"Essa é a última caixa." Luka disse, limpando o suor de sua testa com as costas das mãos. Eles compraram uma casa em um bairro residencial próximo ao hospital e estavam fazendo a mudança. Como Abby não podia carregar peso, Ray e Neela tiraram o dia de folga para ajudá-los na mudança. Assim, Ray e Luka carregavam todas as caixas e Neela e Abby as desfaziam e arrumavam as coisas. A casa era enorme comparada ao apartamento de Luka, tinha 3 quartos, sendo que a suíte do casal tinha um enorme closet e um banheiro com banheira de hidromassagem. Além disso, contava também com mais um banheiro, uma cozinha, sala de estar, sala de jantar, lavanderia e um quintal gramado espaçoso. Luka e Abby demoraram a achar a casa ideal, mas acabaram fazendo ótimo negócio e, mesmo com o salário modesto do County, os dois haviam dedicado anos e anos ao hospital sem grandes gastos, então conseguiram pagar pela casa.
"Ok, vamos fazer uma pausa para descanso!" Disse Abby com uma bandeja com quatro copos de suco gelado.
"Siiiim, por favor!" Disse Ray deitando-se no sofá, que ainda estava com plástico. Ray estava todo suado e sem camisa. Abby percebeu que Neela não tirava os olhos dele, e quando ele a olhava ela desviava o olhar. A tensão sexual entre eles era evidente, mas Gallant havia morrido fazia pouco mais de um mês, e isso parecia travar Neela. Ela continuava a morar no apartamento de Abby, e parecia estar superando a perda do marido.
"Precisaremos comprar mais móveis, já colocamos tudo o que temos e a casa ainda parece vazia." Disse Luka.
"É, mas isso pode esperar um pouco... teremos muito gasto quando os bebês nascerem. É fralda que não acaba mais." Disse Abby acariciando sua enorme barriga. Ela estava agora com 34 semanas de gestação e se sentia simplesmente... gigantesca. Em sua última consulta com a Dra. Coburn, ela viu que os bebês estavam saudáveis, estavam se desenvolvendo adequadamente e estavam em posição cefálica, o que possibilitava o parto normal, que era o que Abby queria. As pessoas a achavam louca por querer ter dois filhos por parto vaginal, mas Abby sabia que sua recuperação depois seria muito mais rápida.
"Vocês já marcaram o chá de bebê?" Perguntou Ray olhando para Neela e Abby.
"Já sim, será na sexta-feira. Já estou providenciando muita tinta para pintar a Abby..." Disse Neela rindo.
"Pois eu vou adivinhar todos os presentes e vocês é que serão pintadas!" Retrucou Abby.
"Isso é o que veremos..."
Horas depois, tudo estava finalmente arrumado e Ray e Neela foram embora após um pequeno jantar de estréia: pizza, claro. Mais tarde, Luka tomou banho e depois Abby foi tomar o seu. Quando ela saiu do banheiro, vestida com sua camisola de gestante, Luka estava deitado na cama. Abby juntou-se a ele, sentando-se na cama e, com a ajuda de Luka, recostou-se sobre os travesseiros.
"Eu estou enoooooorme!"
"Não está não. Os bebês sim, estão enormes..."
"Luka, eles estão dentro de mim, se eles estão enormes, então, eu estou enorme..."
Luka apenas riu e deu um beijo no rosto dela.
"O quarto deles ficou lindo, não acha?"
"A casa toda ficou linda Abby..."
"É a nossa primeira noite aqui..."
"Uhum..." Luka começa a beijar Abby no pescoço. "O que me diz de estrear essa cama king size, heim?"
Abby riu. "Não sei como você pode me querer com esse barrigão..."
"Você está linda... mais linda a cada dia... não é à toa que aquele estudante não tira os olhos de você..." Havia um estudante de rotação no PS, Jimmy, que ficava secando Abby o dia todo, e só queria atender traumas sob sua supervisão. Luka, secretamente, andara rearranjando os plantões de Jimmy para que não coincidissem com os do Abby. Ela não acreditava que era verdade, pensava "como alguém pode ter atração por mim?", mas, em uma conversa sobre o assunto com Morris, Ray, Jerry e Frank, eles confirmaram que Jimmy estava apaixonado por ela e acrescentaram ainda: "Algumas mulheres ficam Mais bonitas quando estão grávidas, Abby, e temos que dizer.. você é uma grávida HOT!" Abby quase cumpriu a promessa de meses atrás e por pouco não tacou o grampeador na cabeça de Morris.
"Está com ciúmes, é?"
"Uhum..." Luka agora tinha as mãos na perna de Abby.
"Não tenha, eu prefiro os Euro-doctors..."
"Bom mesmo..."
"Como aquele italiano da cirurgia..."
"O quê?" Luka parou tudo o que estava fazendo e olhou para a ela.
"É brincadeira!" Abby disse, dando risada. "Prefiro os croatas que têm espermas mutantes..." Abby começou a beijar Luka. O beijo apaixonado foi então perturbado pelo toque do celular de Luka.
"Atende..."
"Não, deixa ele tocando..."
"Luka, pode ser uma emergência do hospital."
"Ok..." Luka então se levantou e pegou o celular no bolso de seu casaco.
Abby deitou-se de lado para aliviar o peso de sua barriga e viu as feições preocupadas de Luka.
"Oh, meu Deus, mas e a polícia?" Ela começou a pegar pedaços do diálogo e começou a ficar muito preocupada. "Ok, Kem, vou ver o que posso fazer. Sim, falarei com a Polícia americana. Se cuida. Tchau."
"O que foi Luka? O que aconteceu?"Abby perguntou sentando-se na cama.
"Era a Kem, mulher do Carter..."
"Eu sei quem é Kem, mas o que houve? Por que você falou em polícia?"
"Houve um ataque massivo dos Janjaweed no acampamento que Carter estava em Darfur... Eles mataram várias pessoas. Os outros médicos estão a salvo, mas Carter... ele... ele está desaparecido, Abby."
