Dizer que a relação deles ficou mal resovida é elogio. Podem odiar o Draco porque ele foi MAU mesmo! Por isso fugiu.


RIOS VERMELHOS: ERDROMSROM.

CAPÍTULO 4 – A Grande mentira cor de rosa.

Draco olhava o outro dirigindo, devagar... á passeio.

-Então?- rosnou ao passarem da terceira quadra.

-Você... não ligou os fatos? Draco?- Harry perguntou.

-COMOEU...

-Esse tipo de execução ritual se tornou padrão dos comensais da morte lá pelo auge do poderio de Voldmort... uns dois anos antes do fim.

Draco calou-se... Harry pareceu sofrer muito para dizer aquilo.

-Execução ritual?

-Sim... captura-se o inimigo... separa-o... como gado... os mestiços sob império... matam com as próprias mãos os trouxas... em seguida são privados das armas e liberados da maldição...

Draco imaginou algumas pessoas despertando sujas de sangue... arrepiou-se, mas manteve-se olhando o moreno.

-Os puro-sangue traidores, sob imperio... matam os mestiços com feitiços. Por fim... liberados da maldição... são mortos por Avada.

Draco balançou a cabeça.

-Porquê isso?

-É um ritual de reforço á hierarquia... os puros-sangues só deviam morrer na mão de outros puros-sangues "comensais", os mestiços eram inferiores... e os trouxas... tratados como gado. Isso foi algumas das mudanças instituídas por Voldmort depois de mais influente, para canalizar a violência dos mais jovens... os rituais eram quase que uma "festa"... isso evitava "motins e conspirações internas por poder."'

Potter procurou trêmulamente por mais um cigarro.

-Você viu um desses rituais não viu?

Potter acendeu o cigarro...

-Vi... parte de um deles...

-Mas porquê agora?- Draco pensou olhando para fora.

E escutou uma batida nervosa no volante, os olhos verdes voltaram a encará-lo.

-Que merda! Você ainda não se tocou!- o outro disse quase ferozmente.

-Do quê?

-Do que estava escrito na droga da parede Draco!

Sentiu-se imensamente BURRO... mas perguntou.

-O feitiço?

-Não era um feitiço.- Potter disse estacionando.-Lembra do que estava escrito?

-Algo... com, espere... eu anotei.

E puxou o bloco do bolso.

-Me meganemoh oa edrol sad savert... erdormsrom... euq ele aviver.

-Malfoy... nunca ouviu falar do espelho de ojesed?

Draco o olhou, não conseguia imaginar o que o espelho de Ojesed que um dia estivera em Hogwarts tinha a ver com um feitiço... Harry dera um suspiro desanimado tirando a varinha e batendo no bloco.

Draco viu as letras rearranjarem-se, invertendo a ordem delas em cada palavra.

-Leia.

-Em homenagen ao Lorde das Trevas... Morsmordre... que ele reviva.

E botou a mão na boca... gemeu entre os dedos.

-Erdromsrom... Morsmordre.

-Mais morte.- disse Harry acendendo outro cigarro.

-Como?

-Voldmort... Volta da morte, morsmordre... mais morte.

-São comensais?

-São... estão... tentando traze-lo de volta.- disse voltando a ligar o carro.

-Idiotas.

-Nem tanto.- Harry disse amargo manobrando.

Draco olhou o céu escuro... o sol já havia ido... olhou Harry.

-Como assim? Eles não querem trazer... o Lorde das Trevas de volta? Estão perdendo tempo... você não o matou?

A face do moreno pareceu paralisar... então ele fechou os olhos... e quando abriu.

Não eram mais os mesmos... havia algo de imensamente triste neles.

-Não.

-Como?

-Voldmort não está morto... parece... ele não está.

Draco encolheu-se... Voldmort não estava morto. Sentiu uma parte de sua vida se revirando.

-Eu devia ter feito uma coisa... e não fiz...- disse Harry baixo.

Harry continuava dirigindo, enquanto Draco em silêncio pensava.

-Como assim? Que merda Harry! Você não o MATOU! mas saiu em todos os jornais...

Harry se manteve mudo, dirigindo...

-Porquê...

-O ministério fez o que sempre faz... noticiou o fim dele.

-Mas você sabe que ele não está morto! Porquê não disse!

-Ninguém quer saber de notícias ruins Draco... achei que tinha aprendido isso...

-Eles não lhe escutaram não é?

Harry deu um sorriso triste.

-Não... havia um corpo, então acharam suficiente.

Draco olhou o moreno, que dirigia resoluto... havia dor no fundo dos olhos verdes.

"Harry... o que eu perdi? O que aconteceu lá? O que houve... com você?"

O moreno pareceu ter escutado porque se virou.

Olharam-se...

Olhavam-se... Draco então sorriu maldosamente, porquê nesse sentido, Potter era muito... inocente. Draco sabia desde o início... o mundo lhe havia dado uma mão boa... agora bastava jogar certo.

-Você vai fazer isso?

-Já fiz.

-Então meu pai...

-Não terá pena capital, terá um julgamento formal em três meses.- Harry dissera.

-Não é maravilhoso ser influente... Potter?

O outro fizera uma careta, destestava o apelido de escolhido, salvador, herói, ou qualquer outro, no entanto, mesmo sem lógica e com apoio de Dumbledore, qualquer pedido seu era acatado no ministério.

-Você vai manter o acordo?

-Severo já não passou um relatório?- disse se aproximando.

-Direto a Dumbledore...- Harry dissera um tanto quanto incomodado.

-Então está tudo perfeito.- disse sorrindo e se afastando.

-Dra...- o outro começou e calou-se quando o loiro se virou.

-O quê?- perguntou voltando a se aproximar.

-Cuide-se... é perigoso.

Draco se aproximou muito, deliberadamente, observando o leve arrepiar do grifinório...

-Eu sei me cuidar...- sussurrou na orelha do outro.- Harry...- sussurrou devagar o nome.- Potter.- disse se virando a saindo dali.

Harry ficou parado um tempo olhando o ponto onde o loiro sumira na parede, uma das passagens do castelo.

Draco rira assim que estava em distância apropriada, rira, da leve expressão do moreno e do pequeno sorriso na face cansada dele.

Harry lhe dera um pequeno sorriso... em seguida perguntou ainda olhando um Draco imerso em lembranças.

-Estou com fome e você?

Draco piscou olhando o outro que parecia ter voltado aos modos joviais.

-Estou sim com muita... vamos para minha casa.

Descobrira. Descobrira porque o outro revelera aquilo sem medo.

Seu sorriso era uma máscara.


Harry observou com interesse a casa, "classe-média suburbana" em que agora Draco vivia. Dois cães latiram felizes quando o loiro entrou e sem nenhuma cerimônia enrolaram-se em seus pés o cheirando e fazendo festas... o castanho tentou morder sua calça,

-Quem diria... Draco Malfoy... versão econômica...

O loiro apenas deu de ombros.

-Entre Potter.

-É uma bela casa.- disse entrando.

Era verdade, era uma casa bonita. Havia algo de nobre e de bom gosto nos móveis e detalhes da casa, como o tom discreto da madeira do chão e da pedra da lareira...

-Vou preparar alguma coisa.- disse Draco.

-Agora posso dizer que já vi de tudo na minha vida... Draco Malfoy sabe cozinhar!

-Vá a merda Potter!- Draco retrucou.

Mas foi num tom brando...

-Não prefere que eu ajude? Ou faça?- Harry perguntou.

-Não... eu preparo.

Enquanto preparava ingredientes do básico e fácil: Macarrão... Draco tentou ignorar o outro, tentou ignorar o perfume, tentou ignorar o tom de voz... tentou ignorar o sentimento de perda e de vergonha.

O pior era saber que tentava ignorar isso a muito tempo.

-Esse é Isa?- Harry perguntou.

Draco desviou o olhar dos ingredientes que se picavam sozinhos enquanto as panelas se aqueciam com água e azeite... Harry estava parado ao lado da geladeira, na mão um pedaço de papel... a primeira foto do tipo trouxa que Draco havia tirado, Isaack em suas vestes de rebatedor... estava preso na geladeira... Potter se virou e ergueu a foto.

-Agora tenho a prova de que os Malfoy escolhem seus parceiros pela similaridade física.- ele sorriu.-E bom gosto, óbvio... é um rapaz muito bonito.

Harry olhava a semelhança entre os dois loiros... olhos azuis... uma certa familiaridade até... pareciam parentes... mas o outro tinha um inconfundível ar americano... queixo um tanto quadrado... ar arrogante e despretencioso ao mesmo tempo e jovem...

Draco tentava ler em vão o olhar que o moreno lançava da foto para ele... sim, eram mesmo parecidos... sim por muito tempo a família Malfoy procurava apenas bruxos puros-sangue e similares fisicamente.

Mas Harry sempre soube... o que havia por trás daquela "brincadeira" era uma forma cruel de reviver más lembranças.

"-Está indo?- a voz ressoara baixa e um tanto quanto magoada.

-Você não esperava que eu ficasse não é? A noite só começou... e vou procurar uma companhia.

O outro um tanto que corou, um tanto que olhou para o lado... até como era óbvio que faria, tomar coragem.

-Porque não fica? Aqui? Comigo?

-Primeiro... porque você é feio..."

Draco engoliu em seco... fizera muita merda na vida.

-Eu sei que Isaack é bonito Potter... eu durmo com ele todo o dia... quando ele não sai jogar é claro.

-Batedor... e você Draco... porque não tentou uma carreira como apanhador?- O moreno devolveu a foto para a geladeira.

-Não sei...- deu de ombros.- acho que cresci pra ficar brincando de esportista.

-Bem, você não era tão bom assim.

-Não venha com essa!

O assunto quadribol acabou rendendo algum tempo de discução acalorada... tempo de preparar e degustar uma macarronada com molho branco e vinho. "Merda Draco... isso é comida... prum encontro... imbecil!", acabou levantando para buscar uma terceira garrafa de vinho.

-Onde está seu namorado agora?

-Viajando... - disse abrindo o vinho.

-Sei... então ele vai pra liga nacional... já imagino você correndo atrás por todo país.

-Não pretendo abandonar meu emprego.- disse se sentando e servindo mais.

-Sei.- disse Harry levantando o copo.(Draco não lembrava onde enfiara as taças...)

-Pare de agir com essa... esse... ar de superioridade... você não sabe tudo Potter!- Draco disse entre os dentes e virou seu copo.

-A quanto tempo está com ele?-Harry se serviu.

-Três anos.- Draco puxou a garrafa.

-Não casou porquê? Aqui é mais fácil eu sei.

-Não é hora.-ruminou.-Que te interessa isso Potter?

-É na verdade não interessa... bem, acho que vou indo...- Harry se levantou.

-Quê?- Draco acabou se levantando também.- Vai onde?

-Pro hotel é óbvio!- Potter disse num sorriso aberto.

Um sorriso aberto coroado com um ar leve e bochechas um tanto coradas, Sempre fraco pra bebida... Não, cortou a maldita lembrança no ato.

-Você pode dormir aqui.- Draco disse.

-Acho melhor não.- disse o moreno vestindo a jaqueta e indo para a sala.

-Olha... temos um quarto de hóspedes.

Pela primeira vez a voz de Harry foi cortante, apesar de ser um sussurro em sua orelha.

-Se acha... que vai ser como da primeira vez... desista Draco Malfoy. Boa noite.

E ele abriu a porta dando três passos da soleira.

Desaparatou.

Draco suspirou longamente e fechou a porta.

Mas ficou encarando o vazio... a lembrança havia retornado, elas não paravam de vir agora. Elas vinham com o peso amargo da culpa da qual havia tentado fugir.

-Eu lembro Harry...- susurrou.- Na primeira vez... embebedei você.

"Havia mantido o jogo de aproximação e afastamento por um bom tempo, Potter andava mais distante. Não era boa idéia... então o primeiro bom fruto de todo o esquema apareceu com a prisão de uma centena de comensais... houve comemorações... Draco lembrava de ter visto os gêmeos Weasley fazendo o trio perfeição beber um bocado... achou perfeito, mandou um recado ao outro.

Potter viera, rápido como sempre.

-O que foi? Draco?- ele perguntara na salinha reservada aos encontros.

-Oras... vamos comemorar!- Disse simplesmente.- Venha Potter... vamos beber.

O outro que já estava um tanto quanto corado apenas o olhou.

-Achei que era urgente.- mas sentou ao seu lado.

-E é... diversão é sempre urgente... aprenda isso. Saúde.

E foram alguns saúde... até o outro lhe olhar longamente de modo abobado.

-Você gosta de mim não é Potter?

Apenas um aceno de cabeça. Draco segurou o queixo do moreno.

-Você... gostaria... que eu o beijasse? De novo?

Apenas o mesmo olhar... mas não precisava de resposta... Draco sorriu, obviamente um tanto alterado também.

-Quer transar comigo Potter?

Agora o outro apenas abrira a boca um tanto surpreso.

-Acho... que posso fazer essa concessão hoje.- havia dito antes de beijá-lo.

E foi muito fácil despí-lo, mais fácil ainda... mantê-lo por baixo... Draco gostara muito da sensação de poder... o outro era tão... manipulável. Nem sequer se deu o trabalho de ser cuidadoso.

-Ah!- O moreno havia fechado os olhos numa expressão mais de dor que de prazer.

-Não seja mole Potter.- havia sussurrado no ouvido dele.- Isso passa.

E quando terminou... deixou-o adormecer... vestiu-se e foi embora.

Nunca perguntou o que ele sentira, nem como acordara.

O moreno nunca o fizera também."

Draco estava ainda parado olhando a porta quando afastou as lágrimas teimosas.

-Eu fui tão... canalha.- andou sem rumo na sala.


Harry jogou-se na cama... olhando o teto. Na sua cabeça... as coisas não estavam tomando o rumo que gostaria... rever Draco Malfoy havia trazido muita coisa a tona... muitos erros e falhas das quais até hoje não conseguia de todo, conviver.

A aparatação acabara por comprometer seu ataque... mas tirou Narcisa do caminho... foi por pouco que isso não lhe custou a vida... sentiu que o segundo feitiço quase os atingiu... parte do corredor desabou e tábuas soltas cairam... então acabou longe, um talho na barriga, obra de Narcisa... Voldmort tentava conter o desabamento, pois parecia incapaz de andar, ou aparatar... mas voltara a atacá-lo assim que se sentiu seguro.

-Não toque em mim seu Nojento!- berrara a mulher.

Harry tentara mais um feitiço contra o bruxo que mesmo muito ferido era perigoso...quando foi atingido de novo por ela. Cansado, ferido e nervoso, Harry apenas tentou tirá-la do caminho com um estuporante...

Atingiu-a... e ela voou...

Voou até cair contra algumas das tábuas no chão.

O som de algo rasgando ficaria pra sempre na memória de Harry...

Narcisa caíra sobre uma ponta afiada... empalada como uma vampira.

-Não...- Harry gemeu.- Ah, não...

Uma nova maldição mortal quase o atingiu... ainda entorpecido... foi com raiva que lançou uma contra-maldição... uma magia branca... que deveria acabar com Voldmort.

Mas magia branca... só funciona sob a força de bons sentimentos... no momento... apesar de tudo que planejara e de toda dura preparação que passara, não houve força suficiente para destruí-lo...

Harry sentiu-o... fugir, desincorporado.

Havia falhado... porque nos poucos segundos entre ver Narcisa morta e acertar Voldmort... estava cheio de ódio e rancor...

Estava vazio e aleijado de amor...

Onde está seu amor agora?

Harry mantinha os olhos no teto... a pergunta talvez tivesse sido feita por ele mesmo... se culpava muito.

Como pôde... em momento tão importante esquecer seus amigos?

Aqueles que o amavam de verdade?

Por alguém... que nem tinha ficado... nem meramente por perto.

Tentou falar a verdade... sobre Voldmort, disseram que estava em choque... traumatizado... quando insistiu quase foi considerado insano.

Desistiu... tinha problemas pessoais piores... as responsabilidades de ser uma celebridade acima de tudo.

E as outras responsabilidades que surgiram...

Sua vida sempre fora uma roda viva de acontecimentos que o levavam... só a pouco tempo havia começado ter controle... havia começado a reunir informações... novos grupos de assassinos... aqui e ali... só a pouco parara com o sexo casual achando que não encontraria mesmo alguém... e que não precisava mais... se jogar de um lado para outro... Achava que ia se tornar responsável... era ironia.

Sempre fora de certo modo responsável.

Até demais.

Agora... se tinha uma nova chance... de acabar com tudo, ia estragar de novo por causa de Draco?

Draco... o maldito sequer falava seu nome... apenas cuspia seu sobrenome como sempre fizera... ele nem perguntara nada... nada.

-Ele não quer saber.- disse para o teto.- Ele não se importa... é egoísta.

"Gosto de você... Potter."

-Mentira...- contradisse a voz em sua memória. - Que grande mentira.