Update: Essa história está em processo de atualização, os capítulos serão todos revistos e os erros e incoerências mais graves corrigidos e, principalmente, a escrita suavizada; dito isso, esse capitulo já passou pela revisão.

A primeira coisa que Harry percebeu quando acordou é que ele estava vivo, dolorosamente vivo para ser mais exato.

"Se mecha com cuidado, Harry, você está exausto e seus ferimentos podem estar doloridos."

Falou uma voz ao seu lado, demorou alguns segundos para notar que tratava-se do diretor.

Harry fixou o olhar nele enquanto lembrava-se dos acontecimentos. Um flash de verde e gritos angustiados passaram por sua memória enquanto ele estremecia na cama hospitalar.

Esforçando-se para ignorar a angústia e o nojo causados diretamente pelo que havia acontecido nas profundezas de Hogwarts, deixou suas ações horríveis de lado para pensar em coisas mais importantes.

"A pedra? Está segura?"

Conseguiu perguntar o garoto agitado, com a voz rouca pelo desuso.

"A Pedra." Começou Dumbledore com cuidado, em uma tentativa de passar calma para a criança à sua frente. "O Professor Quirrell não conseguiu tirá-la de você." Apesar das palavras tranquilizadoras, a feição do diretor escureceu. "Você conseguiu se defender muito bem Harry, bem até demais."

O garoto engoliu em seco diante do olhar em branco do homem.

Não havia, em primeiro momento, julgamento no olhar do velho, mas Harry sentiu que devia haver.

"Eu fiz o necessário."

Conseguiu dizer ele com pouca convicção.

Sua voz, outrora confiante, dessa vez não confiável, falhando.

"Mais cedo ou mais tarde precisaremos falar sobre isso."

Alertou o velho, ao perceber o desconforto do garoto.

"Mais tarde então, eu não quero falar sobre isso agora."

Finalizou o jovem de olhos verdes encarando o criado-mudo ao seu lado.

"Certo." Cedeu o diretor, com ar de cansaço. "O que aconteceu nas masmorras é um segredo absoluto e, portanto, obviamente, a escola inteira já sabe sobre isso."

O olhar temeroso de Harry voltou ao velho.

"O quanto eles sabem?"

Perguntou com cautela.

"Fragmentos apenas." Tranquilizou, novamente, o diretor. "Ninguém suspeita sobre as partes mais escuras de sua aventura... No entanto, recomendo cautela quando for falar sobre seus feitos."

Harry se limitou a assentir.

"Onde está a pedra agora?"

Finalmente mais tranquilo, Harry sentiu-se à vontade para seguir com seu inquérito inicial.

"Está no lugar ao qual pertence, de onde nunca deveria ter saído, segura com seu legítimo dono."

Dumbledore pareceu ponderar os acontecimentos por um instante antes de continuar.

"Nicholas não ficou muito satisfeito comigo." Admitiu o velho com alguma relutância. "Porém, se impressionou com suas ações, nunca se sabe com ele, mas talvez você possa esperar uma tentativa de contatá-lo nos próximos anos."

"Nos próximos anos?"

Perguntou Harry confuso.

"Sim, anos. Nicholas, ao longo dos séculos, adquiriu hábitos terríveis quando o assunto é o tempo."

Explicou o diretor com diversão.

"E quanto a Voldemort?"

Insistiu Harry, trazendo a conversa até os assuntos mais sérios.

Dumbledore naquele instante parecia muito velho.

"Está por aí, eu suponho."

Harry assentiu, não era arrogante a ponto de achar que suas ações tinham resolvido o problema de forma permanente.

"Talvez procure outro corpo, ou outra forma de voltar, nunca se sabe."

Terminou o homem de forma sombria.

"Tenho mais uma dúvida apenas." Falou o menino com uma feição curiosa. "Como a pedra foi parar no meu bolso?"

"Ah, fico satisfeito que você tenha me perguntado. Foi uma das minhas ideias mais brilhantes, e cá entre nós, isto é alguma coisa. Só uma pessoa que quisesse encontrar a Pedra, encontrar sem usá-la, poderia obtê-la, de outra forma, a pessoa só iria ver-se produzindo ouro e bebendo elixir da vida. O meu cérebro às vezes surpreende até para mim."

Explicou o homem com seu característico olhar brilhante.

Harry limitou-se a rir forçadamente, sem humor algum, e balançar a cabeça.

Não tinha a intenção de contar a Dumbledore o que viu no espelho antes da pedra, tampouco discutir suas ações naquela noite, suspeitava que o velho tivesse muito a dizer sobre, mas não era a hora certa para discutir tais assuntos.

Dumbledore finalmente levantou de sua cadeira.

"Uma última coisa antes de voltar para as minhas funções, Harry." Falou o homem com seriedade. "Estou orgulhoso de você meu garoto, não pense que não." Seus olhos adquiriram um brilho mais intenso. "Você escolheu um caminho escuro e perigoso para si mesmo e eu o ajudarei a trilhá-lo, mas não vou tolerar ações irresponsáveis."

Harry Potter sentiu medo pela primeira vez em meses.

Mas, assim como veio, a sensação passou, as feições do homem relaxaram.

"Você tem um dom incrível, Harry... E um talento extraordinário para combinar. Suas escolhas até aqui, apesar de questionáveis, são facilmente justificadas pelos acontecimentos. Espero que tome caminhos mais corretos daqui em diante."

Com essa nota o mestre se despediu deixando seu discípulo com seus próprios pensamentos.

Seu próximo visitante foi Neville, no dia seguinte, o garoto a princípio deixava evidente sua preocupação, não demorou, no entanto, para deixar clara sua irritação sobre os acontecimentos.

"Dá próxima vez eu vou junto." Disse ele com a voz irritada. "Nem que eu tenha que te bater para que enxergue a razão. Você não vai me deixar para trás outra vez."

Terminou com firmeza.

Harry sorriu e balançou a cabeça.

"Tudo bem, Neville."

Os dois garotos continuaram discutindo os acontecimentos por mais algumas horas, em meio a explicações e provocações, Harry foi finalmente libertado de seu cárcere por Madame Pomfrey.

Sentado à mesa da Grifinória, ao lado de Neville, Harry aproveitava sua última refeição no castelo em silêncio.

O burburinho em sua volta não o incomodava, sua mente estava firmemente organizada e limpa, nada de bom parecia acontecer quando ele relaxava seu controle.

Os barulhos cessaram quando Dumbledore levantou-se.

"Mais um ano que passou!" Disse ele alegremente. "E que ano tivemos! Espero que as suas cabeças estejam um pouquinho menos ocas do que antes. Vocês têm o verão inteiro para esvaziá-las muito bem, antes do próximo ano letivo. Agora, pelo que entendi, a Taça das Casas deve ser entregue e a contagem de pontos é a seguinte: em quarto lugar Lufa-Lufa com trezentos e doze pontos, em terceiro, Corvinal, com trezentos e cinquenta e dois pontos, Grifinória, com quatrocentos e vinte e seis, e Sonserina com quatrocentos e setenta e dois pontos."

Antes mesmo de Dumbledore terminar de anunciar o resultado, uma tempestade de pés e mãos batendo irrompeu da mesa de Sonserina.

Era uma cena nauseante.

"Sim, senhores, Sonserina está de parabéns!" Garantiu o homem com um sorriso. "No entanto, temos de levar em conta os recentes acontecimentos."

A sala mergulhou em profundo silêncio.

Harry não conseguiu evitar revirar os olhos, quando percebeu que todos já tinham uma boa ideia do que se tratava o que iria ocorrer à seguir.

"Às vezes, em nossa vida, se faz necessária à frieza e a bravura para assumir para si a responsabilidade de fazer algo."

Começou o homem com um tom de voz muito mais sério do que ele usava habitualmente quando se dirigia aos alunos.

"Salvar uma vida." Listou ele antes de um silêncio prolongado. "Ou tirar uma."

No silêncio que tomou o salão principal poderia ser ouvido um alfinete caindo ao chão.

Os únicos sons eram das respirações suspensas dos alunos mais impressionáveis.

"Às vezes escolhas difíceis precisam ser tomadas."

O salão continuava em silêncio absoluto, mas começava a relaxar lentamente.

"Graças às pessoas que tomam decisões difíceis diante de problemas impossíveis, estamos aqui festejando felizes." O homem finalmente voltou a sorrir e usar um tom de voz mais leve. "Concedo trinta pontos a cada um, Neville Longbottom e Harry Potter, por serviços prestados a escola e por tomarem a decisão certa em uma situação de necessidade."

E então as cores das tapeçarias mudaram para vermelho e dourado e o absoluto caos irrompeu no salão.

Enquanto caminhava em direção ao trem com Neville, Harry viu Sarah ao longe, ela estava acompanhada de um garoto que parecia ter a mesma idade que ela.

O menino tentou, com esforço, não pensar nisso enquanto cumprimentava-a com um sorriso e um aceno.

Ela não viu.

Ou, se viu, não se importou em retornar a gentileza.

"O que está acontecendo entre vocês?"

Perguntou Neville finalmente, preocupado com a aparência ferida de seu amigo.

Harry sentiu uma pontada estranha e inédita no peito, enquanto observava a garota adentrar ao trem de mãos dadas com seu mais novo acompanhante.

"Nada, não está acontecendo nada."

Respondeu Harry habilmente, escondendo a dor que ele ainda não entendia ao certo de onde vinha.

"A propósito, falei com minha vó, espero sua visita durante o verão."

Falou seu amigo empolgado, em um esforço para mudar de assunto.

Harry sorriu genuinamente.

"Olha, eu não sei, tenho uma vida muito ocupada sabe? Não tenho certeza se terei tempo para isso."

A zombaria de Harry foi interrompida por um soco no braço.

"Babaca da Cicatriz."

Murmurou Neville em meio ao riso.

"Imbecil das Plantas."

Respondeu o outro se juntando ao riso.

O ano finalmente havia acabado e ele estava, surpreendentemente, contente.