Drew entrou pelas portas automáticas do County General Hospital de Chicago apressadamente. Ela recebeu uma ligação de sua amiga, Martha, falando que ela havia se envolvido em um acidente de carro e fora levada pelos paramédicos para lá. Apesar de preocupada, Drew estava de mau humor. Ela prometeu a si mesma que nunca mais voltaria àquele hospital, depois de ter sido tão mal atendida há quase um ano, quando quebrou o tornozelo na saída do metrô. Ela foi atendida por duas médicas que usavam sapatos horrendos e se revoltaram com a observação que ela tinha feito com Martha. Uma delas ainda a chamou de vaca! E depois ela foi levada para o hospital e levaram horas para atendê-las, e ela tinha certeza de que a fizeram esperar de propósito. Ela ainda guardava muita raiva das duas médicas, e pensou que, com sorte, não encontraria nenhuma delas hoje.
Chegando à recepção, ela avistou um homem muito grande e gordo, comendo um donut. "Humm... a minha amiga sofreu um acidente de carro, o nome dela é Martha Olliver. Onde ela está?"
"Sra, vou ver quem é o médico que a tratou e chamá-lo aqui" Jerry respondeu com a boca cheia.
"Nojento" Drew pensou. "Como tudo aqui neste hospital."
Enquanto esperava, entretanto, Drew viu algo que a fez mudar de idéia. Um médico alto, com pelo menos 1,90m, moreno, olhos verdes, a fez arregalar os olhos. Era o médico mais bonito que ela já vira. Não, talvez o homem mais lindo que ela já vira. Automaticamente, seus olhos correram para as mãos dele. Sem aliança. "Perfeito" pensou ela. O dia seria mais interessante que ela jamais pensara.
"Ray, trauma chegando em 2 minutos, você vem comigo." Ela o ouviu falar a um outro médico, lindo também. Percebeu também o sotaque do médico, que parecia europeu. Um charme!
"Abby, essa madame é acompanhante da sua paciente do MVA..." Drew acordou de seus pensamentos com o recepcionista falando. Então ela olhou para quem ele falava, e era ela. A médica que a chamou de vaca! Ela estava um pouco diferente, com o cabelo mais escuro e de franja. Seu rosto também parecia mais arredondado. Drew se encheu de ódio, pois não queria ver nenhuma das duas médicas na sua frente. Quando a tal de Abby saiu da área da recepção, Drew viu que Abby ostentava orgulhosamente uma grande barriga de grávida. "Quem é o louco que engravidou essa daí?" Ela pensou.
"Bom, não sei se se lembra de mim, sou a Dra. Abby Lockhart e eu atendi a sua amiga Martha. Ela sofreu um acidente de carro e sofreu um corte na cabeça, que já foi suturado. Há a possibilidade de ela estar tendo um sangramento abdominal e estamos esperando alguém da cirurgia vir aqui embaixo para avaliá-la, mas ela está bem. Quer ir vê-la?" Abby disse aquelas palavras como um texto decorado. Estava com raiva porque a paciente, Martha, não queria ser tratada por ela pelo incidente anterior, quando Drew quebrou o tornozelo. Abby bem que tentou arrumar outro médico para atendê-la, ia ficar mais do que feliz com isso, mas Morris não permitiu que isso acontecesse.
"Sim, eu me lembro de você, e sim, eu quero vê-la" Drew falou o mais friamente possível.
Quando as duas entraram na sala onde estava Martha, Neela já estava lá dentro, fazendo um ultra-som na barriga da paciente. Martha, de novo, estava relutante, mas já tinha desistido de conseguir outra equipe médica para ela. Neela não parecia feliz com a situação também.
"Não há sinais de hemorragia, Abby, está tudo bem com ela. Dr. Kovac está me chamando para avaliar um trauma, estou indo." E com isso Neela saiu da sala.
"Bandida! Me deixou sozinha com elas!" Abby pensou. Então ela disse para as duas: "Parece que está tudo bem então. Vou conversar com o médico responsável e providenciar a papelada para a sua liberação, Martha, volto em breve."
Drew esperou Abby sair da sala para conversar com a amiga. "Você está bem, querida?"
"Estou sim, foi só o susto. Agora, ainda não acredito que tivemos que rever essas médicas de novo... Que saco! E ainda não acredito que com aqueles sapatos horríveis aquela médica conseguiu alguém para engravidá-la."
"É, mas tenho que te contar uma coisa, menina! Tem um médico aqui muito gato, europeu, tudo de bom! Acho que vou lá conversar com ele..."
"Ei, ele é médico, não pode sair com as pacientes!"
"Eu não sou paciente, esqueceu?"
"Verdade, amiga! Então vai em frente!"
Abby não tinha a mínima pressa em dar alta à Martha e fazê-la feliz, então ela resolveu esperar Luka sair da sala de trauma para passar o caso pra ele. Enquanto ela e Neela atendiam um paciente com possível apendicite na sala ao lado da de Martha, Abby avistou Luka e foi falar com ele, mas no caminho viu que Drew foi em direção a ele e Abby resolveu ouvir a conversa.
"Olá..."
"Oi... precisa de alguma ajuda?"
"Ah, sim... Na verdade eu estou aqui porque minha amiga ali se envolveu num acidente de carro, mas sabe, estava mesmo querendo ver um médico... estou com uma dor horrível nas costas há um tempão..."
"Mas o que..." Abby pensou em ir lá e dizer umas verdades para aquelazinha, mas resolveu se segurar. Afinal, ela poderia tirar proveito da situação.
"Ah, bem, aqui é um pronto-socorro, nós tratamos de urgências e emergências. Você poderia procurar um médico de sua preferência para..."
"Sim, mas você foi um médico tão gentil... É o meu médico de preferência!"
"Ahm... ok, por que você não vai à sala que está a sua amiga que eu vejo o que posso fazer por você. Com licença."
"Hum, muito bom, Dr. Kovac..." Abby pensou e, assim que Drew se retirou, ela se dirigiu a ele.
"Luka, preciso apresentar um caso."
"Ok, manda ver."
"Martha Olliver, vítima de MVA, Bom Estado Geral, Glasgow 15, corte na cabeça em região frontal esquerda, devidamente suturada, sem hemorragias internas ou externas, sem fraturas."
"Ok..."
"Ah, Luka, preciso fazer xixi, seus filhos estão pulando feito loucos na minha bexiga. Por que você não vai lá ver a paciente e dá alta pra mim?"
Luka riu e disse: "Claro, e crianças, deixem a bexiga da mamãe em paz!"
Abby abriu um sorriso e foi em direção ao banheiro, mas encontrou Neela no caminho e disse: "Aquela mulher do tornozelo está dando em cima do Luka descaradamente!"
"Sério, e você não vai fazer nada?"
"Ah, eu sei que o Luka não está nem aí pra ela, mas não vou perder a oportunidade de deixá-la de queixo caído..." Abby fez olhar de malvada, o que fez Neela rir. "Não perco essa por nada nesse mundo..."
"Então vamos ver o paciente com apendicite, ele fica na sala ao lado..."
Entrando na sala, Abby e Neela puderam ver por entre os espaços da cortina de persiana que Luka examinava as costas de Drew.
"Você precisa ver um especialista para fazer um raio X... Vou fazer um encaminhamento para o ortopedista, ok?"
"Tudo bem, obrigada..." Drew disse abaixando a blusa e virando-se para olhá-lo. Meu Deus, ele é lindo demais... Era hora de agir, agora ou nunca... "Então... O que você vai fazer depois daqui? Estou realmente muito agradecida por você ter me atendido e pensei em, talvez, te pagar um café, ou talvez um jantar..."
Luka estava muito desconfortável. Ele estava acostumado a receber cantadas de pacientes, mas essa era bem atirada.
"Ah, eu sinto muito, mas... não posso."
"Por quê? Você não sai com ninguém com escoliose ou algo assim?" Drew estava jogado todo o seu charme e se aproximava ainda mais dele. Luka estava encostado na mesa, então não tinha como se desviar.
"Não, não é isso, imagina... É que..."
Nisso, Abby entrou na sala de repente, o mais rápido que seus 7 meses de gravidez, e de gêmeos, permitia.
"Luka, finalmente te encontrei! Os nossos bebês estão chutando!" Abby falou, fazendo com que Drew se afastasse e Abby pôs as mãos de Luka na sua enorme barriga.
"Abby, eu não sinto nada..."
"Ah, que pena, eles pararam..." Abby pôde ver com o canto dos olhos a reação de Drew e Martha, totalmente perplexas. Ela colocou de novo aquele sorriso malvado no rosto, e viu que Luka não estava entendendo nada. Ela contaria a ele mais tarde, resolveu apenas curtir o momento, a cara de Drew era simplesmente impagável.
"Oh, me desculpe se atrapalhei alguma coisa... Luka, você já assinou a alta da Sra. Olliver?"
"Ah, sim, ela já pode ir..."
"Ótimo. Meu plantão acabou, então te espero no Lounge para irmos pra casa, ok?
"Ok..."
Abby saiu da sala e Neela foi ao seu encontro, e as duas esperaram sair da vista dos três para caírem na gargalhada.
De volta à sala, Drew não sabia aonde pôr a cara. O bonitão e a barriguda? Como assim? Não acredito! E agora , o que eu falo pra ele? Droga...
"Sra. Olliver, a senhora já está liberada. Tenham vocês uma boa noite.."
"Obrigada..." disse Martha, que também estava perplexa.
"Eu... hum... obrigada mais uma vez... por me atender..." Drew disse sem nem olhar para Luka.
"Tudo bem. Boa noite." Luka, aliviado, saiu da sala.
