Update: Essa história está em processo de atualização, os capítulos serão todos revistos e os erros e incoerências mais graves corrigidos e, principalmente, a escrita suavizada; dito isso, esse capitulo já passou pela revisão.
As coisas estavam indo de mal a pior nas aulas de defesa.
Além de um primeiro dia desastroso com um ridículo questionário e, após isso, o incidente com os diabretes, Lockhart insistia em provar toda sua insensatez, dia após dia, com uma persistência contumaz.
Mais irritante ainda era um estudante do primeiro ano que parecia achar uma boa ideia seguir Harry por todos os cantos. Dia após dia, tornava-se mais difícil suportar a zombaria constante de Neville sobre seu novo fã.
Além disso, havia Granger.
A garota que nesse instante esbravejava furiosamente sobre quão maravilhoso era o novo professor de defesa. A maioria das pessoas achava o comportamento engraçado, Harry era um dos poucos que achava irritante.
"Nosso irmão disse que a viu desenhando corações ao lado do nome de Lockhart em seus horários."
Disse Fred Weasley, sentado a algumas cadeiras de distância e observando com diversão o comportamento da garota histérica.
Neville riu, enquanto Harry espalmou a própria testa em frustração.
"Não era pra ela ser inteligente? O que aconteceu com o rato de biblioteca?"
Zombou o garoto com traços de crueldade e mau humor enquanto trucidava suas batatas com um garfo.
"Não tenho ideia." Falou Neville entre mordidas. "Não precisa ser um gênio para ver que há algo estranho naquele homem."
Completou com um olhar curioso.
"Claro que não." Afirmou Harry em tom de provocação. "Se fosse necessário você não teria percebido."
"Fazendo piadas agora, Potter?"
Zombou o garoto com irritação fingida.
O outro, no entanto, desconsiderou a resposta em um movimento súbito.
"Eu tenho que ir." Disse Harry levantando. "Prática de quadribol."
O garoto de cabelos verdes ainda conseguiu ver seu amigo fechar a cara antes de sair acompanhado dos gêmeos Weasley.
O time da Grifinória não havia realizado eliminatórias naquele ano. Fato que irritou Neville um pouco, não era um segredo seu interesse por uma chance de entrar no time.
"Por que demoraram?" Questionou Oliver ao ver os últimos três jogadores adentrarem o vestiário. "Não importa. Se reúnam aqui, precisamos conversar sobre nossas novas táticas de jogo."
O que seguiu foi uma falação teórica tão chata que Harry sentiu-se flutuar dentro e fora da conversa por cerca de meia hora, em alguns momentos, pensou ter adormecido brevemente.
Ele gostava de quadribol, realmente, mas não tanto quanto seus companheiros pareciam gostar. O jogo excessivamente frenético, em sua concepção, não passava de uma diversão moderada e um meio de voar, isso sim ele amava.
A verdade é que nem mesmo os outros jogadores pareciam muito interessados no discurso de Wood.
Alicia e Angelina, por exemplo, observavam com descrença o show dos gêmeos que fingiam dormir enquanto Katie parecia mais interessada em lixar suas unhas.
"Então." Disse Wood, finalmente, arrancando Harry de uma irrealizável fantasia sobre os livros que ele poderia estar lendo, naquele instante, no castelo confortável. "Ficou claro? Alguma pergunta?"
"Tenho uma pergunta, Oliver." Disse George, que fingiu acordar assustado. "Você não podia ter explicado tudo isso ontem, quando estávamos todos bem acordados?"
Foi a deixa para mais uma interminável discussão sobre como Oliver, o capitão do time, desejava ganhar a maldita taça e como ele arrancaria o couro de um por um durante o treinamento.
Não que Harry tenha prestado a mínima atenção, é claro.
Foi um alívio quando eles finalmente saíram para o campo, voar pelo céu montando sua vassoura era incrível.
Mas, tudo que era bom, sem ressalvas, tinha o hábito irritante de durar muito pouco.
Harry foi tirado de seu estado de estupor prazeroso pelo desagradável barulho de uma máquina fotográfica e uma estranha movimentação no campo de quadribol.
Quando finalmente alcançou a comoção, Oliver parecia bastante concentrado em uma competição de encarar com o seu rival, capitão da Sonserina, Marcus Flint.
"Saia logo daqui, Flint." Cuspiu Oliver com o rosto irado. "Eu reservei o campo."
O outro garoto, por sua vez, sorriu de forma feroz e debochada.
"Eu tenho a permissão do professor Snape."
Deixou soar ele maliciosamente, entregando ao seu rival um pedaço de pergaminho.
Oliver parecia prestes a explodir de fúria incontida.
"Você tem um novo apanhador?"
Questionou ele incrédulo, encarando a nota rabiscada em suas mãos.
Harry, então, finalmente, percebeu Draco, que estava sendo sutilmente empurrado para frente por seus companheiros de time mais experientes.
"E não é só isso." Falou Marcus com um sorriso zombeteiro enquanto apoiava seu corpo em sua vassoura espalhafatosa que, só agora Harry percebeu, era diferente da que ele usava no ano anterior. "O pai de Draco foi gentil ao doar essas novas vassouras para o time da Sonserina."
Revelou o garoto com superioridade, apreciando os rostos chocados dos rivais.
Sete cabos polidos, novos em folha, e sete conjuntos de letras douradas, formando as palavras: Nimbus 2001, reluziam sob o sol da tarde.
Harry se distraiu com a beleza da vassoura por um momento e quase perdeu o discurso prolixo sobre como a mais nova Nimbus batia, com larga vantagem, o modelo anterior.
O embate teve um glorioso fim depois disso.
Oliver reconheceu a derrota e decidiu que o melhor curso de ação era recuar e lamber as feridas.
Harry, por sua vez, amaldiçoou a existência de Draco. Agora Wood provavelmente ficaria mais maníaco do que nunca e, quase certamente, os esfolaria vivos no treinamento.
O garoto foi rápido em evitar o caos anunciado pelo brilho nos olhos dos gêmeos, afastando-se rapidamente do grupo, ele não queria ser cúmplice em seja lá o que os maníacos planejavam fazer.
Não houve maiores comoções naquele dia.
Harry, na verdade, evitou todos os colegas Grifinórios que, a essa hora, já deviam saber do acontecido no campo e provavelmente estavam cozinhando seu ódio em fogo baixo.
A biblioteca estava particularmente vazia naquela tarde monótona e as horas passaram antes que ele percebesse.
Ele ainda não estava confiante o suficiente em sua habilidade de esgueirar-se para invadir a sessão restrita durante o dia. Limitou-se, em razão disto, a ler sobre runas, disciplina eletiva que provavelmente escolheria no próximo ano.
Ao cair da noite, após a biblioteca ser oficialmente fechada e os corredores esvaziarem, seguiu os passos já habituais em direção à sessão restrita.
Ele havia esgotado os poucos livros práticos sobre artes das trevas que Hogwarts possuía, havia uma imensa quantia de informação intocada ainda, mas ela estava bem escondida atrás de teorias maciças e línguas mortas, desnecessário comentar que seu ritmo de avanço, nessa área em particular, havia diminuído vertiginosamente.
Ele não poderia, honestamente, dizer que estava surpreso com esse desenvolvimento.
A sequência de acontecimentos positivos, ou falta de acontecimentos negativos, havia o alertando para os problemas que poderiam aparecer.
Ou seja, a frustração crescente com as pilhas de livros e artigos teóricos sobre artes das trevas que levavam a lugares estranhos ou a nenhum lugar em absoluto, já era um desenvolvimento bastante esperado
Não que ele estivesse contente com esse fato.
Foi tirado de seus pensamentos pessimistas por um som horrendo, era frio e agudo, muito diferente do som bruxuleante que normalmente pairava nos corredores da sessão restrita.
Parecia se aproximar assustadoramente rápido e soava suspeitosamente como uma voz.
Harry não tardou em cobrir-se com a capa e cuidadosamente fazer o caminho para fora da escuridão da biblioteca. Assim que o fez, finalmente conseguiu distinguir a voz que parecia segui-lo pelos corredores vazios.
"Venha… venha para mim… Me deixe rasgá-lo… Me deixe rompê-lo… Me deixe matá-lo…"
O terror apoderou-se de seu ser e seus passos aceleraram pelo corredor noturno, enquanto tentava apurar seus ouvidos em busca de qualquer indicação de que a voz continuava a segui-lo.
Foi um alívio entrar pelo retrato e se apressar em direção as escadas, na segurança de seu dormitório.
Apenas depois de cobrir-se completamente com seus cobertores que o garoto percebeu suas mãos tremendo e os pelos do seu braço arrepiados.
Seja lá o que fosse, o que ele havia escutado não era algo normal.
Outubro finalmente chegou e com ele o período de chuvas.
O Lago Negro parecia ainda mais ameaçador e os jardins ainda mais lamacentos que o de costume.
Harry lembrava-se até mesmo, embora vagamente, de Neville comentando sobre quão apetitosas as enormes abóboras de Hagrid pareciam.
Talvez ele tenha feito uma insinuação maliciosa ou doze sobre o comentário inocente de seu amigo.
Amigo este que contraiu gripe naquela semana, parecia que um tipo de epidemia estava se espalhando no castelo junto com o tempo fresco, era possível ver mais de um Weasley correndo pelos corredores de pedra com fumaça saindo pelas orelhas.
Efeito colateral da poção utilizada pela enfermeira que, coincidentemente, fazia o lendário ruivo Weasley parecer ainda mais com uma fogueira.
As chuvas, aliadas a constante empolgação de Oliver, tornava comum o habito de voltar para o dormitório encharcado de água e barro, Harry estava quase acostumado a encontrar vestígios de lama em seu cabelo e, não raramente, em suas partes mais privadas.
"Nick está deprimido."
Afirmou Neville, um dia, sentando-se ao lado de seu amigo que saboreava, calmamente, suas batatas com carne.
"Nick?" Perguntou Harry legitimamente confuso. "Que Nick?"
Neville revirou os olhos.
"Nick Quase Sem Cabeça, Harry." Respondeu o garoto como se fosse óbvio. "O fantasma da Grifinória, sua maldita casa."
Completou o garoto diante do descaso do outro.
"Entendo, esse Nick." Falou o garoto desinteressado, voltando sua atenção para a refeição na sua frente.
"Você não escutou o que eu falei, Potter?" Insistiu Neville com irritação. "Nick está deprimido, precisamos fazer algo para ajudá-lo."
O garoto de olhos verdes, entretanto, não parecia nada feliz por ter sua refeição interrompida outra vez, o treino de quadribol havia sido especialmente cansativo e sua fome era quase incontrolável no momento.
"Como eu poderia?" Perguntou exasperado. "Aliás, por que um fantasma estaria deprimido? Ele já está morto. As coisas não podem piorar, podem?"
Neville descartou, facilmente, sua irritação como uma simples birra.
"Parece que sua solicitação para integrar a caçada dos sem cabeças foi negada." Harry olhou para Neville como se lhe houvesse crescido um terceiro braço. "Ele me pediu para convidá-lo para seu aniversário de morte, garanti que você iria. Ele pareceu satisfeito com isso."
Harry estava abismado.
"Eu não posso nem começar a descrever o absurdo da situação." Falou ele estressado. "Você, por acaso, tem cérebro?"
"Anime-se, idiota, quantas oportunidades você vai ter para ver um aniversário de morte?" Falou Neville, apossando-se de uma maça que parecia especialmente suculenta. "É uma experiência única. Além do mais, você me deve uma."
Falou o garoto com um sorriso superior.
O outro, contrariado, fez cara feia.
"Por que diabos eu lhe devo uma?"
Perguntou com um misto de interesse, curiosidade e irritação.
"Por qualquer coisa ora, eu já fiz muito por você."
Revelou um Neville superior, como se fosse óbvio.
"E quanto ao que eu fiz por você?"
Questionou o outro garoto, irritado.
O Longbottom mostrou-se ofendido.
"Eu nunca pensei que você faria isso por interesse. Você não falou que eu lhe devia qualquer coisa."
Apontou o garoto fingindo mágoa.
"Nem você falou, imbecil!"
"Essa não é uma desculpa muito boa."
Retrucou Neville, sabendo que estava ganhando a discussão absurda.
"Você acabou de usá-la."
Decretou Harry, finalmente, em tom de ultimato.
Sua discussão, no entanto, foi interrompida por Sarah que passou correndo ao lado dos dois amigos como se tivesse sido assustada por algo.
O Potter, anteriormente distraído pelo debate intenso, estranhou a ação.
"Ela está agindo de forma estranha mesmo."
Constatou o garoto, agora curioso com o fato novo.
"Como eu disse!" Exclamou Neville em tom de vitória. "O fato de eu ter lhe avisado sobre isso é um motivo bom o suficiente pra você ir ao aniversário."
O sorriso vitorioso no rosto do seu amigo irritava Harry na mesma proporção que divertia.
"Ótimo, eu vou à maldita festa." Admitiu o garoto contrariado. "Agora me deixe terminar de comer, por favor."
"Anime-se, Potter, eu estarei lá, vai ser divertido!"
"Não vejo como isso deveria me animar."
Alfinetou Harry com amargura.
Neville, entretanto, limitou-se a rir enquanto se dirigia para fora do salão abarrotado.
Era um inconveniente precisar comparecer a uma festa.
Mas, honestamente, Harry estava satisfeito com a distração.
A voz sinistra que ele havia escutado no corredor, várias noites atrás, voltou a se fazer presente em uma de suas incursões noturnas mais recentes, era irritante admitir que algo tão pequeno estava o preocupando e tirando seu sono.
O dia das bruxas chegou e com ele surgiram os enfeites.
A escola transbordava vida, havia enormes lanternas de abóbora iluminando os corredores do castelo, assim como morcegos vivos voando desordenadamente pelo salão principal.
A data não significava nada muito positivo para Harry, era obvio até mesmo para ele que seu humor estava ficando pior a cada dia. Mesmo Neville estava tendo dificuldades em ficar muito tempo na presença de seu melhor amigo.
Eram esses pensamentos que assombravam sua mente ao ser interrompido pelo citado amigo, a caminho do salão principal.
"Onde diabos você estava? Procurei por toda parte."
Falou o garoto recém chegado, frustrado.
Harry limitou-se a um olhar impassível ao ver seu amigo juntar-se ao seu passo.
"Onde você está indo, idiota?"
Tornou a questionar Neville.
"Salão Principal, para onde mais eu iria?"
Perguntou Harry, agora confuso.
O outro gemeu em frustração.
"Você esqueceu! Eu deveria ter esperado por isso!"
Disse o garoto praguejando.
Harry, finalmente, parou para ouvir seu amigo.
"Do que você está falando, exatamente?"
Neville sorriu com superioridade.
"O aniversário de Nick! Lembra agora? Você prometeu que iria!"
Foi a vez de Harry praguejar em desagrado.
"Droga! Eu tinha esperanças que você esqueceria se eu não tocasse no assunto." Revelou ele com leve irritação. "É sério, eu realmente não deveria ir."
"Bobagem!" Desconsiderou Neville, apontando o caminho. "Vamos lá! Já está quase na hora."
"Eu vou me arrepender disso, com toda certeza."
Murmurou o menino que seguia seu amigo, para a diversão do mesmo.
O caminho até a parte mais profunda das masmorras foi emocionante para Neville. Harry não demorou a apontar um atalho escondido atrás de uma tapeçaria que levaria os garotos ao seu destino na metade do tempo.
O corredor que levava até a festa era visivelmente mais maltratado que o resto das masmorras. Ficava afastado das áreas normalmente ocupadas por alunos, mesmo Harry havia visitado o lugar poucas vezes.
O labirinto sujo, com uma linha interminável de portas trancadas magicamente, proporcionava-lhe arrepios. Ele estava relativamente certo que esse lado do castelo ficava bastante afastado da estrutura principal do prédio.
Apesar de sujo e velho, o corredor estava bem iluminado, uma diferença clara dos outros dias em que Harry passou por ele, normalmente não havia sinal de vida nesse lado das masmorras além de um gemido ocasional vindo de uma das portas trancadas e eventual barulho de correntes batendo na madeira.
"Sinistro."
Sussurrou Neville correndo o dedo pela luminária feita do que parecia suspeitosamente com ossos.
"Eu odeio esse lado do castelo."
Falou Harry por entre os dentes.
"Você já esteve aqui?"
Questionou o outro levemente surpreso.
"Algumas vezes." Respondeu o garoto ignorando os poucos moveis de aparência sinistra que existiam no corredor antigo. "Qual era o caminho mesmo?"
Perguntou ele ao garoto que o seguia de perto.
"Considerando esse barulho horrível, eu diria que estamos no caminho certo."
Respondeu o Longbottom, não parecendo muito seguro.
O barulho citado se assemelhava muito com unhas arranhando um quadro ou mesmo o barulho que Harry achava que escutaria se mil gatos resolvessem entrar no cio ao mesmo tempo.
"Eu imagino que seja um tipo de música." Falou com curiosidade. "De extremo mau gosto. Mas, ainda assim, música."
"Você pode estar certo. Vamos por aqui."
Disse Neville apontando o caminho escolhido.
Os garotos encontraram o que buscavam dois corredores à frente, um pequeno salão se abria para mostrar um amontoado de convidados perolados, valsando enquanto flutuavam morbidamente.
A dita música parecia ainda pior agora que estava perto e o clima da festa, na opinião sincera de Harry, dificilmente poderia piorar.
"Você definitivamente me deve uma, Longbottom."
Constatou o garoto desanimado, enquanto observava, pouco empolgado, a aproximação do anfitrião e razão da festa.
"Bem-vindos, caros amigos." Cumprimentou Nick com pesar. "Fico contente que tenham vindo."
Sua voz melancólica era acompanhada por uma expressão de derrota.
"E você, senhor Potter." Continuou o fantasma, agora se dirigindo diretamente a Harry. "Não o tenho visto muito nos últimos dias, não é saudável ser tão recluso em uma idade tão jovem." Seguiu ele enquanto avaliava o garoto desconfortável e estático. "De qualquer forma, ficaremos felizes em recebê-lo como um de nós caso seja necessário."
As palavras, francamente, rudes, foram ditas com certa indiferença enquanto o fantasma já se afastava.
"Não ria, Longbottom."
Rosnou o garoto de olhos verdes por entre os dentes para seu amigo que, por sua vez, mordia a manga das vestes enquanto tremia de riso mal contido.
"Um fantasma acabou de mandar você se matar."
Falava o garoto com diversão enquanto limpava uma lágrima imaginaria.
"Ei volte aqui!"
Protestou ele ao ver Harry afastar-se aborrecido.
O outro ignorou o apelo de seu amigo, dirigindo-se até uma das mesas de canto que havia chamado sua atenção ao adentrar no recinto.
O que jazia em cima da mesa era uma tentativa patética da prática culinária: peixes estragados, um enorme bolo queimado e carne coberta de vermes.
"Vejo seu olhar de repulsa, meu jovem."
Falou um espectro em um tom grave, tirando Harry de seus pensamentos.
O garoto, agora atento, tratou logo de retratar suas feições enquanto analisava o fantasma à sua frente.
O ser era esguio, seus olhos pareciam assombrados e havia sangue prateado nas vestes luxuosas e antigas.
"Barão."
Cumprimentou o garoto incerto, ele não havia ouvido falar de nenhum aluno fora da Sonserina que houvesse tido qualquer tipo de interação com o fantasma em questão.
"Não se preocupe, criança." Falou o espectro sinistra e pausadamente. "Não tenho nenhuma intenção de lhe fazer mal."
Harry limitou-se a assentir com incerteza.
"Está vendo o homem encapuzado parado no outro lado da sala?"
Voltou a puxar conversa o fantasma, após alguns poucos segundos de silêncio desconfortável.
O ser referido era um outro espectro solitário, usava vestes prateadas que assemelhavam-se as de um monge.
Não havia sequer um único vestígio de pele aparecendo por baixo da vestimenta cerimonial.
Harry assentiu.
"O que tem ele."
Perguntou o garoto, finalmente, deixando transparecer em seu tom a curiosidade mórbida.
"Ele foi um professor nesta mesma escola, há eras atrás."
Começou a responder, enquanto tentava cutucar uma maça apodrecida.
"Ele ensinava uma disciplina eletiva. Não chamávamos assim na época, mas isso não importa eu acho." Continuou o homem fantasmagórico, virando seus olhos enlouquecidos na direção de Harry. "Eu era um fantasma jovem, então lembro muito bem do que aconteceu."
O fantasma agora passava os dedos por entre um pernil estragado, o cheiro começava a incomodar o garoto vivo.
"O que aconteceu?"
Perguntou após alguns instantes começando a ficar genuinamente curioso.
"Ele ensinava Rituais Antigos."
Esclareceu pausadamente.
"As disciplinas em Hogwarts vão e vem, dependendo do interesse das gerações. Mas essa nunca mais foi ensinada nestes corredores milenares depois do incidente que narro."
Murmurou o fantasma pesarosamente antes de continuar.
"Ninguém sabe o que exatamente levou ao acontecido, mas dizem que um dos rituais deu errado. Há boatos que ele invocou um ser por acidente, um ser poderoso, uma espécie de espectro demoníaco, sem qualquer tipo de alma perceptível."
A expressão confusa no rosto do jovem não passou despercebida.
"Um espectro? Como você? Um fantasma?"
O questionamento do mais jovem foi recebido com zombaria.
"Não, de modo nenhum, nada como eu ou como os outros. Mas sim, um espectro, um ser maligno feito de pura magia, desalmado e supostamente indestrutível."
Esclareceu ele, antes de voltar ao conto misterioso.
"A coisa assumiu controle do corpo do professor que o invocou e ficou lá dentro até o dia da sua morte." Falou sinistramente, provocando arrepios na espinha de Harry que agora olhava para o ser encapuzado com temor. "A criatura amaldiçoada o fez fazer coisas terríveis, até mesmo para os meus padrões."
Harry seguia incrédulo, preso às palavras etéreas do fantasma, que parecia ansioso em continuar sua narrativa assombrosa.
"Ninguém descobriu por um bom tempo. O diretor na época travou uma verdadeira batalha, havia alunos sumindo pelos corredores da escola, desaparecidos para todo o sempre, os espíritos no castelo estavam aterrorizados, aquela coisa trazia à tona o pior de nós."
O fantasma finalmente parou para examinar a feição do garoto que, por sua vez, tinha os olhos arregalados em curiosidade e temor.
"De alguma forma, o diretor descobriu sobre ele. Eu lembro bem daquela manhã, as portas das quatro salas foram lacradas e os professores postos de guarda, para caso algo desse errado."
Recomeçou o fantasma.
"Edmund, o diretor na época, encarou a criatura, absolutamente sozinho. Foi uma batalha aterrorizante..." Revelou. "Nós, os fantasmas do castelo, somos as únicas testemunhas do que aconteceu nos corredores naquele dia amaldiçoado. A batalha durou horas, parecia não ter um fim, entretanto, finalmente o diretor conseguiu subjugar o espectro. Por Merlin, eu poderia jurar que o bastardo invocou o fogo do próprio inferno para queimar o maldito demônio até o pó, as chamas eram negras e ameaçaram derreter a própria pedra."
A pausa, desta vez, veio acompanhada de um olhar perdido.
"Assim ocorreu, não minto nem exagero, a criatura encontrou um fim em meio as chamas convocadas pelo canto amaldiçoado do diretor, a prece maligna..."
O garoto, intoxicado pelo conto, mal podia compreender as palavras etéreas do fantasma.
"Foi isso? Acabou assim?"
Questionou ele incrédulo.
O fantasma tirou os olhos da comida estragada para encarar profundamente o jovem à sua frente.
"O diretor morreu algumas semanas depois, ninguém realmente sabe o motivo. Logo após isso, aquela aberração encapuzada surgiu."
Disse o fantasma, apontando para o encapuzado do outro lado do salão.
Harry virou seu olhar para o ser citado que, por sua vez, parecia encará-los fixamente por baixo de sua capa prateada.
"Por que a capa?"
Questionou Harry, mais para si mesmo do que para o fantasma que, mesmo assim, o respondeu.
"A aparência de um espectro é definida pela sua imagem na hora da morte, ainda que existam algumas inconsistências conhecidas. Nós aparecemos no mundo dos vivos assim que morremos, vagando perto do local de nosso derradeiro despertar." Respondeu o fantasma. "Você sabe o que isso significa?"
Harry, de certa forma, sabia.
"Se ele morreu carbonizado e não restaram nem os ossos..." Ponderou com incerteza, enquanto olhava para o ser que flutuava imóvel do outro lado da sala. "Não há nada embaixo daquela capa, não é mesmo?"
Questionou temendo a inevitável resposta.
O Barão Sangrento limitou-se a assentir sem olhar para nada em específico.
"Ele nem mesmo fala. Os fantasmas ainda especulam, anualmente, se aquilo é o pobre professor ou o demônio que se apoderou de seu corpo. Já foi levantada a hipótese de um exorcismo algumas dezenas de vezes, pelo menos."
Comentou o espectro com distanciamento.
"E por que ainda não o fizeram?" Questionou o garoto impassível.
"Essa é a questão, não é mesmo, jovem senhor Potter?" Sussurrou levantando uma sobrancelha translucida. "A alma, jovem, é uma coisa delicada, poderosa e misteriosa. Não sabemos se o pobre professor de rituais, vitima de sua própria insensatez, habita aquela casca, mas há uma alma lá, roubada ou intocada, ainda pode ser ele..."
"Por que está me contando todas essas coisas?"
O fantasma fingiu surpresa com a pergunta sussurrada.
"Você realmente não sabe?" Perguntou o espectro da Sonserina com malícia escorrendo em seu tom de voz, enquanto virava-se para ir embora. "É a história de sua família, no fim das contas. Edmund Potter estaria decepcionado com a sua absoluta ignorância sobre esses assuntos."
Esclareceu o fantasma, finalmente, afastando-se e deixando Harry com suas próprias dúvidas.
Neville não demorou a juntar-se a ele, tão logo percebeu a rápida escapada para os corredores das masmorras.
"Você parecia assustado. O que o Barão queria?"
Questionou o menino curioso ao se aproximar de seu amigo em estado de choque.
"Eu não tenho certeza, ele contou uma história sobre um dos meus antepassados, Edmund Potter, aparentemente."
Resmungou o garoto incomodado.
"Qual deles? O diretor?"
Voltou a questionar o outro, um pouco confuso.
Harry revirou os olhos, é claro que Neville conhecia a árvore genealógica dos Potter melhor do que qualquer um com exceção, talvez, de sua avó.
"Exato, foi uma experiência interessante."
Comentou o Potter, ainda incomodado, virando a esquina sem olhar para trás.
Neville assentiu de forma sombria.
"Interessante, pra dizer o mínimo... História macabra..." Falou em um tom controlado. "Ensinar rituais antigos em uma escola para crianças e adolescentes é um pouco irresponsável… Mas isso?"
Neville estremeceu.
A conversa cessou ao avistarem a entrada do salão principal.
"Matar, é hora de matar."
"Espere." Alertou Harry com a voz ainda mais trêmula do que antes. "Estou ouvindo algo."
"Ouvindo algo?" Perguntou seu amigo confuso. "O que exatamente?"
O garoto de olhos verdes demorou a responder, tentando localizar a origem do som sinistro que havia acabado de escutar.
"Matar."
"Eu já ouvi isso antes!" Comentou Harry com feição preocupada. "Ele vai matar alguém, por aqui!."
Apontou, enquanto corriam em direção às escadarias.
"Matar? De que diabos você está falando? O que vai matar quem?"
Os questionamentos de Neville caíram nos ouvidos surdos de Harry que, por sua vez, saltava pelos degraus sencientes com pressa inédita.
"Espera, Potter, onde estamos…?" Neville se calou ao ver a inscrição sangrenta a sua frente. "Que diabos!"
Esbravejou encarando a parede, ao lado de seu amigo.
"A câmara dos segredos foi aberta." Leu Harry em voz baixa. "Inimigos do herdeiro, cuidado."
Os olhos do menino desviaram da inscrição e inspecionaram os arredores.
"Ali! Olhe!"
Falou o garoto apontando para o que parecia uma sombra pairando no ar acima de uma enorme poça de água.
"É a gata do zelador." Percebeu Neville com pavor. "Precisamos sair daqui."
Completou o garoto com urgência encarando seu amigo que observava com fascinação mórbida a multidão formando-se ao seu redor.
"Tarde demais."
Resmungou Harry resignado.
Harry mal conseguiu prestar atenção na comoção causada pelo incidente, sua mente corria incansavelmente analisando as possibilidades e repercussões dos fatos, seu pensamento só foi interrompido por Dumbledore que chamou sua atenção.
"Venha conosco, senhor Potter, e você também, senhor Longbottom."
Disse o diretor com feição séria apontando o caminho.
Harry pressentiu o que seria uma noite longa e extremamente desagradável.
"Eu ouvi que você tem tido problemas com seus colegas, nos últimos dias."
Comentou o velho diretor para seu aluno que, entretanto, se concentrava firmemente em salvar um rato que se contorcia, silenciado magicamente, em uma gaiola improvisada.
O garoto, surpreso pela intervenção de seu mestre, deixou sua concentração deslizar por um segundo, tempo mais do que o suficiente para sentir as entranhas de sua cobaia sujarem o seu rosto, evitando os olhos apenas em razão dos óculos que usava habitualmente.
Dumbledore riu diante da cara de asco de seu discípulo antes de limpar a sujeira com um único aceno de sua varinha.
"Tenho relativa certeza de que a maldição de congelar as entranhas não explode o alvo atingido, por qualquer meio que eu possa pensar."
Brincou Albus com seus olhos azuis cintilando.
Harry se jogou em uma cadeira de aparência confortável com um olhar de derrota estampado em sua face jovial.
"Não era a maldição de congelar as entranhas." Explicou o menino com cansaço. "Uma variação do feitiço de ferver o sangue."
"Engenhoso." Comentou o velho que, no entanto, não parecia surpreso. "Tentou usar uma magia com efeito oposto para salvar a vítima. Poderia ter funcionado se não estivéssemos falando de magia negra." Ponderou o velho. "Esse tipo de magia não reage bem com a maioria dos outros feitiços."
Explicou finalmente.
"Seria muito mais fácil se você me explicasse exatamente como lançar uma contra maldição eficiente."
Argumentou o menino com irritação evidente.
"Eu já lhe expliquei, o processo de aprender magia é extremamente intimista e pessoal. Em especial para indivíduos com suas habilidades."
Disse o velho sem perder o olhar calmo.
Era, afinal, um discurso bem ensaiado e conhecido.
Harry simplesmente afundou com mais força na cadeira enquanto cerrava os dentes.
"Você parece cansado, Harry." Insistiu Dumbledore com uma pontada do que parecia preocupação, era difícil dizer quando se tratava do velho. "Vamos falar sobre a última semana."
"Não há muito o que dizer, na verdade." Começou o menino após alguns instantes de consideração, enquanto se levantava e ia em direção à fênix que, em seu próprio tempo, repousava graciosamente no poleiro adornado. "Alguém espalhou um boato irritante dando a entender que eu tive algo a ver com o incidente. Por sorte, a maioria das pessoas tem me deixado em paz, pelo menos por enquanto."
Ele não tinha ilusões sobre o quanto a paz tensa duraria.
"Entendo."
Falou o velho sorrindo tristemente para o menino que brincava com seu pássaro milenar.
"Criaturas engraçadas as fênix." Recomeçou o homem mudando de assunto. "Um amigo imortal e incrivelmente permanente... É impossível dizer quantas vidas humanas essa bonita criatura já viveu e, mesmo assim, ela permanece tão apegada a um parceiro bem menos durável."
Harry, curioso com as palavras do seu mestre, encarou o pássaro que, calmamente, olhou de volta.
"Às vezes eu me pergunto..." Ponderou com cuidado Dumbledore, sorrindo. "Se realmente Fawkes é o mascote da relação..."
Harry riu do absurdo da afirmação.
"Você está livre para a noite, Harry, mas antes..." Disse o diretor levantando-se de seu assento. "Nicolas voltou a demonstrar interesse em você."
Revelou o velho com um olhar insondável.
Harry, por sua vez, parecia incerto sobre o que pensar.
"Isso é algo bom ou ruim?"
Questionou o garoto em tom duvidoso, deixando claras as suas ressalvas.
"Saberemos um dia, eu só posso esperar."
Desconsiderou, finalmente, o homem sorrindo amigavelmente e apontando para a porta, em um claro gesto de demissão.
"Garota estúpida!"
Esbravejou um Harry irritado para Neville que tentava acompanhar seus passos apressados.
Os dois haviam acabado de presenciar um refrescante respiro de vida e discurso não premeditado de seu professor de história da magia.
"Eu devo concordar." Disse Neville pensativo. "Achei que Granger seria mais esperta que isso."
Harry grunhiu em concordância.
"É uma surpresa que Binns tenha dado ouvidos a ela, na verdade." Falou o garoto ajeitando os óculos e desviando de alguns alunos da Lufa-lufa. "Eu aposto minha varinha que os professores já foram orientados a não falar mais do que o absolutamente necessário sobre o assunto."
"Isso é, provavelmente, verdadeiro." Respondeu Neville. "Por falar nisso, vovó respondeu a minha carta."
Disse o garoto em meio a uma careta de desagrado.
Harry parou imediatamente para ouvir o que seu amigo tinha a dizer.
"E então..." Encorajou o menino. "O que ela sabe?"
"Nada que faça muita diferença, pra falar a verdade." Começou o garoto incerto. "Mesmo ela, tão objetiva e perspicaz, admite que tudo se resume em especulações e lendas."
Harry assentiu, esperando que seu amigo continuasse.
"Parece que houve um acontecimento estranho, há cerca de meio século." Começou o garoto tentando lembrar-se das informações passadas por sua avó. "O diretor da época teve alguns problemas sérios com, o que as pessoas especulam ser, a câmara."
"Entendo."
Disse Harry enquanto ouvia atentamente.
"Resumindo a história, parece que houve um assassinato. Dizem que um aluno descobriu toda a trama, incluindo o suposto herdeiro."
"É difícil acreditar, realmente."
Contradisse Harry, um pouco incrédulo.
Neville assentiu.
"Parece que há um troféu com o nome do garoto, embora." Falou enquanto voltava a andar. "Riddle, Tom Riddle."
Harry assentiu, lembrava-se de já ter lido o nome em algum lugar, poderia muito bem ser na sala de troféus.
"A pergunta é, a câmara realmente existe?" Questionou Harry pensativo. "Pode ter sido apenas uma artimanha de alguém para cometer crimes sem levantar desconfiança."
Neville fez um gesto de indiferença com olhar preocupado.
"Não importa, realmente." Disse o jovem puro sangue de forma sombria. "Pense do seguinte modo, há um psicopata entre nós, de uma forma ou de outra."
Decretou o garoto de forma dura.
Harry viu-se obrigado a concordar com a perspectiva pessimista de Neville.
A verdade negligenciada é que ele estava profundamente preocupado.
Sua inconveniente presença no local do incidente levantava alguma suspeita sobre a sua pessoa.
Apesar de amenizar o fato perante Dumbledore, o olhar de desconfiança de seus pares vinha aumentando, expressivamente, nos últimos dias.
Era cada vez mais crucial manter em segredo suas atividades noturnas. A Última coisa que precisava agora era de justiceiros mirins colocando seus narizes onde não foram chamados.
Sua atenção foi desviada pelo abrupto grito de Weasley que, próximo do local, discutia com Granger, em voz alta.
Os dois amigos encararam curiosos, enquanto o garoto se escondia atrás da menina trouxa chocada e apontava para o chão.
Harry seguiu Neville que se aproximou da cena com curiosidade.
"Tire essas coisas de perto de mim!" Gritava o Weasley amedrontado. "Aranhas! Eu detesto aranhas!"
Agora ao lado dos dois colegas, Neville e Harry conseguiam ver o que havia causado tanto alvoroço.
Com disciplina e calma, marchavam enfileiradas pequenas aranhas por uma distância insondável em direção à floresta proibida.
"Isso é estranho." Constatou Granger. Era quase possível ver as engrenagens funcionando em seu pequeno cérebro. "Aranhas não agem assim."
Neville concordou curiosamente.
"Talvez sejam aranhas mágicas."
Contribuiu Harry de modo indiferente.
Granger pareceu finalmente notar seus companheiros de casa ao seu lado. Seus olhos se estreitaram em direção a Harry.
"O que vocês dois fazem aqui?" Perguntou a garota com desconfiança. "Vocês não estavam nos espionando, estavam?"
Falou em tom acusatório apontando para si e para seu amigo ruivo que se afastava dos animais inofensivos mantendo seus olhos amedrontados neles.
Harry revirou os olhos.
"Não é nada disso." Tranquilizou Neville com um olhar pacificador e um sorriso calmo. "Ouvimos gritos, viemos verificar se precisavam de ajuda."
Completou o garoto em meio a um gesto de paz.
"Não preciso de ajuda!" Decretou a garota com hostilidade, sem tirar os olhos de Harry. "Principalmente de alguém como ele."
Terminou a menina apontando em direção a ele, para o aborrecimento de Harry.
"O que exatamente você quer dizer com isso?"
Questionou O garoto de olhos verdes sugestivamente, com um misto de aborrecimento e curiosidade ao lado de Neville que, por sua vez, observava a troca com atenção.
"Não se faça de idiota!" Exclamou a garota com irritada. "Eu ouvi as histórias e os boatos."
Continuou ela com altivez forçada.
Harry finalmente compreendeu a onde ela queria chegar.
"Não tenho ideia por que alguém como você iria querer abrir a Câmara Secreta, mas não importa." Seu tom cortante deixava pouco espaço para discussão. "Tenho certeza que os professores vão descobrir sobre isso e você será punido."
Harry encarou à garota a sua frente por alguns segundos como se esperasse por mais ataques verbais.
"É isso?" Perguntou o garoto. "Você acha que eu abri a sala da fantasia? Vamos lá, Granger, a próxima coisa que você vai falar é que o Weasley ali é a reencarnação de Merlin e meu amigo Neville o novo Dumbledore."
Debochou Harry em tom jocoso.
"Ei."
Exclamou Neville ofendido.
Hermione, por sua vez, cerrou os dentes enquanto desviava o olhar.
"Vamos, Ron! É perigoso ficar nos terrenos depois do fim das aulas."
Lançou um último olhar gelado enquanto marchava em direção ao castelo com Weasley em seu encalço.
Neville e Harry observaram a cena por alguns segundos.
"Ela não vai parar, você sabe."
Afirmou o garoto curioso e um pouco preocupado.
"Eu sei." Confirmou Harry aborrecido. "Isso é terrível, a cada dia mais pessoas me olham estranho pelos corredores, eu não achei que já havia alguém na Grifinória que pensasse essas coisas."
"Granger não é um grande problema, ainda." Falou Neville considerando a situação. "Apenas precisamos torcer para que Dumbledore consiga controlar a situação logo."
Falou com pouca confiança.
Harry assentiu.
"Devemos confiar no diretor."
Reafirmou Neville, como forma de conclusão, para seu amigo que, perdido em pensamentos, encarava o distante lago com um olhar de incerteza.
