"Luka... Luka está... Oh, meu Deus, Luka está morto!"
Um silêncio mortal se instalou no Lounge. Neela e Weaver estavam chocadas, e não sabiam como confortar a amiga. Neela abraçou Abby, que chorava mais e mais. Kerry saiu do Lounge, ainda abalada pela notícia, foi até a recepção e ligou para Kem.
"Alô, Kem?"
"Sim."
"Aqui é a Dra. Weaver. Eu gostaria de saber o que aconteceu..."
"Olá Dra. Weaver. Eu sinto muito pelo Luka... John está abaladíssimo, não consegue se conformar... está se culpando... o que aconteceu foi que eles acharam o John e as duas crianças... uma delas estava muito doente, precisava de cuidados, e John tinha tomado um tiro na perna, e o ferimento estava todo infeccionado... e Luka e as outras pessoas, tentaram negociar com os Janjaweed, mas não deu certo, eles queriam mais dinheiro do que tínham... até que Luka se desvencilhou do grupo e se ofereceu aos Janjaweed, para ficar lá em troca das crianças... e de John..."
"E os Janjaweed aceitaram?"
"Sim... eles sabiam que John podia morrer se não fosse tratado e aí ele não valeria mais dinheiro... mas Luka estava saudável..."
"Mas então, Luka está com os Janjaweed certo? Como ele pode estar... morto...?"
"Após John ser libertado, eles ouviram dois tiros. Carter quis voltar e eles perguntaram o que tinha acontecido. Um Janjaweed disse que Luka tentou agredir um deles, tentou fugir, então..."
"Entendo..."
"Como está Abby?"
"Muito mal... mas vamos estar do lado dela..."
"Ela ficará bem?"
"Não sabemos ainda... eu temo pela saúde dela, pelos bebês... mas diga ao Carter que estamos aqui do lado dela, para ele ficar bom logo, ok? E obrigada pelas informações."
"Tudo bem... foi muito difícil contar a ela sobre Luka, mas ela sabe de tudo o que te contei agora. Diga a ela que estamos do lado dela para o que for preciso, ok? As pessoas que estavam procurando John agora estão se empenhando em recuperar o corpo... faremos de tudo para achá-lo..."
"Tudo bem. Obrigada mais uma vez Kem. Tchau."
"Tchau."
Enquanto isso, no Lounge, Abby tentou explicar como pôde o que ouvira de Kem.
"E ele... ele quis ficar no lugar deles..."
"Shhhh... tudo bem, Abby, não precisa falar nada, ok? Neela disse com Abby em seus braços. Ela sabia o que era perder o marido. Mas Abby não apenas tinha perdido o companheiro, havia perdido também o pai de seus filhos, que nem nasceram ainda. Por alguns minutos, elas ficaram assim, Abby chorando nos braços da amiga, que também estava emocionada. Até que Abby sentiu uma pontada forte na barriga.
"AAAHHHHH!" Ela gritou com a mão na barriga.
"O que houve? Abby?"
"AAHH! Minha barriga está doendo! Acho que é uma contração!"
"Respire fundo, Abby."
"Não, Neela, é muito cedo! AHHH!"
Neela tentou confortar a amiga, e, quando ia se levantar para buscar ajuda, Abby caiu em seus braços, inconsciente.
"Ah, droga! Abby! Abby, acorda! Abby, abra os olhos! Alguém! Preciso de ajuda!"
Cinco horas haviam se passado. Abby estava na obstetrícia, sendo monitorizada. Coburn saiu de seu quarto e foi falar com Neela e Kerry.
"Como ela está, Janet?" perguntou Kerry.
"As contrações pararam com o medicamento. Ao que parece, o estresse pelo qual ela passou causou algumas contrações Braxton-Hicks fortes. Temos que evitar que ela continue com esse estresse, pelo menos até ela recuperar as forças."
"Janet, não há como evitar o fator emocional agora..."
"Eu sei disso, e é por isso que vamos mantê-la sedada por enquanto. Ela está muito fraca agora, e não conseguiria passar por um possível trabalho de parto. Quero que ela descanse primeiro, depois vamos suspender o sedativo. Estamos monitorando tudo, os bebês estão bem, parecem saudáveis e acho que tem boas condições de nascer 3 semanas antes se for necessário."
"E por quanto tempo ela vai ficar dormindo?" Neela perguntou vendo a amiga pelo vidro.
"Pelo menos 24 horas, a não ser que as contrações voltem."
"Ok, obrigada, Dra. Coburn."
Dra Coburn também olhou para Abby, que parecia dormir pacificamente. "Luka era um dos pais mais babões que já passaram por aqui... Se dependesse dele, passaríamos o dia todo com o ultrassom na barriga dela, vendo os bebês..." Neela deixou cair uma lágrima. Dra. Coburn foi embora.
"Isso é tão injusto..." disse Neela.
"Poucas coisas que acontecem por aqui são justas..." Kerry pensou em Sandy, sua companheira, paramédica, que morreu em serviço. Neela pensou em Gallant, que morrera na guerra no Iraque. Será que nenhum casal no County poderia ter um final feliz?
