Darkness Lady
A Dama da Escuridão.
Capitulo 03 - A Current Obsession – Lacuna Coil.
Acordou sentindo frio. O quarto escuro, a cama de dorsel, e a prostituta de luxo deitada, nua, enroscada nas cobertas. Afastou-a com repugnância e se levantou. Os cabelos longos e loiros da cortesã foram à única exigência que havia feito. Aquela maldita estava enlouquecendo-o!
Levantou-se, vestiu um penhoir e foi até a janela do quarto. Os primeiros flocos de neve do inverno começavam a cair, ela acabaria sentindo muito frio naquele local e... E que diabos estava pensando? Aquilo começava a se tornar um jogo muito perigoso... Talvez Rewson estivesse certo e toda aquela história tivesse sido a maior bobagem que tivesse feito. Ou talvez ele acabasse conseguindo o que queria no inicio. Encostando a cabeça contra a janela, só pedia para que seus pensamentos se acalmassem e ele pudesse pensar um pouco mais racionalmente. Precisava usar um pouco mais a cabeça e tentar se acalmar. Para tudo existe uma solução.
Levantou-se e saiu do quarto, tão silenciosamente quanto uma pantera a espreita de sua vitima. Pretendia ir à cozinha beber um copo de leite, ou melhor, um bom conhaque ou até mesmo Whisky, mas parecia que suas pernas haviam tomado a dianteira da situação. Quando foi perceber, estava no fim das escadarias para as masmorras. Ali já era possível ouvir o som da respiração dela, e dos leves murmúrios que dizia enquanto dormia. Chamava pelo nome da irmã, devia estar tendo um pesadelo. Talvez fosse melhor ir até ela. Bateu a própria mão na parede ao pensar nisso. A dor era boa, conseguiu ajudá-lo a por a mente no lugar. Respirando fundo, saiu dali o mais breve possível.
Angel acordou com o som de algo batendo com força perto dela. Levantou-se assustada, já que era a única prisioneira daquele lugar horrível. Ali era frio, e completamente desumano. Havia um cheiro de morte impregnado, e todo o cenário parecia de um filme antigo de piratas. Esfregou os próprios ombros para poder se aquecer, e tentou olhar ao redor, na penumbra tentando ver quem estava ali. Sentiu medo de perguntar aquilo em voz alta, mas nem foi necessário, já que passos morriam ao longe já. Provavelmente era um vigia noturno.
Deitou-se, encolhendo-se naquilo que chamavam de cama, mas que não passava de um forro no chão. Não havia cobertores e nem travesseiros. Esperava que a irmã estivesse em um lugar melhor. Ao pensar na irmã, lagrimas lhe banham os olhos. Era melhor pensar logo em um plano, se quisesse tê-la novamente por perto.
Tom desistiu de ir para a cozinha. Nem mesmo a garrafa inteira de conhaque iria fazer-lhe bem agora. Precisava matar alguém. A sensação de alguém morrendo, e tendo a vida nas suas mãos era provavelmente o que precisava. Sorriu lembrando da mulher em seu quarto. Era a vitima perfeita. Abriu a porta com cuidado, pegou sua varinha e sentou-se na ponta da cama. Viu-lhe os cabelos loiros caindo pelo travesseiro e a respiração ritmada... Era somente falar as palavras que ela estaria morta. "Você é um ser repugnante! Merlim lhe envie em triplo tudo o que está nos fazendo sofrer!" As palavras ecoaram em seus ouvidos, fazendo-o olhar ao redor, assustado, enquanto levantava da cama. Aquela maldita até mesmo atrapalhava quando não estava por perto. Passou a mão nos cabelos, despenteando-os. Com seus movimentos bruscos havia acordado a mulher, que se espreguiçava levemente, fazendo cair o lençol que a cobria. Sabia o que precisava agora, e não tinha nada a ver com morte. Amaldiçoando o dia em que conheceu Angéline Drake, se deixou levar pelas caricias da mulher que contratara.
O dia nascera com um sol tímido, que derretia a pouca neve que caíra à noite.
Tom estava na biblioteca, lendo os papéis onde a garota havia começado a fazer a catalogação. Tentava decidir o que fazer agora. Ou ele a deixava na carceragem mais alguns dias, ou a mandava de volta para o trabalho. Em ambos poderia estar sendo uma distração para ele.
Rewson entra na biblioteca neste momento, trazendo Lolly alguns passos atrás dele. Tom cai na gargalhada ao ver a menina andando sem ter um monte de comensais atrás dela. Ou ela era muito esperta, ou os comensais estavam sendo muito burros.
- Milorde, essa... Criança, não parou de falar até que concordássemos em trazê-la para falar com o senhor. Se estiver muito ocupado, porém...
- Pode deixá-la, Rewson, e voltar para seus afazeres, eu tomo conta dela por enquanto.
O Comensal pareceu querer contestar, mas Tom apenas cruzou os braços. Ele saiu fazendo uma reverencia e fechou a porta atrás de si.
- Pode se sentar se quiser.
- Obrigada – Com algum custo, Lolly subiu na poltrona, e ficou de frente para ele, de perninhas cruzadas e um vestidinho rosa. Quando ele mandara os comensais tomarem conta da menina e não deixarem faltar nada não imaginara que chegaria a esse ponto.
- Então, você queria falar comigo? – Ele sorriu, divertindo-se. A menina estava séria, como se fosse falar com algum presidente ou algo do tipo. Pelo menos alguém por ali lhe dava valor.
- Queria. Vim pedir para que solte minha irmã da prisão.
E colocou as mãos no colo, como se tivesse pedido algo normal, como uma bala ou sorvete. Tom não pode evitar cair na gargalhada, realmente Lolly parecia filha de Angel... E nesse momento estava exatamente igual a ela.
- Você sabe por que sua irmã foi mandada para lá?
- Foi por minha causa... E se for necessário eu irei no lugar dela.
- E você acha que ela ia deixar?
- Não, mas ela não precisa saber...
Tom ficou olhando para aquela menina durante muito tempo. Apesar de ser tão jovem já começava a se mostrar madura o suficiente.
- Vamos fazer assim... Eu irei retirar sua irmã da prisão, e ela voltará a trabalhar aqui... Porém não deixarei que vocês fiquem no mesmo quarto.
- Eu poderei vê-la? – Os olhinhos dela brilharam.
- Sim, de vez em quando, portanto que isso não atrapalhe o serviço dela.
- E o que vai querer em troca? – A menina cruzou os braços.
- Quero que me defenda para sua irmã... Fale como te tratei bem... Atendi seus desejos...
- Por que? Você quer que minha irmã goste de você? – Ele sorriu, e a menina sorriu também. – Porque se for isso... Então não é preciso fazer mais nada.
Angel mal chegou na biblioteca já se ajoelhou no chão para abraçar Lolly. A menina não parecia ter sido machucada, e estava grata por isso. Se aquele desgraçado tivesse ferido-a...
Levantou-se segurando na mão da irmã, e olhou séria para Tom, que estava sentado na poltrona, observando a cena.
- Não precisa agradecer. – Ele sorriu, cínico, fazendo Angel revirar os olhos.
- O que houve? Teve uma crise de consciência durante a noite?
A taça que Tom segurava na mão explodiu ao ser apertada com força. Ela não poderia saber, não é? Provavelmente estava só querendo zombar da cara dele, não podia se abater por isso. Ele se levantou e foi até as irmãs.
- Sua mão está sangrando. – Lolly puxou de leve a roupa de Tom, apontando para a mão dele, que tinha um corte profundo.
- Não se preocupe, pequena. Não é nada. – Ele e Angel se encaravam com raiva. Nenhum dos dois ousava sequer piscar.
- Mas está sangrando muito. Pode fazer mal para você... Mamãe, por que não cuida dele?
Angel prendeu a respiração... Teria que ter um conversinha com Lolly assim que ficassem a sós. Tom, por outro lado, sorriu...
- Boa idéia... Devo ter ataduras e o que mais você precisar por aqui... Assim poderá fazer-me um curativo.
Angel fechou os olhos com raiva, enquanto Tom pegava uma pequena caixa e conjurava ataduras e tudo o mais.
Indicou a poltrona para Angel, e se sentou na outra, estendendo-lhe a mão. Ela pegou com raiva a caixa, e tirou um frasco de poção de cura, um pedaço de algodão, embebeu-o na poção, e apertou-o com força na mão de Tom, que a puxou, como reflexo da dor.
- Está louca?
- Já vai passar... Não é nada, não é mesmo? – Os olhos dela brilharam, os dele se estreitaram com raiva.
Por fim, ela largou, tirou o algodão, e enfaixou, enquanto a poção fazia efeito.
- Evite coçar e retirar a faixa pelas próximas duas horas. – Ela cruzou os braços.
- Não se preocupe, sei me cuidar.
- Não me preocupo, mas não duvido que não agüente.
E mais um vaso foi jogado na parede.
- Maldita! Eu aposto que colocou alguma coisa aqui... Isso não pára de coçar!
- Senhor, por que deixou-a fazer o curativo daquele modo, se com um aceno da varinha podia curar-se? – Rewson se abaixou quando um outro vaso passou zunindo por sua cabeça.
- Porque eu gosto de vê-la me servindo... Você já devia saber disso, caro Rewson...
- Eu já disse que tê-la aqui pode não ser uma boa solução... Devíamos nos livrar dela... Dela e da pirralha... Você poderá um novo objeto de desejo, Milorde.
Um novo vaso é atirado. Riddle cerrava os punhos com força.
- Por acaso está me dizendo o que fazer novamente, caro Rewson? Eu terei que refrescar sua mente ao que aconteceu da ultima vez em que você me mandou me livrar dela.
- Não quero tirar seu poder, Milorde... Mas ela pode ser um perigo para o que está tentando fazer no mundo mágico... Quanto a sua mão posso por um feitiço nela, para que se cure mais rápido.
Tom apenas estendeu a mão, que o Comensal curou com um aceno da varinha. Rewson não lhe tiraria Angel agora que as coisas começavam a ficar divertidas... Não mesmo.
- Vou lhe provar que não é uma questão de desejo por ela, Rewson... E sim pelo que ela sabe... Libere a entrada daquelas duas que queriam tanto servir a mim... Essas garotas podem ajudar e muito nossa causa.
Rewson sorriu. Agora tudo melhoraria.
- Ordenarei que venham o mais rápido possível, Milorde...
As portas de carvalho da biblioteca se abriram, e Angel sequer olhou duas vezes para Tom, que sentou-se em sua costumeira poltrona. Alguns elfos colocavam poltronas extras por ali, o que despertou-lhe a curiosidade.
- Quer que eu saia? – Ela disse com uma sobrancelha levantada.
- Não me importo com você ai... Apenas fique quieta.
Ofendida, Angel jogou os cabelos para trás e voltou a catalogar os livros.
Alguns minutos depois as portas novamente se abriram, e duas moças adentraram no recinto. Aquilo era realmente estranho, mas talvez ele só estivesse fazendo isso para provocá-la. E bem, na verdade se era isso ele estava conseguindo muito bem.
A primeira garota tinha cabelos de um negro, que quando batiam na luz clara da lareira tinham um brilho azul-escuro, era muito bonita, com uma pele clara e lábios pintados de vermelho. A segunda tinha os cabelos loiros, que caiam até os ombros em cachos bem feitos demais para serem naturais. Ambas vestiam capas negras, como as dos comensais.
- Milorde. – Ambas disseram e fizeram uma referencia.
- Vocês devem ser Letycia Maiden e Bonnie Carrie. – ambas sorriem. – As primeiras Comensais...
- Milorde, é seguro falar com aquela mulher aqui? – Bonnie, a loira, aponta para Angel, que se esforça para não olhar.
- Ela é apenas uma empregada... Não se preocupem com alguém tão insignificante.
Ambas sorriem, enquanto Angel respira fundo para não se irritar.
- Milorde, estamos tão contente em nos escolher para sermos as primeiras mulheres a servi-lo. Nunca poderemos lhe agradecer totalmente...
- Prometemos não decepcioná-lo.
Angel revira os olhos. Como aquelas duas vagabundas podiam ser tão desprezíveis?
- Tenho certeza que não vão.
O ultimo vaso na biblioteca, o único que sobrevivera aos ataques de Angel e Tom, explode. As duas mulheres olham assustados para onde ele estava, enquanto Angel respira fundo para se acalmar. Tom apenas gargalha... A diversão estava apenas começando...
Continua...
N.a.:
Hauhauahuahuahauhau... Sinceramente, eu amo esse capitulo... Acabei de escrevê-lo agora, dia 26 de novembro de 2005 às 15:30...
Vamos aos meus comentários sobre ele...
Em primeiro lugar, Lolly... Ela não é só cute e meiga, ela é perfeitinha... Além de ser uma mini-cópia da Angel... O Rewson é um desgraçado, como já havia sido provado antes, e por fim, a alegria da nossa vida: Bonnie Carrie e Letycia Maiden. Ambas são em homenagem à Lety-chan, Lisa Black, que me ajuda sempre que preciso .
Esse capitulo, como estou irritada por só ter recebido DUAS REVIEWS, vou dedicar às duas, Miri e Lisa, o capitulo... Não que eu ache que devo receber 10000... Não sou a Silver-chan, mas pelo menos 5, né?
Abaixo a letra da musica que inspirou o capitulo:
A Current Obsession
UMA OBSSESSÃO ATUAL
Venha para mim
Sentir minha proteção
Uma contagem regressiva para minha revelação
Sem mais respeito
Por seus remorsos
E sua hora chegou
A verdade nua está disfarçada
É a complicação de seu segredo
Exausta deste sacrifício
Como um pregador mentiroso
Escondendo para sobreviver
Tão forte vivendo numa tortura
Eu sei que você nunca verá
A luz novamente
Tão dificilmente vivendo numa tortura
Apague o medo flamejante em
Seus olhos de novo
O grito silencioso está mais forte agora
Você não pode segurá-lo por mais tempo
A nuvem se transformando nesta chuva
Seu deserto parece tão distante agora
Venha para os meus braços
Seguindo sua linha
Estou perdendo a minha
Beijinhos!
Belle Lolly Perversa-Black.
26-11-2005
