Disclaimer: Saint Seya e seus personagens pertencem ao mestre Masami Kurumada e às editoras licenciadas (O Shura é meu e da saory - San, nunca se esqueçam disso!).
Vejam como é o amor incondicional de uma ficwriter por seu dourado preferido: Quarta fic do Shura que escrevo! Primeiro tivemos "Honra", já finalizada, depois "Pieces of our souls", em andamento, "Canção Noturna" da série "My favorite Songs" e agora esta aqui, surgida em meio a um sonho. Ela será curtinha, apenas três capítulos, e marcante, pois possui um enredo forte.
Ela também tem uma música tema, uma canção maravilhosamente melancólica escrita pelo mestre Bob Dylan.
Antes de começar, agradeço à minha amiga Saory-San, que revisou este capítulo para mim e com quem divido o belo espanhol... Valeu, amiga e beijos para você!
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Na calada da noite, sob a luz ancestral do mundo
Onde a sabedoria cresce em meio a brigas
Meu cérebro desnorteado trabalha em vão
Através da escuridão e pelos atalhos da vida
Cada oração invisível é como uma nuvem no ar
O amanhã sempre virá
Nós vivemos e morremos sem saber porque
Mas eu estarei com você quando tudo terminar
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O barulho da rua mal chegava aos ouvidos. As janelas do pequeno apartamento estavam todas fechadas e as cortinas cerradas, o que dava ao local uma atmosfera lúgubre e sufocante.
A TV da sala estava ligada em um canal de esportes, mas ninguém assistia a nada. Então, um som vindo do quarto foi ouvido.
Sobre a cama, jazia um corpo estendido, a boca toda corroída por marcas de queimaduras, pés e mãos presos por algemas. Um olhar assustado encarava o teto, já sem o brilho da vida. Um vulto moveu-se devagar sobre a cama e, com uma das mãos, cerrou os olhos da mulher ali deitada.
Entre suspiros, o vulto, que se revelava um belo homem de olhos e cabelos negros, corpo bem definido, vestiu calmamente suas roupas que estavam espalhadas pelo chão, penteou os cabelos com os dedos mesmo e saiu do quarto. Deixou sobre o criado mudo o pequeno frasco de ácido que usara para dar cabo de seu serviço.
Ganhou a rua a passos largos, o frio da noite o obrigava a fechar os botões do sobretudo até o pescoço, a respiração soava pesada e criava uma pequena névoa à sua frente.
Mais uma noite de trabalho. Mais um assassinato incluído em sua longa e pesada lista. Porém, não podia reclamar de nada. Desde que entrara para aquela vida, sabia que seria assim.
Um matador de aluguel não escolhe suas vítimas. Ele simplesmente faz o serviço que lhe é mandado. E, no caso daquele homem, muito bem feito.
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No dia seguinte...
Os encontros eram no mesmo local de sempre: Um bar que ficava em uma avenida movimentada da cidade, na mesa de número vinte e três, mais afastada do salão e colada na parede. Aproximando-se dela, um rapaz de uns vinte e poucos anos e cabelos loiros, olhos azuis apertados e miúdos. Trajava um terno azul marinho e trazia uma pasta de executivo na mão direita.
Sentado à mesa, o rapaz de cabelos negros bebia calmamente uma dose de vodca e, sem tirar os olhos de seu copo, indicou que o outro se sentasse.
-Então... – O rapaz de terno começou – O senhor é o famoso Shura Gonzalez?
O rapaz soltou uma risada, como se debochasse do outro. Famoso? Essa era nova para ele.
-Se isso o interessa, sim... Deve ser o senhor Ramon Pérez, não?
Com um ar de quem não gostava de deboches, o rapaz sentou-se e colocou sua pasta sobre a mesa, tirando de dentro dela um envelope pardo.
-Sejamos rápidos e práticos, senhor Gonzalez... Tudo o que precisa saber sobre o caso em questão está neste envelope.
Entornando o último gole de sua vodca, Shura abriu o envelope e tirou dele uma foto, de uma jovem sorridente. Os cabelos castanhos claros e levemente encaracolados estavam soltos sobre seus ombros, os olhos castanhos quase mel pareciam sorrir também.
-Quem é?
-O nome dela é Miranda Lopez... E ela quem o senhor deve eliminar.
-Ah, sim, aquela história do testamento de seu pai.
-Exato. O quanto antes esta bastarda for eliminada, melhor será. Não quero correr o risco de meu pai morrer naquele hospital e ela herdar metade de sua fortuna!
-Está certo... Trouxe o que pedi?
-Aqui está... – Ramon entregou a Shura um outro envelope – Cinqüenta mil em dinheiro agora, o restante quando o serviço estiver feito.
Shura conferiu rapidamente as notas, parecia tudo certo. Ramon, então, levantou-se da mesa, dando por encerrada aquela conversa. Porém, Shura o deteve com um chamado.
-Senhor Perez?
-Sim?
-Tem alguma preferência sobre o modo como sua "irmã" deve morrer?
-Aquela bastarda não é minha irmã! Quanto à morte dela, deixo ao seu critério a escolha. Tenha uma boa tarde, senhor Gonzalez.
Ramon saiu, deixando Shura sozinho no bar. O rapaz ainda ficou um tempo observando a jovem Miranda, o sorriso límpido cheio de vida e promessas. Pegou o relatório sobre sua vida e o leu rapidamente.
Jovem estudante de serviço social, professora de dança em um centro cultural da cidade. Exercia um trabalho social no lugar, dando aulas de graça para crianças de baixa renda. A mãe era morta há alguns anos, morava sozinha em um apartamento em um bairro afastado de Madri.
Deixando o dinheiro da conta sobre a mesa, Shura cumprimentou o dono do bar e foi logo embora. Era preciso se preparar para dar início a mais um de seus trabalhos.
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Dois dias depois...
-Como pode ver, senhor Gonzalez, aqui desenvolvemos um trabalho muito bacana com as crianças, elas tem aulas de canto, dança, artes...
Fingindo atenção, Shura caminhava pelos corredores do Centro de Cultura Madrilena, acompanhado da falante e risonha senhora Ignez Sanchez, diretora do local. Preso ao bolso de sua camisa, um crachá que o identificava como funcionário do Serviço Social da prefeitura de Madri.
Um disfarce perfeito para poder se aproximar de Miranda.
-Ah, vai gostar de ver isto aqui... – Disse a senhora Sanchez, parando em frente a uma porta de cujo cômodo podia se ouvir uma música flamenca – Aqui acontecem as aulas de dança da professora Miranda Lopez!
A senhora abriu a porta e deu passagem a Shura, que ficou parado observando a jovem dar a sua aula. Um grupo de mais ou menos quinze meninas acompanhavam com atenção as explicações da professora, que falava de maneira doce e enérgica ao mesmo tempo.
Ao perceber a presença da diretora e do estranho que estava com ela, Miranda pediu às meninas que descansassem por um momento e foi até eles.
-Pois não, senhora Ignez?
-Miranda, minha querida, quero lhe apresentar o senhor Shura Gonzalez, assistente social da prefeitura de Madri. Ele irá acompanhar nosso trabalho por alguns dias, verificar como estão sendo utilizadas as verbas que recebemos do governo e tudo o mais.
-Ah, sim, muito prazer senhor Gonzalez! – A jovem disse, estendendo a mão para um cumprimento.
-O prazer é meu, senhorita Lopez!
Os olhos lhe sorriram, como na foto. E foi como se apenas Miranda estivesse ali à sua frente e ninguém mais além...
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Após conhecer cada sala e professor do centro cultural, Shura voltou para a sala onde Miranda dava suas aulas de dança. Ao abrir a porta, deu de cara com a jovem sentada no chão, bem no centro de uma roda formada por suas alunas, todas rindo muito e trocando idéias.
-Atrapalho alguma coisa? – Shura perguntou, apenas para fazer notar sua presença.
-Oh, não, senhor Gonzalez, nós já acabamos por hoje... Muito bem meninas, hora de voltar para casa!
Rapidamente, entre risos e comentários sobre o belo rapaz presente, as meninas foram se dispersando, Miranda ajudava uma menorzinha com suas coisas.
-Cuidado com essa mochila, Madalena, é muito pesada. E diga a sua irmã que vou visitá-la no sábado, ver como vai indo a gravidez.
-Pode deixar, tia! Até a próxima aula!
Feito um furacão, a pequena Madalena passou por Shura e fechou a porta da sala com tudo. Miranda suspirou e sorriu para Shura, recolhendo as roupas e castanholas espalhadas pela sala.
-São adoráveis, mas veja a bagunça que fazem, senhor Gonzalez!
-Eu a ajudo, mas pare de me chamar de senhor Gonzalez... É estranho!
-Como quiser, Shura...
Miranda guardou tudo em um armário que ficava nos fundos da sala, ajudada por Shura, que era alto e pôde guardar os pandeiros na caixa que ficava em cima do móvel. Enquanto ele a ajudava, Miranda ficou um tempo observando o rapaz, achava-o extremamente bonito e atraente, aqueles olhos negros eram puro mistério...
-Pronto! Mais alguma coisa?
-Ah, não, já arrumamos tudo... Acho que agora posso ir para a faculdade.
-Ah, você estuda o que, Miranda?
-Serviço Social... Pretendo um dia trabalhar nos programas de atendimento da prefeitura que acontecem nos cortiços da cidade e não em centros culturais como este.
-Um belo sonho... Lembro que foi minha motivação na época em que comecei a estudar.
Sorrindo, Shura começou a contar sua "história", pensada sob medida para impressionar Miranda. E, não havia notado ainda, mas estava gostando da companhia da jovem e de ouvir suas histórias também.
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Shura! Em que situação eu coloquei você, meu amor? Gostaram do primeiro capítulo? Então esperem para ver o que vem por aí... Beijos a todos e mais uma vez, obrigada por revisar este capítulo, Saory – San!
