Trilha sonora: Far away - Nickelback

This time, this place
Misused, mistakes
Too long, too late
Who was i to make you wait

Neela abriu os olhos, tentando perceber onde estava. Logo se lembrou que dormira na poltrona, ao lado do leito de Abby. Ela se levantou lentamente, sentindo dores nas costas pela má posição que dormira.

Olhou para a amiga. Ela dormia pacificamente. Neela não pôde evitar e checou todos os monitores de Abby:

PA: 170x75 mm Hg

FC: 75 bpm

FR: 16 ipm

Sat O2: 98

Parecia tudo bem com ela. Foi então que Neela viu o monitor obstétrico. Ela correu até a porta e gritou: "Alguém chame a Dra. Coburn! Agora!"

Minutos depois, Coburn terminava de avaliar metros e metros de papel que saíram do monitor. "As drogas não estão fazendo mais efeito, ela definitivamente está tendo contrações."

"E agora, o que fazemos?"

"Precisamos suspender o sedativo e acordá-la. Ela está em trabalho de parto, não há como voltar atrás agora."

"Vai fazer uma cesariana?"

"É o que pretendo, por todo o estresse emocional que ela passou, pode ser a melhor solução. Mas durante o pré-natal, Abby deixou claro que quer ter parto normal. Temos que falar com ela."

Enquanto passava o efeito do sedativo, as contrações tornavam-se cada vez mais próximas. Pouco tempo depois, Abby foi recobrando a consciência, despertando com as fortes dores das contrações.

"Aaahhh!"

"Abby!" Neela estava do lado de fora do quarto e ouviu Abby gritar.

O que... está... acontecendo...?"

"Abby... você está em trabalho de parto."

"O quê? Não, não pode ser! É muito cedo, Neela..."

"Eu sei, querida..." Neela pegou a mão de Abby e tentou explicar. "Você sofreu um forte estresse emocional, e acabou entrando em trabalho de parto. Mas a Dra. Coburn já te examinou e viu que os bebês tem completa condição de nascer 3 semanas antes, por isso, se acalme, está bem?"

"Não, Neela, eu não posso ter meus filhos agora... não posso fazer isso sozinha! Não sem... sem Luka..."

Neela não teve palavras para consolar a amiga. Após algum tempo, ela disse: "É claro que você pode fazer isso, Abby. Você é uma das pessoas mais corajosas que conheço. Eu sei que você consegue e eu não vou sair do seu lado, ok?"

Abby começou a chorar e não era pela contração, que já tinha passado. Era por Luka.

"Preciso chamar a Dra. Coburn. Ela quer fazer uma cesária."

"Por quê? Algo errado com os bebês?"

"Não... ela só acha melhor... pelas condições em que você se encontra..."

"Não! Eu quero parto normal. Se não há problema, não há porque fazer cesariana."

"Tudo bem, eu vou falar com a Dra. Coburn, ok?"

"Ok..."

Just one chance
Just one breath
Just in case there's just one left
'cause you know,
You know, you know

E assim, por mais duas horas, Abby continuou em trabalho de parto. Dra. Coburn aceitou fazer o parto vaginal, desde que não houvesse nenhuma intercorrência. Abby sentiu-se muito aliviada quando estava 6 cm dilatada e pôde receber a anestesia.

"Como está indo, Abby?" perguntou Neela, que, como prometido, não saiu do lado da amiga.

"Estou bem... Apenas sinto que estou tendo as contrações, não sinto dor."

"Isso é bom..."

"Sabe... Luka estava maluco pra ser pai de novo... Você sabe da história dele, não sabe?"

"Sim..."

"Quando eu engravidei, Deus, eu estava tão insegura... Pelo bebê ser bipolar, por eu não capaz de cuidar dele... Mas Luka me apoiou tanto, ele me deu tanta força, que eu finalmente pude superar esses medos e curtir a gravidez."

Neela esboçou um sorriso no rosto, lembrando-se das primeiras semanas depois que Abby e Luka voltaram a namorar. Luka era outra pessoa, parecia flutuar pelo hospital de tanta felicidade.

"E então eu descobri que havia dois bebês. Achei que ia me desesperar de novo, mas não. Algo dentro de mim simplesmente achou que era algo maravilhoso. Quando Luka descobriu, ele ficou duas vezes mais babão, duas vezes mais feliz." Abby, que deixara escapar algumas lágrimas, começou a chorar mais. "Ele perdeu dois filhos, um menino e uma menina, e ia ganhar outros dois. Ele estava louco por isso, e agora..." Neela abraçou a amiga, e elas choraram juntas.

Enquanto isso, o avião pousava no aeroporto de Chicago. Luka não conseguiu descansar por um minuto sequer, não conseguia tirar Abby da cabeça. Ao sair do avião, pediu para que Carter pegasse sua bagagem, e foi direto pegar um táxi em direção ao hospital. Havia muito trânsito a caminho do County, o que o deixava ainda mais apreensivo. Ele já ligara para casa e para o celular de Abby, repetidas vezes, sem resposta.

That I love you
I have loved you all along
And I miss you
Been far away for far too long
I keep dreaming you'll be with me
And you'll never go
Stop breathing if
I don't see you anymore

"Neela, o tempo entre as contrações está diminuindo bastante..."

"Vou chamar a Dra. Coburn."

"Estou aqui. Vou te examinar novamente, ok, Abby?"

"uhum..." Abby deitou-se desconfortavelmente. As contrações não doíam, mas estavam longe de serem legais de se sentir.

"Dez centímetros. Chegou a hora. Está pronta?"

Abby pensou por um momento, suspirou e respondeu: "Sim..." Ela não estava pronta. Nunca estaria sem Luka ao seu lado. Mas não havia outro jeito, ela teria que fazer isso sozinha.

"Ok, na próxima contração, você pode empurrar." E Abby fez força. Uma. Duas. Três vezes.

One my knee I'll ask
Last chance for one last dance
'cause with you,Ii'd withstand
All of hell to hold your hand
I'd give it all
I'd give for us
Give anything but I won't give up
'cause you know,
You know, you know

Luka chegara ao hospital. Entrou correndo pelas portas automáticas do ER.

"Oh, meu Deus!" disse Chuny sem acreditar no que via.

"LUKA! Você está vivo!" Disse Morris abraçando Luka.

"Uh, Morris... Morris!" Disse Luka tentando se soltar. Quando conseguiu, viu-se envolto por todo o corpo de funcionários do ER tentando abraçá-lo, enchendo-o de perguntas.

"Pessoal! A Abby! Onde está a Abby!" De repente, todos ficaram quietos.

"O que foi? Falem!" Um olhou para o outro, até que Haleh respondeu.

"Abby está na obstetrícia. Neela disse que ela está em trabalho de parto."

"O quê? Mas é muito cedo, ela ainda tem 3 semanas de gestação!"

"Ora, Luka, vá lá e diga isso aos seus bebês. Vá logo!" Disse Sam, que percebeu que Luka perdia tempo no ER.

"Ok, obrigado..." E Luka pegou o elevador, que nunca demorou tanto para subir 6 andares.

That I love you
I have loved you all along
And I miss you
Been far away for far too long
I keep dreaming you'll be with me
And you'll never go
Stop breathing if
I don't see you anymore

De volta ao quarto, Abby continuava a fazer força. Havia lágrimas em seu rosto, de dor, cansaço... e tristeza. Ela não imaginava que sentiria tristeza nesse momento, mas não pôde evitar. Neela limpou o suor de sua testa, enquanto ela deitava um pouco, exausta.

"Outra contração agora, Abby. Vamos tentar tirar a cabeça, ok?"

"U-hum..." e Abby levantou as costas para fazer força novamente. Mas antes de fazer força, ela o viu. Fechou os olhos por um momento, com medo de estar tendo alucinações. Abriu os olhos novamente e ele estava lá, atrás da porta de vidro. Luka.

So far away
Been far away for far too long
So far away
Been far away for far too long
But you know, you know, you know

I wanted
I wanted you to stay
'cause I needed
I need to hear you say
That I love you
I have loved you all along

"Luka..."

"Abby... você tem que empurrar..."

"LUKA!" Abby gritou, lágrimas caindo vigorosamente de seus olhos. Não podia ser verdade...

Todos no quarto se viraram, e Luka entrou no quarto. Ele foi em direção à Abby e a abraçou.

Abby o envolveu em seus braços, emocionada como nunca em sua vida. Ele estava vivo. Estava de volta, em seus braços... Vivo...


And I forgive you
For being away for far too long
So keep breathing
'cause I'm not leaving
Hold on to me and, never let me go