Também não precisa achar que o Draco é o Demo... Harry sabia no que se metia.
RIOS VERMELHOS: ERDROMSROM.
CAPÍTULO 6 – brinquedo.
Acordou amassado deitado no sofá... bem feito, seu estômago ia matá-lo.
-Bosta.- disse tentando se levantar.- Idiota! Idiotaaa!
E parou no meio do caminho do banheiro, gelando.
Sim, gelara tão completamente que até seu estômago parou de incomodar...
Voldmort está vivo... e Harry...
Harry ainda está magoado... ele não esqueceu.
Quem esqueceria?
Você não esqueceu Draco Malfoy! Veio a voz acusadora na sua cabeça... depois daquela noite... você não esqueceu... teve tanta vergonha que fugiu... e depois teve tanta vergonha que nunca mais pôde voltar!
A campainha tocou, Ainda amassado foi atender... ficou olhando o moreno.
-Po.. Potter?
-Não, a fadinha do dente...- disse ele no habitual sorriso.- Você dormiu Draco?
Agarrou o moreno pela camiseta... é, ele estava de camiseta... sem mangas...
-Preciso falar com você, escute...
Ele segurou suas mãos.
-Não temos tempo... Jean me avisou... teve mais um.
-Quê?
-Ande logo, tome um banho e se vista! Teve mais um, se chegarmos rápido eu posso fazer testes melhores... Anda logo!
Draco deu dois passos para trás e correu para o chuveiro.
-Como assim mais um?- berrou já debaixo do chuveiro.
-Um tal Ivan Bayuuh... - a voz veio de dentro do banheiro.
-O Bayuuh?- Draco enfiou a cabeça para fora e viu o moreno sentado no sanitário.
Harry apenas dera de ombros.
-Se formos rápido eu posso fazer um teste e descobrir o que estão usando para armazenar toda essa energia ritual.
Draco saiu do box.
-Como assim? Acha que é uma espécie de amuleto? Quê FOI!
Harry fizera uma cara estranhamente irônica. E se levantou quando Draco perguntou. Ele fez um gesto desalentado.
-Quando te conheci... você não tinha essa barriguinha.
Draco se virou instintivamente para o espelho... não havia barriga alguma! Não mesmo... será que tinha? Passou a mão pelo abdômen...
-Você continua um poço de vaidade Draco.- disse Harry segurando o riso.-Vamos logo.
-Isso foi cruel.- disse pegando a varinha e fazendo um feitiço para se vestir.
-Pelo menos você acordou.- disse Harry da porta, rodando a chave do carro no dedo.- Podemos ir noiva?
-Posso apenas... pegar algo para comer?
-Tem chocolate quente e brownies no carro...
-Você colocou comida no meu carro?
-Não, coloquei um elefante... podemos ir!
-Eu dirijo.
-E matar alguém dormindo no volante? Eu dirijo Draco.
-E matar alguém a 350 por hora?O carro é meu Potter!
-Pretende comer como?- disse o moreno.
-Não pretendo comer no carro e ponto final.- disse estendendo a mão para a chave.
-Você... é... - o moreno lhe jogou a chave...- o mesmo babaca mimado de sempre...
-Não sou não.- disse batendo a porta.- Mas o carro ainda é MEU.
-babaca mimado.
-Testapartida metido.
-Esnobe mesquinho.
A frente da residência de Ivan Bayuuh estava lotada... a polícia trouxa estava se retirando com um ar entorpecido e retardado.
-Usam feitiços para confundir nos policiais trouxas?- Harry lhe perguntou
-Ah...- gemeu de desgosto.- Só se for o...
Dito e feito, o velho estava com as mãos na cintura olhando desagradavelmente na direção do carro.
-Então francês... onde estava?
-Charles... qual a parte...
-Não me digam que vocês entraram na cena...- Harry disse baixo saindo rápido.
-Qual a do garoto?- perguntou Charles.
-O garoto se chama Potter... tente gravar o nome dele pelo menos.-Draco retorquiu.
-Harry Potter?- disse o outro olhando.- Achei que era mais velho... mais alto...
Draco olhou Charles e meneou a cabeça... entrou na imensa sala, ignorando os corpos cobertos...
-Não é bonito sabe?- disse Charles maldosamente quando Draco passou pela cozinha em direção da escada para o porão.
-Sei que não é! -disse mau humorado.
Draco não precisava de um instrutor para saber que os corpos não eram bonitos de se olhar ainda na cena do crime... ambos estacaram no meio da escada... atingidos por reflexos que pareciam ser de água iluminada...
Reflexos verdes.
-O quê é isso...- Charles disse baixinho.
Draco estava novamente de boca aberta... mas dessa vez a surpresa era genuína... no amplo porão haviam corpos e sangue... e como numa imagem fantasmagórica haviam vultos se movendo... vultos esverdeados.
Charles fez menção de pegar sua varinha, uma mão de dedos longos segurou-o.
-Não interrompa.- disse a voz vinda das sombras.
-Mas Gabriel...- disse o velho.
Draco olhou com o canto dos olhos, Gabriel era um de seus colegas, o que diabos ele fazia ali? Apenas percebeu que ele tinha os olhos fixos na figura ao centro do aposento.
Harry estava ali parado... roupas e cabelo pareciam tremular no vento produzido pela magia... demorou para que Draco percebesse que ele flutuava a cerca de cinco centímetros do chão... varinha a frente do rosto como se fosse inclinar-se em reverência pré-duelo a qualquer segundo.
-Nunca vi alguém poderoso o suficiente para invocar o "Remomentum"- murmurou Gabriel parecendo fascinado.- Nunca imaginei que... era... possível.
Draco olhou para Gabriel com um tanto de raiva... ele tinha um olhar na verdade até embasbacado como se um Deus tivesse descido na terra e lhe concedido um desejo.
Então aconteceu... houve um rugido como há quando um trovão surge muito próximo... ecoando... um clarão branco como um raio e o luz sumiu cegando-os com escuridão por um momento... num novo flash de luz verde, puderam ver o corpo de Harry bater com violência contra a parede com um baque seco.
-Harry!- Draco se precipitou.
Os olhos verdes brilharam sérios quando Harry ergueu-se.
-Filho da puta... NÃO DESÇAM A ESCADA!- berrou erguendo a varinha.
Draco apenas sentiu a sala esfriar vertiginosamente. Gabriel deu um passo a frente e Draco o empurrou para trás.
Uma sombra tomava o centro do aposento... crescendo, fria.
-O quê é isso?- perguntou Gabriel a Charles.
-Você é o especialista em encantamentos.-Charles disse baixo.
Draco não sabia o que era, mas reconhecia aquele frio... mas não haviam na América... não assim... não dessa espécie, eram diferentes... o vulto assomou-se... criando forma... então Harry que olhava fixamente para o vulto, parecendo esperar, sorriu.
Harry sorriu. Fechou os olhos.
Draco entendeu, falou alto.
-É um Dementador!
EXPECTO PATRONUM!
A luz prateada encheu com aquele calor agradável todo o aposento... os três bruxos colocaram as mãos a frente do rosto... depois não havia mais vulto algum... só corpos... só Potter.
E só o patrono... o imenso cervo prateado.
Draco achou incrível mesmo era que Potter se apoiava nele... olhando o centro do aposento.
-Armadilhazinha desgraçada... – Harry murmurou.- Olá pra você também Tom.- disse baixo dando tapinhas nas costas do cervo que ia sumindo.
-Har... Potter!- Draco cruzou o espaço passando por cima de um cadáver sem querer...
-Cuidado aí.- Harry disse olhando o loiro.- Tem muito sangue, está escorregadio.
-Aquilo foi um dementador?- perguntou Gabriel que aparentemente seguira Draco.
-Uma semente... sim... na verdade era um Espectro.
-Espectro?- perguntou Gabriel.
-Um Umbral?- perguntou Charles.
Harry olhou o rapaz... e disse num meio sorriso.
-Vocês só tem Umbrais por aqui não? Umbrais são só... sombrinhas metidas...
-Harry o que foi isso...- Draco ainda olhava o local onde a sombra se iniciara... Franzindo a sobrancelha ao ver o cadáver de uma criança no chão.
-É.- disse Harry se abaixando ao lado da criança.- A semente estava nela...
-Você está bem?- perguntou Gabriel.- Está branco.
-Não se preocupe...- Harry sorriu.- Estou bem…-disse conjurando um lençol branco sobre o corpo.- Eu vi tudo que precisava... podemos ir?- perguntou para Draco.
-Claro.- Draco disse preocupado com a palidez de Harry.
-Minha casa é aqui perto... Jean disse...
Draco estava próximo de rosnar um "não obrigado" quando Harry disse num suspiro baixo.
-Seria ótimo... preciso pensar.
-Perfeito!- Sorriu Gabriel como uma criança que ganhava um doce.
-Tem certeza que está bem?- Draco perguntou enquanto Harry parou para acender um cigarro.
-Odeio espectros... odeio crianças mortas...- Harry murmurou expelindo a fumaça.
Draco preferiu o silêncio.
Na verdade Gabriel morava num apartamento num núcleo universitário... quando Draco estacionou seu carro percebeu que um grupo de garotas os observaram de perto, Gabriel lhes fez um aceno e elas retribuíram com sorrisos.
-Não quero nem imaginar quando tiver que ir embora daqui.- sorriu o rapaz.
-E porque deveria?- Harry perguntou apagando o cigarro num corrimão que tinha óbvias marcas de ser constantemente usado para esse propósito.
-Não se pode ficar aqui tanto tempo sem chamar atenção... vivem me perguntando que curso faço... "esse cara já era veterano quando eu entrei na faculdade!"- disse em falsete.- Começo a parecer burro ou muito preguiçoso.
-Compre uma casa.- disse Draco contrafeito.
-Não sirvo para espaços grandes.- disse ele abrindo a porta de seu apartamento.
Era óbvio que Gabriel não precisava de lugares grandes... pensou tirando os sapatos.
Todo o apartamento estava decorado de modo japonês... isso queria dizer... quase sem móvel algum.
-Eu vou preparar um café.- disse Gabriel.-Podem sentar.
Harry apenas sorriu com a cara desgostosa de Draco ao olhar os almofadões... ele que viajara até o oriente por oito meses logo sentou-se, Draco o olhou sério.
-Você ainda está pálido.
-Não repare.- disse friamente tentando evitar a imagem da menina... perturbadoramente parecida... Harry balançou a cabeça.- Eu sei o que está acontecendo... a magia ritual está sendo concentrada em uma pessoa.
-Uma pessoa?- perguntou Gabriel.- Isso é estranho... magia ritual é complexa... mas usar uma pessoa?Não você deve ter-se enganado em algum momento do feitiço...- disse ele.
Draco queria esganar Gabriel com suas próprias mãos, mesmo tendo que admitir que a teoria de Harry era perigosa... pessoas não podiam ser usadas como amuletos ou fontes de poder.
-Você ignora que em muitas culturas pessoas são usadas para esse fim.- Harry disse.
-Odeio quando você banca o legilimente.- Draco murmurou.
-Não é necessário.- Harry disse olhando o loiro nos olhos.- Eu aprendi a ler você... e você não mudou tanto assim.- Harry relanceou um olhar pelo cômodo.- Não mesmo...
Harry sabia que Draco havia mudado um pouco no que se referia a crescer, amadurecer, encarar os próprios problemas... mas de resto, a velha serpente continuava ali, pronta para o bote, ferindo e cravando as presas venenosas na velocidade ideal para não deixar dúvidas que o dragão era perigoso e individualista.
E sempre fora.
"Você vai se machucar Harry..." A voz de Hermione lhe veio a memória.
Havia olhado a amiga de modo triste.
-Eu sei...
-Você já está machucado... deixe-o... há outras formas.
-Não tão seguras... cada um de nós faz o que pode...- disse cansadamente.
Hermione suspirou.
-Eu sei o que andam fazendo...
Desviou o olhar, sentiu-se com vergonha.
-Harry...- dissera ela com a mão no seu ombro.- Você não é um brinquedo... não é algo com que você possa... sua vida não é uma coisa pra você usar assim... pra deixar usar...
-Você acredita que ele... mudaria de brinquedo com tanta facilidade? Escolheria outra forma?- disse olhando-a.
-É muito triste ouvi-lo falar assim.- dissera a amiga com lágrimas nos olhos.
-É a vida Mione... me acostumei... com ela...- disse se levantando.
Ia dormir... sabia que Hermione apenas esperava o namorado voltar de uma detenção. Não iria atrapalhar os dois...
" Você não precisa sofrer se não quiser... Harry... há outras formas..."
"Mas talvez eu... tenha escolhido essa... talvez eu tenha escolhido esse jogo por espontânea vontade... Talvez eu tenha desejado isso... "
Hermione calou-se.
