Capítulo 3 - Determinação

Neji. Hyuuga Neji. Esse era o nome do garoto que, por algum motivo, interferiu na briga. Neji era o melhor aluno da classe, e todos o chamavam de gênio. Ele era quieto, e não era de brigas, mas sempre que entrava em uma era para ganhar. Bastou ele entrar em cena, para que os outros pivetes o olhassem com respeito, e se afastassem sem reclamar. Ninguém se opunha a ele. Neji passava uma incrível frieza ao olhar Lee se esforçando inutilmente para levantar.

- "Eu.. vou.. me formar... e.." – Lee se esforçava ao máximo e começava a levantar devagar. Sentia uma dor fulminante cobrindo o corpo, mas não parava de olhar fixamente para o rosto de Neji, como se o desafiasse – "E.. vou.. me tornar.. um ótimo ninja.. só com Taij..."

Antes que Lee pudesse terminar de falar, sentiu sua boca se encher de sangue novamente. Havia levado um golpe de Neji. O garoto atacou com a mão aberta a barriga de Lee, e nem tinha feito muita força para feri-lo. Naquele golpe estranho, ao sentir as mãos do garoto encostar nele, Lee sentiu como se várias facas tivessem sido enfiadas em sua barriga. Sentia uma grande dor dentro do corpo, como se o ataque o tivesse perfurado. Ao mesmo tempo que o sangue começou a fluir intensamente pelos lados de sua boca, Lee ajoelhou diante do oponente de tanta dor. Sua visão começava a ficar embaçada.

- "Seu Taijutsu é ruim. Você nunca vai se graduar." – Foram as últimas palavras que saíram da boca do garoto de olhos brancos, antes deste virar as costas e sair andando calmamente.

Ao sentir que estava começando a perder os sentidos, Lee apertou a barriga com os braços a fim de parar aquela dor. Ele sentiu seu corpo se desligar lentamente enquanto ouvia as risadas dos colegas ficarem cada vez mais distantes, e sua cabeça ir vagarosamente de encontro ao chão.

Quando ele abriu os olhos novamente se deparou com um grande lustre pendurado no teto daquela sala branca. Num ímpeto tentou se levantar, mas seu corpo não lhe obedeceu. Depois de um tempo, percebeu que estava na enfermaria da academia. Lembrou de tudo o que tinha acontecido, e seu coração se contraiu de tristeza, bem como seus olhos, que começaram a ficar turvos de lágrimas.

Porquê? Porquê sua força não havia mudado em nada? Porquê continuava fraco? Ele não acreditava que continuou apanhando. E por mais que tivesse se esforçado para não ficar com medo, por mais que tivesse enfrentado até mesmo Hyuuga Neji, tudo que havia conseguido foi piorar a situação com isso. Mas ele não tinha tempo para sentir mais pena de si mesmo, tinha que fazer algo, tomar alguma providência, mesmo que não soubesse o quê.

Empurrou o corpo para frente e jogou as pernas para o chão, saindo da maca onde estava. Mas ele não conseguiu, não conseguia dobrar o corpo e sentia uma dor terrível no lugar onde havia levado o golpe de Neji. Lee saiu da maca apenas para cair no chão, e se sentir mais perdedor ainda. Não demorou muito para ele começar a chorar alto e soluçar, retraindo o corpo devido a dor. Logo apareceu o seu sensei;

- "Mas o quê está... Lee-kun? O que está fazendo acordado? Ei, ei, vamos volte para a maca.."

O Chuunin pegou o garoto no colo e o levantou para colocá-lo na maca. Ao sentir aquilo, uma forte e diferente tristeza tocou o garoto; ele não se lembrava da última vez que havia sido pego no colo. Seria aquilo alguma demonstração de afeto? Rapidamente o garoto ergueu os braços e colocou estes ao redor do pescoço do homem, tentando lhe dar um abraço. Ele não notou, e colocou Lee novamente na cama.

- "Meu Deus.. Você não pode tentar se levantar assim.. Vai ficar no mínimo uns três dias de repouso depois de levar um ataque de Juuken! Isso porque se tivessem sido mais, teríamos que levar você para o hospital.. Porquê você sempre se mete em problemas?"

- "Hm.. Sensei, porquê.. Ninguém nunca vê os garotos judiando de mim?" – Disse Lee num tom triste, rebatendo a pergunta do homem, enquanto olhava para todos os curativos que cobriam seu corpo.

- "Lee-kun, os senseis não vivem para te proteger. Precisa se defender sozinho. Você está treinando?"

- "Osu. Estou treinando todos os dias que eu posso!" – Lee ergue para o homem uma das suas mãos machucadas pelo treino.

- "Ai ai.." – Disse o ninja coçando a testa, enquanto se levantava para ir embora – "Lee-kun, não tem uma semana que você não se machuque.. Eu vou ser claro com você.." – Ele se levantou e caminhou até a porta. Lee, deitado na maca, virou o rosto para compreender melhor o que se passava.

O homem suspirou, e na porta do quarto, de costas para o garoto, disse;

- "Talvez alguém como você não possa continuar na academia. Hoje você sofreu um machucado perigoso e..."

- "Não!" – Gritou Lee desesperado – "Eu vou melhorar, vou me esforçar.. Eu posso me tornar um ninja! Juro! Nem que eu tenha que morrer para isso!"

- "...É para o seu próprio bem.." – Completou o Chuunin.

Lee, deitado, olhava para as outras macas vazias da sala, enquanto ouvia os passos do sensei se distanciarem no corredor. Ele estava sozinho novamente, e estava sempre sozinho. Sentiu vontade de pedir para que aquele ninja ficasse mais um tempo com ele, mas tinha certeza que receberia uma resposta negativa, como sempre.

Ele era realmente um estorvo para os senseis, para a academia, e possivelmente até para Konoha; de que serviria alguém que nem ao menos conseguiria se graduar? Pensou, lembrando das palavras de Neji.

Era muito difícil enfrentar todas as oposições da vida sem nenhum amigo, e sem ninguém para o apoiar naquele trajeto. Com certeza um dos motivos pelo qual Lee tentava desesperadamente melhorar, era a obtenção de algum reconhecimento. Ninguém o reconhecia como uma pessoa, ou ele era alguém para ser humilhado, ou ele era alguém para se sentir pena. Enquanto pensava nisso, até pensou em levantar, mas aos poucos seu corpo exausto pelo dia pediu descanso, e não demorou muito para ele cochilar, mergulhado em pensamentos.

Algumas horas depois, com o soar do sinal de alguma das aulas noturnas da academia, Lee acordou. Levando um susto com o barulho, ele sentou na maca, e olhou para os lados como se alguém o tivesse chamado.

Novamente sentia dor no abdômen, no lugar aonde Neji havia atacado, mas dessa vez decidiu que não se renderia a dor, e colocou as mãos para trás forçando o corpo a permanecer dobrado. De inicio a dor não estava tão forte como na hora que ele acordou a primeira vez, mas pulsava intensamente a medida que ele forçava o corpo para frente. Depois de um tempo naquela posição, Lee começou a sentir de novo como se seu corpo estivesse sendo perfurado por um objeto cortante, e aos poucos começava a choramingar por causa da dor. Mais alguns minutos, o garoto largou os braços, e deitou novamente na cama, derrotado.

Respirando ofegante enquanto se recuperava, ele se lembrou do que seu sensei Chuunin havia dito; Que talvez ele não fosse bom o suficiente para cursar a academia. Lembrando disso sentiu vontade de chorar, mas esfregou os olhos e decidiu que não tinha tempo para aquilo. Ele precisava melhorar rápido, e para isso precisava treinar o máximo que conseguisse no menor tempo possível.

Precisava usar toda a sua determinação e levantar dali. Franzindo a testa e se preparando para encarar a dor novamente, Lee impulsionou o corpo para frente e o prendeu com um dos braços para trás. A dor começava a piorar de novo, e ele com dificuldade jogou as duas pernas para o lado da maca. Segundos depois, ele pulou no chão e cambaleando, conseguiu ficar de pé. Apesar da dor, o garoto abriu um sorriso orgulhoso por ter sido capaz de levantar, e se dirigiu para a porta que dava ao pátio, no corredor. A cada passo, ele sentia mais e mais dor, e seu corpo parecia pesar mais. Não demorou muito para seu rosto orgulhoso novamente adquirir um semblante de sofrimento, e seus dois braços se dirigirem a apertar a região machucada.

Lee já podia ver o tronco de treinamento do pátio quando a suas pernas começaram a se recusar a obedecer, e ele já não podia ignorar os danos. A cada passo soltava um gemido de dor, e sentia seus passos cada vez mais difíceis. Uma hora finalmente suas pernas se entrelaçaram, e Lee caiu no chão.

Sentindo o rosto cheio de terra e a boca cheia de grama, o garoto começou a usar suas mãos e pés para tentar se levantar. Recebeu uma resposta forte de seu machucado, e isso fez seu corpo parar de obedecer novamente, e novamente ele tombou no chão derrotado. Começava a chorar se sentindo inútil e sentia cada vez mais raiva de não conseguir superar aquilo.

Não muito longe, havia uma sala com a luz acesa, onde os alunos das classes noturnas estavam tendo aula. Ninguém tinha visto Lee, e nem ao menos o conheciam. Era cruel como o fluxo do mundo continuava independente dele. Com o rosto ralado por ter caído no chão duas vezes, e com terra e grama em sua boca, ele chegava a dura conclusão que não faria nenhuma falta se ele morresse ali, naquele instante, se retorcendo no pátio.

As aulas continuariam, e quando achassem o corpo, se muito comunicariam na sala. Mas ninguém ficaria triste com a sua morte, e era até mesmo capaz que naquele momento ainda virasse motivo de piada. Os senseis poderiam ser responsabilizados, mas alegariam que ele não teve capacidade de agüentar a pressão das aulas, e no fundo nenhum deles se sentiria triste por ter se livrado de um aluno-problema. Seria enterrado anonimamente em algum lugar afastado de Konoha, e seu nome seria jogado no esquecimento.

Lee não conseguia mais movimentar o corpo, e por mais que quisesse, não conseguia chegar ao tronco.

Ninguém o reconhecia, gostava dele, ou ao menos via que ele existia porque ele não tinha talento. Uma vontade de fogo corria em suas veias, de conseguir ser um bom ninja, de fazer as pessoas olharem ele como alguém bom, ou no mínimo como alguém normal. Não com aquele olhar, que parecia de quem está olhando para um moribundo na cama!

Uma forte raiva tomou conta de Lee. Sempre teve pena dele próprio por ter nascido sem poder usar Genjutsu, Ninjutsu, e com um corpo pouco apto para o Taijutsu.

Nascido daquele jeito decadente, imprestável, miserável! Aquele corpo inútil prendia a sua alma batalhadora, e não tinha motivos para se compadecer com aquilo. Aquele corpo, fraco demais para se quer o proteger de uma briga na escola. Ele chorava com ódio, e sentia as lágrimas escorrerem pelo seu rosto, enquanto concluía ser fraco, realmente fraco.

Colocou uma das mãos em frente ao corpo e a fixou na terra. Lentamente começou a se puxar e se arrastar em direção ao tronco. Levantou a outra mão, e fez o mesmo. Assim, pouco a pouco seu corpo ia se aproximando do lugar aonde ele queria. Arrastando a barriga na terra, continuava sentindo o efeito do Juuken de Neji sobre seu corpo. Aos poucos, a terra penetrava em suas unhas, machucando, e fazendo um pouco de sangue escorrer pelas pontas nos dedos do garoto. Ele também sentia seu queixo raspar na terra, e aos poucos este também ia sendo ralado. Com exceção de respirar com dificuldade, e de alguns gemidos, o garoto ignorava a dor que estava sentindo.

Depois de muito esforço finalmente chegou ao tronco, mas não tinha saciado sua vontade. Ficou apoiado nos joelhos, levantando a região posterior do corpo, e ergueu os punhos contra o tronco. Começou a socá-lo, despejando toda a raiva que sentia de si mesmo por ter nascido fraco, e por estar naquele estado lastimável.

A parte que ele havia arrastado de sua roupa estava totalmente despedaçada, suja com sangue e terra. Sem parte da vestimenta havia rastejado sem nenhuma proteção no chão, deixando muitas partes do corpo com a pele esfolada, incluindo o lugar onde estava previamente ferido. Também havia machucados em seu rosto, e fluía sangue debaixo de suas unhas.

Mas ele continuava socando raivosamente o tronco, sentindo nas mãos e no corpo inteiro, uma dor que ficava cada vez pior. Mas isso não importava. Se seu corpo era fraco, ele ia torná-lo forte, mesmo que morresse tentando. O garoto, enquanto sentia mais sangue começar a escorrer de seus dedos, concluiu que se fizesse sua mente ficar forte, faria seu corpo também ficar forte. Ele precisava ser mais forte que a dor, e superar aquele sentimento de pena.

As lágrimas em seu rosto manchavam o chão no mesmo ritmo que o sangue de suas mãos escorriam pelo tronco. Os seus músculos do braço, e suas mãos machucadas já começavam a ficar dormentes quando ele concluiu que já estava socando a dez minutos o tronco sem parar. Um sorriso de vitória surgiu em seus lábios, no mesmo momento que ele percebeu estar dominando a própria dor. Com certeza ficaria mais forte. Ao concluir isso sentiu sua visão embaçar novamente devido ao cansaço, e não muito tempo depois desmaiou exausto caindo na grama. Mas diferente das outras vezes, agora o seu rosto adquiria um aspecto feliz. Era como se estivesse sonhando com um dia bom.


21/02/06 E aí garotada, como vai a vida? Viu só como eu atualizo rápido? òó (Alguém no fundo: Mentiraa!) --" Bom, taí mais um capítulo da Fanfic, venho através dessa pedir para comentarem (Mesmo quem já comentou) porque só assim eu posso melhorar (Oh, que palavras bonitinhas..)! Bom, eu preciso.. Diminuir minha obsessão por sangue, e.. Talvez diminuir um pouco a descrição. Nossa, outro dia eu vi um fanart muito do mal com o Lee todo machucado e com os dizeres "Sempre me sinto melhor depois disso". XD Ae eu criei vergonha para atualizar aqui.. Mas.. Tá bom né? Acho que não tenho mais nada para dizer. Beijos, e tenham um bom dia!