Capítulo III
A Decisão de Maylene Angel
- Então? O que és tu? - insistiu Hermy.
- Mas que bela história que isto vai dar... - murmurou Elyon para si. - Talvez possa escrever um best-seller com isto!
- Devia ter trazido a minha máquina fotográfica... Agora onde é que arranjo fotos para a TVI? - pensou KnucklesGirl.
- Importam-se de parar de pensar em formas de ganhar dinheiro comigo!? - Dalijah saltou do buraco xateado.
- Ugh... Tens razão... - disse Elyon, tapando o nariz. - Antes de mais nada, precisas de um banho...
- Eh pá! Mas que pivete, meu!
- Caros telespectadores, estamos a assistir à "Ressurreição dos Mortos"! E o melhor é que, desta vez, é real! - exclamou Hermy para a câmara. - O que pretende fazer, agora que voltou à... ao mundo dos vivos...?
- Vou procurar a Maylene e encontrá-la! Esteja onde estiver!
- Esteja onde estiver! - soou a voz de Dalijah, através de uma televisão exposta numa loja de electrodomésticos.
- Isto não é nada bom, May... - disse Dead Lady.
- A sério? Diz-me uma coisa que eu não saiba...
- Não podes casar com ele, mãe! Ele é um... Não é humano! - observou Anina.
- Mas foi o homem que...
- Oh, por favor, deixa de ser lamechas! - interrompeu Dead.
- Hum... És capaz de ter razão... Afinal, com este corpinho, muitos mais cairão aos meus pés! - exclamou Maylene, começando a rir maleficamente.
- Uh... Já pareces uma viúva negra, Dead...
- É esse o nome daquelas aranhas assassinas?
- É sim, sua retardada! - respondeu Dead Lady a Anina.
- Estou farta!! - explodiu Anina.
- Farta do quê, filha?
- Em todos os três capítulos desta maldita fic, chamaram-me retardada! Já chegaaaaa!! - Anina mete a mão no bolso e tira uma pistola.
- Onde arranjaste isso, filha?
- Tirei-a à Sin Girl... Mas isso não interessa! - Anina aponta a pistola à cabeça da Dead Lady. - Este é o teu fim!
- Oh, não tens coragem de...
PUM
- Oh... Afinal tens... - murmurou Dead, com um buraco na testa.
- Agora sim, és mesmo uma Dead Lady... - concluiu Anina, enquanto Dead caía ao chão.
- Filha! Era preciso teres feito isso?
- Não... Apenas queria saber qual era a sensação de dar um headshot...
- Nesse caso, fizeste bem. E que tal a sensação?
- Bem, digamos que... - Anina interrompeu-se, começando a farejar o ar. - Mãe... Tomaste banho hoje de manhã?
- Er... Por acaso não... - respondeu Maylene, embaraçada. - Porque é que perguntas?
- Fogo! Deitas cá um pivete... - disse Anina, tapando o nariz. - Vai lá, vai...
- Mas... Mas... Não sou eu! - exclamou May, cheirando-se a si própria.
Então, repentinamente, as flores apodreceram, o céu escureceu, as lâmpadas da calçada acenderam-se e, ao longe, no horizonte, uma figura movia-se, rápida e ligeira.
- O que é aquilo? - perguntou Maylene.
- Será um pássaro?
- Não!
- Um avião?
- Não!
- É o Super-Homem!
- Não é nada... - disse Anina, estragando o entusiasmo do povo. - É... É ele!
- Ele quem? Estás a falar d'Ele?
- Não é esse, Ele, mãe... É ele! O Dalijah Dymien!
- Oh, não! Que Deus nos ajude... - murmurou Maylene, ajoelhando-se.
- Não, minha filha... Ele não te pode ajudar...
- E quem és tu?
- Apenas um pobre padre eunuco... Maldita Elyon Somniare! - pensou o padre. - Ele não é Todo-Poderoso... E sabes porquê?
- Não mas palpita-me que o senhor me vai dizer...
- Pois vou, minha filha. Ele não é Todo-Poderoso porque o santo matrimónio, unido por Ele, é destruído pelo homem! E se o homem pode separar aquilo que Ele uniu, apenas posso concluir que ele não é Todo-Poderoso!
- Hum... Que grande raciocínio... - observou Maylene.
- Obrigado, minha filha. Ando a pensar nisto desde os 5 anos, e só agora, aos 55 anos, consegui descobrir a verdadeira verdade!
- E qual é?
- Se Ele não é Todo-Poderoso, então... Alá é grande!
- Então que seja... Que Alá nos ajude...
- Porquê, May? Não te quero fazer mal...
- Ah! Já aqui estás? - gritou Maylene, piscando os olhos. - Espera lá... Onde está a minha filha?
- Não sei... - disse Dalijah, encolhendo os ombros. - Olha, está aqui um bilhete no chão. Diz assim: Mãe, fui curtir a vida com um bonzão qualquer. Resolve as coisas sozinha!
- Rica filha...
- Então, May... Qual é a tua resposta? Casas ou não... Onde é que está o anel que te dei? - perguntou o rapaz, olhando para a mão direita de Maylene.
- Está na mão esquerda, totó!
- Ah! Ok... Então, como ia a dizer: casas ou não comigo? E não aceito um "não" como resposta!
- Ena... ¬¬ Tenho tantas opções de escolha... Não posso dizer que não...?
- Não! - gritou Dalijah, completamente vermelho.
- Mas... Tu és... O que é que tu és?
- O homem que vai casar contigo!
- Não! Não posso casar contigo... Eu sou humana e tu não...
- Ah! É essa a questão? - perguntou Dalijah.
- É sim.
- Tudo bem, não tinha percebido... - Dalijah afastou-se até uma cabine telefónica, falou durante vários minutos, desligou o telefone e regressou para junto de Maylene. - Já está.
- Já está o quê?
Um carro descapotável chegou, estacionando junto ao casal. Lá dentro estavam Tidus e Sin Girl.
- Dalijah! Voltaste à vida! - exclamou Sin Girl.
- Mais ou menos... Trouxeste o que te pedi?
- Sim! - Sin Girl pegou na sua mala, tirou uma pistola de lá de dentro e...
PUM
- Headshot! - exclamaram os três, começando a rir.
- Bem, agora que a Maylene morreu, vou ter com ela ao Mundo dos Mortos.
- Boa sorte!
- Depois envio-te um convite para o casamento.
- Está bem!
A terra começou a agitar-se, prédios foram abaixo, árvores caíram ao chão, pessoas morreram e um buraco surgiu ao lado do carro de Sin Girl. Dalijah saltou lá para dentro e o buraco fechou-se imediatamente.
- Onde é que será o Copo-d'água?
- Não faço a mínima ideia... Tens um amigo muito estranho...
- Ex-amigo. Já está morto...
- E se fôssemos curtir um bocado? - sugeriu Tidus.
- Não sei... Da última vez levaste-me para um hotel cheio de baratas... - respondeu Sin Girl.
- Sabia lá eu que os hóteis de meia-estrela tinham baratas! Eu prometo que desta vez vamos para um de uma estrela.
- Hum... Então está bem! Tens os duplos?
- Triplos, até!
Entretanto, no Mundo dos Mortos...
- Onde é que eu estou? - perguntou Maylene, coçando a cabeça.
- 'Tás no pugratório, moça...
- É purgatório, tosco... - corrigiu Yuna.
- O que estão aqui a fazer os dois? - Maylene olhou para Yuna e Zé Manel das Couves.
- Nós morremos, lembraste?
- Ah! Então também devem estar aqui a Sakura e a Dead Lady!
- Por acaso... Estão neste momento a lutarem uma com a outra... - informou-a Yuna.
- O quê?
Maylene aproximou-se do grande amontoado de gente, isto é, mortos. No centro do grande circulo, Dead Lady e Sakura puxavam os cabelos uma à outra, arranhavam-se, mordiam-se...
- Já chega! - gritou Maylene.
- May! - Dead Lady atirou Sakura para o lado e correu para junto da amiga. - O que estás aqui a fazer?
- A Sin Girl...
Um jipe aproximou-se do local levantando uma enorme quantidade de poeira. Quando esta assentou, uma figura alta e bela erguia-se.
- Eu sou Hermy, repórter da TV Escandalosa e Morta.
- Também morreste? - perguntou Dead Lady.
- Yup, há coisa de 5 minutos. Ah! Já agora, acho que precisas de saber que o Dalijah vem a caminho.
- O QUÊ!? - gritou Maylene. - Quando é que posso ir com o Anjo para o Paraíso?
- Assim que o Fidalgo, o Onzeneiro, o Sapateiro, o Parvo, o Frade, a Alcoviteira, o Judeu, o Corregedor, o Procurador, o Enforcado e os quatro Cavaleiros forem julgados. Ah! E o Gil Vicente, claro - enumerou Yuna.
Todo o purgatório começou a tremer, o chão cedeu, todos os julgados caíram no vazio, restando apenas Maylene, Dead Lady, Hermy, Sakura e Yuna.
- Sentiste a minha falta, Maylene?
- Er... Sim... - Maylene virou-se para o grupo de mortos isolados na pequena parcela de terra flutuante. - O que vamos fazer?
- Não sei... Ele parece perigoso... Talvez seja melhor casares com ele de uma vez. - sugeriu Yuna.
- Só morta!
- Já estás morta... - observou Sakura.
- Oh, pois é...
- O que estás aí a murmurar, minha linda Noiva Cadáver? - perguntou Dalijah, ajoelhando-se aos pés de Maylene e pegando-lhe na mão. - Mais uma vez, volto a perguntar: aceitas casar comigo, Maylene Angel?
- Er... Não sei...
- Estou a perder a paciência... - Dalijah estalou os dedos e Anina surgiu ao lado dele.
- O que é que estás aqui a fazer? - Maylene vê que ela não tem roupa alguma. - E nesse estado!?
- Er... Apanharam-me num mau momento... Estava com o tal bonzão... Espera lá! O que é que estou aqui a fazer?
- Matei-te - disse Dalijah.
- Ah, está bem.
- Então, Maylene? Aceita e ela volta à vida.
- Oh, está bem. Eu aceito casar contigo...
Um feixe de luz irrompeu entre os dois e duas alianças surgiram nos seus dedos anelares esquerdos.
- Ena pá... Os casamentos aqui para este lado são rápidos... - disse Dead Lady.
- E agora, vamos à cerimónia!
- Então e a Anina? Não volta à vida?
- Não... Eu sou um simples escritor de fics, não sou nenhum deus...
- Ah! Enganaste-me!
- Temos pena...
- ALTO! - gritou uma voz.
- Que foi? - perguntou Dalijah, voltando-se para trás.
- Os meus telespectadores não chegaram a saber o que é que tu eras... - disse Hermy.
- Ah! Isso... Pensava que já tinham percebido... Lembram-se do que a KnucklesGirl disse no cemitério?
- Não... - disseram os mortos em uníssono.
- Então, passo a citar: "Não propriamente. Pode não voltar a viver, mesmo, mas pode permanecer no mundo como um fantasma, no caso de não ter concluído uma certa tarefa, ou como morto-vivo, quando apenas quer viver." Parece simples, não?
