyou não falava mais com ele, e sim, consigo próprio.
- Quando a beijo, me sinto no céu... Algo queima forte dentro do meu peito sempre que tenho os lábios dela próximos dos meus... É totalmente enlouquecedor beijá-la! Fico eufórico, ansioso, querendo mais e mais daquele gosto! Diria até que pareço estar drogado! – disse o meio youkai, passando levemente o dedo sobre a boca da garota, com o olhar perdido – É um beijo totalmente sedutor.. Provocante... Ousado... Doce... Completo! Um envolto de percepções, entende? Seu cheiro, sua respiração ofegante, seu coração acelerado, sua pele macia... É extremamente excitante! Passaria o resto de minha vida preso a esses lábios! Seria o paraíso... – sussurrou hipnotizado, chegando seu rosto mais perto do da garota.
O hanyou aproximou-se sorrindo, e colou sua boca a dela. Beijou-lhe o lábio inferior carinhosamente, com os olhos dourados vidrados na bela. Levou a mão até a face dela, a segurando ternamente. Forçou a língua, conseguindo passagem e passando a acariciar a da bela, adormecida. Explorou toda a extensão da boca da protegida, insaciável. Sentia falta de tê-la correspondendo, mas podendo sentir aquele gosto novamente já lhe era suficiente no momento. Esquecera totalmente do senhor ao lado.
Totousai, que assistia a toda aquela cena do meio youkai, não pode deixar de se emocionar. Nunca vira tanto amor e tanto carinho num só beijo, como via no momento. Estava realmente surpreso com a mudando do agente. Antigamente era insensível, sem emoções e sem sentimentos. Seus olhos expressavam toda a frieza de seu coração. Agora podia-se notar o calor naquele olhar dourado do oficial. Não era o mesmo de semanas atrás. Mesmo assim, não podia deixar de ficar envergonhado de estar presenciando esse contato íntimo dos dois jovens. Sorriu malicioso ao perceber que o garoto havia esquecido-se de sua presença, e imaginando a reação ao voltar a si.
Inuyasha continuou saboreando aquela tão esperada sensação por mais alguns minutos. Ao separar seus lábios dos dela, passou a beijar em volta daquela boca, com a intenção de retirar ao máximo proveito do gosto da protegida. Levantou o rosto, voltando a encarar aqueles orbes, enquanto lhe acariciava a face.
"Eu gosto de você, eu penso em você,
Eu só respiro você...
Eu tento te esquecer, e te deixar para lá,
Mas não consigo, não dá!"
(Não resisto a nós dois – Wanessa Camargo)
- Tem certeza que não sabe o que sente por ela? – perguntou totousai, o tirando do transe.
O meio youkai, assustado, deu um rápido olhar para o velho. Sentia-se sem-graça de ter feito aquilo na frente do seu sensei. Mas realmente não conseguiu se controlar. Sentiu a vergonha lhe subir à cabeça. Nunca havia beijado ninguém na frente de outra pessoa, principalmente do cara que era como seu pai.
- Não comente nada do que viu com ninguém... – mandou o hanyou, voltando à voz fria de sempre.
- Não vou comentar. Não será preciso. Sua expressão diz tudo! – respondeu ficando de pé.
- feh! – sussurrou se levantando e ficando ao lado do senhor, evitando ao máximo o encarar.
- Quero muito conhecê-la enquanto ela não estiver em sono profundo por causa de remédios... – disse totousai sorrindo.
- Vou pensar se irei deixar...
- Você tem que deixar... Tenho a obrigação de conhecer minha futura nora! – disse indignado.
- Você fala como se fosse meu pai de verdade... – murmurou mesquinho encarando o velho.
- E é como eu me sinto, filho...
- Eu sei. – disse se aproximando novamente da cama, cobrindo melhor a garota.
- Ela vai ficar segura tendo você ao lado.. Tenho certeza. – disse o senhor, indo para a porta.
- Vou matar o naraku... E ela vai poder voltar a vida de antes.. sem medo... sem chips de segurança...– murmurou o seguindo quarto a fora e fechando a porta.
- E sem você? – perguntou receoso, coçando a cabeça.
- Espero que não. – respondeu com o olhar meio vazio e a voz entristecida subitamente.
- O que achou dela, Totousai-sama? – gritou sango aparecendo do nada, juntamente com mirok.
- Muito linda a moça! – disse sorrindo, ignorando o barulho de serras e soldas, que blindadores faziam – Aliás... Eu tenho que falar com vocês... Pelo jeito bankotsu ainda não os comunicou...
- Vamos até o quarto do mirok. É um dos únicos que ainda não arrancaram as portas! – disse a garota, ansiosa.
Os outros concordaram com a sugestão, exceção de inuyasha, que apenas soltou um 'Feh'. Se dirigiram até o tal cômodo e fecharam a maciça placa de madeira.
- Diga! Estou curiosa! – quase gritou a oficial.
- Vocês sabem que eu sou um dos youkais de maior confiança do bankotsu, não sabem? – perguntou calmo.
- Sim.. – responderam sango e mirok juntos.
- Sabem a pequena suíte que tem sobrando nesse apartamento, perto da sala de treinamento?
- Sim...
- Eu vou passar a morar lá. Irei instalar novas câmeras áudio visuais em todos os cômodos e vou vigiá-los 24 horas por dia! – conclui o velho, sorrindo.
- Por que? – perguntou ríspido o hanyou.
- O chefe mandou dizer que era para a segurança geral, mas...
- Mas...? – perguntaram os três agentes juntos.
CONTINUA...
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Oie! Bom.. me desculpem o atraso! Aí está o novo capítulo e espero que gostem... de coração!
Não vou poder responder as review.. mas quero agradecer mtoooooooo a todos que deixaram! Brigada mesmo! Escrevo essa fic pra vcs!
Bjuxx
