Olá para todos!
Primeiro, quero agradecer a cada um que está disposto a ler esta fic e dizer: divirtam-se! Espero que vocês realmente tenham prazer em ler e dividir idéias comigo, senão qual seria a graça de publicar uma fic, não é?
Sobre a fic: Eu sou fã incondicional de Card Captor Sakura,e , como tal, não pude deixar de ficar indignada com o final do segundo filme, o qual deixou milhares de pontas soltas e perguntas no ar. Por ex: o que realmente acontece com Sakura e Shaoran? Eles são apenas dois adolescentes, como poderão manter um romance morando em países diferentes e sendo criados sob culturas e responsabilidades completamente diferentes!... E as Cartas? O que aconteceà elas?
E... a pergunta que não quer calar, por que raios Clow escolheu Sakura, e não Touya, Shaoran, ou qualquer outra pessoa, para ser o novo mestre das cartas, será que há algum motivo muito mais forte por trás dessa decisão do que o simples destino?
Por fim, será que todos os problemas se resolveram depois que Sakura selou a, suposta, "última carta"? ...acho que não...
Bom, vou parar de tagarelar.
Um beijo a todos!
Mysthic
Disclaimer: Cardcaptor Sakura pertence ao grupo Clamp.
... Behind the SKy...
O ritmo era rápido enquanto violino e guitarra duelavam numa fúria crescente e emocionante.
— Atenção no próximo passo Sakura! Sem sorrir!
Ecoou uma voz feminina pela platéia do imponente teatro. Um dos maiores palcos de espetáculos de dança de uma grande metrópole.
Tóquio.
Cap. 01
... Inflorescência...
— Com calma agora... O movimento tem que ser natural!
A voz de Mitsuê Kaitsujuro tentava se sobrepor ao volume da música enquanto observava atentamente o jovem casal a sua frente ensaiar a parte mais difícil da coreografia intensa e complexa com atenção.
Com velocidade Sakura girou várias vezes em seu próprio eixo antes de saltar com graça para os braços fortes de Tadashi Kentsuke, que a segurou com firmeza acima de seu corpo enquanto as pernas saltavam do chão e faziam os dois corpos rodopiarem no palco. A música terminou no mesmo instante em que os pés de Kentsuke atingiram novamente o palco, permitindo que um de seus joelhos tocasse o chão ao mesmo tempo em que Sakura erguia os braços para o alto, curvando suavemente o corpo para trás, num perfeito cambré.
Um sorriso se espalhou pelo rosto de Mitsuê enquanto a pequena platéia composta por outros bailarinos e curiosos em geral aplaudia e assoviava emocionada.
— Perfeito! — A professora começou a se aproximar dos bailarinos batendo palmas. Neste momento, Kentsuke desceu Sakura até o chão se levantando logo depois. Os dois deram as mãos e se curvaram para a platéia, que continuava a aplaudir.
Com apenas dezoito e vinte anos, Sakura e Kentsuke, respectivamente, já tinham um papel de destaque entre as academias e concursos de balé clássico e contemporâneo regionais. E vinham treinando com afinco no último ano para participarem do concurso nacional de dança.
— Eu nem acredito que conseguimos fazer aquele último passo... — Sakura disse, virando-se então para Kentsuke, rindo um pouco nervosa. Ele também riu.
— Nem eu... Todo o tempo eu achei que fosse deixar você cair outra vez, mas como eu sabia que Mitsue-san ia me matar se isso acontecesse...
— E ia mesmo!— Mitsuê acabara de se postar atrás deles e os dois viraram para ela, assustados.— O festival está próximo demais para perdemos outra semana esperando o tornozelo da bailarina voltar ao normal, não é queridos? Mas eu tenho que dizer que saiu tudo perfeito no ensaio de hoje. Bom, por hoje basta. Nos encontraremos de novo na segunda-feira às sete horas, tudo bem?
Os dois assentiram e desceram em direção aos vestiários. Sakura corria na frente, parecendo um pouco afobada. Enquanto andava, ia retirando os grampos do cabelo. Ao deixá-lo mais longo, as pontas formaram ondas até um pouco abaixo de seus ombros, característica que estava certa ter herdado de sua mãe. Entretanto, aquelas duas mechas em cada lado de seu rosto ainda insistiam em ficar livres no ar, apesar de todos os seus esforços em sentido contrário.
— Hei! Sakura! Por que a pressa! — Kentsuke ficou parado meio confuso, observando ela vestir uma calça de ginástica por cima da roupa muito rapidamente.
— Ahn? É que eu tenho que ir voando até a estação de trem, senão não vou chegar a tempo em Tomoeda...
Durante essa pequena frase, ela já tinha vestido um agasalho, prendido o cabelo e enfiado várias coisas dentro de uma bolsa.
—... Adivinha... — Ela ia dizendo, enquanto pegava um par de sapatilhas que Kentsuke estendia para ela. —... Hoje é o dia do casamento do meu pai, eu vou entrar com ele na igreja e ainda estou aqui! A Tomoyo vai me matar...
Kentsuke riu da maneira paranóica com que ela olhou ao redor para ver se não havia esquecido nada. Ele suspirou:
— Quer uma carona? — Ela levantou os olhos para ele, hesitante.
— Não vou mesmo te importunar?
— Mas é claro que não. A que horas sai o trem?
— Daqui vinte minutos...
— Então é melhor a gente correr. Me dê sua bolsa...
As ruas de Tóquio não estavam muito movimentadas naquela manhã de domingo. Talvez fosse porque em manhãs frias, quando a neve caía tão devagar sobre toda a cidade, o que as pessoas mais desejavam era permanecer em casa, descansando embaixo das cobertas.
O que foi uma bênção, pois, mesmo com a moto de Kentsuke cruzando a cidade o mais rápido que ele podia, faltavam apenas dez minutos para o trem partir quando eles chegaram à estação.
Os dois saltaram da moto e ele ajudou Sakura a se desvencilhar do capacete que ele emprestara para ela. Assim que ela o tirou, olhou para ele, mortificada:
— Hei! Seu rosto deve estar congelando! — Sem pensar, ela estendeu uma mão que vestia uma grossa luva de lã preta e pousou-a sobre o rosto dele. Ele sorriu. Sakura sentiu um sobressalto. Os cabelos imensamente negros dele caíam um pouco desalinhados sobre a testa, enquanto seu sorriso dava um brilho extremamente charmoso aos seus olhos azuis. Ela imediatamente retirou a mão de seu rosto e pegou a bolsa que ele carregava, constrangida.
Ele franziu a testa, enquanto olhava para ela. Quando ela levantou a cabeça para se despedir, ele a interrompeu:
— Sakura, sobre aquela conversa que nós tivemos hoje de manhã...
— Kentsuke, eu sinto muito, mas eu tenho mesmo que ir. — Ele percebeu o jeito como ela parecia desconfortável. Sakura sentia o rosto esquentar, enquanto tentava manter um sorriso e sua voz firme. — Muito obrigada mesmo por ter me trazido. Até segunda.
Ela já ia se afastar quando ele agarrou-lhe seu pulso e puxou-a de encontro a si para um abraço apertado. Sakura arregalou os olhos, sem saber o que fazer.
— Eu não tenho pressa... — Ele sussurrou e então, sem mais nem menos, se afastou dela. E fitou com um sorriso seu rosto perplexo. — Boa viagem.
— Obrigada... — Ela ainda conseguiu dizer, apesar de estar espantada até o fundo da alma. Então se virou e desatou a correr em direção à plataforma de embarque.
O trem parara com um suave apito na estação de King´s Cross, Londres.
Já era tarde da noite e ele ainda tinha que passar correndo em seu apartamento, pegar as malas prontas, e mais uma vez sair apressado em direção ao aeroporto internacional.
A expressão séria em seu rosto não suavizou em nenhum momento. Eriol Hiiragizawa sabia que ainda tinha um longo caminho pela frente antes de se sentir tranqüilo novamente.
Sakura olhava sem realmente ver através da janela, enquanto a paisagem do amontoado urbano que era Tóquio ia dando lugar a cidades menores e campos rodeados por altas montanhas cobertas de neve. Turistas sentados à sua frente fotografavam o monte Fuji, tagarelando sem parar. Mas a pequena jovem de misteriosos olhos verdes nem lhes dava atenção.
O que era raro, pois estrangeiros, principalmente as crianças, sempre lhe chamavam a atenção. O que em geral terminava com ela posando para uma foto com vários pirralhos loiros sardentos de olhos verdes.
Mas Sakura estava muito absorta em seus próprios pensamentos naquele momento. Estava pensando sem parar no que acontecera entre ela e Kentsuke na manhã daquele dia.
Estavam os dois no palco, sozinhos enquanto realizavam um aquecimento rotineiro antes do ensaio. No canto, um pequeno rádio tocava sem que nenhum dos dois lhes desse muita atenção. Em um momento começou a tocar uma música lenta, Sakura nem percebeu o volume sendo aumentado, estava concentrada em manter o equilíbrio enquanto erguia o corpo sobre as pontas dos pés.
De repente sentiu dois braços enlaçarem seu corpo...
"Vamos dançar Sakura! Você tá muito tensa com essa história de casamento do seu pai e vai acabar caindo na hora do ensaio...".
Disse Kentsuke, rindo enquanto a puxava. Sakura só teve tempo de soltar uma exclamação de surpresa e, quando viu, ele já tinha virado seu corpo de frente para o dele e saíra dançando com ela pelo palco. Com uma risada nervosa, ela começou a tentar se desvencilhar do colega.
"Ora Kentsuke, é claro que eu não vou me desconcentrar. Fique tranqüilo...".Ele riu.
"Você tem razão. Quem está tenso sou eu..." Sakura olhou para ele, com um sorriso maroto.
"Mas por que Tadashi Kentsuke, o grande bailarino, estaria tenso diante de apenas um ensaio...?". Disse enquanto desafiava-o a ir mais rápido para acompanhar seus passos. Já estava acostumada com Kentsuke, ele sempre a fazia rir de alguma forma: ou contava uma piada, ou então começava a implicar com ela como se fossem duas crianças. O fato é que depois de quase um ano, os dois haviam se transformado em bons amigos.
Kentsuke riu. Mas então, parando de dançar, olhou diretamente nos dois oceanos que eram os olhos dela, seu rosto mudara de repente de uma expressão jovial para fita-la com seriedade, de uma maneira que estava deixando Sakura confusa.
"Tá tudo bem?" Ela franziu a testa. "Já sei! Você está preocupado porque a apresentação é daqui três semanas e nós não conseguimos acertar aquele último passo ainda, não é isso?"
Mas ele apenas sorriu e sacudiu a cabeça.
"O que é então? Se eu puder te ajudar em alguma coisa..." Ela sorriu afavelmente, de um jeito que fez com que ele tivesse certeza de que tinha que ir adiante com o que tinha planejado fazer aquela manhã. Se perdesse a coragem, tinha plena consciência de que iria explodir de tensão. Então ele começou a dançar com ela novamente, a dança sempre o ajudara a se sentir no controle de suas ações e emoções.
"É que eu tenho que te dizer uma coisa realmente importante...".
"Pra mim?" Ele assentiu. "Ah, pode dizer. Sou toda ouvidos."
"Mas antes me promete uma coisa?"
"O que?" Sakura acharia que ele estava lhe pregando alguma peça, se ele não estivesse olhando pra ela com tanta intensidade. Na verdade, ela estava começando a ficar nervosa.
" Não vamos deixar que isso atrapalhe os ensaios..."
Com isso, Sakura parou de dançar subitamente, e levantou os olhos para ele, totalmente preocupada:
"Kentsuke, o que foi!".
O que ele disse não foi mais do que um sussurro. Mas para ela, foi como se ele tivesse gritado.
"Eu estou... completamente apaixonado por você."
Sakura ficou sem ar. Não sentia mais as mãos de Kentsuke em seus braços. Só conseguia continuar fitando os olhos dele, enquanto o que ele dissera ficava se repetindo em sua mente. Se conseguisse sentir alguma coisa naquele momento, certamente se sentiria surpresa e totalmente desconcertada.
" Kentsuke eu... e-eu realmente... n-nossa..."
Sakura gaguejava. Evitando olhar nos olhos dele.Kentsuke sofria em vê-la tão confusa. Por isso forçou-se a sorrir e falar alguma coisa.
"Hei! Não fique assim tá?" Ele disse num tom de riso que pretendia aliviar o ambiente. "Eu não quero que você me diga nada. Era só uma coisa que eu precisava te falar. Eu... vou vestir o macacão, já volto."
E ele saiu, sem dizer mais nada.
E Sakura se lembrava de ter se sentado no palco e ficado a contemplar o vazio até a chegada da professora...
Sakura suspirou.
E depois aquela cena na estação... O que ele queria dizer com "não tenho pressa"? Sentia as lágrimas querendo aflorar em seus olhos. Fez um esforço para não permitir que isso acontecesse. Mas era impossível dissipar a confusão dentro de sua mente naquele momento.
Por que se sentia tão confusa? Não tinha que sentir-se dessa maneira, sabia que Kentsuke era apenas um amigo, não mais do que isso. Então não tinha porque sentir-se tão deprimida dessa. Não gostava dele, portanto era só explicar isso para ele que ele iria entender, não é mesmo?
Não... Não era tão simples dessa maneira. Seria, se Kentsuke fosse mesmo apenas mais um amigo em sua vida. Mas ele viera a ser um de seus amigos mais queridos, na verdade o mais querido depois de Tomoyo e Eriol. E então, de uma hora para a outra, ele simplesmente diz que a ama e estraga tudo! E agora? O que, em nome de Deus, ela faria!
Sakura tinha certeza que não o amava... Mas novamente a antiga pergunta vinha-lhe à cabeça: por que sempre que alguém se aproximava dela, sua primeira reação era fugir? E depois, sempre ficava confusa, com um sentimento de perda tão forte aflorando em seu peito que mal era capaz de suportar.
Esse sentimento de perda, tão bem conhecido seu. Desde há muitos anos atrás.
O céu estava limpo de nuvens naquela manhã gelada de dezembro e, a despeito do vento que insistia em enregelar os ossos das pobres almas que se atreviam a sair de casa, o sol começava a se levantar pelo céu, radiante como num dia qualquer de verão.
E Hong Kong estava silenciosa, praticamente deserta. Da maneira que Xiao Lang Li gostava.
Fazia quase uma hora que ele chegara ao campus da universidade. E não parara de correr um minuto sequer desde então. Gostava desse hábito antigo de correr ao redor do lago todas as manhãs. Era um exercício que o deixava sereno, um ritual sagrado para ele. E por isso sempre o realizava durante as primeiras horas da manhã, quando havia pouquíssimas pessoas na pista.
Para Li Xiao Lang, o silêncio ainda era o melhor conselheiro.
Em especial naquela manhã. Li corria quase sem ver a pista, absorto em seus próprios pensamentos. Há dias que uma sensação estranha o acompanhava. Era quase como um mau pressentimento.
Estava tão perdido em pensamentos que nem percebeu a presença de uma pessoa parada alguns metros a sua frente. Já ia quase passando direto por ela, quando o homem lhe chamou a atenção com um assovio.
Li levantou os olhos, espantado. Mas logo riu após observar direito o amigo de longa data.
Tai Liang o encarava com a maior cara de quem tinha caído da cama. Vestia uma cômica combinação de jeans, pantufas e uma suéter azul escuro. Segurava na mão um copo de papel que parecia conter, no mínimo, dois litros de café; enquanto os olhos negros riam para o amigo e ele dizia na sua voz retumbante:
— Bom dia, ó poderoso líder do Clã Li!
Ele fez uma imitação debochada de uma mesura perante o amigo, enquanto Li o olhava com desdém.
— Ora Tai, pare com isso... E me diga o que, em nome de Deus, você faz aqui tão cedo!
— Como você deve se lembrar, hoje é o grande dia-
— Ah, de novo não... — Li disse, revirando os olhos, enquanto pegava o copo das mãos do outro e tomava um grande gole. Tai Liang continuou em tom de riso.
—... da cerimônia que o nomeará Líder oficial do Clã! E eu, como responsável por toda a papelada burocrática, vim correr atrás de você antes que você suma sem assinar os últimos documentos.
Xiao Lang riu ao ver o amigo abrir a pasta abarrotada de papéis sobre a grama e começar a procurar pelos tais documentos.
— Eu bem que gostaria de dar um tempo em tudo... — Disse Li enquanto assinava os documentos. —... Mas com minha mãe no estado em que ela está, isso é impossível.
— Ela não melhorou?
— Não... Nem sei se ela poderá participar da cerimônia hoje. Aliás, ela me pediu para te perguntar se você sabe se a Meiling volta ou não.
Tai Liang então riu:
— Não, ela está completamente enrolada com a faculdade... E já me intimou a ir para Nova York na próxima semana, ou então eu sofrerei as conseqüências por deixar a namorada sozinha no natal em plena América, hahaha!
Xiao Lang sorriu; a prima não mudava mesmo. Os dois então se despediram, e ele decidiu ir para casa para supervisionar tudo.
No caminho não pôde deixar de lembrar outros dezembros, quando seus natais começavam depois de atravessar o oceano. No entanto, afastou as lembranças. "Nem tudo pode ser do jeito que desejamos..." Pensou consigo mesmo, enquanto abria os portões para o grande jardim, onde finalmente receberia a imensa responsabilidade de ser o líder de um dos principais clãs do país.
Ao longe, uma pessoa escondida sob uma capa encapuzada observava atentamente o jovem chinês.
"Depois de tanto tempo... Será que estamos preparados? Shaoran...".
Pessoal, por hoje é só!
Estão vendo o botãozinho aí em baixo? Então, por favor, review, review, review!
Eu vou adorar saber a opinião de vocês!Críticas, elogios, comentários, qualquer coisa!
Já estou escrevendo o próximo capítulo, espero postá-lo em, no máximo, duas semanas. Ainda tem muita coisa por vir e eu estou louquinha pra escrever tudo, hehehe.
Independente de quanto tempo eu precise, esta estória vai ser terminada. ( Sinceramente, espero não levar mais que alguns meses...-)
Um beijo, e que Deus abençoe a todos vocês!
Até o próximo capítulo,
Mysthic Starcard
