No capítulo anterior vocês acompanharam a adoção um tanto turbulenta do quarteto de jovens. Agora na casa nova o que os aguarda?!

Capítulo II

O carro já rodava há horas, o cenário mudava constantemente. Para eles tudo era novo, pois nunca antes saíram de La Bambina.

Ficar olhando para paisagem foi criando um clima propicio para uma soneca... lentamente cada um foi aconchegando-se no banco ou no ombro de quem estava ao lado e deixando as pálpebras se fecharem, pegando no sono. Enquanto isso, pela janela do carro, percebia-se que o cenário ia mudando para algo mais sombrio e funesto, principalmente quando o veículo adentrou uma densa floresta. Porém, o mais estranho daquela situação é que a estrada abria-se conforme o carro seguia em frente, como mágica, fato que os jovens não presenciaram, pois estavam todos dormindo.

Só vieram a acordar quando o motorista bateu a porta do carro, como um aviso de que haviam chegados. Perceberam que o veículo estava parado e lentamente foram despertando, esfregando o rosto para espantar os resquícios de sono.

Kamui olhou para fora e pôde ver a enorme casa que estava à sua frente.

-Onde estamos? – perguntou Yuka também olhando para a casa, tentando buscar os detalhes da mesma. – Nossa, que lugar estranho!

O comentário chamou a atenção das duas garotas que se apertaram na porta da limusine, todos de nariz grudado no vidro, para poder também conhecer a nova casa. Neste exato momento o motorista abriu a porta, fazendo que todos perdessem o equilíbrio e viessem ao chão, formando um enorme montinho humano.

Mas mesmo no chão, não conseguiam afastar os olhos da enorme casa, que se encontrava no meio da floresta. Sua imponente porta desenhada em arco e com a cobertura suspensa por duas enormes colunas fizeram com que eles ficassem paralisados.

-Vamos entrar, seu Montezequiel os aguarda. – avisou o motorista.

Tal nome pronunciado, trouxe aos jovens um leve arrepio e as recordações recentes aos seus pensamentos. Parados na frente da entrada, o que os aguardava por detrás dela, eram os pensamentos de todos ali.

-Entrem! – ordenou o motorista, meio irritado com a paralisia geral dos jovens.

-Mas onde está o Senhor Montezequiel? Ele não estava no orfanato também? – questionou Yuka.

-Sim, mas ele veio na frente para preparar a recepção de vocês. – respondeu o motorista. - Agora entrem.

-Mas a porta está fecha...- sequer conseguindo concluir sua frase, Marjarie ouviu o ranger da porta se abrindo.

Porém, ela nem chegou a abrir completamente, quando um vulto preto e pequeno disparou de dentro da casa muito veloz, pulando direto nos braços de Josi.

-Mas que gracinha!!!- disse Josi acariciando a pequena criaturinha que estava em seus braços.

-UM GATINHO!!!- exclamaram Yuka e Marjarie.

-Tenho que informar que é uma gatinha. – disse Josi rindo.

A porta se abre totalmente num estrondo, chamando a atenção de todos. No alto da entrada a figura há poucas horas conhecida pelos jovens se distingue das sombras. Com um terno preto e uma camisa vermelha de seda, poderia até se passar por um personagem de filme, se não fosse aquele olhar de alguém que escondia muitos segredos.

-Mas como pode?! – exclamou Yuka – Ser tão feio...

Kamui cutucou Yuka, pois seu comentário foi ouvido por todos, fazendo aquele sorriso amarelo sumir do rosto do homem e ser substituído por um realmente sinistro.

-Ai, pela Santa Querupita – resmunga Josi, fazendo com que o animal pule de seu colo e dispare novamente para dentro da casa.

Essa frase chamou a atenção de todos, que viraram-se depressa para Josi. Ela estava branca, com uma expressão de terror no rosto, Kamui correu, pois percebeu que a jovem iria desmaiar, segurando-a antes de seu corpo desabar no chão. Pegou-a no colo e levou para dentro de casa. Yuka e Marjarie vieram logo atrás, tentando entender o que havia acontecido.

Monteziquel seguiu em frente, indicando a sala com grandes móveis e um imenso sofá no qual Kamui ajeitou o corpo da jovem.

-Josi-chan... Josi-chan acorde! – pediam Yuka e Marjarie, esfregando os pulsos da jovem.

Todos já haviam presenciado aquele desmaio repentino e sabiam como agir. Era sempre após ela ter uma visão.

-Vai buscar um copo d'água !!!- gritou Yuka ao homem que os observava.

-Para ela? Mas ela está desmaiada! – questionou o homem, carrancudo por receber ordens.

-É claro que é para mim... não está vendo o quando estou nervosa, seu idio...- mas Yuka se controlou com o palavreado pois olhou para o rosto fechado de Kamui e percebeu que estava cruzando os limites do bom senso.

O homem saiu da sala emburrado. Yuka o observava até o próprio se afastar e não ouvir nada.

-O que será que ela viu desta vez?

-Ai, sempre fico com medo dessas visões dela, lembra a última?- comentou Marjarie já fazendo o sinal da cruz e resmungando uma oração.

-É claro, ela disse que alguém sofreria um acidente na escada, e você caiu rolando, porque queria salvar aquela minhoca que você adotou. – explicou sem paciência Yuka.

-Fiquem quietas, ninguém pode saber disso... podemos utilizar isso como uma vantagem ao nosso favor- disse Kamui apontando para a porta pela qual Montezequiel entrava.

Ambas concordaram com a cabeça e voltaram a sua atenção para a garota deitada no sofá que dava os primeiros sinais de voltar a si.

-Josi, você esta bem? –falou em um tom calmo, segurando a mão da jovem .

-Mamãe, mamãe ...-disse Josi para Kamui.

-Não sou sua mãe sou eu Kamui!

-Ah onde estou? Quem eu sou?

-Santa Querupita ela saiu de órbita!!! Josi querida, somos nós Yuka, Kamui, Marjarie – explicou Yuka tocando em cada um ao citar os nomes. –Você está bem?

-É claro que estou bem! Sou um torcedor gremista fanático.- respondeu

-O que é isso, ela está possuída ?!- exclamou Marjarie já mais nervosa com a situação.

-Deixa de besteira, olha a cara dela! Está tirando um sarro da nossa cara. – exclamou Yuka, olhando para Josi que ria no sofá.

-Gente só foi um mal estar gerado pela viagem.- explicou Josi tentando disfarçar o real motivo do desmaio.

-Você está bem mesmo? – questionou Monteziquel entregando o copo de água à jovem. – Acho melhor vocês descansarem.

Todos concordaram, e o seguiram pela enorme escada que se apresentava toda imponente com seus corrimões ornamentais em tons dourados contrastando com o mármore negro dos degraus.

A escada se dividiu em duas, Monteziquel guiou os jovens pela esquerda. E depois de mais alguns degraus, todos se depararam com um imenso corredor. Forrado com um fofo carpete, tinha as paredes adornadas com quadros enormes, alguns com figuras bucólicas, outros com cenários românticos e outros ainda com figuras em poses imponentes.

Kamui, ao olhar para trás, percebeu que Marjarie não estava acompanhando o grupo, e sim parada olhando seriamente um dos quadros. Ele estranha ainda mais a postura dela que nesse momento estava fazendo careta para o quadro e mostrando a língua. Ele seguiu discreta e rapidamente até a jovem para poder descobrir o que houve.

-Mar, o que está acontecendo? - disse Kamui com um tom de voz preocupado. Desde que chegaram naquela casa todos estavam se comportando de uma forma estranha.

-Esse cara ficou mostrando a língua para mim!! - disse na maior naturalidade Marjarie, olhando com raiva para a figura imponente de homem com enorme bigode.

-Mar, é um quadro... como ele poderia mostrar a língua para você? - diz Kamui, mas preocupado, pondo a mão na testa da garota para ver se ela estava realmente bem.

O grupo à frente parou ao perceber a conversa entre os jovens junto ao quadro. Monteziquel voltou para onde os dois estavam parados.

-Ah, esse é meu tatatataravo Montequiel, ele que construiu essa casa. - disse o homem todo orgulhoso ao olhar para a figura. - Vocês gostaram do quadro?

-Ah sim, claro!!!-disse Kamui rapidamente, empurrando a jovem, não deixando-a fazer nenhum comentário.

Ao se aproximar do resto do grupo.

-O que vocês estavam fazendo ali - questionou Yuka.

-Depois conversamos. -resmungou Kamui, olhando para Marjarie que tinha no rosto a cara de espanto e ainda resmungava sobre a insolência do quadro.

-Vamos crianças, os quartos são aqueles ali na frente. - apontou Montezequiel querendo acabar logo com aquilo.

Seguindo mais a frente do enorme corredor, cada jovem percebeu que em pregado a cada porta, havia uma plaquinha, indicando o dono de cada quarto.

-Bom acho que agora é hora de cada um conhecer seu novo espaço, vou deixá-los à vontade e amanhã conversaremos direito. - explicou o homem.

Os garotos olharam uns para os outros e entraram em seus respectivos aposentos.

Kamui entrou e fechou a porta, assim que ouviu que todos faziam o mesmo. Trancou e encostou-se à mesma, respirando fundo para tentar aliviar a tensão, olhou para frente, mas só havia escuridão. Tateou na parede ao seu lado até encontrar um interruptor, com apenas um leve movimento o ambiente se iluminou, revelando um quarto espaçoso, móveis grandes... mas o baú na base da cama era algo que atraiu a curiosidade de Kamui. Ele aproximou-se e passou levemente a mão em sua tampa, sólida e num tom escuro. Abriu, encontrando lá dentro alguns cobertores e um travesseiro, fechou a tampa e se sentou na cama. Tudo tão novo para ele. Pôs as mãos no bolso, como se aquilo lhe trouxesse segurança. Mas foi nessa atitude que recordações recentes vieram à tona, quando abriu a mão e encontrou o pequeno medalhão. Apertou novamente o objeto entre os dedos e deixou seu corpo cair no colchão.

"Se você pudesse me dar a resposta de quem são meus pais... por que me abandonaram?"

No peito um vazio... num quarto desconhecido, sem a presença da tão querida Gorduchita.

"O que será que ela está fazendo nesta hora?"

Não muito longe, dali no quarto ao lado, os pensamentos de Josi também estavam direcionados a Gorduchita.

"Já estou com saudades, Gorduchita, não quero ficar aqui nessa casa aonde... ai credo nem quero pensar naquilo que vi!!!"

Josi se ajeitou na cama, queria mesmo dormir. Quem sabe no outro dia poderia se sentir melhor.

Ao lado, Yuka tirava de dentro da mala sua frigideira e guardava debaixo do travesseiro, preferiria dormir em segurança.

Enquanto isso no quarto de Marjarie.

-Sara lee ninguém nos entendem, acham que sou louca!!! Mas aquele quadro mostrou a língua para mim, isso é fato. – explicava Marjarie à minhoca. – Bom acho melhor dormir, amanhã será um longo dia. Boa noite Sara Lee.

Marjarie apaga a luz e lança um beijo para a pequena minhoca.

P.S. Agradeço a todos manitos e manitas que aderiram a idéia La cucaracha de ser!!! Obrigado a todos pelas palavras de incentivo, que tanto faz bem para seguir em frente.

Obrigado a Koneko, Josi-chan pelo incentivo extra.

A dona Marj...que tem que me aguentar e fazer a revisão...sobre pressão!!!

Um la cucaracha para todos!!!!