"Desaparecido? Como assim Luka?"

"Parece que os Janjaweed levaram Carter e mais duas crianças... não se sabe bem o porquê."

"Mas você disse que eles mataram muita gente, não é? Como sabe que Carter não foi... foi..." uma lágrima escapou dos olhos de Abby.

"É exatamente essa a lógica Abby. Eles mataram todos ali mesmo, no acampamento, Carter e as crianças são as únicas pessoas que eles levaram. Além disso, eles devem ter visto que ele é americano e devem querer algum dinheiro em troca."

"Entendi..."

"Não sei bem para quem ligar, se para a polícia, ou o consulado, ou o FBI..."

"Ligue para a polícia, eles vão te indicar quem contactar..."

"Ok..."

Luka foi para a sala usar o telefone e Abby ficou no quarto, tentando sedimentar tudo o que acabara de saber. Carter a magoara muito, mas era passado. Eles eram bons amigos, e ela tinha muita afeição por ele. Quando ele foi embora para a África, ela ficou triste por ter mais seu amigo por perto, mas ao mesmo tempo ficou feliz porque ele ia buscar a felicidade ao lado de Kem, o amor de sua vida. Abby agora temia pela vida de Carter, sabia que os Janjaweed eram muito perigosos e o matariam sem pensar duas vezes. Ficou muito apreensiva, mas não pôde deixar de pensar que, se Luka tivesse se juntado a Carter em Darfur, podia ser Luka, e não Carter, a estar desaparecido agora, e isso a deixou ainda mais nervosa.

Ao amanhecer, Abby e Luka estavam no consulado do Sudão. Haviam passado a noite em claro, falando com autoridades, policiais federais e explicando tudo o que sabiam sobre o seqüestro de Carter. Foi planejado então uma viagem com várias dessas autoridades para Darfur para tentar negociar com os Janjaweed. A equipe contará também com um dos administradores da fortuna dos Carter, levando uma boa quantia em dinheiro para oferecer.

Abby e Luka tiveram, ainda, que avisar a família de Carter sobre o ocorrido e tentar confortar a mãe dele, que ficou, evidentemente, muito abalada.

Exaustos, os dois voltaram para casa e pediram dispensa do trabalho, inventando uma desculpa qualquer. O que eles menos queriam era causar um transtorno no County.

Os dois estavam bastante pensativos no caminho para casa. Por vezes, um abria a boca para falar algo, mas não se atreveram a interromper o silêncio mortal que se instalara.

Ao chegar, Luka sentou-se no sofá e pôs a cabeça entre as mãos. Abby sentou-se ao lado dele e pôs sua mão sobre o ombro de Luka. Suspirou profundamente, com os olhos fechados e depis disse: "Você sabe o que deve fazer." Ela lutara contra as próprias palavras que saíram de sua boca, mas sabia que era preciso dize-las. Luka virou-se, confuso, mas ao olhar em seus olhos, percebeu o que Abby queria dizer.

"Eu não posso... você..."

"Eu vou ficar bem. Carter pode estar ferido e você pode levar material... coisas que não tem lá... você sabe o que está faltando na equipe que irá a Darfur. Falta um médico, para escolta-lo de volta."

"Sei disso. Mas não posso te deixar, Abby..."

"A situação é diferente agora. Carter é seu amigo. É meu amigo também e eu iria pra lá se pudesse, mas não posso..." Abby diz passando a mão carinhosamente sobre sua barriga. "...mas você pode e eu sei que é o que você quer." Luka, que tinha os olhos fixos nos olhos de Abby por todo esse tempo, desviou o olhar para a barriga dela. Pensou no que podia perder partindo para Darfur, mas não podia deixar de pensar que ele podia ser de grande ajuda no resgate de Carter.

"Há quase 3 anos, você foi dado como morto..." uma lágrima caiu no rosto de Abby, uma lágrima que lutou para não cair durante toda a conversa, ao se lembrar de quando achou que havia perdido Luka para sempre. "...e Carter foi ao Congo buscar o seu corpo..."

"...e acabou salvando a minha vida."

"Carter te trouxe de volta pra mim, Luka, vivo. E agora você pode fazer o mesmo por ele."

Abby chorou mais um pouco e disse: "E não se atreva a não voltar são e salvo, ouviu? Eu preciso de você... nós precisamos." Luka envolveu Abby em seus braços e ela fez o mesmo. Podiam sentir os bebês se mexendo entre os pais, emocionados. "Eu sei, Abby... eu voltarei, prometo." Eles se olharam ternamente, e se beijaram.